- escrita por Blue Butterfly


Capítulo 47
Quarenta e sete




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Dia 3

Maura apertou a mão de Jane e prendeu a respiração. Era ali, agora, naquele exato momento que em seu sonho tudo se despencava; quando a juíza se preparava para dar o veredito de seu caso. Mas, diferente do seu sonho, o desenrolar e desfecho daquele dia e caso, respectivamente, tinha sido outro. É claro, ele foi condenado - assim como Kendra prometera, desde o primeiro dia. Se havia alguma semelhança entre o pesadelo e o úlitmo dia do julgamento, era apenas o fluxo incontrolável de tantos sentimentos correndo dentro de si. Primeiro, ela arfou em alívio quando ouviu as palavras - o réu é considerado culpado por sequestro e cárcere privado. Depois, ela tentou entender todo o resto, mas seu corpo tremia e Jane estava beijando sua cabeça, e do seu lado direito, Constance estava segurando sua mão com tanta força que, para ser honesta, Maura não conseguiu sentir mais nada senão dormência. Angela, alguns assentos na direita, soltou uma arfada em voz alta, e a loira podia jurar que em pouco tempo a mulher a sufocaria num abraço. Então, como se lentamente começasse a entender de verdade o que tinha acontecido, lágrimas se juntaram em seus olhos, e ela se sentiu forte e resistente, como se tivesse escalado o Monte Evereste, e também extremamente cansada, como se tivesse feito a escalada em um único dia, estando fora de forma e despreparada.

Num estado de estupor, ela se levantou quando Jane a motivou, deixou-se ser abraçada por Kendra e Miranda. Frankie e Tommy também estavam lá, e o mais velho a abraçou e beijou sua cabeça, enquanto o mais novo, a atitude correspondendo ao lado brincalhão que repartia com Jane, abraçou-a pela cintura e levantou-a do chão, e Maura riu sinceramente, sentindo uma pontada de felicidade extra por pertencer àquela família que tinha acolhido-a quando mais precisava.

E Jane, sua fiel, leal e doce namorada.

Jane, quem a recebeu em casa como uma estranha. Que pouco a pouco foi ganhando sua confiança, admiração e, mais tarde, seu coração.

Em cumplicidade, a mão de Jane sempre estava lá, na parte mais baixa de suas costas, ombro, apertando de leve sua mão, como se ela fosse uma bússola e seu amparo, enquanto Maura abraçava cada membro de ambas as famílias.

Jane, que estampava o meio sorriso no rosto, sua marca registrada.

E, de um jeito que Maura jamais podia antecipar, Jane foi também a segunda causa de seu coração ter quase explodido no peito - e não de uma maneira deliciosa.

...

A morena evitou o olhar de Maura e optou por encarar a janela do carro por todo o trajeto até chegar em casa. Maura sabia que ela se sentia envergonhada e, mais do que isso, vulnerável. Kendra tinha oferecido gentilmente para dirigí-las, mas considerando a situação, Frankie achou melhor que seria mais adequado se ele o fizesse. Ninguém disse nada desde que os três se sentaram nos assentos e as portas se fecharam. Maura tinha sentado no banco do passegeiro, e Jane no banco de trás, e a loira pensou que ela parecia muito como uma criança sendo castigada. As sobrancelhas estavam juntas, não em concentração, mas pura raiva contida.

Quando Frankie estacionou o carro, quinze minutos depois, Maura agradeceu em voz baixa, seus olhos nunca deixando Jane - que saia do carro e batia a porta atrás de si, sem sequer dizer uma palavra. Maura sabia que era ela quem teria que lidar com aquilo, e ela viu um desejo de boa sorte nos olhos castanhos de Frankie. Mas, quando ela entrou em casa e fechou a porta da sala, o cenário tinha mudado.

Jane tinha perdido toda a postura durona e fechada, e agora ela estava sentada no sofá, parecendo ainda mais miserálvel do que antes. Suas mãos estavam juntas, em seu colo, e até mesmo seu cabelo preto parecia mais murcho do que outros dias, como se ele mesmo sentisse a situação.

‘Jane, você precisa tirar seu casaco, querida.’ Maura observou, sabendo muito bem que em pouco tempo a morena entraria em colapso por causa do calor acumulado.

Resignada, a outra se remexeu lentamente, como se sem energia, e deixou que o casaco caísse atrás de suas costas com um chacoalhar de ombros.

‘Aqui.’ A loira disse, deslizando as mãos pelos braços da mulher, e depois pelas costas, juntando a roupa e pendurando-a no devido lugar. ‘Eu devo pontuar o quão imprudente, impulsiva e desmedida sua reação foi?’ Ela não tinha intenção de castigar Jane pela atitude, mas a observação soou exatamente como um sermão.

Jane se curvou os cantos da boca para baixo, e Maura jurou que ela rebateria o comentário, mas nenhuma palavra veio. Entretanto, os olhos se encheram de lágrimas.

Culpa.

De ambas as partes.

...

No hall de entrada do prédio, Maura deslizava uma mão para dentro do seu casaco, amarrando-o em seguida em torno da cintura, afim de evitar o frio do lado de fora. Ela se sentia agradecia pela presença dos pais ali, exceto agora que Constance insistia em acompanhá-la até em casa. Maura só queria ficar sozinha, naquele momento. Ela estava prestes a abrir a boca e replicar uma resposta quando a atmosfera pareceu alterar rapidamente. Tudo o que ela ouviu foi a voz grave de Jane soando como um rosnado, em palavras que ela não conseguiu decifrar a tempo; em seguida, Tommy tentava contê-la com uma mão em seu peito. Maura só entendeu o que estava acontecendo depois de notar a presença de dois guardas escoltando para fora do prédio o homem que tinha acabado de ser condenado. Jane tinha dito algo para um dos guardas, e Tommy - sábio demais - não deixou a morena se aproximar deles. A situação pirou quando o homem - acorrentado e sendo praticamente carregado - abriu um sorriso malicioso e disse calmamente para Maura que deveria ter se divertido com ela primeiro. A insinuação não passou despercebida por ninguém, e era por isso que Jane tinha se arremessado contra ele. Frankie, parecendo prever o que iria acontecer, se jogou na direção de Jane e segurou a irmã pela cintura, impedindo o ataque de raiva no meio do caminho. Maura ficou paralizada, assombrada com a presença passageira do homem e a atitude de Jane, e ela até tentou gritar o nome da morena e alcançá-la, mas descobriu que sua voz tinha sumido junto com a força que sustentava as pernas, e foi Angela quem passou um braço em suas costas para sustentá-la.

...

‘Ah, Jane.’ Foi Maura quem se manifestou primeiro. Ela empurrou gentilmente os ombros da morena para trás, sentou-se no seu colo, uma perna em cada lado da detetive. O esforço em conter as lágrimas, o choro, estavam deixando seu rosto vermelho, mas quando a loira segurou sua nuca com as duas mãos e a trouxe para seu peito, qualquer tentativa de atuação tinha sido perdida. ‘Você poderia ter se machucado, e nenhuma de nós precisa disso, não é?’ Ela disse e beijou a cabelo preto entre as palavras, sentindo as mãos abertas da outra pressionando em suas costas, uma resposta para sua pergunta. Um pedido de desculpas mascarado, um perdão concedido.

Jane suspirou e apertou os braços em volta de sua cintura, e só falou quando conseguir recuperar o controle das emoções que estavam-lhe furtando a voz.

‘Eu fiquei tão furiosa, e eu queria espancá-lo, e socar a cara dele até ele não conseguir mais abrir os olhos.’ Ela disse com a voz abafada, cabeça escondida no pescoço de Maura. Não lhe escapava de que aquela atitude era errada, e era por isso que se sentia envergonhada.

‘Ele foi condenado pelos crimes que cometeu, Jay.’ Maura a lembrou, gentilmente. Ela não disse o quanto tinha ficado assustada com a reação da morena. Não contou como Angela precisou segurar seu braço, afim de ampará-la quando não sentiu suas pernas. Não mencionou, também, o quão furiosa tinha ficado segundos depois, quando a compreensão tinha cruzado sua mente e ela entendera o que Jane tinha tentado fazer. Seria inútil, e agora vendo o estado da morena, ela entendia a razão.

‘Kintsukuroi.’ Maura disse e beijou o lado da cabeça da mulher.

Jane se afastou e encarou-a com olhos curiosos e confusos, como se tivesse perdido parte importante de uma conversa. ‘Perdão?’ Ela disse, as sobrancelhas ainda franzidas.

Maura riu delicadamente e beijou seus lábios. ‘Os japoneses tem essa tradição, em que eles acreditam que os vasos quebrados valem a pena serem restaurados. Os artesões misturam um tipo de resina com pó de ouro, e usam essa mistura para colar as partes quebradas de um vaso.’ Ela disse enquanto corria os dedos pela cabeça da morena.

Jane continuou obsersando, e depois, para quebrar a seriedade da situação - algo comum de seu caráter - deu de ombros e fez uma careta. ‘E por que a aula de história agora?’

Maura sorriu, cheia de si, porque adorava quando podia elaborar as respostas. ‘Eu estou chegando lá.’ Ela disse e retomou. ‘Kintsukuroi é o nome desse processo de restauração. Quando as peças são colocadas juntas, de novo, e em vez das linhas escuras que entregam os rachados, com esse processo o que nós vimos são as linhas douradas. Os japoneses acreditam, também, que um objeto restaurado se torna uma obra de arte, além de se tornarem mais preciosos por carregarem uma história.’ Ela se inclinou e beijou a testa de Jane antes de continuar. ‘Vê? São as linhas de ouro que mantém todas as partes juntas. Esse processo também simboliza o renascimento e superação, Jane. Entende?’

A morena concordou com a cabeça, os olhos fixados em Maura, agora em interesse genuíno.

‘Você é minha linha dourada. Sua família, Kendra, Frost, meus pais. Cada um deles que contribuíu para minha recuperação. Eu não estou dizendo que eu não sofri mudança alguma, que nunca me quebrei em pedaços ou que não carrego marcas.’ Ela pausou para limpar com o polegar uma lágrima do rosto de Jane. ‘Eu estou dizendo que esse acidente-’

Não foi um acidente.’ Jane rebateu, e não foi difícil de perceber a raiva em sua voz.

‘Que esse lamentável acontecimento,’ ela corrigiu, para o bem da cooperação de Jane em ouví-la, ‘acabou me transformando em alguém mais forte, e a única razão disso é porque eu tenho você, todas aquelas pessoas, todas essas linhas.’

Maura massageou as costas da morena até que sua respiração pesada voltasse ao normal. Ela sabia que Jane estava sofrendo com tudo o que tinha ouvido e visto nos útlimos dias, como uma imersão em um universo cheio de horrores, e a pessoa que ela mais amava era a que tinha sido torturada.

‘Você o perdoou?’ A morena perguntou entre fungadas, limpando o próprio rosto.

Pega de surpresa pela pergunta, Maura se debateu em pensamento enquanto colocava uma mecha de cabelo preto atrás da orelha da outra. Sem saber ainda a resposta para aquilo, optou por uma saída política. ‘Eu estou em paz, e isso me basta.’ Maura esperou por qualquer comentário, mas os olhos de Jane continuavam baixos, incomunicáveis. Uma carga de adrenalina percorreu seu corpo enquanto medo se instalava em seu coração. E se a partir de agora fosse assim? E se Jane passasse a ignorar sua presença? E se ela decidisse ir embora? E se ela percebesse que todo aquele envolvimento tinha sido, no final das contas, um grande erro? E se todo aquele processo do julgamento fosse o que começaria a deteriorar a relação das duas?

‘Vai levar um tempo. Para eu ficar em paz, eu quero dizer.’ A morena se manifestou um tempo depois.

Maura arfou e quase gritou de alívio. Ela lambeu os lábios e considerou o que estava prestes a sugerir, sabendo muito bem como Jane era cabeça-dura. ‘Você precisa colocar isso para fora, Jay.’ Ela acaricia o peito em cima do coração da morena. Os ombros da mulher ainda estão tensos, e ela parece exausta, pronta para entregar a batalha. ‘Você deveria conversar com um profissional.’

‘Você também?’ Jane suspira e revira os olhos, possivelmente se lembrando das vezes que Kendra sugeriu a mesma coisa. ‘Eu não preciso de nenhum terapeuta, ok, Maura? Eu sei lidar com -’

Jane!’ Maura interrompeu-a, repreendendo sua teimosia e atitude, seu tom deixando claro que aquilo não era negociável. ‘Você sabe lidar com metade do que você sente. A outra metade você ignora, Jane Rizzoli, até que ela cresce e te sufoca.’

‘Nunca aconteceu.’ Ela resmungou a mentira.

Maura se levantou de seu colo, e quando os olhos assustados de Jane se encontraram com o seus, ela se perguntou se o medo de ser abandonada era, então, recíproco. ‘Vem aqui comigo.’ Ela disse enquanto se deitava no sofá, puxando geltimente Jane para cima de si. A morena não mostrou nenhuma resistência e se aninhou nos braços que lhe eram tão familiares. ‘Eu tenho medo que um dia, se você não desfazer isso aqui dentro’, ela bateu o dedo indicador levemente na cabeça da outra, ‘você vai acabar me deixando.’

‘Eu nunca deixaria.’ Jane rebateu, a voz carregando um tipo de convicção, assombro e vulnerabilidade que, em seu próprio jeito, soou como uma música triste e bela.

‘Ou que você carregue isso para o trabalho, como você estava fazendo tempos atrás.’ Maura continuou seu argumento, sentindo o corpo magro de Jane se desmanchar sobre o seu. ‘E que isso te faça cometer algum erro irreparável, ou que atrapalhe de algum outro modo o seu desempenho, que te coloque em perigo.’ Jane suspirou, sem discordar, então ela continuou falando. ‘Ou que você tente se livrar disso, mas acabe descontando em sua família essa frustração que você está sentindo.’ Ela plantou um beijo na cabeça da mulher e acariciou suas costas. ‘Você precisa encontrar uma via saudável para se livrar dessa sensação. Converse com alguém, por favor. Qual é o mal em admitir que se precisa de ajuda para resolver uma coisa ou outra?’

‘Certo.’ A resposta veio tão baixa, numa voz tão cansada, que Maura quase não escutou.

‘Certo?’ Ela pediu confirmação. Uma cabeça mexeu sobre seu peito.

...

‘Eu faria de novo.’ Foi o que Jane disse agora, sentada na cama enquanto observava Maura dobrar a blusa de lã e colocá-la em cima da mesa de cabeceira, seus olhos escuros nunca se encontrando com os da outra. Tinha sido uma observação, a conclusão de uma análise pessoal que estava sendo compartilhada. ‘Eu faria de novo.’ Ela repetiu, e Maura sabia que ela se referia ao acontecimento de mais cedo; ela também reconhecia a determinação na voz da morena, como se desafiasse uma contradição, uma reprimenda. Seus olhos diziam a mesma coisa.

‘Eu sei que faria.’ Maura finalmente ofereceu, juntando as mãos na frente do corpo. Que bem faria negar Jane pelo que ela era? Maura sabia que, se por ventura precisasse, a morena se colocaria entre ela e uma bala. Ela achou melhor não insistir no assunto, considerando que já tinha lhe dito o que achava a respeito sobre aquela agressividade. Em vez de estender um debate cujo qual uma conclusão não seria alcançada naquela noite, ela suspirou ao fechar os olhos, esticou as mãos para cima do corpo. ‘Você precisa de um banho?’ Maura perguntou enquanto colocava uma camiseta batida da morena. Era cedo demais para dormir, e tarde demais para tirar uma soneca. Nesse meio período, então, Maura achou que seria melhor apenas deitar na cama e assistir algo na TV.

A morena estreitou os olhos com a pergunta. ‘Você tá querendo insinuar que eu tô fedida?’

Reconhecendo o tom de provocação, ela não conseguiu conter o sorriso ao responder. ‘Bem, foi você mesma quem disse.’

Com expressão de ofendida - mas não realmente - a morena alcançou Maura com os braços e a puxou para cama, as duas caindo no colchão macio no que era uma pose estranha e até mesmo perigosa - o cotovelo da loira passou bem perto do rosto da outra.

‘Jane!’ Ela disse com um gritinho, mas riu em seguida.

A morena beijou sua bochecha, e em outro dia, em outra situação, ela teria tido mais energia para continuar a provocação. Mas hoje... Ela se sentia exausta, e apesar de querer melhorar o clima e deixá-lo mais leve, era quase um milagre que as duas estivessem rindo baixinho agora, sem tentarem se livrar uma da outra. Ao contrário disso, Maura se remexeu e aconchegou-se contra a namorada, fechando os olhos ao sentir o calor do corpo da morena em suas costas.

‘Esse dia se alongou em quarenta e oito horas, ou é só impressão minha?’ Maura murmurou, brincando com os dedos de Jane que acariciavam sua barriga.

‘Hm... Eu tô com a sensação de que já faz um mês que estamos nele.’ As duas riram baixinho do absurdo, e depois um silêncio confortável se instalou entre elas.

Lá fora, Maura ouvia, os carros já não faziam tanto barulho, e pela janela aberta do quarto ela conseguia ver um céu escuro, mas pontilhado por estrelas de prata. Ainda estava frio, a primavera ainda teria que chegar, mas ela sentia que o inverno - quem sabe, aquele dentro dela - se despedia.

‘Acabou.’ Ela sussurrou, perdida em pensamentos.

Jane beijou a sua nuca e abraçou-a com firmeza. Ela iria dizer ‘e nós ganhamos’, mas pensou bem. Nada, realmente, foi ganho. Não era a celebração de aniversário. Não era a vitória de um jogo de tabuleiro. Não era também uma aposta cujo qual resultado beneficiava ambas partes. Não havia felicidade ao ser extraída daquilo. Maura havia sido sequestrada, mantida em cárcere por dias e dias seguidos. Sofrido abuso, passado sede e fome. E mesmo depois de ter se libertado, ainda havia consequências a serem lidadas, traumas a serem curados, restos e impressões e pesadelos que ora ou outra retornariam... Depois do fim, não era exatamente felicidade que ela encontrava. Havia só alívio. E o pequeno sorriso que estampava seu rosto, agora, era atribuído à sensação que ela sentia. ‘Acabou. E justiça foi feita.’

Maura virou para ela, abraçando sua cintura. ‘E justiça foi feita.’ Ela repetiu, reforçando a idéia com um meneio leve de cabeça.

Não era preciso dizer, mas ambas entendiam que era depois daquele dia, com o encerramento daquele ciclo, que uma nova vida começava.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo cap! Nem acredito que essa história tá acabando :(