- escrita por Blue Butterfly


Capítulo 30
Trinta


Notas iniciais do capítulo

Eu nem acredito que essa história já chegou no Cap. 30. Parece que comecei a escrevê-la ontem! Vou aproveitar a desculpa do número exato (?) e agradecer minha beta que sempre me ilumina quando mais preciso. Cris, obrigada. ♥ Aos meus leitores fiéis (oh, o que seria de mim sem vocês?) e aos que me mandam mensagens privadas, seja por qual motivo for. Para aqueles que mais precisam: eu estou aqui com/por vocês. ♥



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Jane era super protetora. Maura sabia e não tinha nenhuma censura por esse traço característico da personalidade da morena. Na verdade, era algo que ela gostava. Ela se sentia em plena segurança, protegida de todos os males. Ter Jane ao seu lado era sinônimo de baixar sua guarda, desligar o estado de alerta que consumia toda sua energia. Sabendo que estava sendo cuidada lhe dava a liberdade para experimentar outras sensações, conhecer outros aspectos da vida que, depois do sequestro, Maura só se permitia experimentar quando Jane estava bem ao seu lado. Era olhar o pôr-do-sol e sentir serenidade. Fechar os olhos enquanto paravam durante a caminhada matutina para sentir o vento frio do inverno bater em seu rosto. Era caminhar por ruas movimentadas e sorrir de volta para estranhos que tinham sorrido para ela sem se preocupar em ser atacada, de repente. E, se caso fosse, Jane estava logo ali para defendê-la.

No geral, ela recebia como gesto de bom grado, mesmos os mais absurdos - como conferir se o celular dela tinha bateria cheia, tentar colocá-la dentro de mais blusas do que o necessário, cobri-la durante a noite mesmo quando ela tinha acabado de jogar as cobertas para o lado por sentir calor. Alguns outros, entretanto, deixam Maura levemente irritada. Como agora, por exemplo. Jane tinha convencido ela que iria dirigí-la até o aquário. Maura acabou concordando logo de primeira porque ela sabia que pelo tom que Jane usara, seria inútil resistir. Então, às seis horas as duas entraram no carro e quarenta minutos mais tarde, lá estavam elas: no Aquário de New England. A morena tinha estacionado o carro bem próximo à entrada principal. Aquela parte, ironicamente, não era tão iluminada naquela hora do dia. Era como se o convite para o público tivesse sido retirado - as portas se fechavam as cinco e meia da tarde, depois disso nenhum membro da equipe de trabalho queria encontrar com visitantes perambulando por aqueles lados. Jane nem se surpreendeu quando Maura anunciou que jantaria com seu pai ali; nesse ponto ela já tinha entendido que eles eram tão ricos a ponto de, se necessário, comprarem um maldito aquário do tamanho de uma cidade se quisessem visitá-lo apenas uma vez. Fácil assim.

Nenhuma delas saíram do carro até que um segundo carro - o de Arthur - parou a alguns metros do carro delas. Depois de certificar que era mesmo ele - a policial em Jane sempre falava mais alto - só então elas abriram as portas. O vento gélido invadiu o carro, abraçou seus corpos. Jane tinha andando até Maura, arrumado a gola de seu casaco.

'Você deveria ter colocado uma calça, tá congelando aqui fora.' Ela murmurou para a loira, antes de Arthur se aproximar.

'Jane, minha bota vai me manter aquecida. Além disso, lá dentro é quente também, não se esqueça.' Ela suspirou, se preparando para o encontro com o pai.

'Você tem certeza de que vai ficar bem aqui, você e ele?' Ela perguntou pela, que deveria ser, milésima vez.

'Sim, Jane. Eu vou.' Maura respondeu automaticamente.

'Você me liga se tiver algum problema.' Jane adicionou.

Maura sorriu para ela e concordou com a cabeça. Ela estava agradecida por poder contar com a prestatividade e proteção de Jane.

'Olá, Maura. Jane.' O pai da loira tinha chego de encontro às duas. Ele estendeu a mão para Jane, que retribuiu o gesto, e deu um abraço rápido em Maura. 'Você está pronta?'

'Sim.' Ela respondeu para ele e se virou sorridente para Jane. 'Nos vemos mais tarde, então.'

A morena se inclinou e deu um beijo na sua bochecha. Ela se virou para Arthur e lançou um olhar afiado para ele. 'Quando eu me encontrar com ela mais tarde, eu quero esse mesmo sorriso no rosto dela. Nada diferente do que isso, e se for, apenas para melhor.'

'Jane.' Maura alertou, revirou os olhos.

'Recado entendido.' O pai da loira respondeu com seriedade, mas só depois de estudá-la por uns segundos.

'Não é um recado. Entenda como uma ordem.' Ela devolveu ainda mais séria, segurando o olhar do homem, desafiando a fazer algo diferente do que não fosse o que ela tinha ditado.

'Jane!' Maura exclamou de novo, horrorizada. Ninguém nunca tinha falado com o pai dela assim na sua presença.

'Sim, senhora.' O homem devolveu, levando em consideração a atitude da outra.

Ela tinha se virado para Maura de novo, um tipo de hesitação dominando sua retirada dali. 'Se você precisar de qualquer coisa...'

'Eu sei. Nós já conversamos sobre isso.' Maura então se inclinou e beijou sua bochecha. 'Eu te vejo dentro de duas horas, onde nós combinamos.'

Ela meneou a cabeça antes de se afastar, e depois de abrir a porta do motorista lançou um último olhar, não para Maura, mas para Arthur. Era sempre bom reforçar o que ela esperava dele. Quando pai e filha finalmente começaram a andar na direção da entrada, Maura riu baixinho.

'Você precisa perdoá-la. Jane é super-protetora quando se trata de... mim.' Ela suspirou e balançou a cabeça. Não é como se ela esperasse que o pai realmente entendesse a necessidade que ela tinha de se sentir protegida a qualquer custo, mas para sua surpresa ele riu baixinho, não com desdenho, apenas como se achasse relevante.

'É bom saber que alguém está cuidando de você.' Ele devolveu.

Maura ergueu as sobrancelhas em surpresa. Ela definitivamente não esperava esse comentário dele, mesmo considerando que, desde sempre, carregar o nomes Isles significava, também, zelar pela segurança pessoal. Ela tinha crescido em uma casa imensa, com sistema de alarme, seguranças, cães de guarda. Isso tudo, entretando, tinha ficado na França, em Boston o nome dela tinha peso mas não tanto quanto no país europeu.

Ela não disse nada. Apenas continuou andando ao lado dele. Passaram pela entrada principal, onde uma mulher morena e mais baixa do que Maura estava esperando por eles. Cumprimentos trocados, ela apenas indicou por onde teriam que seguir. A loira já estivera ali algumas vezes - com Jane, inclusive - e sabia que as direções os levariam para o aquário principal, o mais famoso deles. Um tanque redondo com 80,000 litros de água marinha. O mais atrativo, entrentanto, era poder subir no último piso e observar o tanque da superfície da água. Para Maura, era como observar o próprio oceano acima de uma pequena ilha. Ela conseguia ver os corais, as arraias, os peixes, os tubarões de pequeno porte. As tartarugas. Oh, ela adorava as tartarugas - e ela fez questão de observar, para Jane, de que aquelas eram tartarugas, diferente de Bass, que era um jabuti.

Ela sorriu com a doce lembrança do passeio que fizera com a morena ali, mas conforme eles foram adentrando os corredores mal iluminados, ela começou a sentir receio.

Jane não estava ali.

Ela estava ali sozinha, com seu pai e mais alguns empregados que ela não conhecia. E seu pai, verdade seja dita, era inofensivo, mas não era alguém completamente confiável. Isso porque ele tinha sido desleal com a mãe dela anos atrás, algo que Maura nunca conseguiu perdoar por completo. E, por isso, ela desaprendera a confiar cegamente nele. Ele não era mais um herói. Era um traidor.

Ela mordeu o lábio inferior e lançou um olhar por cima do ombro. Ela sabia que era ridículo se sentir assim, assustada com a presença de alguém que ela conhecia a vida inteira e que jamais lhe fizera mal. Mas eu não confio nele, ela pensava, eu não consigo confiar nele porque ele mentiu antes, traiu a esposa e... me decepcionou terrivelmente. Mas o que ela estava esperando que ele fizesse, afinal de contas? O máximo que ele poderia fazer seria discursar durante o jantar sobre como ele e a mãe consideravam importante a volta dela para França; que esticasse o braço e lhe passasse a passagem de avião com horário de embarque dentro de duas horas; que lhe dissesse que não era uma escolha, mas sim uma ordem. Ela só teria então que ignorá-lo, ligar para Jane voltar e pegá-la e tudo ficaria bem de novo.

'Maura?' A voz do pai dela veio. Ele estava já a alguns passos na frente dela. Ela tinha diminuído o ritmo sem notar. 'Você está bem? Nós podemos pegar o elevador para o andar de cima, caso esteja cansada. Eu apenas deduzi que você fosse gostar de subir pela rampa ao redor do aquário.' Ele olhava para ela com preocupação, e mais uma vez ela descobriu que seus devaneios eram incoerentes com a imagem preocupada daquele homem.

'Eu estou bem, apenas me distraí.' Ela forçou um sorriso e fechou a distância entre eles. O homem então lhe ofereceu o braço e ela relutantemente o segurou.

Ao alcançarem a rampa, ele apontou para o tanque. 'Devemos nomear as espécies apenas para nos divertirmos?' Ele perguntou.

Os olhos de Maura brilharam e ela começou. Apontou para uma tartaruga-oliva e recitou sua espécie. 'Lepidochelys olivacea.'

O homem sorriu e balançou a cabeça para ela, orgulhosamente. Apontou para um peixe azul e amarelo e fez o mesmo. 'Acanthurus chirurgus.'

Ela continuou. 'Zanclus canescens', ela disse apontando para um peixe branco e preto.

'Chiloscyllium punctatum.' Ele disse, o pequeno tubarão-bambu nadando bem perto do vidro.

Eles nomearam algumas espécies a mais até que alcançaram o último andar da rampa. Lá de cima, os dois apreciaram a vista por alguns minutos antes de se sentarem em uma única mesa, arrumada simplesmente, ao lado do tanque. Como a etiqueta mandava, ele puxou sua cadeira e ajudou a se estabelecer ali para só depois de sentar.

'Eu estou feliz que você não perdeu a prática em nomeá-los.' Ele sorriu amigavelmente e Maura não conseguiu fazer outra coisa senão sorrir-lhe de volta.

'Temo que não me lembro de tantas espécies como antes.' Ela cruzou as mãos e as descançou sobre as pernas. Observou o homem à sua frente e tentou se lembrar da última vez que tinham jantado juntos, apenas os dois. Tinha acontecido há anos atrás. Cinco, talvez? Ela nem se lembrava.

'Creio que é porque nós não passamos tanto tempo mais juntos, nós dois temos vidas ocupadas.' Ele disse e Maura concordou fracamente com a cabeça. Ali estava. Aquela era, provavelmente, a introdução da longa conversa que teriam aquela noite. Era assim que começava, então? Ele trazia à tona momentos agradáveis vividos juntos, cobrava dela, sutilmente, a falta que sentia deles. Abria uma brecha para a culpa rastejar em sua mente... E a partir disso, ele saberia que teria alguma chance de manipulá-la. Exceto que ela já conhecia esse jogo; dessa vez, ela não iria comprá-lo.

Ela respirou fundo e se preparou para o que fosse vir a seguir. Agradeceu educadamente quando uma terceira pessoa encheu sua taça com vinho. Voltou sua atenção para o pai, e foi direto ao assunto. Quanto mais cedo começar, mais cedo terminará. 'De fato.' Ela concordou. 'Ao que devo à esse jantar e a sua companhia essa noite?' Ela perguntou docemente, educada como fora ensinada a ser. E esperou pela resposta.

...

Jane não tinha ficado muito feliz em deixar Maura sozinha com o pai. A loira tinha dito várias vezes de que ficaria bem, de que era apenas mais um jantar formal e sem-graça entre os Isles. Exceto que dessa vez eram apenas os dois e que ele a levaria num lugar um tanto mais reservado do que um restaurante. Jane só não imaginou que fosse um lugar despovoado. Era esse pensamento que a incomodava. Não mais do que, talvez, cinco pessoas naquele maldito aquário gigante. Ela não queria duvidar da capacidade e recuperação de Maura, só que ela quase sentia que se a loira se desse conta de como estava isolada, mais uma vez, entraria em pânico.

Ela checava o celular de dois em dois minutos enquanto dirigia. Agora que estava no Dirty Robber, ela colocara o aparelho em cima da mesa, seus olhos a cada minuto vasculhando a tela. Não era como se ela esperasse uma mensagem ou ligação, a prova de que algo tinha dado errado. É só que ela desejava que Maura mandasse uma curta mensagem, dizendo o quanto estava aproveitando de maneira positiva o tempo com o pai. É claro que aquilo não iria acontecer, primeiro porque Maura era educada demais para mandar mensagens durante uma conversa com outra pessoa e, segundo, se ela estivesse realmente se divertindo, ela não pensaria em Jane naquele momento.

'Meu Deus, Rizzoli. Você continua olhando para esse negócio como se esperasse que sua namorada te ligasse. Você está parecendo uma boba apaixonada.' Kendra tinha parado ao lado da mesa dela e estava agora lhe lançando um sorriso maligno.

Jane revirou os olhos, bebericou a cerveja. 'Me poupe.' Ela resmungou.

A outra entendeu como um convite - ela entendia as coisas como bem queria, Jane descobriu - e se sentou na mesma mesa. 'É sempre um prazer conversar com você, Jane.' Ela brincou e riu um pouquinho.

A morena ergueu uma sobrancelha e bufou. 'Aposto que você se diverte bastante às minhas custas.'

'Corta essa. Até parece que você não gosta de mim.' Ela devolveu e fez um sinal com a mão para mais duas cervejas.

'E eu gosto?' Jane brincou e lhe lançou um sorriso travesso.

Kendra deu de ombros. 'Não que faça diferença. Como está Maura?' Ela bebericou a cerveja. Jane sabia que a mudança de assunto era pura provocação, apenas insinuando que ela pouco se importava com a detetive.

A morena riu e balançou a cabeça. Kendra era inacreditável. Se antes ela tinha certo medo da mulher, nessas horas ela não conseguia fazer outra coisa, senão admirá-la. Frost tinha razão: ela era mesmo simpática. 'Maura está... Bem, eu acho.'

A mulher ergueu uma sobrancelha em questionamento para ela. 'Você acha?'

Ela deu de ombros, suspirou. 'Comparando o estado que ela chegou na minha casa, e agora... Bem, acho que posso dizer que ela está bem, mas você sabe como é.' Ela disse enquanto tirava o rótulo da cerveja com a unha. Agradeceu o garçom pela cerveja nova e não disse mais nada.

'Ela parece melhor. Fisicamente, eu quero dizer. Temo que não estou em lugar de dizer sobre o emocional dela. Eu mal a vejo.' Ela disse, pegou alguns amendoins e colocou na boca. Ela mastigou e acrescentou antes mesmo de engolir, 'mas você sabe que ainda não acabou.'

Jane lançou um olhar afiado para ela. 'Não é como se ela fosse simplesmente esquecer sobre isso um dia, Kendra.' Ela rebateu.

A mulher ergueu uma mão, um pedido de desculpas e paciência. 'Não foi isso que eu quis dizer, embora você esteja certa. É só que eu acho que ela pode... ter uma recaída, vamos colocar assim, por conta do depoimento na corte.'

Jane estalou a língua e bebericou a cerveja. 'Não é como se eu já não soubesse disso.'

Kendra passou minutos sem dizer nada. Ela continuou olhando para Jane com um olhar que lhe escaneava a alma. Diferente do olhar de Constance, entretanto, não era como se ela estivesse acusando-a de seus erros. Era como se estivesse procurando por algo que Jane tinha, mas ela própria não sabia o que era. O que não deixava de ser inconfortável. Ela pareceu encontrar o que estava procurando porque depois, de repente, perguntou, 'você tem conversado com alguém? Sobre ela, eu quero dizer.'

Jane arfou em desdém. 'Por que eu iria falar dela para outra pessoa? Até parece.' Outro gole.

Kendra ergueu lentamente uma única sobrancelha, como se uma idéia estivesse lhe ocorrendo naquele exato momento. 'Eu quis dizer... Com alguém capacitado. Vocês estão envolvidas agora. Não é fácil estar conectado emocionalmente com uma pessoa que passou por algo como ela passou. Eu imagino que deve ser difícil para você vê-la sofrendo, carregar essas marcas que vão continuar assombrando-a, Jane.'

A morena congelou no lugar. Ela apertou os dentes, franziu o cenho e inclinou-se ligeiramente para frente. A menção do sofrimento de Maura não era algo que ela gostava de discutir com as pessoas. Ela sabia dos pesadelos da loira. Ela era quem lhe acalmava durante a noite. Fora ela que ajudara, e ainda ajudava, Maura a se recuperar disso tudo. O que acontecia entre as duas, não era da conta de ninguém mais. 'Eu não preciso conversar com ninguém, Kendra.' Ela rebateu, de repente irritada.

Mas Kendra jogava tão duro quanto ela. A mulher se inclinou para frente também, e suas feições tinham mudado de serena para intimidante tão depressa que Jane recuou um tanto. 'Não venha com essa merda para cima de mim, Rizzoli.' Ela disse com a voz baixa, sombria. 'Você sabe tão bem quanto eu que ela agora depende de você, é em você que ela se apoia. Vacile um pouco e ela vai cair. Se recomponha e pense no que te falei, porque essa tua atitude prova exatamente o que eu imaginava.'

'Kendra...' Ela ergueu as sobrancelhas e esfregou a testa com a mão.

'E tudo bem se sentir assim, Jane. É natural.' E ela tinha amaciado de novo. Por falar em intensidade, Jane pensou.

Ela respirou fundo e deixou o ar escapar lentamente pelos lábios. 'Ela está melhor, Kendra. E eu vejo isso nela todo dia.' Ela resolveu se abrir - apenas um pouco.

'Mas?'

Ela levantou um ombro. 'Eu sei que ela não tá completamente bem. Em mais aspectos do que eu posso falar. E eu tenho medo que essa recuperação tão rápida dela possa... Possa desaparecer no momento em que ela vê-lo de novo na corte.' Ela nem tinha notado mas o suspiro que saiu de seus lábios foi tremido.

Kendra apertou os próprios em pensamento. 'Se vale de algo, eu não acho que ela vai regredir tanto. Você tem falado com ela sobre isso?'

Jane balançou a cabeça em negativo. 'Ela fica um pouco agitada quando tocamos nesse assunto.'

'Vai por mim, é melhor você ir preparando ela. Agitada ou não, é melhor saber agora do que de repente, num belo dia, você chegar e dizer: e ai, vamos depor hoje?'

Jane revirou os olhos e bebericou a cerveja. 'Fácil falar. Você não sabe o estado que ela ficou quando soube de Kimberly.'

'Não, Jane.' Kendra rebateu. 'Você não sabe o estado em que eu encontrei ela naquele hospital. Você acha que ela chegou na tua casa parecendo um zumbi?' Ela apertou os dentes e engoliu seco. 'Quando eu me encontrei com ela pela primeira vez, ela parecia uma animalzinho abatido, aterrorizado, com medo das pessoas. Ir depor na corte vai lembrá-la disso tudo. Converse com ela. A prepare. Não vai ser fácil para nenhuma de vocês.'

Para nenhuma de nós, Jane repassou em sua cabeça. Kendra estava certíssima nisso. Não seria fácil para nenhuma parte que estivesse envolvida com Maura. Ela respirou fundo de novo e, dessa vez, Kendra estalou a língua.

'Droga, Jane. Eu odeio ter que mandar em você assim.' O que não era uma verdade completa, mas ela sorriu com simpatia em seguida e disse, 'quando disse que era para você conversar com alguém, eu não quis dizer comigo.'

Jane abriu um sorriso de canto de boca e balançou a cabeça em não. 'Vá se ferrar, Kendra. Eu não tava trocando figurinhas com você.'

A outra riu, divertida, e deu de ombros. 'Logo agora que eu estava pensando em criar nosso clubinho. Que bela decepção você me deu, Rizzoli.'

'Vai sonhando.' A outra resmungou, trocando um sorriso com ela. 'E se você disser que me deixa em paz, eu posso até pagar um cerveja pra você.'

'Diga cinco e fechamos negócio.'

'Não abusa da sorte.' Jane rebateu, indignada.

A outra riu levemente, os olhos azuis estudando Jane. 'Eu espero que você leve a sério o que te disse.'

'Eu vou.' Ela respondeu rapidamente.

'E se você precisar de alguém...' Ela foi adicionar, mas a morena a cortou com um gesto de mão.

'Não vai ser você, como não foi dessa vez.'

Kendra arfou exasperada - mas não realmente - e torceu os lábios em falso desgosto. 'Certo, acredite no que quiser.'


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