FitzSimmons Tales escrita por DrixySB


Capítulo 6
#6 Olivia


Notas iniciais do capítulo

Olivia quer apenas voar antes de dormir.

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Essa one-shot é um spin-off de Depois da Tempestade, centrado em Olivia, a filha de Fitz e Simmons. Hunter e Bobbi fazem parte da história. Embora, na fanfic original, eles tenham o mesmo destino da série, não resisti em incluí-los nessa história.



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Apesar do pouco tempo de vida, Olivia estava certa de que não era lá muito comum que aqueles que contam a história dormissem antes daquele que a ouvia ser contada. Mas lá estava Hunter na cadeira de balanço, com o livro de contos repousado sobre a barriga, os braços caídos nas laterais da cadeira, roncando alto e de boca aberta.

Ela já estava se irritando com o som de seu ronco ruidoso. Nem se ela estivesse com sono, conseguiria dormir com aquele barulho. Portanto, ficou de pé sobre o berço, engendrando um modo de escapar dali.

Felizmente, ela era bastante engenhosa e, com alguma cautela (e aquela sorte que parece ser inerente a toda criança travessa), escalou as grades do berço até conseguir passar para o outro lado e, por fim, alcançar o chão. De lá seguiu para o corredor da base subterrânea da SHIELD.

Antes, porém, ficou um momento parada, em pé, refletindo se deveria andar – ela estava ficando boa nisso, pelo menos era o que sua mãe dizia – ou engatinhar. Do segundo modo, ela iria mais rápido, mas decidiu caminhar com seus passinhos lentos e vacilantes, apoiando-se vez ou outra nas paredes. Papai e mamãe ficariam orgulhosos, pois ela havia completado um ano há poucas semanas, e, na cabeça confusa dos adultos, parecia correto que crianças já caminhassem com essa idade.

Ansiosa por chegar ao seu destino, no entanto, e percebendo o quão longos eram os corredores (“não pareciam tão longos quando estava nos braços da mamãe”, pensou) optou por engatinhar.

Avançou rapidamente pelo corredor até se deparar com um par de tênis enorme. Gradativamente, foi olhando para cima até avistar o dono dos sapatos. Portava um ar altivo, os braços cruzados em frente ao corpo e o rosto endurecido. A cabeça baixa, olhando diretamente para ela.

— E aí, baixinha? – disse ele.

“Ora essa, baixinha. Só porque ele tem vários metros de altura, se sente no direito de falar assim comigo?”

Ele parecia amedrontador. Olivia pensou que, certamente, era ele quem afugentava os caras maus de quem seu pai comentava de vez em quando. Ela jogou a cabeça totalmente para trás a fim de encará-lo. Lembrou-se imediatamente da história do gigante e da formiguinha que o tio Hunter contara. Isto é, antes de ele pegar no sono e ela ficar sem saber o final da história...

Depois de um longo momento a fitando, um sorriso enviesado foi surgindo no rosto de Mack, atenuando seus traços rígidos.

— Gracinha, não pode ficar andando... Isto é, engatinhando pela base sozinha. Onde está o Hunter e por que ele não está cuidando de você enquanto seus pais trabalham? – perguntou, inclinando-se para pegar Olivia do chão e tomá-la em seu colo.

Ok. Tio Mack não parecia tão assustador assim, de perto, como esse sorriso jovial e luminoso. Ela levantou uma mão de modo a tocar o rosto dele e balbuciou qualquer coisa incompreensível. Mack deu uma risada baixa e Olivia descobriu que gostava daquele som.

— Muito bem. Vamos levá-la ao laboratório de FitzSimmons. É o papai e a mamãe que você quer?

Ela meneou a cabeça, concordando. Tentou repetir a estranha, porém, agradável palavra ‘FitzSimmons’ que ela sabia que se referia aos seus pais e era parte de seu próprio nome, mas não obteve sucesso. Aos ouvidos de Mack, soara como Fissimo e ele não evitou uma gargalhada ressonante que fez Olivia tremular.

— Foi mal, baixinha. É quase isso... Você ainda chega lá.

Seus pais estavam portando jalecos e extremamente concentrados no que quer que estivessem fazendo. Ela ainda não entendia o porquê, mas gostava de vê-los assim, ainda mais no laboratório.

— Encontrei essa criaturinha rastejando pelos corredores.

Fitz foi o primeiro a erguer a cabeça e perceber de que se tratava de sua filha nos braços de Mack.

— Oh! Como ela saiu do berço? Quem a tirou? – indagou Jemma, preocupada, se desfazendo de suas luvas de látex e andando apressadamente na direção de Mack para tomar sua filha nos braços.

— Eu acho que a pergunta deveria ser... Como ela escapou do berço? – tornou Fitz, sem conseguir evitar um semblante divertido.

— Ugh, Fitz! Como ela escaparia sem que o Hunter visse? Ele estava contando uma história para ela dormir, lembra-se?

— Onde está o Hunter? – perguntou Fitz.

Olivia fez o gesto de dormir, unindo as mãos e encostando o rosto atrás de uma delas.

— Viu? Aí está sua resposta – continuou o engenheiro, com um sorriso – Hunter dormiu e ela escapou do berço.

Jemma sacudiu a cabeça e revirou os olhos.

— Quando você sorri assim diante de uma atitude errada dela, ela acredita que você está aprovando o gesto e, desse modo, vai fazer de novo – a bioquímica recriminou o marido.

— Oh, sinto muito! – desculpou-se ele, cabisbaixo.

Mack pigarreou e lançou mão de uma justificativa qualquer a fim de fugir dali. Não gostava de ficar no meio das discussões entre o casal, muito menos quando envolvia o tópico sobre a criação de sua filha. Esse era um assunto que apenas dizia respeito aos dois.

— Você gosta de mimá-la. Enquanto eu quero discipliná-la.

— Hey, isso está longe de ser verdade. Eu a disciplino também – retrucou Fitz, sentindo-se ofendido.

Um som incompreensível escapou da garganta de Olivia. Mas ambos sabiam que ela estava reclamando. Era seu modo de censurá-los sempre que eles começavam a discutir. Jemma encarou a filha que se encontrava em seus braços e deu um suspiro derrotado.

— Tudo bem...  Liv, por que não está dormindo?

A garotinha deu de ombros.

— Você quer alguma coisa? – indagou Fitz, se aproximando mais da menina e tocando levemente seu cabelo.

Ela olhou para a mãe, um tanto acanhada. Já sabia que o pai não seria contrário à ideia. Já sua mãe...

— Vá em frente, meu amor. O que você quer?

Um sorriso travesso surgiu em seu rosto, então ela abriu bem os braços. Fitz e Simmons se entreolharam.

— Você quer voar? - perguntaram em uníssono, algo típico deles.

Olivia adorava o quanto seus pais eram intuitivos. Muito embora sequer tivesse conhecimento dessa palavra.

— A essa hora? Viu o que fez, Fitz?

— Mas você disse que era uma boa ideia...

— Estou começando a me arrepender de ter dito isso.

Ambos ficaram em silêncio por um momento, ao passo em que Olivia olhava de um para outro com olhinhos súplices. Jemma suspirou longamente antes de tornar a falar.

— Está bem. Mas só um pouquinho. Depois, você vai dormir.

Liv bateu palmas para comemorar. Fitz, por sua vez, procurou disfarçar o sorriso. Passou despercebido pela garotinha, mas não por sua esposa. Jemma revirou um pouco os olhos, mas preferiu não comentar nada a respeito.

*

Fitz não conseguia evitar a alegria que tomava conta de si ao ver sua filha sorrir.

E ela sorria muito e até mesmo gargalhava quando voava. Isto é, voava com o auxílio de asas mecânicas projetadas e construídas pelo seu próprio pai.

Ao contrário do engenheiro mecânico Jarno Smeets, que tentou enganar as pessoas ao redor do mundo com sua falsa história de Human Bird Wings que lhe permitiam voar como um pássaro, as suas eram verdadeiras, porém, não tão ambiciosas quanto as de Smeets. Foram projetadas de modo a ficarem suspensas a uma distância razoavelmente curta do chão, apenas para que sua filha pudesse voar pelos corredores da base.

Era um projeto pessoal totalmente dedicado à Olívia.

E funcionavam guiadas por um controle remoto. Portanto, Fitz vinha logo atrás de sua filha, divertindo-se diante das risadas sonoras que escapavam da garganta dela.

— Cuidado aí, May! – avisou o engenheiro no momento em que a garotinha voava na direção da agente.

Melinda virou a cabeça para trás abruptamente, se deparando com uma Olivia voadora e saindo do caminho, de modo que não colidisse com ela. A especialista cruzou os braços em frente ao corpo com um semblante grave.

— Tem certeza de que isso é seguro? – perguntou em seu tom costumeiro; baixo, sério e incisivo.

— Claro! Antes de qualquer coisa vem a segurança da minha filha – respondeu, esforçando-se para seguir sua pequena e deixando May para trás.

— Hey, alguém viu o Hunter? – indagou Bobbi, vindo a passos apressados do outro lado do corredor – Oh, Liv... Voando de novo? – ao avistar a garotinha, um amplo sorriso se formou em seu rosto.

Olivia fez novamente o gesto de dormir, com as mãos unidas e o rosto encostado nas mãos.

— Ela quer dizer que o Hunter dormiu enquanto contava uma história para ela – explicou Fitz à medida que se aproximava.

Bobbi sacudiu a cabeça de um lado para o outro.

— Não sei por que cargas d’água ele se dispõe a contar histórias se começa a dormir já no terceiro parágrafo. Eu vou atrás dele.

Olivia continuou seu vôo por mais alguns minutos até se deparar com Jemma de braços cruzados no fim do corredor.

— Vinte minutos, Olivia Fitz-Simmons. Acabou.

Fissimo — tentou ela, novamente.

— Uma hora você aprende – tornou Jemma com um sorriso contido – hora de dormir – completou, tirando Olivia do ar e a pegando em seu colo.

A garotinha resmungou nos braços da mãe, baixando a cabeça, frustrada. Fitz se aproximou aos poucos.

— De volta ao berço, certo?

Agora, Olivia se agitou, fazendo um pouco de manha e encarando Jemma com um semblante mal-humorado.

— Não me olhe assim como se eu estivesse acabando com toda a diversão.

“Eu te amo, mamãe, mas você está acabando com toda a diversão”, pensou a menina consigo.

— Se eu te vestir com seu pijama de macaquinho, você promete dormir? – perguntou enquanto seu marido tirava as asas mecânicas das costas da menina, bem como o cinto de segurança que lhe dava suporte.

A garotinha pareceu pensar a respeito. De fato, ela estava avaliando a proposta.

“Papai adora macaquinhos. Eu adoro aquele pijama”.

Ela fez que sim com a cabeça, batendo palmas de modo a expressar sua aprovação.

Jemma não evitou sorrir para sua filha e, com Fitz em seu encalço, a levou até o quarto a fim de trocar o pijama atual pelo favorito dela.

— Prontinho!

Ao terminar de vesti-la, Jemma se permitiu um instante de contemplação. Olivia ficava extremamente adorável com aquele pijama. Os olhos da bioquímica cintilavam. Deitada sobre o berço, Olivia agitava os bracinhos e ria sem parar.

— Jemma...? – Chamou Fitz, tocando delicadamente o ombro de sua esposa – tudo bem?

— Tudo – respondeu prontamente com um sorriso, procurando disfarçar sua emoção.

— Tem certeza? Está lacrimejando...

Ela apertou os olhos de imediato, tentando afugentar as lágrimas.

— Eu... Só estava... Pensando...

O engenheiro arqueou as sobrancelhas esperando que ela concluísse sua sentença. Jemma inalou profundamente antes de continuar.

— Ela acabou de completar um ano e... Ainda há momentos em que ela parece um sonho – sua voz caiu para um sussurro.

Fitz se aproximou ainda mais de sua esposa, envolvendo-a em seus braços de modo que ela encostasse a cabeça em seu peito.

— Ela é nosso sonho. E nossa realidade.

Jemma sorriu.

— Em pensar que essa realidade não parecia possível até bem pouco tempo atrás...

— Shhh! – ele a interrompeu, preferindo que ela não mencionasse o passado – as lembranças, felizes ou dolorosas, são importantes, mas... Eu prefiro olhar para o futuro agora.

— Você tem razão – concordou, então dirigiu-se à sua filha que os fitava contente, tocando a orelhinha de macaco acima da cabeça com uma das mãos.

— Eu sei que você não quer dormir, mas daqui a pouco o Coulson virá para te contar uma história do Capitão América.

— Aí com certeza você irá dormir porque, apesar do herói que as estrela, as histórias são bem chatas, pois o Coulson narra muitos detalhes.

Jemma não conteve uma risada diante daquele comentário.

— Ugh, Fitz! Ele faz com a melhor das intenções.

— Sei disso – tornou ele, aproximando-se para dar um breve beijo nos lábios de Simmons.

Olivia atentou para aquele gesto, sabendo que significava o quanto seus pais se amavam.

Seu sorriso se ampliou. Seus pais eram apaixonados um pelo outro. E ela era apaixonada por eles.


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