WSU's Vésper escrita por Lex Luthor, WSU


Capítulo 5
Epílogo




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Um caixão decorado por ramos, grinaldas e flores é carregado pelo corpo de bombeiros pelas ruas de Medellín até chegar ao Cemitério Museu San Pedro, lugar que guarda os restos mortais das maiores pessoas que pisaram, ou voaram sobre esta cidade. Uma multidão o acompanha. O choro e o silêncio fazem que com que apenas o som de uma gaita de fole tocando Sublime Gracia (Amazing Grace) seja ouvido.

Cartazes pedem justiça, e eu matei este homem. El Rojo, o herói está morto.

Não muito longe dali, outro enterro. Sem muita expressão. O cortejo no cemitério carregava um pequeno caixão.

Um pequeno caixão carregado por tristes familiares que lamentavam a perda de uma criança tão jovem. Os minutos naqueles poucos metros pareciam eternos.

— O cortejo do policial que o matou, e a namorada é aqui, amanhã  — comentava um dos presentes.

— Espero que cavem o bastante para chegar no inferno — comentou outro.

A mãe, inconsável joga o primeiro punhado de terra no caixão. Cobriu o rosto de tão desconfortável que estava. Abaixou o véu negro. Berrou desesperadamente.

Mi chico! Rico! No te vá!

A terra já cobria a distância de sete palmos entre o mundo dos mortos e o dos vivos.  A mãe que enterrou seu filho agradecia por quem havia ido ao enterro. De repente, um desconhecido se aproxima. Terno e chapéus brancos, óculos escuros.

— Ele era um bom garoto — comentou o homem de Branco.

— Sim, era. — disse a mãe lamentando. —Mas se envolveu com as pessoas erradas. Não fui uma mãe rigorosa para ele.

— Ser mãe solteira não deve ser fácil — disse o homem.

— Se ao menos o pai tivesse me ajudado a criá-lo direito — franziu o cenho desconfiada. — Como sabe disso?

— Apenas sei, senhora. — disse o homem, retirando o óculos. Era Vésper. — Quero que fique com isto — entregou-lhe um reprodutor de áudio-fitas K-7. 

A mulher reproduziu.

Na verdade eu fazia  isso mais pela minha mãe. Nem conheço direito o meu pai. — dizia Rico na gravação.

Fazia, não é? — Indagou Jamez.

Sim, agora me arrependo de tudo. Criei amigos e tenho consideração pelo povo de lá, eles mataram minha fome. Mas agora eu tenho você, não é, amigo? Me dá quinhentos conto?

Eu sabia que daí vinha facada.

Sua mãe sorria ao ouvir.

Valeu! Vou comprar uma pizza família pra mim e  pra minha mãe e aí, eu vou comprar uma pizza família só pra mim. Todinha.

Desculpa, quem é você mesmo? — indagou Jamez.

A gravação parava.

— Não tenha desgosto do seu filho. Ele havia abandonado a vida que levava, mas por algum senso de lealdade acabou morrendo. 

Ela olhava para baixo, chorava.

— Obrigado pelo que fez pelo meu filho.

Jamez a abraçou.

Eu não sei se quando a minha mãe morreu, sentia ela ainda algum desgosto da minha suja profissão. Mas posso assegurar que pelo menos a mãe deste garoto não sente vergonha dele. Por que todos mudamos um pouco todos os dias, somos pessoas inconstantes.

Usava o seu telefone. Na tela, uma mensagem:

Deseja formata o seu aparelho? Você poderá perder todos os seus dados.  

Selecionou a opção sim.

Também temos a versão exagerada de ser inconstante, que é mudar completamente. Ser uma nova pessoa significa renunciar a velha natureza. Esquecer-se completamente de quem você era.

Dirigiu o sedan prateado.

O pára-choque destruído com a frente amassada.

Desceu do carro em um ponto e empurrou-o até que caísse num lago. A água começava a entrar pelas portas e janelas completamente abertas do carro, que afundava cada vez mais.

Mas para isso é necessário, reconhecermos que somos falhos e que erramos. Erramos todos os dias e ainda vamos errar, não será hoje a última vez.

Feliz é aquele que muda a sua vida tanto quanto erra.

E você?

O que tem feito hoje para mudar a sua vida para sempre?

 

***

 

Sentado no banco alto do bar, observava a banda que tocava ao ritmo da mais tradicional bachata costa-riquenha. Havia várias pessoas naquele clube, bonitas, elegantes e bem vestidas.

Contudo, seu olhar fixou-se numa loira de olhos verdes e vestido de gala vermelho. Estava acompanhada de um homem bem vestido de tarno fit prata. 

Não demorou muito para que ela também percebesse olhar dele e olhasse para baixo passando, delicadamente, a sua mão pelo pescoço. O homem que a acompanhava chamou-a para perto de si e fala algo em seu ouvido. Ela apenas concordou com um gesto positivo no balançar da cabeça.

Logo, ele levanta-se, deixando-a sozinha. Jamez, com seu terno branco e chapéu homburg de mesma cor, aproveita aquela deixa e aproxima-se da moça.

A banda começa a tocar Propuesta Indecente, nada mais indigno naquele momento.

  — Hola, me llamo Jamez. — apresentou-se dando-a um extinto beijo na mão.

Rosa apresentou-se a moça sorrindo.

— És um placer conocerla. — disse Jamez. — Me daria o prazer dessa dança? — indagou Jamez estendendo-lhe a mão.

Os dois foram a pista de dança.

A luz baixa.

Segurou-a na cintura com a mão direita, agarrou a mão direita. Os olhos dele nos olhos dela, era um olhar calhente e instenso. As torneadas pernas dela entre a direita dele, as pernas dele entre a esquerda dela.

O movimento do quadril dela acompanhava o ritmo da música. A girou soltando a mão e descolando os corpos, depois, foi de encontro a ela sem prudência no contato físico. O jogo muda de lado, ela contorna o corpode de Jamez, com a mão no pescoço dele, vai de passa por suas costas até chegar novamente à sua frente.

As mãos dela no pescoço dele.

As mãos dele no pescoço dela.

Segurando em sua mão, ele a gira novamente, mas sem soltar a mão. Agora, Rosa de costas para Jamez, continua a acompanhar o movimento do música e ele faz o mesmo.

A intensa dança dos dois chama a atenção de todos no clube. Incluindo do acompanhante da moça, que chegava à mesa novamente.

Eles finalizam a dança, num deslize de pernas como se dançassem tango, não evitando o contato visual. Percebem que o homem de terno fit prata estava de volta.

Jamez agradece a dança, volta para o bar sem ao menos olhar para a moça novamente. Pede um uísque com gelo. O copo chega, ele balança e dá o primeiro gole.

— Não é digno dança com a esposa de outro homem na frente dele. — disse o homem de terno fit prata sentando-se num banco ao lado de Jamez. — Quero o mesmo que o cavalheiro — pediu ao bartender. 

— Não era sua esposa. — disse Jamez. — Não usava anel na mão esquerda, não tinha joias, presumo que o vestido tenha sido alugado. — deu mais um gole no uísque.

Arrancou um sorriso do homem.

— Ora, ora! — disse o homem surpreso. — Parece que temos um Sherlock Holmes por aqui.

O bartendeu sorriu trazendo o copo de uísque.

— Acho que não deve lembrar de mim, não é mesmo? — indagou o homem.

— Não mesmo — respondeu Jamez.

— É, foi há muito tempo, Vésper. — disse o homem admirando o passado. — Alguns me chamou Muerte en um Disparo, mas pode me chamar de Neverfallen. Nem foi tão difícil de te encontrar, é só achar um clube que toque bachata e andar acompanhado de uma bela dama, você tem um fetiche forte em traição, amigo.

Jamez levantou-se do banco.

— Não estou nem um pouco interessado em ouvir alguém me chamar assim de novo — disse Jamez ao dar as costas.

— Há mais Josés Emilianos por aí, amigo. — disse Neverfallen. — Eu estou disposto a ajudá-lo e não a manipulá-lo.

Jamez dá ouvidos a Neverfallen.

— Como vou saber que está mentindo? — indagou Jamez.

— O seu toque dobra qualquer um a sua vontade, veja a tatuagem no peito — respondeu Neverfallen.

Jamez lembrava de ter visto “Toque e peça” mais cedo. Ele aproximou-se de Neverfallen, segurou sua mão.

— Se estiver mentindo, diga agora — pediu Jamez.

Um silêncio pairou entre os dois.

Vésper estava convencido.

— Mas preciso que me ajude — respondeu Neverfallen. —, sabe o lema das ruas de Medellín.


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Notas finais do capítulo

Vésper retornará em A Frente Unida.



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