O General e a Princesa do Olimpo (Hiatus) escrita por Nightmel28


Capítulo 17
Probatio




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Pov. Panda

Depois que eu saí da principia, notei Frank, Hazel e Damon seguindo-me. Ignorei eles e me dirigi a uma barraca que vendia uns muffins cheirosos.

—Você é muito corajosa ou muito estupida para ter falado daquela maneira com os pretores de Roma – disse Hazel e eu a olhei enquanto mordia um muffim de morango.

—Já me disseram isso antes – murmurei.

—Ela tem razão Pandora, Reyna vai esfola-la enquanto dorme – disse Frank, parecendo realmente assustado.

—E quem disse que eu durmo? – pisquei para ele, que corou!

—Você teve muitos problemas em fazer as gorgonas morrerem? – perguntou Damon e eu assenti. – Se tivesse pedido eu e Hazel poderíamos ter aberto uma passagem para o mundo inferior. – ele piscou para mim com um sorriso debochado no rosto, que me deu vontade de soca-lo até que ele perdesse os dentes.

Revendo sua frase eu quase me joguei do penhasco, como eu consigo esquecer dos meus próprios poderes?! EU poderia ter aberto uma porta para o mundo inferior! Agora eu entendo por que eu preciso de Percy nas missões.

—E eu tenho bola de cristal para saber que você consegue fazer disso – retruquei, e seu sorriso alargou ainda mais.

—Está bem, os pretores pediram para que nós mostrássemos o acampamento e Nova Roma para você – assenti e nós começamos o tour.

—Temos cinco Coortes de quarenta crianças cada. Cada Coorte é dividida em quarteis de dez.... como colegas de quarto. – Disse Frank. – Eu e Hazel somos da Quinta Coorte, e Damon é o comandante da Segunda.

—Parece meio lotado – murmurei.

Um gritinho agudo me fez olhar para Hazel. Ela olhava para o gato amarelo em seus pés como se ele fosse um alien verde e pegajoso.

—Você é alérgica a gatos por acaso? – perguntei me aproximando dela e de Bob, que me encarava como se pedisse desculpas por ter sumido depois que meu tio me deixou com ele. Depois ele encarou me muffim. – Não Bob! – ele girou no próprio eixo e me olhou com uma cara fofinha. Joguei o muffim para ele, revirando os olhos quando ele o abocanhou inteiro.

—O que um gato está fazendo aqui? – perguntou Damon, encarando Bob como se ele fosse um monstro, ri com esse pensamento.

—No momento? Comendo um muffim – respondi.

Bob me olhou e escalou minha perna, se deitando no meu ombro, com os olhos atentos aos movimentos alheios.

—Vamos continuar? – eles assentiram e eu me encaminhei para a aula de história mais chata da minha vida.

~~~~~

O acampamento não mudou em nada desde a última vez que eu tinha dado uma passadinha ali, talvez só tivesse mais chato e careta. Hazel e Frank se revezaram para me falar cada detalhe do acampamento. Inúmeras vezes fiquei tentada a mandar eles para o mundo inferior, afinal eu sabia sobre tudo ali, eu havia o projetado com Minerva. Se eles tinham hidromassagem na casa de banho era graças a mim.

—Espere!

Um fantasma correu em nossa direção, um senhor rechonchudo e uma toga tão longa que o fazia tropeçar. Ele nos alcançou, sua aura roxa tremendo a seu redor. Naquele momento o reconheci, ele não pareceu ter me notado então me silenciei e observei.

—Soube que há um novo recruta, um para Quinta talvez? – ele falou para Hazel, depois de se curvar desajeitadamente em sua direção.

—Vitellius – Hazel disse – estamos meio que com pressa.

Vitellius não deu atenção para Hazel e dirigiu o olhar para mim, se era possível eu não sei, mas ele ficou branco?

—Minha senhora, mil perdões – ele disse e se curvou perante mim.

Droga. Droga. Mil vezes droga. Era obvio que os lares mais velhos iam me reconhecer.

—Creio eu que você tenha me confundido com alguém – falei o mais serenamente possível.

—Mas.... – o olhei ferinamente e acho que ele percebeu que eu não queria falar sobre isso, pois se silenciou e saiu dali o mais rápido possível.

Hazel e Frank não deram atenção para o ocorrido, porém Damon ficou me encarando desconfiado.

Esse garoto já estava me dando nos nervos.

—É muito mais simples explicar tudo para alguém que já saiba sobre os deuses – murmurou Hazel para si mesma, quando chegamos em frente ao templo de Júpiter.

—Vou ter que ver meus agouros? – perguntei.

—Não é necessário – respondeu Damon – os pretores consentiram com sua estadia aqui.

Assenti e nos dirigimos aos alojamentos das Coortes.

As primeiras quatro Coortes, cada uma composta de crianças fortes, estavam em fila na frente de seus quartéis nos dois lados da Via Praetoria. A Quinta Coorte se reunia bem no final, em frente a principia, já que seus quartéis estavam no canto de trás do acampamento, próximas aos estábulos e às latrinas. 

Os campistas estavam vestidos para guerra. Suas cotas de malha e grevas polidas brilhavam por cima de camisetas roxas e jeans. Desenhos de caveira e espada decoravam seus elmos. Até mesmo suas botas de combate de couro pareciam ferozes com seus sapatos de ferro com cunha, ótimos para andar pela lama ou pisar em rostos.

Em frente aos legionários, como uma linha de dominós gigantes, estavam seus escudos dourados e vermelhos, cada um do tamanho de uma porta de geladeira. Cada legionário carregava uma lança parecida com um arpão chamada pilo, um gládio, uma adaga e mais um bocado de outros equipamentos.

— Por que as Coortes estão se agrupando? – perguntei, ao ver alguns campistas me olharem e se direcionarem ás filas de suas respectivas coortes.

— Para revista diária e para você ser alojada em alguma Coorte – disse Frank.

—Achei que isso acontecia à noite – murmurei.

—Sim normalmente isso acontece à noite – disse Damon, com a voz pingando com sarcasmo. – Mas nesta noite temos os jogos de guerra, e você não queria que parássemos tudo que estamos fazendo por sua causa. – Então ele me olhou com um sorriso de canto. – ou a princesa queria?

Gelei no ato, demorando um pouco para dar uma resposta á altura.

Ele está apenas lhe provocando Pandora, não há como ele saber sobre quem você é.

—Não importa o horário, vocês ainda estão parando tudo o que estão fazendo por minha causa. – acenei com a cabeça em direção as filas quando consegui recuperar o fio da meada. – E para você senhor Weasley é vossa alteza. – completei, jogando os cabelos de forma teatral. Ele riu sarcasticamente e seus olhos crisparam de raiva.

Damon, Frank e Hazel se colocaram em seus lugares, enquanto eu ficava próxima a Reyna e seu Pégaso e Jason.

O magricelo me encarava rindo em frente a Primeira Coorte, todo convencido com aquele elmo que o fazia se parecer com uma galinha raquítica e dourada.

Os lares foram os últimos a tomar posição. Suas formas roxas bruxuleavam enquanto brigavam por lugares. Eles tinham o hábito irritante de ficar metade dentro, metade fora de pessoas vivas, fazendo com que as pessoas parecessem uma fotografia borrada, mas, finalmente, os centuriões conseguiram aquietá-los.

—Coortes! – gritou a galinha raquítica.

Os porta-estandartes deram um passo à frente. Eles vestiam capas de pele de leão e seguravam mastros decorados com os emblemas de cada Coorte. O último a apresentar seu estandarte foi um garoto moreno, o portador da legião da águia. Ele segurava um longo mastro com absolutamente nada no topo. O trabalho deveria ser uma grande honra, mas ele obviamente o odiava. Toda a Coorte pareceu ficar em silencio por um momento.

Jason tomou a frente, falando com a voz firme e em bom som:

—Romanos – ele anunciou. – vocês devem ter ouvido sobre a incursão hoje. Duas górgonas foram levadas pelo rio por causa desta recém-chegada, Pandora Jackson. Marte a guiou até aqui e a proclamou como filha de Netuno e ex-caçadora de Diana.

—Ela já foi designada como qualificada para servir – Reyna tomou a palavra, e um coro de “ave, salve” foi pronunciado pelos campistas.

Reyna acenou para os comandantes seniores para que dessem um passo a frente — um de cada Coorte. Octavian, como o centurião mais velho, se virou para mim.

— Recruta — ele perguntou — você tem credenciais? Cartas ou alguma referência?

Nem me lembrei dessa pequena e chata pergunta do acampamento. Antes de responder, coloquei a mão no bolso de trás da calça, sentindo um papel. Retirei o do bolso e vi um envelope branco com letras douradas escritas: “Carta de Recomendação de Pandora Jackson” sorri com isso.

— Aqui está – entreguei o envelope para o magrelo que começou a ler. Era divertido ver as reações de espanto, incredulidade e raiva(?) á ler. Ele me devolveu a carta.

—Então – ele limpou a garganta e afastou com um dedo a gola da toga – com essa carta de recomendação, você merece no mínimo um lugar na Segunda Coorte. Algum legionário irá apoia-la?

—Ela pode ficar na nossa Coorte – disse Damon no seu lugar de centurião da Segunda Coorte. Cerrei os olhos em sua direção e ele apenas me deu um meio sorriso zombeteiro.

—Sua Coorte o aceita? – perguntou Octavian e Damon e a garota de longos cabelos loiros e olhos azuis de seu lado concordou assim como ele.

Reyna e Jason me olharam e ele falou.

— Parabéns, Pandora Jackson. Você está agora em probatio. Receberá uma placa com seu nome e sua Coorte. Em tempo de um ano, ou até que complete um ato valoroso, você se tornará um membro integral da Duodécima Legião Fulminata. Sirva a Roma, obedeça às regras da legião e defenda o acampamento com honra. Senatus Populusque Romanus!

O resto da legião ecoou o viva.

Cumprimentei os pretores e me dirigi para trás de Damon na fila, notei o olhar raivoso que a centurião me enviou, mas ignorei. Não estava com vontade de ler a mente de ninguém.

— Centuriões — Reyna disse — vocês e suas tropas têm duas horas para jantar. Depois nos encontraremos no Campo de Marte. A Primeira e Terceira Coorte irão defender. A Segunda, a Quarta e a Quinta irão atacar. Boa sorte!

O Pégaso de Reyna abriu as asas de maneira preguiçosa, Jason ao lado do mesmo teve que desviar de umas das grandes asas brancas. Ri baixinho com isso.

A frase da pretora serviu como estopim para as Coortes irem para o refeitório. Adiantei-me ao lado de Damon, ele me olhou de canto, mas não falou nada.

—Você acabou de confirmar minha tese – comentei.

—Qual tese? – ele perguntou, sem nenhum interesse aparente.

—Que eu sou seu amor a primeira vista, já que você parece muito interessado em mim – comentei, sem usar o famoso tom sarcástico. Ele riu, daquele jeito que o fazia parecer falso.

—Qual seriam as minhas chances se isso fosse verdade? – ele me perguntou, dessa vez me olhando de uma maneira enigmática.

 -Em uma pergunta hipotética? – perguntei e ele assentiu. – nenhuma.

—Ótimo –ele respondeu. – Afinal você parece ser encrenca e eu gosto de manter as encrencas em um lugar onde eu possa controla-las. – ele andou mais rápido, indo conversar com o centurião da Quarta Coorte.

Senti uma pinicada em minha calça e retirei a carta de recomendação do bolso. Eu queria saber que deus havia mandado aquilo. Abri o envelope e li apenas a última linha: “ Vênus, deusa do amor e da beleza.” Fiquei com raiva, e rasguei a carta, ouvindo Hazel e Frank gritando meu nome.


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