Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 24
Chapter #24


Notas iniciais do capítulo

MAIS UM, ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO.



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Sabe quando você acha que nada pode estragar um final de semana perfeito e do nada tudo acontece, tão rápido e evasivo. Você está nas nuvens e de repente tudo acaba e você se sente no chão, encolhida e com muito medo. Você está sorrindo, longe de preocupações. Você está ao lado de pessoas que lhe fazem bem, lhe fazem feliz e quase se sente completa, mas uma noticia te abala tanto que você não consegue sorrir e esquece totalmente de toda a felicidade que viveu mais cedo, tudo vira um borrão.

Meu final de semana ao lado de Eduardo e os meninos foi incrível, foram dois dias maravilhosos, onde eu me senti imensamente feliz pelo destino ter colocado os três na minha vida. Eu pensei que nada poderia estragar esse momento. Mas quando tudo acabou e tivemos que voltar para casa, eu recebi uma noticia que me abalou muito e fez os dois dias maravilhosos virarem um completo borrão.

— Seu avô. — disse Jennifer, depois de me fazer sentar no sofá. — Ele teve um infarto. Está em estado grave.

As lágrimas pesavam nos meus olhos e eu não era capaz de segurá-las. Eduardo sentou-se ao meu lado e tentou me acalmar, mas eu não conseguia, eu estava tremendo, chorando e sentia um aperto no meu coração que me fazia perder o ar. De repente meu apartamento tornou-se um lugar pequeno e apertado, que me sufocava, até parecia que as paredes se moviam em minha direção, deixando o espaço ainda mais pequeno.

Levantei e sai correndo na direção do meu quarto. Fui até o meu guarda roupa e comecei a tirar minhas roupas do seu interior e jogar tudo sobre a minha cama. As lágrimas ainda caiam incessantes dos meus olhos, meu peito ainda doía. Logo, Eduardo entrou no meu quarto, seguido de Jennifer que correu até mim e me abraçou.

— Vai ficar tudo bem, Alana. — ela sussurrou. — Seu avô é um homem muito forte. O mais forte que conheço, ele vai ficar bem.

Minha melhor amiga tentou me acalmar, me consolar, mas a verdade é que eu nunca conseguiria me acalmar, não sem ver meu avô, sem estar ao lado dele e da minha família.

— Alana. — Eduardo disse, andando na minha direção.

— Eu preciso vê-lo. — sussurrei. — Tenho que estar ao lado dele.

Eduardo assentiu para Jen e ela se afastou, e dessa vez fui envolvida por seus braços. Eduardo me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça, ficou afagando minhas costas em uma tentativa de me acalmar, e aquilo funcionou, me aninhei em seu peito, e me senti mais calma, porém o medo de perder meu avô não desapareceu, ele estava ali, dentro de mim, me sufocando.

— Eu entendo você. — Eduardo sussurrou. — Mas hoje você precisa descansar.

— Eu não quero descansar! — falei, me afastando dele. Olhei para minha amiga. — Jen, pode comprar uma passagem de ônibus para mim enquanto arrumo uma mala? — indaguei.

— Tá. Posso sim.

Jennifer sabia que não adiantava ela tentar me rebater, eu era teimosa e Jennifer mais do que ninguém me conhece, então ela apenas concordou e saiu do meu quarto, enquanto Eduardo ficou me observando tirar as roupas da nossa viagem da minha pequena mala e colocar outras.

— Eu vou com você. — ele disse calmamente. — Me dê apenas um minuto. — e se afastou digitando algo no celular.

Fiquei sozinha dentro do meu quarto. A sensação de falta de ar ainda estava grudada em mim. Respirei fundo e tentei me acalmar contando até dez, e uma enxurrada de lembranças do meu avô inundou meus pensamentos e só me fez chorar ainda mais. Eu o amo tanto que não consigo imaginar perdê-lo, ele sempre esteve presente na minha vida, sempre me apoiou e me ajudou em tudo que eu precisava. Meu avô é meu verdadeiro anjo da guarda, eu não posso perdê-lo. E embora eu saiba que uma hora ou outra isso vai acontecer eu ainda não estou preparada, na verdade, nunca estarei.

— Pronto. — Eduardo disse entrando no quarto novamente. — Eu resolvi tudo. Vamos viajar daqui uma hora.

— Resolveu tudo o quê? — perguntei.

— Um cliente meu me devia um favor. E ele é muito rico. Do tipo que tem um jato a sua disposição. — explicou. — Liguei para ele cobrando meu favor. E ele me emprestou o jatinho da empresa dele.

Larguei o que estava fazendo e corri para os braços de Eduardo, ele me apertou, me acalentou e me acalmou de uma forma que somente ele conseguia.

— Obrigada. — falei. — Muito obrigada.

Ele beijou minha testa e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

— Não precisa agradecer. — disse. — É que ver você tão vulnerável partiu meu coração. Não podia ficar de mãos atadas.

Pela primeira vez depois que recebi a péssima noticia sobre meu avô eu consegui sorrir.

— Você não precisa ir. — disse. — Tem os meninos, a empresa.

— Não importa, Alana. — me interrompeu. — Os meninos estão bem com a minha mãe, e a empresa, no momento é o que menos me importa. — completou. — Vou viajar com você e ficar do seu lado o tempo que for preciso. Você é minha prioridade agora. 

Eduardo é tudo que eu preciso nesse momento, ele consegue me acalmar e me dá forças.

— Você vai conhecer minha família. 

— Não em circunstâncias boas, mas vou adorar. 

Eu sorri e o abracei. 

— Eu preciso ir pra casa, conversar com minha mãe e os meninos. E arrumar uma mala, mas eu volto logo. 

— Tudo bem. — falei. — Vou ligar para o meu pai e terminar de me arrumar. 

— Okay. — ele me deu um selinho. — Prometo que volto logo. 

— Tá. 

Esperei Eduardo se retirar e então liguei para meu pai. O quadro de saúde do vô ainda era grave, e ele ia passar por mais uma cirurgia, papai foi bastante franco comigo e não me escondeu nada, falou que a vida do meu avô estava em risco e isso me deixou ainda mais desesperada, porém, não deixei que ele notasse e falei que ia visitá-los. E embora meu pai estivesse muito cansado e triste por tudo que estava acontecendo ele ficou muito feliz ao saber que logo estaria perto deles. Não falei toda verdade sobre Eduardo, falei que éramos próximos, mas omiti a parte que ele é meu namorado. 

— Você me dá notícias? —Jen perguntou vindo me abraçar. 

— Claro que sim. 

— Ele vai sair dessa. — murmurou. 

— Lembra quando a gente era criança e ele contava varias histórias para nós? — indaguei, sentindo saudades daquele tempo que não volta mais, mas que viverá para sempre na minha memória. 

— Não tem como esquecer. Seu avô sempre foi nosso comparsa. — ela disse, esboçando um sorriso nostálgico. 

Vovô sempre nos protegeu da fúria dos nossos pais quando a gente aprontava. Ele sempre nos acobertava ou livrava a gente da pior. Ele era o nosso contador de histórias e um inventor mirabolante de brincadeiras, vovô era e ainda é o nosso melhor amigo, não importa quanto tempo passe ou o tamanho da distância que nos separa. Eu sinto tanta falta dele, a última imagem que tenho dele é a nossa despedida, ele me desejando sorte e disse que me amava do tamanho do infinito, e eu o abracei forte, estava tão eufórica que acabei não retribuindo suas palavras. 

— Não estou pronta, Jen. — resmunguei, abraçando minha amiga. 

— Ninguém está. — disse, afagando minhas costas. — Mas você precisa se manter forte. 

Fiquei um tempo abraçada a Jen, ela tentando me consolar e eu chorando como uma criança de colo. Quando consegui me acalmar recebi uma mensagem de Eduardo, dizendo que estava me esperando na portaria. Limpei meu rosto. Jen desceu comigo e me abraçou uma última vez, então saí com Eduardo. O caminho até o aeroporto foi em silêncio, Eduardo respeitou meu momento, porém, hora ou outra ele levava minha mão aos lábios e beijava com carinho. 

Quando chegamos ao aeroporto fomos guiados até a pista onde o jatinho nos esperava. O piloto nos deu informações de voo e nos mandou se acomodarmos que logo ele alçaria voo. Após embarcarmos e nos ajeitarmos, Eduardo foi até a cabine avisar que estávamos prontos e voltou para perto de mim. 

Nos sentamos em um sofá de três lugares que tinha no canto da aeronave. Eduardo me puxou para perto dele e me cobriu com uma manta fofa que ele achou em um armário, passou os braços ao meu redor e eu descansei minha cabeça em seu peito, estava cansada e acabei dormindo. 

— Amor. — despertei com o som suave da voz de Eduardo. Eu estava deitada no sofá e ele agachado perto de mim. — A gente já chegou. 

— Já? 

— Uhum. — sussurrou, acariciando meu rosto. — Tem um taxi nos aguardando já. 

— Okay. — levantei-me. — Eu só vou ao banheiro. 

— Tá bom, linda. Estarei te esperando lá fora.

Fui até o banheiro e limpei meu rosto. Olhei meu reflexo, eu estava péssima, olhos inchados de tanto chorar, cabelos desgrenhados, rosto amassado, se Eduardo ainda me acha linda assim, seus sentimentos por mim são muito forte. 

Saí do banheiro e me encaminhei para fora do jatinho. Desci as escadas e lá estava Eduardo me esperando. Logo o friozinho da minha cidade natal causou arrepios em minha pele. Eu estava de volta em casa. 

— Vamos? 

Segurei a mão de Eduardo e juntos caminhamos até o taxi. Passei o endereço do hospital para o taxista, porque antes de tudo eu queria ver meu avô. Falamos pouco durante o caminho, e no pouco que falamos pedi para Eduardo não comentar sobre nosso relacionamento, garanti que quero falar aos meus familiares, mas essa não é a hora certa, claro que Eduardo entendeu. Quando o taxi estacionou eu pulei para fora do veículo. Apenas esperei Eduardo pagar a corrida e pegar nossas bagagens e segui para dentro do hospital, caminhei rápido até a recepção. 

— Boa noite, senhora, o que deseja? — me perguntou a moça atrás do balcão. 

— Meu avô está internado aqui. O nome dele é Fausto da Costa. 

— Só um momento. — ela digitou algo e me encarou. 

— Ele está em cirurgia. — disse. — E a família dele está na capela, ala leste. Por aquele corredor ali. — apontou. 

— Obrigada. 

Agradeci e saí pela direção que ela me informou. Eduardo me seguiu. Meus pais sempre foram bastante religiosos, não me surpreende eles estarem na capela, orando pela vida do meu avô. Entrei no corredor da ala leste e segui a passos largos, logo encontrei uma porta de madeira que tinha uma placa escrito capela, parei no batente. Meu pai estava com seus dois irmãos, tia Laura e tio Eugênio, o filho mais novo da tia Laura e a esposa do tio Eugênio, eles fizeram uma roda e deram aos mãos, estavam rezando. Minha mãe não estava ali, mas eu entendo, ela deve estar muito cansada por causa do seu tratamento.

 Não quis atrapalhar a oração deles. Então, fechei meus olhos e pedi pela vida do meu avô. 

Eduardo segurou minha mão, e eu tive que olhar para ele, me surpreendeu vê-lo de olhos fechados e rezando junto comigo. 

Quando meu pai e meus tios terminaram suas preces eu adentrei a capela, chamando a atenção de todos, papai me encarou por alguns segundos, parece que não estava acreditando que era mesmo a sua filha que acabara de entrar. 

— Alana. — tia Laura disse.

Meu pai piscou e saiu do seu transe. 

— Minha pequena. — disse antes de correr até mim. — Que saudades. — e me abraçou apertado.

Ahh, aquele abraço, ele me transmitia tanta coisa. Um abraço de pai, terno, aconchegante, carinhoso, seguro, cheio de paz. Ali era o lugar que eu queria estar, o lugar para o qual eu sempre corria quando me sentia com medo. Eu sempre fui a garotinha do meu pai, e ele sempre me protegeu de todo o mal do mundo, lembro que quando era pequena e voltava chorando da escola por causa das piadinhas que sofria ele sempre estava pronto para me abraçar e me dizer algo reconfortante, e agora, me sinto como aquela garotinha, triste, pequena e desamparada, e embora Eduardo tenha me ajudado bastante, no momento, tudo que preciso é do abraço do meu pai. 

— Como você está bonita, princesa. — meu pai disse, se afastando para me olhar. — Linda como sempre. 

— E o senhor continua o melhor pai do mundo. — eu o abraço de novo. — Senti tanta falta sua. 

— Eu também, meu amor. — sussurrou. 

— Como está o vovô? 

— Eu não sei direito. Temos que esperar ele sair da cirurgia. 

— E vai demorar?

— Um pouco, Alana. — disse tio Eugênio. 

Eu até havia esquecido que meus tios estavam ali, sentia tanta falta do meu pai e queria tanto informações sobre meu avô que as outras pessoas ficaram em segundo plano, então a voz do meu tio se fez presente e eu olhei ao redor procurando Eduardo, ele estava logo atrás de mim. Dei um abraço nos meus tios e no meu primo, então voltei para perto do meu pai que a essa altura estava encarando Eduardo como se pudesse ler a mente dele. 

— Pai, esse é o Eduardo, ele é meu chefe. — falei. — Eduardo, esse é o meu pai. 

Eduardo deu um passo a frente e estendeu a mão na direção do meu pai. 

— Prazer, senhor... 

— Humberto. — papai disse apertando a mão de Eduardo que esboçou um pequeno sorriso. — Então você é o chefe da Alana. — papai disse mantendo sua expressão super séria. — Ouvi algumas histórias sobre você.

Encarei Eduardo, sentindo um formigamento sobre minhas bochechas. É claro que eu havia falado sobre Eduardo para meu pai em algumas ligações, talvez até mais do que devia, apesar de nunca ter falado sobre meus sentimentos pelo meu chefe.

— O Eduardo me ajudou muito. — falei, antes que qualquer um dos dois abrisse a boca para falar mais alguma coisa. — Se não fosse ele, não estaria aqui agora.  

— Fico muito grato por ter ajudado minha filha. — meu pai me puxou e beijou o topo da minha cabeça. 

— Sua filha é muito importante. — disse, e eu o encarei imediatamente, o fazendo erguer uma sobrancelha e retomar. — Ela me ajuda muito com meus filhos, me achei no dever de ajudá-la nesse momento.

Meu pai me olhou e sorriu.

— Alana gosta de ajudar a todos. Não é princesa?

— Sim. — respondi. — Aprendi isso com você e mamãe. 

— Humberto. — Tio Eugênio chamou. — Acho que está na hora de voltarmos para a sala de espera.

— Claro. — meu pai disse. — E durante o caminho você vai me contar as novidades, Alana. — eu apenas assenti com a cabeça. — O senhor pode nos acompanhar. — acrescentou, olhando para Eduardo.

— Oh, pode me chamar apenas de Eduardo.

E durante o caminho até a sala de espera fomos conversando. Perguntei sobre a saúde da minha mãe e recebi boas noticias do seu tratamento, ela está melhor. Perguntei sobre Felipe e meu pai disse que ele está centrado nos estudos, e que lembra muito eu quando era mais nova, a garota de 15 anos que mantinha o foco nos estudos para conseguir a tão sonhada faculdade, meu pai disse que Felipe quer cursar medicina veterinária e que ele está trabalhando como voluntário em um abrigo de cães e gatos, meu irmãozinho está feliz e eu não podia estar mais contente.

Eduardo também teve oportunidade de falar sobre seu trabalho, a agência e os meninos, ele quase cometeu um deslize quando começou a falar sobre nossa viagem, mas conseguiu reverter à situação ao falar que era uma viagem de família e que eu era essencial já que os meninos não ficam sem mim. E embora o momento fosse muito sério para meu pai, ele sorriu e disse que estava muito feliz por mim. Conversamos mais um longo tempo na sala de espera e aquela conversa estava ajudando meu pai se manter mais calmo, já que seus irmãos andavam de um lado para o outro. 

— Será que está tudo bem? — Tia Laura questionou, sentando-se em um das cadeiras presente na sala. Ela cobriu o rosto com as mãos e suspirou. Rodrigo, seu filho, ajoelhou-se na frente dela e segurou seus joelhos. 

— O vovô vai ficar bem, mãe. — Tia Laura tirou as mãos do rosto e abraçou seu filho com força. 

Ver minha tia daquele jeito me abalou, a vontade de chorar voltou com força, e logo meu pai estava me abraçando, escondendo meu rosto com seu peito e protegendo-me com seus braços. Enquanto eu estava ali, protegida nos braços do meu pai houve uma agitação na sala, alguém havia entrado. Rapidamente me ajeitei e encarei a o semblante sério da pessoa desconhecida que acabara de entrar. 

— Olá, sou o Doutor Tadeu Hoffman. Vocês são parentes de Fausto da Costa? 

— Sim. — meu pai disse. — Filhos e netos. — garantiu. — Como ele está? 

— Ele está bem. Correu tudo bem na cirurgia. — disse, fazendo todos na sala soltarem um suspiro de alivio. — Nós tivemos que fazer uma angioplastia no seu Fausto. — comunicou, mantendo-se rígido e sério. — Tivemos que inserir um stent em uma artéria coronariana para manter o fluxo sanguíneo e prevenir outro infarto. — explicou. — Ele vai ficar em observação por alguns dias, e agora tudo que ele precisa é descansar.

— Podemos vê-lo? — indagou tia Laura.    

— Infelizmente não posso deixar todos vocês entrarem. Apenas um. — o doutor falou. — Ele está dormindo devido o sedativo. E mesmo assim ele precisa de sossego, muitas pessoas no quarto vai deixá-lo agitado. 

— A Alana entra. — disse meu pai. — Ela não vê o avô faz tempo e ele sente falta da neta, ouvir a voz dela vai ser uma coisa boa para a recuperação dele. Não é doutor? 

— Claro. — confirmou. 

— Então, você entra, querida. 

— Obrigada, pai. — lhe dei um beijo na bochecha e olhei para Eduardo, ele assentiu e sorriu. — Eu trago novidades para vocês. — Segui o doutor até o quarto onde meu avô estava.

— Aproveite, logo você terá que sair. — informou o médico. 

— Okay. Obrigada.

Ele assentiu e se retirou.

Fiquei parada na soleira da porta, apenas olhando para meu avô deitado naquela cama de hospital, ele estava ligado a alguns aparelhos, aquele que fica fazendo um bip continuo, eu sempre odiei esse barulho, ele me representa algo ruim, e é mesmo ruim, embora agora meu avô esteja melhor continua sendo horrível vê-lo desse jeito. Movo-me para perto da cama e seguro a mão do meu avô, ele está quente e isso me acalma muito.

— Ai vovô... que susto foi esse que o senhor nos deu? — pergunto, como se ele pudesse me responder. — Eu senti tanto medo de perdê-lo. — sinto um nó na garganta, mas faço um esforço para engoli-lo, não quero chorar. — Nunca mais, nunca mais mesmo nos dê um susto desses.

Observo seu rosto, ele não mudou nada, continua do mesmo jeito, apenas as rugas aumentaram um pouco, mas os cabelos ainda estão grisalhos e aparados da mesma forma de sempre, as sobrancelhas continuam grossas, os lábios finos e o nariz pequeno. Vê-lo me traz tantas lembranças, ótimas lembranças e quando percebo elas estão me fazendo sorrir. Acaricio sua bochecha, quero contar as novidades para meu avô, como contava quando era adolescente, ele sempre me escutava, não importava qual assunto era, vovô sempre sentava-se na varanda da sua casa comigo e me ouvia contar sobre tudo.

— Eu estou namorando. — digo sorrindo. — E ele é incrível. O senhor vai adorar conhecê-lo. Mas acho que o papai vai ficar furioso comigo quando souber.  

Faço uma pausa e lembro do dia que contei para meu pai que estava namorando com Fábio, ele ficou muito bravo, furioso na verdade, dizia que eu era muito nova e que não devia pensar em namoros. E apesar de agora já estar bem crescidinha acredito que quando contar a ele que estou namorando meu chefe, papai vai ficar furioso.

— Ele se chama Eduardo e é o meu chefe. Eu sou a babá dos filhos dele. — continuo. — Talvez o senhor pense que essas coisas só acontecem em filmes, acredite, eu também pensava, até que aconteceu comigo. E eu realmente estou feliz vovô, e tenho certeza que o senhor ficará feliz por mim, então, fica bem, por favor. Eu preciso lhe ver sorrir e escutar suas histórias sobre a vovó, e sobre a sua infância.

Escuto uma tossidela atrás de mim e me viro, há uma mulher com jaleco e uma bandeja na mão, ela sorri para mim.

— Desculpe. — disse. — Não queria interromper, mas está na hora de você sair.

— Tudo bem. — viro-me para meu avô novamente, acaricio seu cabelo. - Eu volto amanhã. — lhe dou um beijo na bochecha e saio.

Deixar meu avô ali sozinho é difícil, mas agora eu sei que ele vai ficar bem. Porque ele é uma pessoa forte, que sempre está lutando. Volto para a sala onde Eduardo, meu pai e seus irmãos me aguardam, e rapidamente começo a falar como meu avô está.    


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Notas finais do capítulo

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