Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 1
CHAPTER #1


Notas iniciais do capítulo

Não é a primeira história que eu posto, existem outras em outra conta, mas fiz essa para fics originais.
Espero verdadeiramente que quem chegar aqui e ler o capítulo espere por mais, que goste da história, eu vou ficar muito feliz.
Não vou me prolongar, por favor, leia.



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— Alana, acorda! Você tem uma entrevista de emprego e vai se atrasar!

— Só mais cinco minutinhos, mãe. — resmungo, cobrindo minha cabeça com o edredom.

— Mais cinco minutinhos o caralho, e eu não sou sua mãe! Agora, levanta logo dessa maldita cama antes que eu te jogue um balde de água gelada.

Eu estava tão nervosa ontem, sentia um frio na barriga e muita dor de cabeça, isso resultou em uma noite mal dormida e eu acabei dormindo mais do que o necessário. A voz de Jennifer é estridente e assim que assimilo seu conjunto de palavras eu abro os olhos e me sento na cama.

— Jesus! — exclama Jennifer, minha colega de apartamento e melhor amiga. Claro que ela não se esquece de dramatizar e coloca a mão sobre o peito, para logo dizer; — Pensei que tinha entrado em um sono profundo.

— Menos, Jen. — levanto-me e vou até o meu armário, escolho uma roupa apresentável, afinal, minha entrevista de emprego é em uma conceituada agência de publicidade e lá todos se vestem bem, já me basta meus quilos a mais, não vou andar como uma mendiga por aí.

— Está ansiosa? — indaga Jen.

Que tipo de pergunta que ela me faz, estou ansiosa, nervosa, com medo, preocupada e tremendo como uma vara verde. Esse emprego é muito importante para mim, e para ela também, já que dividimos apartamento, além do supermercado, gás, internet e todas as contas da casa.

— Claro, Jen. — ando até o banheiro. — Sabe que esse emprego é importante. Você não pode mais levar todas as despesas nas costas. — respondo. — Estou muito ansiosa. E se eu não conseguir serei obrigada a pedir dinheiro para algum amigo, e não quero, de jeito nenhum fazer isso.

— Você não precisa se preocupar. Eu consigo. — ela começou a arrumar minha cama. Jen tem essa mania, ela não pode ver nada desorganizado que já começa a arrumar, acho que é toc. — Além do mais, quando fiquei desempregada você fez o mesmo.

— E é por isso que preciso desse emprego. Lembro que foi uma fase difícil.

— É eu também lembro. — ela ficou em silêncio, com certeza lembrando daquele momento em nossas vidas. — Você cortou despesas e acabou ficando cinco meses sem mandar dinheiro para sua mãe.

Aquela fase foi tão difícil. Ocorreu há quase um ano. Jen perdeu o emprego e eu tive que tomar conta de todas as despesas, ela é minha melhor amiga, não podia exigir nada dela e sabia que conseguiria, tinha um emprego bom e ganhava razoavelmente bem, era só cortar algumas despesas.

Quando liguei para meu pai contanto tudo que estava acontecendo ele fez questão de devolver o dinheiro que eu havia mandado no dia anterior, e disse que eu não precisava mais mandar dinheiro até eu me estabelecer financeiramente de novo, que ele ia conseguir bancar os remédios da mamãe sozinho. Senti-me tão derrotada, meus pais sempre cuidaram de mim e naquele momento eu não podia cuidar deles. Acabei aceitando.

Só voltei a mandar dinheiro para casa cinco meses depois, quando Jen conseguiu um emprego. Mas agora estamos de novo numa fase ruim, é por isso que essa entrevista é tão importante, assim como mandar dinheiro para casa todo o mês.

— Eduardo parece ser exigente, mas sei que você vai arrasar. — Jen anda até mim e me abraça.

— Obrigada, não sei o que seria de mim sem o seu apoio. — dou um beijo carinhoso em sua bochecha.

— Agora se arrume, eu fiz um banquete para a gente. — diz e se retira. Eu suspiro pensando no café da manhã que ela deve ter preparado.

Uma dica, se você é gordinha e quer fazer dieta, não divida apartamento com uma estudante de gastronomia e subchefe de um dos restaurantes mais conceituados de Curitiba. Eu sei disso, porque é a minha realidade.

Jen é minha amiga desde que me conheço por gente. Nós morávamos na mesma rua, a casa dela ficava na frente da minha e nossos pais eram grandes amigos, crescemos aprendendo proteger uma a outra. Sempre dividimos os mesmos sonhos e um deles era morar em Curitiba e quando consegui passar no vestibular da UFPR, e ela conseguiu vaga para um curso super estimado de gastronomia nossos pais nos mandaram embora.

Se está pensando que eles nos queriam longe, está enganada, ou não. Ao menos é isso que penso. Meus pais e os dela são melhores amigos e sempre quiseram o melhor para gente. E morar em Curitiba era o melhor e eles sabiam disso, tanto que desde os nossos 8 anos cada um fez uma conta poupança para as filhas terem um grande futuro.

Claro que eles se emocionaram bastante, minha mãe até desmaiou e depois fez uma promessa. Não cortaria o cabelo até eu me formar na faculdade, coisa de quem mora em cidade pequena. A mãe de Jen entrou na mesma e compartilhou da mesma promessa, infelizmente, minha mãe não conseguiu manter a promessa. Elas não são loucas, apenas nos amam incondicionalmente.

Bom, eu sou estudante de psicologia, estou no penúltimo semestre, perto de me formar. Tenho 21 anos. Estou desempregada, mas vou mudar isso ainda hoje, assim eu espero. Eu até tinha um emprego, porém, o escritório faliu e mandou todos os funcionários para o olho da rua.

A entrevista que vou fazer hoje é para uma vaga como babá de dois garotinhos. Um de cinco anos e outro de oito. São filhos de Eduardo Ventura, dono da agência ventura publicidades. Tem gente que fala que Eduardo é um carrasco, controlador e egocêntrico. Tenho meus motivos para sentir medo.

Termino de me vestir. O tempo em Curitiba está gelado, então optei por roupas quentinhas, é claro. Cobri meus lábios com um batom nude. E coloquei meu colar da sorte. Ele é velho, mas eu amo, foi presente do meu avô, ele disse que era da vovó e que tinha grande valor sentimental. Minha avó morreu antes de eu completar 5 anos, eu não lembro dela, apenas guardo recordações das fotos que vovô me deu. Ela era uma senhora admirável. Pena que não lembro-me dela.

Pego minha bolsa, o meu chaveiro e o celular. Saio do meu quarto e sigo pelo corredor. Atravesso a sala e entro na cozinha já sentindo o aroma de café fresquinho. Jen é a melhor cozinheira do mundo e eu tenho sorte de ser sua amiga. Me deparo com uma mesa cheia de comidas deliciosas. Jen se superou. Sento-me a mesa e me esbaldo. O nervosismo me faz comer demais, é claro que devia me controlar, já sou gorda o suficiente. Mas é só por hoje.

— Tenho que ir, antes que me atrase. Sabe como é o transito a esse horário. — explico.

— Claro que sei. Ontem mesmo discuti com um velho apressadinho. — diz, levando nossas xicaras para a pia. — Ele teve a ousadia de dizer que mulher não presta para pegar no volante. — Jen fez uma careta típica sua e continuou: — Juro que se ele não fosse um velho nojento eu o fazia engolir cada palavra que disse.

— Mandou ele se foder? Isso não é crime, meu bem.

— Eu fiz isso e as pessoas me olharam como seu eu fosse uma aberração. — revirei os olhos, infelizmente moramos em um mundo hipócrita e machista. — Bom, vamos deixar isso pra lá. — minha amiga andou até mim e me abraçou. — Boa sorte, minha jujuba. Sei que você vai conseguir.

— Obrigada. — lhe dou um beijo na testa. — Aliás, isso estava delicioso, me deu ainda mais energia. — aponto para as guloseimas sobre a mesa, Jen sorri. — Estou indo. — pego minha bolsa e saio a passos largos.

Tenho uma velha caminhonete que meu pai me deu, era usada e com a lataria arranhada. Ainda está assim, porque nunca sobrou grana para reformá-la. Porém, a velha picape azul é o meu xodó, um presente que meu velho me deu com todo amor e carinho, ele disse que os arranhões davam um charme para o automóvel que herdou do seu pai. Embarco na minha menina dos olhos azuis e saio da garagem do meu prédio.

Ligo o som e uma música animada está tocando. Ainda bem, porque não preciso de nada depressivo no meu dia. Não hoje, talvez depois da entrevista caso eu não consiga o emprego. Droga! Foco Alana, você vai conseguir. Você adora crianças.

Eu realmente amo crianças, desde meus 14 anos, quando meus pais tiveram mais um filho, um menino lindo. O Igor, meu único irmão e o caçula da família, eu o amo incondicionalmente. Nossa relação sempre foi maravilhosa e tenho certeza que vou me dar bem com Diego e Bruno, os filhos do tal Eduardo.

Eu não conheço Eduardo, ele é um homem muito conhecido na cidade, mas vivo no meu mundinho. Bom, dei uma breve investigada nele. 32 anos, já foi casado e sua esposa morreu no parto do Bruno. Não deixei de sentir pena dele, ainda mais depois que vi suas fotos com ela, aquele olhar apaixonado sempre estava presente.

Nunca perdi alguém importante, apesar de ter perdido vovó, mas eu era pequena ainda, não lembro-me de nada. Então não sei pelo que Eduardo passou. Tenho certeza que foi uma dor descomunal, um momento aterrorizante da sua vida, imagina perder a mulher, mãe dos seus filhos com quem você sempre sonhou envelhecer junto, deve ser horrível.

Sigo pelas ruas molhadas, uma fina garoa embasa os vidros da picape. Estou a dois quarteirões da agência quando meu carro começa engasgar. Porra, não pode fazer isso comigo logo agora. Por favor, baby, não faz isso comigo.

 Minha prece de nada adianta, a picape velha gastou mais uma das suas sete vidas. Tento dar partida de novo, mas nada, ela é realmente teimosa demais e tende a me deixar na mão em momentos assim.

— Okay, é só dois quarteirões, vou seguir andando. — murmuro. Sorte que optei por um par de tênis confortável. Parece que tudo está conspirando contra mim, porque o que era garoa virou um toró*. Protejo-me com a bolsa, o que não adianta muito. Passo por um ponto de ônibus e é claro que as pessoas não perdem a oportunidade de rir.

Passo o primeiro quarteirão. E viro a direita. Continuo correndo até o enorme edifício ganhar destaque. Sorrio e continuo correndo. Chego à entrada e entro no hall. Vou até o balcão da recepção. Sei que estou toda encharcada, minha maquiagem com certeza está borrada, devo estar deplorável, mas mesmo assim respiro fundo, porque gordo correndo é cansativo.

— Você está bem? Precisa de água?  — pergunta um rapaz atrás do balcão da recepção.

Ele parece preocupado e eu noto que o conheço de algum lugar, mas deixo isso de lado. Minha entrevista é o que realmente importa.

— Sim. — aperto forte minha própria cintura. Inspiro, expiro e mantenho esse fluxo. Sua expressão de preocupação já passou, agora ele parece estar se divertindo com a situação. — Tenho uma entrevista com o Eduardo Ventura. — Enfim venço o cansaço.

— Seu nome? — pergunta.

— Alana da Costa Genuíno. — disparo. Ele checa no computador.

— Está atrasada faz cinco minutos já. Ele não tolera atrasos, mas boa sorte.

— Obrigada. — gostei dele.

— Décimo terceiro andar, sala da presidência. Dá um jeito nessas roupas encharcadas. — assinto e sigo para o elevador.

 Ótimo, ele não tolera atrasos. Eu devo estar muito fodida mesmo para ter essa sorte logo hoje.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui é porque não ficou entediada(o) com a história, e acho que isso merece um comentário não é? E até um favorito? Eu espero que sim. Vou ficar aguardado comentários e favoritos ansiosamente, só espero não me iludir.
Beijoos e até +



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