Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 9
Chapter #9




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Jennifer tinha acabado de encontrar um look para eu usar na balada, meu armário virou uma bagunça, mas segundo minha amiga eu iria arrasar. Então fiz a única coisa que me restava, confiei nela. Ela escolheu um vestido preto de paetê, com alças 3|4, com decote V e que ficava pouco acima do joelho. Para finalizar ela escolheu um sapato alto prata e uma bolsa pequena.

Minha amiga estava mais feliz do que eu para a noite que eu mesma tinha reservado para mim, a verdade é que meus pensamentos estavam na mansão, no rosto decepcionado de Eduardo e Diego. Nem tenho que me sentir assim, sou uma ótima baba e cumpro meus horários e deveres com os meninos, e a noite não é exclusiva para eles, preciso de uma folguinha. Tenho certeza que eles vão se divertir sem mim.

— Ainda pensando neles? — Jen sentou-se ao meu lado, relaxando a cabeça no meu ombro. Eu tinha contado tudo para ela, e Jen disse que acabei fazendo a coisa certa. Mas eu ainda sinto que devia estar com eles. — Eu sei o quanto você adora aqueles meninos e se dedica a eles, mas você precisa de um tempo para você. — suspirei. — Vai se arrumar. Daqui quarenta minutos tenho que ir trabalhar e antes quero ver você pronta.

— Está bem. — levantei-me e peguei as toalhas de banho sobre minha cama e segui para o banheiro. O banho foi rápido. Fiz uma maquiagem simples e deixei meus cabelos soltos.

Voltei para o meu quarto e vesti o vestido que Jen havia escolhido. Depois calcei os saltos. Olhei-me no espelho e não estava nada mal, realmente me sentia bem usando aquela roupa sexy. Peguei meu celular e chequei as horas, Matheus disse que estaria na frente do meu prédio às nove horas, estava quase lá. Encaminhei-me para a sala e Jen também já estava pronta para sair. Ela me encarou sorrindo e fez um gesto para eu dar uma voltinha, por mais ridículo que parecesse eu fiz.

— Meu Deus, você está maravilhosa. — disse, orgulhosa do seu próprio trabalho. — Eu arrasei. E você vai arrasar essa noite.

— A modéstia mandou recado. — meu celular apitou com a chegada do recado de Matheus dizendo que estava me esperando.

Jen e eu descemos juntas até a recepção, nos despedimos e ela foi direto para a garagem. Abri a porta que dava para a rua e Matheus estava me esperando, encostado em seu carro. Ele cravou o olhar em mim e sorriu.

— Minha nossa! Você está linda! — exclamou ele, abrindo os braços para me abraçar. Emily colocou a cabeça para fora do carro e sorriu.

— Tá arrasando hein. — disse ela.

— Obrigada gente. Mas não exagerem.

— Okay. Okay. Agora vamos. — assenti e Matheus abriu a porta do carro para mim. Emily deu um sorrisinho e bateu palminhas, visivelmente animada demais para "nossa noite".

— Então, para onde vamos? — indaguei, assim que Matheus entrou no carro e colocou o cinto.

— O namorado de um amigo meu é sócio de uma boate mega badalada da cidade e ele arranjou entradas VIPs para a gente. — respondeu Matheus, mantendo os olhos fixos na estrada. — Pena que não vou poder beber. — resmungou.

— Segurança no transito sempre. — comentou Emily, usando um tom de deboche, Matheus suspirou, mas não parecia abalado.

— Escutem, não vou bancar a babá de vocês duas. — cantarolou ele, tamborilando os dedos no volante. — Aliás, não preciso de álcool para me divertir.

— Eu sei, eu sei. — disse Emily. — Lembro-me da nossa primeira vez.

— O que teve essa primeira vez? — questionei, curiosa. Matheus me encarou por alguns segundos e então prestou atenção no trânsito.

— Foi uma vergonha. — balbuciou ele. — Nunca pensei que seria capaz daquilo. — Emily riu, inquieta no banco traseiro.

— Acho que quero saber o que aconteceu.

— Conte Emily, tenho vergonha demais para contar.

— Digamos que Matheus e eu somos bichos da roça. — começou ela. — Fomos criados como nossos pais foram, rédea curta como diz minha mãe. Matheus sempre foi gay. Uma baita bichona segurando uma inchada de capinar, mas ficava dentro do armário, ele sempre andou na linha porque o pai dele nunca aceitaria um filho "boiola" como ele mesmo dizia. Foi por essas e outras que nos mudamos e na primeira festa que nos convidaram a gente ficou muito ansioso. A festa estava muito animada, mas a gente não bebeu. O problema é que essa bicha resolveu sair do armário em grande estilo e bem nessa noite, ele dançou Macho Man em cima da mesa, rebolando a bunda. E para fechar com chave de ouro ele gritou para quem quisesse ouvir que era Gay.

— Uau! — exclamei, enquanto os dois caíram em gargalhadas. — Eu queria muito ter presenciado isso.

— Eu ainda acho que aquela água estava batizada. — reclamou ele, fazendo-nos rir ainda mais.

(...)

A boate estava uma coisa de louco, luzes coloridas piscavam e uma música remixada penetrava meus ouvidos com grande intensidade. Eu não estava muito acostumada com aquilo, apesar de trabalhar na boate do Cello, é que sempre fiquei na parte vip da boate dele e o som era mais baixo, e não tinha luzes como aqui. Emily e Matheus pareciam em casa com aquilo.

As pessoas dançavam em uma pista colorida no meio do salão, era o espaço VIP, então tinha garçons andando com bandejas entre as pessoas. Matheus pegou minha mão e me arrastou para o canto, perto do balcão de bebidas. Olhei para os dois barmens, eles pareciam acostumados com varias pessoas gritando por drinks.

— O que você vai querer? — cochichou Matheus no meu ouvido.

— Pode ser um bloody Mary. — ele assentiu e se enfiou no meio daquelas pessoas. Emily tinha ido direto para a pista de dança e estava dançando com um grupo de mulheres, elas pareciam se conhecerem.

— Posso te pagar um drink? — olhei para o lado, o homem encostado no balcão, vestindo um terno caro e bem alinhado ao seu corpo, seus olhos azuis fixaram-se nos meus, ele sorriu de forma sedutora, fazendo meus joelhos tremerem.

— Já estou achando que você está me seguindo. — falei. Ele sorriu e levou o copo de whisky aos lábios. Outro movimento sexy. Henrique era sexy em todos os sentidos, mas quando ele sorria, fazia qualquer mulher ficar molhada.

— Gosto de dizer que o destino está conspirando a nosso favor. — rebateu ele. Eu apenas sorri. — Então. — seu tom de voz me fez lhe encarar. — Vai querer a bebida?

Encarei-o por alguns segundos, logo quando conheci Henrique eu o achei interessante, ele era charmoso, bonito e um garanhão como diz minha mãe. Porem, com o tempo tudo isso passou. Mas eu conhecia uma pessoa que era apaixonada por ele e eu não podia traí-la, ela é uma amiga. Voltei meu olhar a Emily, ela estava olhando para nós dois, mas assim que percebeu que olhava para ela, desviou o olhar e voltou a dançar.

— Você deve pagar um drink para outra garota. — disse alto, para que cada palavra minha ficasse clara para Henrique. — Além do mais, alguém veio antes de você. — encarei Matheus que aproximava-se da gente. Peguei o Bloody Mary da mão dele e sorri. — Obrigada querido. — Matheus ergueu uma sobrancelha, mas não questionou em voz alta, eu esbocei um sorriso grato e ele entendeu. Passou o braço pela minha cintura e me puxou para si como um verdadeiro "macho alfa". — Obrigada. — cochichei no ouvido dele.

— Que isso, gata.

— Acho que estou sobrando aqui. — resmungou Henrique. — Só posso desejar uma boa noite para ambos. — e com essas palavras ele se despediu da gente.

— O que ele quer comigo? — reclamei, saído dos braços de Matheus. Dei um gole na minha bebida e observei Matheus soltar uma gargalhada.

— Acorda, amor, é claro que ele quer o que você tem no meio das pernas.

Matheus fez-me gargalhar e jogar a cabeça para trás e claro, ele estava certo, Henrique só queria uma coisa, e se resumia em uma noite apenas, não que eu tivesse problema com isso, mas eu não estava interessada nele. Emily caminhou até onde nós estávamos.

— Meu Deus. — disse ofegante, se abanando com as mãos. — Eu preciso de um drink.

— Toma. — Matheus entregou uma bebida cor-de-rosa para a amiga, ela bebeu metade do líquido em apenas um gole.

— Vamos dançar agora.

 Emily puxou Matheus e ele me puxou junto para o meio da pista. Há muito tempo eu não danço, e se já era péssima antes, agora devo parecer uma pessoa toda desengonçada.

Emily e Matheus estavam tão entregues na música que o que fiz foi imita-los. Me deixei levar pela música eletrônica e rebolei como fazia há alguns anos. Matheus me ajudou em alguns passos, depois peguei o jeito e me entreguei completamente.

...

— Eu preciso de água. — gritou Matheus, sobrepondo a voz da música. — Já volto.

— Então. — Emily cochichou no meu ouvido, com a voz enrolada. — Você e Henrique têm um lance?

Nós tínhamos bebido bastante já, entre uma música e outra, ao contraria ela não teria tido tal coragem para fazer a pergunta. Eu fiquei feliz por ter uma boa resposta para Emily, afinal, era uma boa amiga e não queria magoá-la por causa de uma aventura com o amigo bonitão do meu chefe.

— Não. Não temos nada. — afirmei, sorrindo. — Não precisa se preocupar.

— Eu não me preocupo. — ela soluçou. — Henrique é um canalha, nem sei por que gosto dele. Talvez seja o charme, ele tem um certo magnetismo que me atrai e me excita. Mas não quero fazer parte da lista de troféus dele.  

Assenti com a cabeça. Emily voltou atenção para o garoto que ela dançava antes para apenas dispensa-lo.

— Trouxe cerveja para as duas. — exclamou Matheus, batendo uma garrafa na outra e entregando uma para mim e outra para Emily. — Estou com inveja de vocês. — reclamou.

— Por que você não bebê? Podemos voltar de taxi.

— Não quero ser violentado por estar bêbado, meu bem. — rebateu ele. — Não se preocupem, posso passar uma noite sem álcool.

— Deixa ele. — exclamou Emily, levando o gargalho da garrafa aos lábios. — Ele é nossa babá essa noite.

Eu estava feliz pela noite. Não sei se por acaso tivesse aceitado o convite dos garotos minha noite seria tão boa quanto está sendo. É claro não queria ter recusado, queria estar com eles. Mas a verdade é que eu precisava de um tempo para me divertir, extravasar e livrar um pouco da barganha causada pelo trabalho e a faculdade. Aliás, Matheus e Emily eram ótimas companhias.

A noite foi fechada com chave de ouro, ou seja, Matheus segurando os cabelos de Emily enquanto ela vomitava em uma lata de lixo do lado de fora da boate, depois a colocou no banco traseiro e ela dormiu como um anjo alcoolizado.

— Você precisa de ajuda para levá-la para o seu apartamento? Posso pegar um taxi depois. — falei. Matheus olhou para mim e fez uma carranca.

— De jeito nenhum, gata. — respondeu, ajeitando o cinto. — Te deixo em casa. O porteiro me ajuda com a Emily. Não se preocupe.

— Tudo bem.

Matheus me deixou na portaria do meu edifício. A gente se despediu e prometemos marcar outro programa. Depois disso eu peguei o elevador e subi para o meu apartamento. Já passava das três horas da manhã, estava tudo silencioso, Jen devia estar dormindo já. Tirei meus saltos e chutei-os para um canto. Em silêncio segui para o meu quarto. Tudo que queria era minha cama.

E assim que meu corpo sentiu o fofo do colchão eu adormeci, como uma pedra, diga-se de passagem.

...

A pior parte depois de uma noite regada de bebida é o dia seguinte, a dor de cabeça infernal e a preguiça de levantar da cama. Eu estava passando por isso, minha cabeça parecia uma bomba relógio e meu corpo estava inerte na cama, não sentia minhas pernas. Ainda bem que as cortinas estavam fechadas.

Fiz um esforço enorme para conseguir pegar minha bolsa no criado mudo. Tirei o celular de dentro dela, o pobre estava sem bateria. Suspirei, derrotada, teria que fazer um esforço enorme para levantar, preciso de um remédio para dor de cabeça, e mais algumas horas de sono.

Sentei-me na cama e pisquei algumas vezes para meus olhos se adaptarem a pouca luz do cômodo. Deslizei meus pés para dentro das pantufas e fiquei em pé — uma grande vitória, depois da noite anterior — Segui para fora do quarto e entrei no banheiro. Só então, me olhando no espelho, notei o quanto estava horrível, precisava de um banho urgente e uma limpeza bocal também.

Assim que tomei um banho demorado e escovei os dentes, sai do banheiro e voltei para o meu quarto, vesti uma camisola larga e penteei meus cabelos. Abri as cortinas e a janela para arejar o cômodo que fedia bebida.

Argh! Nunca mais vou beber como ontem. Sinto que estou até me esquecendo de coisas importantes.

Segui para a cozinha, a esse ponto já estava morrendo de fome. Pelo silêncio, Jen não estava em casa e eu teria que preparar algo para comer, ainda bem que tem cereal no armário. Antes de qualquer coisa tomei um remédio para dor de cabeça.

Estava comendo cereal com leite, quando Jen entrou na cozinha, sorridente e ainda usava as roupas da noite anterior, deve ter passado a noite com Caio. Assim que seu campo de visão me encontrou seu sorriso se desfez. Ergui as sobrancelhas.

— O que você ainda está fazendo em casa?! — gritou e começou a mexer na bolsa. — Que horas dever ser agora. — olhou para o celular, eu ainda não entendia o fato de ela estar tão alterada. — Meu Deus, Alana! O jogo do Diego já começou e você ainda está em casa.

Levantei bruscamente. Não era possível que tinha esquecido. Eu prometi a eles que estaria no jogo, que torceria para Diego. Meu Deus, eu não posso decepcioná-los mais uma vez. Não consigo imaginar a expressão de decepção do Diego ao constatar que não estou lá, o jogo é tão importante para ele.

Como eu pude esquecer? Ele passou a semana inteira me lembrando. Eduardo pediu se eu ia. Meus Deus, o Eduardo vai se decepcionar comigo mais uma vez, prometi a ele que estaria presente. Burra! Burra!

— Há quanto tempo?

— Meia hora. — respondeu Jennifer.

— Eu vou me arrumar. Consigo pegar o segundo tempo inteiro ainda.

— Vou tirar meu carro da garagem e aí te levo. — assenti. Segui para meu quarto e escolhi rápido uma muda de roupa. Vesti-me em segundos. Amarrei os cabelos e peguei minha bolsa.

Sai do meu quarto em disparada. Talvez eu estivesse sendo mais rápida que Barry Allen. Peguei o elevador. Tinha certeza que Jen já estava na frente do edifício, com o motor do carro ligado.

— Bom dia, Alana. — disse o porteiro.

— Bom dia, Rubens. — retribui, sem nem mesmo olhar para ele. Abri a porta da portaria e Jen estava me esperando como previ.

Não tinha certeza que o carrinho dela seria melhor que a picape, na verdade eles são péssimos carros, sempre nos deixam na mão nas piores horas. Mas Jen agora namora um mecânico, talvez, além de dar uma checada nela também deu no carro.

— Dirija como nunca dirigiu na vida. — falei, batendo as mãos no painel.

— Estou me sentindo em velozes e furiosos.

Por uma sorte danada o carro da Jen não deu pane e o transito estava ameno por ser domingo. Em pouco menos de 20 minutos ela estacionou o picanto 2010 em frente ao campo que estava rolando a final do campeonato. Desembarquei do veículo depressa. E abaixei-me para olhar pela janela.

— Obrigada Jen. 

— De nada. Agora vai logo. 

Assenti com a cabeça e sai correndo. Era um pequeno estádio de futebol feito para campeonatos pequenos e para o lazer das famílias da cidade nos finais de semana. Entrei pela única entrada e escutei o grito vindo das duas únicas arquibancadas que ficavam uma em cada lado do campo. 

Não estava lotado, poucas pessoas ocupavam os assentos, não foi difícil encontrar Eduardo e Bruno logo na primeira fila. Notei que Carolina estava com os dois e vestia uma camisa azul e um boné da mesma cor. Azul era a cor do uniforme do Di. Eduardo olhou ao redor, parecendo procurar alguém. Logo seu olhar me encontrou e ele deu um sorrisinho acompanhado de um aceno com a mão, que retribui. 

Em seguida foi à vez de Bruno me ver, o pequeno começar a gritar e apontar para mim. Infelizmente o grito das outras pessoas tornavam o dele inaudível, apesar de ter poucas pessoas. Andei até eles com passos rápidos. O jogo ainda estava no intervalo, o placar não estava nada bom para o time do Diego, estavam perdendo de 1X0. 

— Oi. — falei. — Desculpem o atraso, acabei perdendo a hora. — Preciso de mais uma desculpa para que eles não fiquem decepcionados comigo, então penso em colocar a culpa na minha picape. — Meu carro não ligou hoje de manhã, tive que esperar minha amiga chegar para me dar uma carona.

— Tudo bem, Nana. — falou Carolina.

Bruno se jogou do colo do pai para o meu e me abraçou. Eduardo continuava me olhando indecifrável. Queria poder ler pensamentos, só para saber o que ele pensava no momento, se me odiava pelo atraso ou se estava feliz com a minha presença.

— A gente pensou que você não ia vir. — resmungou Bruno, afundando o rosto no meu pescoço. — E eu já estava pedindo para o papai ir te buscar. 

— A Nana teve um contratempo, mas está aqui. — falei, acariciando seus cabelos. Oh Céus como consegui ficar um dia inteiro longe deles? — Eu não perderia por nada. E estava morrendo de saudade de vocês.

Por frações de segundos voltei a encarar Eduardo, ele estava olhando para Bruno e eu, com certa adoração nos olhos.

— Olha lá! — gritou Carolina. — Eles estão voltando para o campo.

Havia um assento vago para mim ao lado de Eduardo, eu me sentei e Bruno pulou novamente para o seu lugar. 

Olhei para o campo e os mini jogadores voltavam para a segunda parte do jogo. Encontrei Diego entre os outros meninos, ele parou no centro do campo e girou, olhou para a família e quando me viu deu um sorriso enorme, depois um tchauzinho com a mão. 

— Boa sorte. — murmurei mesmo sabendo que ele não escutaria. 

O juiz deu inicio a partida. Nos 15 minutos do segundo tempo a equipe do Diego fez o primeiro gol, e logo viraram o jogo. O segundo gol foi especial, Diego que fez. Ele driblou vários jogadores do outro time, incluindo o goleiro, chegou na grande área e chutou. A arquibancada foi ao delírio, e eu comemorei como uma fanática.  Não gostava de futebol, mas agora virou meu esporte favorito.

— Acho que você é um amuleto de sorte para meus filhos. — sussurrou Eduardo no meu ouvido.

Senti um arrepio subindo dos meus pés até minha nuca. Minha pele formigava onde sua respiração tinha atingido. Sua voz fez algo intenso percorrer meu corpo e se instalar no meu ventre, era gostoso, era quente e errado. Tive certeza que se olhasse para Eduardo naquele momento não teria controle sobre meus sentimentos, então, mantive meu olhar direcionado ao campo de futebol.

Porra; se nem longe dele consigo manter meus pensamentos em ordem. Imagina agora, tão perto dele, sentindo seu braço encostar no meu e minha pele pinicando devido o tom rouco da sua voz segundos atrás. Tudo está uma verdadeira bagunça e Eduardo não ajuda.

— Vamos para o campo, parabenizar o Diego. — falou Carolina, já batendo palmas e caminhando para o campo com Bruno em seu encalço.

Peguei minha bolsa e a segui, sem olhar para trás.

Todas as famílias dos garotos que jogavam estavam se reunindo com eles no campo. Diego correu abraçar a avó e o irmão. Depois se jogou nos braços do pai, Eduardo deu um verdadeiro abraço de urso no filho, erguendo-o do chão e parabenizando-o pela vitória.

— Nana. — ele exclamou, quando ergueu o rosto e me viu. Eduardo se aproximou com o filho no colo, então colocou Diego no chão. Eu me agachei para abraçá-lo. — Você viu o gol que eu fiz?

— É claro que eu vi. — falei bagunçando o cabelo dele. — Foi o gol mais bonito que já vi na vida.

— Verdade?

— Claro. — Diego jogou os braços ao redor do meu pescoço e me abraçou mais uma vez. — Eu amo você, Naná. — e beijou minha testa.

Meus olhos lacrimejaram de tanta felicidade e emoção. Diego disse que me ama, assim, do nada, naturalmente. Como um filho diz para a mãe que a ama. Talvez seja bobagem da minha cabeça, mas não consigo imaginar minha vida seguindo adiante sem esses garotos.

— Ahh, eu também amo você. — murmurei.

— Acho que essa vitória merece uma comemoração. — comentou Carolina, encarando o filho. — Então, como Diego venceu, ele escolhe.

— Eu? — o menino questionou. Carolina assentiu.

— Você mesmo querido.

— Podemos tomar sorvete?

— Claro filho, o que você quiser.

— Então eu quero tomar sorvete. Vamos todos numa sorveteria.

— Ótimo! — exclamou a avó dos meninos. — Vamos numa sorveteria.

Mas antes Diego tinha que se reunir com seus colegas de time, para a entrega de medalhas de primeiro lugar e o troféu da escola campeã. Isso durou pouco, e foi uma tortura para mim, já que Eduardo ficou todo o momento perto. Depois disso fomos para uma sorveteria no centro. Carolina estava com seu carro e Eduardo com o dele. Optei por ir com ela.

— Você viu como os garotos ficaram felizes depois que você chegou? — questionou Carolina, depois de alguns minutos de silêncio. — Diego até fez um gol. — continuou. — Eles se apegaram muito a você, Naná. Nunca vi meus garotos tão felizes como hoje.

— Eu me apeguei a eles também. Muito.

— Eduardo ficou radiante depois que você chegou. — prosseguiu, a essa altura eu já estava me arrependendo de pegar carona com ela. — Acho que você trouxe uma luz de volta para a vida do meu filho, a mesma que se apagou depois da morte da Nanda. Ele não percebeu ainda, mais não vai demorar.

— É impossível.

— O que é impossível, querida?

— Desculpe, mas isso que a senhora está falando. É impossível.

— O quê? Eu pensar que meu filho está se apaixonando novamente?

Sim, exatamente! É impossível Eduardo se apaixonar novamente depois da história com Nanda, ele nunca vai encontrar uma mulher tão incrível e linda como ela. E com certeza essa mulher não sou eu. Besteira, é isso que Carolina está falando. Ela está acreditando no impossível.

— Não é impossível não, querida.

— Eu li a carta. — soltei. Carolina me olhou com uma sobrancelha levemente arqueada. — A que Nanda deixou para Eduardo antes de morrer. — completei. — Ela era uma mulher maravilhosa, entendo porque Eduardo a amou tanto, e entendo também o motivo dele nunca ter amado outra mulher. É difícil perder alguém que ama incondicionalmente, e é mais difícil ainda achar uma igual.

— Então você acha que estou errada?

— Acredito que sim.

Carolina não fala mais nada, apenas dá um sorrisinho presunçoso e continua dirigindo.

Quando chegamos à sorveteria, Eduardo e os filhos já estão nos esperando. Ele arrumou duas mesas juntas. Eu me sento entre Diego e Bruno, de frente para Eduardo, e Carolina se senta do lado do filho.

Quando por alguns segundos meus olhos encontraram os de Eduardo que eu percebi, que qualquer momento que dividirmos o mesmo ambiente vou me sentir atraída por ele, torturada por meus sentimentos esquisitos.

— O que vão querer? — perguntou o atendente, nos fazendo olhar para ele.

Fizemos nosso pedido, e depois ficamos conversando sobre o jogo, até nossos sorvetes chegarem. O meu estava delicioso, e os garotos acabaram me logrando, mas não me importei. Depois que Eduardo pagou a conta saímos da sorveteria, já estava começando anoitecer. Pensei em ligar para Jen vir me buscar, mas a ligação só caia na caixa postal.

— Eu te levo para casa. — disparou Eduardo. — Mamãe, você leva os meninos?

— Claro.

Achei uma terrível ideia. Não podia aceitar sua carona, ainda mais pelo fato de que estaríamos só nós dois num espaço pequeno, se já foi difícil para mim na sorveteria, junto com os meninos que fizeram palhaçadas o tempo todo, imagina sozinha dentro de um carro com ele.

— É, não precisa se preocupar. Eu pego um taxi.

— De jeito nenhum. Eu te levo para casa. — sustentou a oferta.

— É educado aceitar, Alana. — interferiu Carolina, dando uma piscadela sugestiva para mim.

Comecei achar que Carolina é aquelas mães desesperadas, que fazem de tudo para o filho encontrar uma mulher especial na vida.

— Está bem, eu aceito.

Despedi-me dos meninos e de Carolina, então embarquei no carro de Eduardo. Tinha um cheiro delicioso da sua colônia masculina e um calor físico agradável. Ele se ajeitou no banco do motorista e me olhou por um instante.

Ó Céus, como posso ter pensamentos coerentes com um homem desses me olhando como um verdadeiro predador?

O espaço é pequeno, posso sentir o calor que seu corpo emana. Posso sentir seu cheiro. E Eduardo é sexy demais dirigindo. O lugar e sua proximidade acabam me deixando arrepiada, excitada e sinto uma sensação agradável no meio das pernas. Caralho! Isso só pode ser falta de sexo ou maluquice da minha cabeça. 

— Que bom que não foi tão teimosa hoje. 

— O quê? — estava perdida em meus pensamentos, sua pergunta não ficou clara.

— Você costuma ser teimosa. Como no dia da piscina e ontem, quando te ofereci o quarto. Mas hoje você não foi teimosa. — ele virou o rosto sorrindo.

— É só uma carona. — sorri e olhei para o lado de fora.

Algum tempo se passou, eu estava absorvida em pensamentos e Eduardo ficou em silêncio depois das breves palavras que trocamos. Ele estacionou na frente do edifico que moro e desligou o motor. Já fui tirando o cinto e abrindo a porta.

— Obrigado. — ele disse, fazendo-me congelar. — Você faz um bem danado para meus filhos. E cada dia que passa eu sei que fiz a coisa certa te contratando.

Fitei os olhos de Eduardo e sorri. Então desci meu olhar pelo seu rosto, até parar em sua boca, droga seus lábios parecem tão apetitosos, macios e chamativos, eles atraem toda minha atenção e sinto vontade de prová-los, porém, lá no fundo minha consciência grita que é errado.

Olhei para o lado de fora da sua janela, tentando não manter contato visual.

— Eu adoro seus filhos. E sempre vai ser um prazer cuidar deles. — falei. — Obrigada pela carona. Boa noite, Eduardo.

— Boa noite, Alana.

Desembarquei do carro e segui rumando a portaria. Quando passei pela porta escutei o ronco do motor. Olhei para trás e o vi seguindo seu rumo. Meu Deus, o que estou fazendo?


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