WSU's Vésper escrita por Lex Luthor, WSU


Capítulo 4
Vingança




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Pablo’s Café

 

O lugar não estava lotado, mas tinha bastante gente. Muitas pessoas assustadas, uma arma em sua mão direita apontada para Pablo, um celular com o gravador ligado na mão esquerda de Jamez. Seu rosto com o lábio cortado e cheio de hematomas.

O que eu estou fazendo? O que eu estou fazendo?

— Tudo bem, cara. Só abaixa essa arma! — pediu Pablo.

 

***

 

Provavelmente quebrei o dedo indicador da mão esquerda, talvez uma costela fraturada. Estou jogado num sofá velho, dá pra ver as molas saindo. Ou está velho, ou fui jogado violentamente e nele. Por que estou usando uma máscara de gás? Tenho um colete, chaves de carro, celular, granadas de gás CO. Faz sentido.

Olhou para cima, avistou o homem de capa vermelho voando, parecia procurar algo.

E o homem avistou Jamez, encontrou o que procurava.

O homem cerrou os punhos, e voou em direção a ele.

Acho que irritei esse cara.

Tirou uma granada, abriu-a no instante em que o homem de vermelho se choca violentamente contra ele.

Jamez ao chão.

Rojo de pé.

O gás se espalha. Incolor, inodoro o gás entra pelas suas vias respiratórias.

Anda lentamente em direção a Jamez, levanta-o pelo colete. Uma tosse começa a incomodar.

A risada maligna do homem de branco, que aproveita-se da fraqueza do homem de vermelho.

Vésper e Rojo.

— Monóxido de Carbono. Foi muito usado como arma química na Segunda Guerra, em Aushwitz e aqui, agora. — disse Jamez enquanto pega uma arma no suporte da perna. — Sinta o gás entrar em seus pulmões.  — disparou contra o peito do Rojo.

A bala apenas ricocheteou.

— O quê?! — assustou-se Jamez.  

Rojo sorriu, tomou fôlego. Ergueu Jamez pelo colete, tomou impulso e decolou. Arrancou a máscara de gás.

— Quero ver usar isso agora, bandidinho de merda — disse Rojo.

Voou até chocar Jamez contra a parede no segundo andar. A mão direita de Rojo apoiava Jamez rendido na parede, a mão esquerda fechada atingia a boca, o rosto de seu inimigo.

Jamez ergueu sua mão direita, estava preparado para render-se. Viu a tatuagem.

 

Vésper

 

Segurou a mão de Rojo.

Rendeu-se.

— Pare! — pediu Vésper.

Os olhos de Rojo estavam estáticos. A mão direita de Jamez ainda segura sua poderosa canhota.

Por que ele não faz nada? Eu simplesmente pedi para que ele parasse. Quando segurei sua mão.

— É um corrompido? — indagou Jamez.

— Sim — respondeu Rojo.

Seu celular tocava.

 

Matías

 

Não sabia quem era. Rejeitou a ligação. Viu o plano de fundo.

 

Rojo fodeu sua memória, mate-o.

 

— Você é o Rojo? — indagou Jamez.

— Sim — respondeu Rojo.

Vésper pensava em como era o seu dia-a-dia sem memória alguma naquele momento.

— Você tornou minha vida um inferno. Preciso matá-lo. Diga-me,. como? — A fúria era visível em seus olhos.

— Sou invulnerável, — respondeu Rojo. — ataques físicos raramente me afetam e o meu sistema de regeneração recuperaria as células danificadas, mas sem oxigênio as células não tem energia para isso.

— Pro chão — Ordenou Jamez.

Rojo deitou-se. Jamez pôs as mãos em sua garganta e apertou. O pulmão ainda estava intoxicado pelo gás venenosa, com as vias tampadas isso só piorava, Rojo dava seus últimos suspiros. Olhava para o rosto do homem que iria matá-lo sem esboçar reação alguma. O último ar de seus pulmões foi para dizer suas últimas palavras.

Não importam o que digam, você não é herói. — disse Rojo arquejando. — Eu me lembro — engasgou. — de — engasgou novamente. — você — forçava a voz sem falha.

— Eu não lembro de você, seu desgraçado. Você fez isso comigo — apertou a garganta mais forte.

Me  per-do-e — disse Rojo ao desfalecer.

— Eu te perdouo, mas não quer dizer que você tenha que viver com isso — disse Jamez.

As veias de Rojo destacavam-se por toda a sua pele, não tinha mais pulsação. Tirou uma foto do morto. Adicionou uma nova frase ao papel de parede do celular.

 

Você matou Rojo

 

Havia se vingado. Jamez levantou-se e deixou o local. Desceu as escadas, foi ao primeiro andar, olhou entrou no corredor que dava acesso à escada do térreo.  Rico corria desesperado em sua direção.

— Jamez! — gritou Rico.

Três disparos são ouvidos. O garoto cai antes de chegar aos braços de Jamez. Ao fundo um homem continua a disparar, mas sua arma descarrega no quarto tiro.

Jamez vai até o garoto. Olhos castanhos sem vida. Sem nenhum sinal de respiração.

Uma raiva toma conta de Jamez, pode sentir seus músculos fervendo. Levanta-se e vai em direção a saída do Palace. Um estacionamento, poucos carros, o homem a correr.

Tenho uma chave.

Apertou o botão de alarme, rebia o sinal um sedan prata estacionado a dois metros da porta principal,  onde estava. Era uma área de proibida de se estacionar. Entrou no carro, ligou-o. O homem também chegara a um veículo, buscava as chaves enquanto Jamez acelerava. Achou-a. Nervoso, descuidou-se, deixou a chave cair de sua mão. O sedan prata aproximava-se.

— Merda, merda, merda! — gritava o homem.

Uma colisão.

O sedan colidia de frente fazendo um “sanduíche”, em que as pernas do homem eram o recheio e os veículos, o pão.

Jamez, atordoado com a batida, desce do carro entre um cabaleio e outro. Tira a Glock do coldre em sua perna direita, puxa o cabelo do homem.

— Por que matou aquela criança? — indaga Jamez.

O homem sorri. Sangue entre os dentes.

— Acha que é um herói, não é? Vésper. — ironizou. — Que tipo de mentira está vivendo, cara? O que o Matías tem te dito? Essa farsa de La Agencia?

— Quem é Matías? — indagou Jamez nervoso.

— Não se faça de idiota! Ele está trabalhando com você e com a metade da força policial dessa cidade pra tirar a família Emiliano da fossa.

— Eu trabalho pra ele? — indagou  Jamez.

Dava uma risada incontrolável.

— E quem não? Essa cidade é dele! —  Tossia sangue. — Manchei meu distintivo pela ganância. Pelo menos, não tenho tantas mortes nas mãos quanto você. Você tá matando todas as famílias desde a separação do Cartel. — continuou a rir incontroladamente. — E no topo da cadeia alimentar, estão os Emiliano. — Aplaudiu. — Parabéns, Vésper, você é um herói.

O homem foi perdendo suas reações.

Mais uma vez Vésper viu olhos sem vida.  Foi ao carro. Deu ré, apanhou um saco preto na mala.

Desceu do veículo novamente e foi ao Palace. Pegou o do garoto e o pôs dentro do saco, levou-o para a mala.

Preciso anotar, anotar, anotar.

Pegou o celular abriu a primeira nota que viu.

 

Pablo do Pablo’s Café citou Matías, Vésper e La Agencia. Acha que sou um idiota, mas eu anoto tudo.   

 

 

*** 

 

Hotel Palace, 23:00

 

Jamez estava na escuta. Uma nota fiscal de máquina impressora de fotos. Já não sabia quanto tempo estava lá e nem o que fazer, a não ser pelo papel que via à sua frente, preso ao painel do carro

Se acionarem o código Rojo, El Rojo Intachable surgirá. Entre no hotel e mate-o.

Desde a morte de Emiliano, nos tornamos rivais. Mas agora os García e os Martínez celebram essa união que irá derrubar os que um dia foram nossos irmãos, e hoje nossos inimigos — dizia uma voz masculina na escuta.

Um som de batida brusca de porta foi ouvido.

Parem! — Alertava uma voz infantil. — Esses dois são tiras! Tiras disfarçados.

Merda, Vésper. Você mandou o Rico para cá, hijo de putana? — perguntou De La Veja pela escuta.   

O disparo é ouvido. Gritos desesperadores.

NÃO! — Gritava Benítez. — De La Veja! — Parou um instante. — Código Rojo, código Rojo! — dizia gritando aos prantos. — Eu vou te matar garoto!

— É a minha deixa — disse Jamez dando partida no sedan.

Acelerou, arrebentou a barra da guarita do hotel. Seguiu pelo estacionamento, vários carros saiam desesperadamente. Freou bruscamente na passagem principal, desceu, pôs as chaves no suporte do colete que usava.

Entrou no hotel.

Ao entrar subiu as escada e no primeiro andar viu um homem de vestes vermelhas, máscara de olhos vinho da cor de sua capa. As balas ricocheteavam ao atingi-lo. A velocidade com que voava socando os que atiravam, era surpreendente.

Jamez empunhou a arma. Mirou na nuca de Rojo e atirou.

— Estou aqui, seu filho da puta! — gritou Jamez.

Rojo voou violentamente contra Jamez, o erguendo e jogando o do primeiro andar.

A queda não irá o matar, mas dará um jeito nessa boca suja. — pensou El Rojo Intachable.

Caído no sofá da recepção, Jamez tinha um dedo quebrado e a constela fraturada. Colocou o dedo no lugar, uivou de dor.

— Parece uma porra de um mosquito batendo, seu viadinho vermelho! — provocou Jamez.

 

***

 

Pablo’s Café

 

— Eu não sou mesmo um herói, não é? — indagou Jamez.

— Não, não é — disse Pablo.

— E quem na verdade eu sou?

 

***

 

 

Casa José Emiliano, 2016

 

Termina a partida, o Deporti Cali é derrotado aqui na Argentina pelo placar de 6 a 2 e o Deportivo dá adeus a Libertadores da América de 2016.

José Emiliano desliga furiosamente a televisão.

— Esse time é uma vergonha! Ainda bem que o nosso Atlético Nacional vai longe com esse timaço! — Inspirou e suspirou. — Bem rapazes — falou José aos seus seguranças. —, acho que vou ter que arrumar outro jeito para me divertir.

Deixou a sala de sua casa e foi até a cobertura. Um homem bem vestido, de cócoras gemendo e chorando.

— Por favor, pare. — chorava o homem. — Eu não aguento mais,  aceito qualquer propina que você me oferecer — apertava suas próprias mãos. — Não use mais o seu toque comigo — pediu o homem por fim.

— Grande homem, senhor prefeito! — Agarrou seu rosto com a mão esquerda. — Pode soltar o vidro nas mãos.

O prefeito apertava mãos com um caco de vidro no meio. Retirou-o, o sangue escorria e respinga no piso.

— Bem, sua família está em casa e preocupada com você. — disse José. — Foi apenas um blefe, nem toquei neles. Gosto de blefar mas não de machucar crianças e mulheres.

O ponto vermelho se formava nos céus distante dali.

— Chefe. — disse um segurança tocando o ombro de José e apontando para o ponto que aproximava-se cada vez mais rápido nos céus.

— Que droga. — disse José.

Segurou o prefeito pelo pescoço apontando uma Glock para sua cabeça.

 — Derrubem agora! — exigiu para seus homem.

Dois homens com uma bazuca, a mira digital travada no ponto, que já visível, claramente era El Rojo Intachable. Quando atingido pelo tiro, caiu na cobertura da mansão do traficante. Parecia desacordado, mas logo levantou-se zonzo após o tiro.

— Eu meto uma bala na cabeça dele se você der mais um passo!

El Rojo Intachable, atordoado e sem pensar direito avançou em direção a Emiliano numa velocidade tão grande que somente por reflexos se podia perceber. José atirou, cumpriu a palavra. A mão invulnerável no rosto do prefeito ricocheteia a bala, que acaba por atingir a cabeça do traficante.

— Não! — lamentou-se El Rojo Intachable.

José cai ao chão.

 

***

 

— Você ficou quase dois meses desacordado, quando voltou não tinha memória. — dizia Pablo. 

— Então eu nunca fui o herói. — A culpa invadia os seus sentimentos. — Eu era um traficante, e matei um herói — afirmou Jamez desapontado e sentindo-se usado.

— José, mesmo no tráfico você sempre ajudou as pessoas, o meu negócio é um exemplo. Mesmo quando passou a traficar, sua mãe, señora Vésper o amava. Você, como ela, queria que a cidade crescesse, ao contrário dele.

A dúvida surgia no ar, com a deixa na fala de Pablo.

— Dele? — indagou Jamez.

— Matías. Ele te usou, para eliminar os concorrentes da família Emiliano assim como usou a polícia. E está nos usando. Cobrando impostos que não existem, para nos proteger.

— Isso é tudo que eu precisava ouvir, Pablo  — disparou a arma em suas mãos.

Água molhava o dono do estabelecimento.

— Pablo, eu odeio cappuccino — disse deixando o estabelecimento.

Entrou no sedan amassado. Pegou uma pasta preta cheia de fotos, procurava pela legenda.

Cain Matías

Virou a foto. Escreveu de caneta no verso.

 

Mate-o

 

Deu partida, acelerou.

Apenas com um toque eu posso ordenar as pessoas a fazer o que quero. Foi assim que forjei as mais sujas das alianças no passado. Agia da maneira que eu bem queria, sem virtude ou moralidade, eu era exatamente um recorte de O Príncipe.

É engraçado saber que estou hoje na situação exatamente inversa, no lado dos que são usados. Vou levar esse dom para o resto da minha vida, preciso fazer isso de um jeito que não ameace integridade de ninguém. Preciso ser outra pessoa.

Freou fazendo o carro parar na calçada de uma oficina de tatuagens.

Meu nome não é José Emiliano, sou Jamez González, o Vésper e se vou mudar a vida de uma pessoa quando tocá-la, precisa ser para melhor.


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