— Vai ficar admirando o Adrien ou vai logo falar com ele?              

— Admirar de longe é uma boa opção.

— Opa! Você está bem?

— C-Claro que bem estou. Digo, estou bem.

— Certo. A gente se vê então, Juliette.

— E hoje temos um aluno novo, então vamos dar as boas vindas a ele. Qual é o seu nome?

— Meu nome é Chat Noir.

— Impressão minha ou ele piscou pra você?

— Bem, agora pode se sentar... Ao lado da Marinette que nós começaremos a aula.

— Olá, my lady. O que foi? Algo errado?

— Bem, eu estou muito confusa. Você é quem eu estou pensando?       

— Depende de quem você está pensando. Loiro, alto, lindo e magnífico? Sou eu mesmo.

— O que eu perdi?

— Nada, só o novo crush da Marinette- NÃO BRINCA?!

— Ai credo! Você tá louca, Alya? Para de gritar!

— Quem é seu novo crush?

— Ningu...

— O garoto novo.

— Ele é mesmo seu crush?

Pisquei os olhos tentando assimilar o que havia acabado de acontecer com a minha mente. Algo fez com que eu mergulhasse em algumas das minhas lembranças e de repente me empurrou de volta para a superfície com tanta força que me deixou tonta.

— E-Eu...

— Marinette, você está bem? – Alya me chacoalhou me fazendo voltar para a realidade. – Marinette?

— Sim, eu to bem! Eu acho... – ela me abraçou forte

— Que susto que você me deu. Nunca mais se desligue do mundo por tanto tempo assim.

— Eu só... Cadê o Chat? – olhei para os lados não encontrando ele.

— Ué, eu não sei. – ela olhou para os lados também.

— E o Adrien?

— Eu estou bem aqui. – o loiro apareceu atrás de Alya e deu um sorriso amigável.

Uma dor forte invadiu minha cabeça e eu apertei os olhos.

— Você joga boliche?

— Pra falar a verdade não.

— Bem, deixa que eu te ajudo então. Boa!

— Marinette, você ta legal? – olhei para cima e dei de cara com os grandes olhos verdes de Adrien me encarando.

— Não muito. – ele me encarava com mais intensidade, causando uma sensação esquisita.

— Vem, eu vou te levar para casa.

— Mas a aula?

— Alya avisa a professora, por favor? – minha amiga assentiu com um sorriso reconfortante – Muito obrigado. – Adrien colocou a mão no meu ombro e me guiou até a saída. – Queria pedir desculpa pelo meu comportamento.

— Tudo bem.

— Não, não está tudo bem. Eu realmente gosto de você e não quero que pense que não é importante pra mim. – paramos em frente à porta da minha casa.

— Então, nem preciso falar que me diverti muito hoje.

— Eu também me diverti muito. Aliás, foi muito legal da sua parte ter me trazido em casa, mas não precisava. Seu pai pode estar preocupado e...

— Até amanhã.

— Até man... Amanã... Amanhã.

— Marinette! – escutei a voz de Adrien, mas ela parecia tão distante. De repente tudo ficou preto.

*****

Acordei num pulo e percebi que estava no meu quarto, deitada na cama. Só não faço ideia de como vim parar aqui.

— Eu estraguei tudo, não é? – olhei para o lado e me deparei com Chat sentando na minha cadeira me encarando. Pela primeira vez não me assustei com sua visita inesperada.

— Não totalmente. - respirei fundo e sentei na cama e ele virou de costas, passando a olhar a vista pela minha janela.

— Ah para! Eu literalmente acabei com tudo. Com nossa amizade, com seu futuro relacionamento, e ao que pareceu, até com sua auto-estima.

— Minha auto-estima nem existia, como pode ter acabado com ela? – ele riu sem humor.

— Você entendeu o que eu quis dizer. Eu virei sua vida de cabeça para baixo quando fiz aquilo.

— Você virou minha vida de cabeça pra baixo assim que disse “Meu nome é Chat Noir”.

— Acho que o que pode tirar de bom da convivência comigo foram as respostas rápidas. – levantei e fui até ele. Olhei para a vista também.

— E o talento para fazer piadas, não esqueça disso. – Chat me olhou com um sorriso. – Convenhamos que eu já tinha o dom natural...

— Não força! – nós rimos.

— Tá, tem razão. – suspirei e virei a cadeira dele de frente para mim. Na verdade era minha cadeira, mas quem se importa?

— O que está fazendo?

— Desculpe, mas acho que você não entenderia.

— Espera! Como eu já disse você me ajudou bastante com o Adrien e eu quero retribuir isso, você só precisa...

— Esse é o problema!

— Como assim?

— Eu disse que você não ia entender.

— Explica.

— Não dá.

— Então mostra.

— Eu não sei por que, mas ultimamente eu ando sentindo coisas estranhas. – admiti.

— Sua menstruação está em dia?

— Quê? – fiz uma careta de confusão, sem ter certeza do que havia acabado de escutar.

— É que muitas adolescentes ficam grávidas nos dias de hoj...

— Eu não to grávida! – respondi rápido.

— Só quis checar! – caí na gargalhada e sentei na minha espreguiçadeira, ainda ficando de frente para Chat.

— Você não presta. Credo, Chat! – ele acabou rindo junto. – O que eu queria dizer é que venho sentindo coisas estranhas, e que definitivamente não são sintomas de gravidez. – pontuei.

— Então o que é?

— Eu não sei. Chat, você definitivamente entrou pra valer na minha vida, fez um furacão e me deixou confusa. – fiquei de pé.

— Desculpe por isso. – refleti.

— Talvez isso seja bom. E talvez eu estivesse tão acostumada a amar Adrien secretamente e não ser notada por ele, que não abri meu coração para novas paixões. Então como eu disse, você chegou e me deixou confusa. É como se um bebê aprendesse que a fada do dente não existe. E ele teria que se acostumar a viver com esse fato.

— Nesse caso eu sou o bebê ou a fada?

— A questão não é essa, e sim que acho que o que eu sinto pelo Adrien só tinha graça porque eu ficava na expectativa de ele sentir a mesma coisa. É como quando você está esperando muito um filme e quando ele lança você vê que não era tão bom.

— Espera! Mas o que aconteceu com o bebê?

— São analogias, Chat! – bati minha mão na testa.

— Mas tudo isso quer dizer o quê?

— Que eu também te amo, seu tonto!