Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 7
Chapter #7




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Depois de uma briga intensa com a picape e vários xingamentos pronunciados a ela, a velha teimosa resolveu funcionar e eu segui para a mansão onde trabalho. Acordei bem disposta hoje, o domingo foi ótimo, renovou minhas energias, como um carregador de celular. Estou me sentindo ansiosa para ver os meninos.

Realmente senti muita falta dos dois, eles são uns príncipes que me deixam cada dias mais apaixonada. Espero que Eduardo não tenha o mesmo dom dos filhos.

 Estaciono na garagem e desembarco, carregando minhas coisas sigo para o interior da casa.

Quando entro pela porta dos fundos que dá direto na cozinha, encontro os três tomando café na mesa da cozinha. Quando meus olhos bateram em Eduardo, ele ergueu o rosto e me encarou, eu abaixei minha cabeça, sentindo-me envergonhada pela noite anterior. E só ergui quando escutei o gritinho do Bruno:

— Nana! — ele pulou da cadeira e correu me abraçar. — Senti saudades de você. Por que você não vem morar com a gente? Papai ficaria muito feliz e nós também. — olho sobre os ombros dele e vejo que Eduardo está bastante surpreso.

— Nana tem a casa dela. — explico. — E tem a faculdade.

— Ah... — ele fica tristinho. — Queria você aqui, todos os dias.

— Bruno, termine de tomar seu café. — a voz autoritária de Eduardo ganha presença. — Alana, podemos conversar?

Parece que o domingo não foi muito bom para ele. E até não me chamou de Nana. Não que ligue para isso, afinal ele é meu patrão e o correto é me chamar de Alana mesmo e adicionar um senhorita antes.

— Claro senhor. — Se ele é profissional eu também sou.

Eduardo sai a minha frente. Sigo-o até seu escritório, ele fecha a porta e eu o sinto tão perto, perto o suficiente para sentir minha pele arrepiar e minhas pernas vacilarem, mas aquilo dura por um breve instante.

— Queria falar sobre aquilo que aconteceu no bar. — diz, saindo de trás de mim e dando a volta na sua mesa.

Não posso deixar de achar extremamente sexy a forma como Eduardo se porta, é elegante e quente pra caramba. Ele desabotoa o paletó e senta-se com cuidado na cadeira. Depois aponta para a cadeira a sua frente e sei que é um sinal para me sentar.

 — Não quero que pense que sou um louco que sai por aí distribuindo socos em todos... — falou. — É que a forma como aquele homem agiu me cegou. Eu não gostei nenhum pouco da forma que ele falou com você.

Okay. Admito que me senti um pouco desprotegida e magoada com o que aquele estranho me falou. Também admito que gostei de Eduardo ter tomado minhas dores. Mas me lembro das centenas de vezes que fui humilhada por estranhos e que nesses muitos momentos não tinha ninguém para me defender, só a mim mesmo, foi assim que aprendi a lidar com preconceito, foi assim que aprendi a me defender.

Eduardo não precisava se meter. E eu não queria parecer tão ingênua naquele momento. Sou uma garota que sabe se defender, e essa é uma das minhas qualidades, sim, fiquei chateada por não poder mostrar isso para ele.

— Senhor, eu não preciso que ninguém tome minhas dores. Eu já...

— Pare, por favor, não me chame mais de senhor. Eu não gosto.

— Tudo bem. Como eu ia dizendo, Eduardo... — Tomei uns segundos apenas para apreciar o sorriso que teimou em aparecer nos seus lábios. — Eu já passei por aquilo muitas vezes, sei como lidar com comentários e pessoas maldosas. Você não precisava ter feito aquilo. Eu agradeço sua preocupação. Agora vou ajudar os meninos.

— Tudo bem. — diz. Eu me viro e seguro a maçaneta da porta. — Nana. — giro, ignorando minha vontade de ficar longe dele. — Henrique é um idiota, não quero que ele lhe machuque.

— Ele não vai. — Eduardo assente — Sou bem crescidinha para saber como caras como ele tratam as mulheres. — Então saio do seu escritório.

Droga! A coisa está ficando cada vez mais difíceis.

(...)

Depois que levei os meninos para a escola, voltei com Ronaldo para a mansão. O quarto deles estava uma tremenda bagunça e eu sou a encarregada de organizar. Começo com as camas, a parte mais fácil. Depois os brinquedos que estão espalhados pelo chão. Ajeito tudo nas prateleiras e nas caixas. A mesinha de estudo está uma bagunça também. Cheia de desenhos, canetinhas e lápis de cor espalhados por todo lado.

Enquanto faço uma pilha com os desenhos noto que um deles é assinado por Bruno, um sorriso enorme surge em meus lábios quando vejo que ele me desenhou com uma super heroína, meu uniforme é azul e a capa é toda preta, meus cabelos estão soltos e uso uma máscara no rosto, tenho certeza que sou eu por que Bruno colocou a letra “N” sobre meu abdômen, N de Naná. Não só por isso, em cima o desenho está escrito Super Naná.

Oh, meu Deus, será que Bruno me deixa levar esse desenho para casa? Vou guardar com tanto carinho. De qualquer forma, vou deixar guardadinho junto com os outros. 

Depois de organizar quase todo o quarto eu vou para o guarda-roupa, retiro todas as caixas decoradas e coloco sobre as camas, arrumo as roupas nos cabides e nas prateleiras. Quase tudo pronto, só falta às caixas, começo ajeitar uma por uma, até uma delas com estampa de corações vermelhos cair no chão e espalhar fotos para todos os lados.

Agacho-me e acabo olhando cada foto. São fotos de Eduardo com a mãe dos meninos. Ele parecia tão novo e apaixonado, e ela? Minha nossa era linda e tinha um sorriso cativante e com covinhas nas bochechas. Um envelope entre as fotos chama minha atenção, ele já está aberto e contém uma carta. Odeio minha curiosidade, abro o papel. É escrita em letras de forma, muito bem desenhadas. Começo a ler.

"Meu amor...

Eu estou escrevendo essa carta dias antes do nascimento do Bruninho, nosso segundo filho. Você sabe que a gravidez é de risco e eu vou fazer de tudo para o meu menino sobreviver, ele merece viver cada segundo ao seu lado e de Diego. E tenho certeza que ele vai lhe amar muito, assim com o Di te ama.

Eu jamais tiraria esse direito dele.

É claro que não quero morrer, amo tanto minha vida, tudo está tomando um rumo maravilhoso, eu tenho você, tenho Diego e em breve terei o Bruno, a família que sempre sonhei. A vida que sempre desejei ao lado do homem mais carinhoso do mundo, que me deu dois anjinhos maravilhosos. Mas se eu tiver que escolher, você já sabe qual será a minha escolha.

É pela minha vida correndo riscos que me sinto na obrigação de escrever essa carta. E lhe pedir algumas coisas.

Primeiro; cuide dos nossos filhos, de atenção e apoio a eles, seja o paizão incrível que eu sei que você é. Nossos filhos merecem o seu melhor.

Segundo; seu sonho é tornar sua agência famosa, siga esse sonho, tenho certeza que vai conseguir.

Terceiro; sempre fomos melhores amigos, e como sua melhor amiga eu lhe peço, não viva preso no luto, um dia você vai encontrar alguém que torne o seu mundo ainda mais colorido, não a afaste.

Viva, ame novamente. Você mais do que ninguém merece isso. Vou fazer de tudo para que esse amor chegue até você.

Não esqueça que eu te amo, a você e meus filhos.

 Com amor; Maria Fernanda.”

Termino de ler a carta e meus olhos estão cheios de lágrimas. Eu não a conheci, mas essa mulher era forte demais, era incrível. Consigo entender porque Eduardo parece viver preso no luto, ela era memorável.

Ajeito as fotos na caixa, junto com a carta e guardo na última prateleira do guarda roupa. O quarto está organizado e eu desço para a cozinha. Júlia, a senhora que trabalha há anos aqui está concentrada na preparação do almoço.

— Dona Júlia. — ela vira-se para mim e sorri. — Posso lhe fazer uma pergunta?

— Claro.

— Como é a história do Eduardo com a mãe dos meninos?

— Foi um pouco conturbada. Eduardo era um playboy, mas sempre teve sonhos. A Nanda era uma garota sonhadora. — Júlia sorriu docemente. — professora em uma escola municipal. Ela amava ensinar crianças. Os dois começaram a se aproximar. Apaixonaram-se. Descobriram a gravidez e se casaram. Foi um amor tão verdadeiro. Existia afeto, cumplicidade, carinho, paixão, companheirismo. E então a Nanda sofreu complicações no parto do Diego. Os médicos falaram que uma segunda gravidez poderia não acontecer. Até que a Maria engravidou novamente, acabou sofrendo um aborto espontâneo. Passou um tempo e então eles descobriram mais uma gravidez, A Nanda foi forte, sofreu um sangramento, mas ela continuou firme e forte, porem uma infecção piorou tudo, ela ficou muito fraca. E os médicos disseram que a gravidez teria riscos. A Nanda foi forte até o fim. Morreu depois de ter o Bruno. Eduardo se fechou para o amor depois daquilo, só quer saber dos filhos. Por que o interesse, querida?

— É que trabalho há bastante tempo aqui já, e não sabia toda a real história. — respondo. — Será mesmo que ele não será capaz de amar mais uma vez?

Dona Júlia sorriu, tampou a panela e sentou-se em uma cadeira a minha frente.

— Eduardo amava a Nanda. Nunca amou ninguém como a amou. O vazio que ela deixou é preenchido pelos meninos.

— Consigo entender. Será que existe uma mulher capaz de fazê-lo ter sentimentos verdadeiros novamente?

— Acho muito difícil. — responde Júlia, voltando para o fogão. — Mas nada é impossível né, minha querida.

Tentei ignorar meus pensamentos, mas eles são mais fortes e eu pensei muito sobre o quanto Eduardo sofreu nós últimos anos, consigo entender toda aquela tristeza que ele carrega no olhar, perdeu a esposa, a melhor amiga, e a mãe dos seus filhos. Teve que criá-los sozinho, deve ser difícil para ele. Porem, sei que os meninos o tornam um homem feliz, é só notar o sorriso de Eduardo para os filhos, é lindo e cheio de vida.

Eu sempre achei lindo filmes de romance que um casal se ama, mas no fim um deles morre e só restam as lembranças boas, entretanto, na vida real isso não é lindo e sim doloroso. Não quero passar por isso.

— É uma história triste, querida. Mas de uma delicadeza sublime. 

Dona Júlia sorriu e voltou para seus afazeres. Continuei ali, pensando no quanto Eduardo e sua falecida esposa foram felizes e viveram uma linda história juntos, Diego e Bruno são provas de que o amor dos pais foi verdadeiro. 

Como posso imaginar que Eduardo olharia para mim, ele sofreu bastante e como Júlia falou se fechou para o amor. Eduardo vive apenas para os filhos, é com eles que acha forças para seguir em frente. 

— Júlia. 

— Sim, querida. 

— Como ela era? A Mãe dos meninos? — Julia para de picar tomates e senta-se na cadeira a minha frente.

— Ela era tão generosa, sempre preocupada. A Nanda era uma mulher incrível, foi por isso que conquistou o Eduardo. — dou um sorriso ao me lembrar das fotos que vi dela. — Agora, deixa eu voltar para as panelas. 

Assinto. Júlia volta para os tomates. Levanto-me, resolvo ir ate o jardim, caminho pelo gramado sentindo algo muito bom dentro do peito. Esse lugar é tão maravilhoso. Paro em baixo do ipê, deslizo meus dedos pelo troco da árvore. 

— Nana. — acordei dos meus pensamentos e Ronaldo estalava os dedos a frente do meu rosto. — Está na hora de ir pegar os meninos.

— Ah sim; Vamos então.

(...)

É claro que Eduardo fica feliz em ver os filhos, eu me derreto pelos dois, sou completamente apaixonada por eles. Logo que peguei o Bruno na salinha de vídeo ele se jogou no meu colo, beijou meu rosto e falou sobre o filme que estava assistido.

— Queria o Banguela para mim. — diz, enfiando a cabecinha em meu pescoço.

— Bom, acho que deve ter ursos de pelúcia igual o banguela no shopping.

— Você vai compra um para mim? — seus olhos brilham e eu me derreto.

— Vamos pegar o Di e depois pedimos para o Ronaldo dar uma passadinha no shopping.

Ele sorriu e agradeci mentalmente os trocados que tinha em minha bolsa. Depois que passei por mais uma sessão fofura, dessa vez com o Di que pegou em minha mão olhou para o colega e disparou: essa é a melhor baba do mundo; a gente partiu para o shopping.

Fomos à uma lojinha de brinquedos, mas não encontramos um Banguela. Entramos em outras duas lojas e já estava quase em cima da hora do almoço, praguejei mentalmente, Eduardo vem almoçar em casa e não vai ficar feliz com o atraso das crianças.

— Nana. — Bruno apontava petrificado para o urso de pelúcia dentro de uma caixa nas prateleiras, tinha um tamanho pequeno e o preço em conta. — Quero ele. — assinto com a cabeça.

Peguei um urso para ele e outro para o Diego, claro. Passei no caixa e paguei, a vendedora deu um pirulito para cada um dos meninos, que saíram da loja mais do que felizes.

— Vamos, Naldo. Não podemos nos atrasar. Só tome cuidado. — ele assentiu e ligou o carro.

Arrumei os meninos e olhei para o meu relógio,10 minutos. Droga! Eduardo também não tolera atrasos na hora da refeição, ainda mais quando envolve os filhos, estou frita.

Quando chegamos à mansão entramos pela porta principal, os meninos entraram fazendo festa. Cruzamos a sala e adentramos a cozinha, a mesa estava normal, mas as copeiras seguiam com talheres, pratos e copos para a sala de jantar. Eles sempre fazem suas refeições na cozinha. Chacoalho minha cabeça e dou de ombros.

— Meninos, lavar as mãos, agora. — digo. Ambos seguem para o pequeno banheiro nos fundos da cozinha, lavam as mãos, e seguimos para a sala de jantar, nem sinal de Eduardo.

Noto que a mesa está posta com dois lugares a mais, tem convidados, um amigo, namorada ou parente. Sei lá e não me interessa. Enquanto ajudo os garotos se sentarem a mesa escuto vozes vindas da sala, logo, Eduardo entra acompanhado de Henrique e uma mulher, ela é mais velha, porém é uma mulher muito bonita.

— Vovó. — gritam os garotos.

— Oh meus bebezinhos, venham abraçar a vovó. — os meninos pulam da cadeira e correm até ela; a abraçam forte e beijam suas bochechas, nem notei o movimento de Henrique, só percebi quando ele parou ao meu lado.

— Olá. — murmurou. Olhei para ele e sorri em resposta. — É bom lhe ver novamente... Alana, não é?

— Isso. — digo. — Desculpe, mas preciso ajudar os meninos. — afasto-me dele e ajudo os meninos novamente.

— Essa é a Naná? — pergunta a avó dos garotos, com os olhos fixos em mim.

— Sim, mamãe. — responde Eduardo.

— Ah, já escutei muito o seu nome, estava ansiosa para lhe conhecer. — anda até mim com os braços abertos e me abraça. — Deixa eu me apresentar, sou a Carolina, mãe do Eduardo e avó dos meninos.

— Prazer, Dona Carolina. — ela entorta a boca e diz:

— Nada de dona Carolina, apenas Carolina. Okay?

Essa família por acaso tem alergia a palavras como senhor e senhora? Não que eu esteja me importando, acho até melhor. É que meus últimos chefes exigiam essas palavras, exceto Marcelo. Mas já que Eduardo e sua mãe preferem assim, é melhor abdicar dessas palavrinhas.

— Okay; Carolina — digo. — os meninos falam muita da senhora também.

— Eu espero que bem.

— Sim, coisas maravilhosas. O quanto gostam da sua casa e da sua comida. — Carolina olha para os netos e dá uma piscadela.

— É um prazer enfim lhe conhecer, Naná. — diz. — Agora eu vou comer, porque estou morrendo de fome e Júlia cozinha muito melhor que eu. Conversamos mais depois. 

— Tudo bem. Tenham uma boa refeição. — digo e me retiro para que eles façam sua refeição.

Carolina não parece uma senhorinha dessas das quais vejo muito por aí, aquelas que ficam sentadas na varanda em uma cadeira de balanço, movendo duas agulhas enormes com agilidade, usando linhas coloridas para fazer um lindo casaquinho de lã. Meu avô sempre me disse que vovó adorava tricotar.

Mas Carolina aparenta ter uma vivacidade indescritível, carrega um sorriso contagiante, transbordando energia. Os meninos já comentaram comigo que ela adora levar os dois na praia no final de semana. Devo dizer que gostei muito dela.

Ela me fez lembrar-me de um tempo bom, quando era criança e meu avô construía engenhocas para eu brincar, ele sempre foi um avô presente, fazia balanços no topo das árvores, ou estilingues. Sempre amei tudo na minha infância, até meus joelhos ralados. Carolina, apesar de ter falado pouco, me remeteu algo bom, nostálgico.

Os meninos foram os primeiros a sair da mesa, levei os dois para cima e os ajudei se trocarem, tinha escolinha de futebol logo mais e depois aula de artes marciais, a vida desses meninos é muito agitada. Eles ficam tão lindos com o uniforme do treino, são pequenos galãs.

— Queria ficar em casa hoje. — resmunga O Bruno, com seus olhos azuis brilhando como o sol às quatro da tarde.

— Pensei que você gostasse dos treinos. — comentei, colocando minhas mãos sobre minha cintura e com o olhar fixo no pequeno sentado na cama e fazendo bico. — Vou adorar ver você fazendo um gol.

— Você vai torcer para nós, Naná? — pergunta o Bruninho.

— É claro que eu vou torcer para vocês dois. — digo.

— Você vai ir ao jogo do campeonato? — é Diego quem pergunta. — Eu vou jogar e queria que você estivesse lá.

Pensei naquele dia que o treinador bonitão me chamou num canto e eu quase tive um ataque cardíaco quando sua mão tocou meu ombro, pensei que ele pediria meu número ou o meu nome, mas ele só queria falar sobre o campeonato que Diego participaria, aliás, é nesse fim de semana. Bruno não vai jogar porque sua idade não se encaixa no torneio. Porém, ele disse que vai torcer muito pelo irmão.

— Não vou perder isso por nada! — exclamei e os dois pularam no meu colo.

Terminei de arrumar os meninos e desci para a cozinha, arrumei o lanche na mochila dos dois enquanto ambos brincavam na sala estilo guerra nas estrelas, eles tinham sabres de luz e isso tornava tudo mais engraçado. Eu não vi mais Carolina, Eduardo ou Henrique os três se trancaram no escritório e de lá ainda não saíram.

— Nana coloca bolacha de chocolate na minha lancheira? — Diego coloca apenas a cabeça do lado de dentro da cozinha, eu assinto e ele volta para sua batalha.

Lembro-me que a bolacha está no armário e na parte mais alta. Droga! Maldita estatura. Sempre fui baixinha, claro que não me atrapalhou em nada, mas queria ser um pouco mais alta nesses momentos.

 Na verdade atrapalhou um pouco. Eu queria entrar no time de vôlei na escola, para jogar campeonatos como Diego vai jogar, mas o professor disse que apesar de eu jogar bem, minha estatura era baixa perto das outras meninas. Tive que aceitar. Se fosse hoje em dia eu o obrigaria me colocar no time. Enfim, o tempo passou e cresci bem pouco desde os meus 14 anos.

 Com dificuldade abro a portinha de madeira e estico todo meu braço tentando alcançar a embalagem azul, sem êxito, fico na ponta dos pés e apenas a ponta do meu dedo indicador encosta no pacote.  

Estou a ponto de desistir quando sinto um calor descomunal atrás de mim. O calor se alastra por meu corpo e faz os meus pelos se erguerem, sinto um calor ainda maior sobre minha cintura, e uma mão apertando meu quadril com leveza, fazendo meus olhos se fecharem apenas para eu me deliciar com o toque. Minha respiração ganhou um ritmo acelerado e meu coração bate forte contra o peito.

— Vou pedir para deixarem as coisas mais baixas.

 A voz grossa de Eduardo retumba pelo ambiente. Prendo minha respiração, podia escutar essa voz durante horas, e sentir seu calor por incontáveis minutos. Sua pele contra a minha, sua boca na minha, suas mãos em meu corpo. Controle-se Alana, ele é seu chefe.

 Eu giro e ele está tão perto, que nossas respirações se misturam.

Seus olhos estão fixos nos meus, e logo descem para os meus lábios, instintivamente os umedeço com a língua, seu olhar se torna ainda mais intenso e obrigatoriamente eu seguro com força a borda da bacia da pia atrás de mim, a palma da minha mão e o meu pulso doem pelo leve desconforto. Não ouso mover um músculo, corro risco de tocá-lo ainda mais e só eu sei o quanto está sendo difícil tê-lo tão perto.

Não posso deixá-lo perceber o quanto sua presença está mexendo comigo, mexendo com meu corpo, meus instintos e meu desejo.

— Era isso que estava tentado desajeitadamente pegar? — minhas bochechas queimam e não sei se consigo respirar no momento.

— Bolacha de chocolate, exatamente isso aí. — falo rapidamente e pego o pacote comprido da sua mão. — Obrigada. — digo e ele permanece perto demais. — Você precisa de alguma coisa?

— Sim, e você não sabe o quanto preciso dessa coisa. — diz, e apenas o som da sua voz desperta sensações vibrantes em meu corpo.

Droga, Alana é o maldito clichê. Não deixe isso acontecer, seu final não será feliz.

— E o que é? — Uso o último resquício de voz que tenho, encaro Eduardo e então seu corpo se afasta do meu. Eu consigo respirar e uma leve sensação estranha me toma.

— Domingo... é... — ele passa as mãos pelos cabelos e suspira. — Diego tem um jogo, é claro que eu vou estar lá. Eu sei que não estou lhe pagando pelo domingo, mas os meninos ficaram felizes se você estiver lá.

— Eu tenho um compromisso... — seu olhar me faz engasgar na metade da frase, é como se ele estivesse decepcionado, retomo o ar e acrescento: — Tenho um compromisso com Diego, vou vê-lo jogando futebol, sem problemas. Vai ser um prazer estar lá.

— Isso é bom. — resmunga. — minha mãe vai ao treino com vocês hoje, ela adora os netos.

— Tudo bem, mais alguma coisa?

— Não, apenas isso. — ele sorri, pega uma maçã a morde e sai.

Espero meu corpo voltar ao normal, ainda sinto minha pele formigar onde ele encostou e minha pulsação está alterada.

— Vamos Naná, o Naldo já tá esperando a gente. — grita Diego.

— Estou indo. — Pego minha bolsa e as coisas dos garotos e saio.

 Não estava tão ansiosa para domingo, futebol nunca foi meu esporte favorito, mas os meninos adoram, vou ser a torcedora número um do time do Di. Se puder vou até arranjar um dedão de torcedor e uma camisa, ele merece.


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