Tudo é sobre ela escrita por Camila J Pereira


Capítulo 27
A Garota e suas Decisões




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— Coma tudo. – Ela olhou para a bandeja que a avó deixou a sua frente. Sentada, inalava aquele aroma sedutor de comida saborosa, mas não tinha muita vontade de comer. – Você precisa. A sua mãe está vindo. Não pude lhe dizer antes, mas ela já deve estar chegando.

— Ela vem?

— Como ela não poderia vir? Se assim não fosse, eu mesma iria buscá-la. - A senhora Bree acariciou os cabelos da neta. – A Maggie fará uma entrevista explicando tudo. A verdadeira história. De qualquer forma já vi na TV a notícia que aquele homem está preso. – Novamente, como estava acontecendo quando ouvia qualquer sugestão sobre o ocorrido, Bella sentia ímpetos de se enfiar em um buraco, de sumir para nunca ser encontrada. – Coma. – A sua avó disse antes de sair.

Bella, assim como Benjamin tinha dito quando a manteve presa em seu apartamento, estava assustada e envergonhada o suficiente, mas do que isso, sentia-se humilhada e sufocada. A sua vida foi exposta de maneira brutal e leviana. Muitas mentiras que serão lembradas como possíveis verdades por muito tempo. Ela não conseguiu comer, pôs a bandeja de lado e voltou a deitar.

A sua mãe chegou logo em seguida. Como ela lembrava, Renée era linda com seus cabelos acobreados, quase ruiva, olhos claros e mesmo triste, tinha um sorriso bonito. Ela abraçou a filha e permaneceu assim por muito tempo. Sua mãe não lhe disse nada, nem sobre como ela estava se sentindo, ou sobre o que aconteceu, nem mesmo mencionou a bandeja intocada.

Ela ouviu sua avó e mãe conversando. Por um momento teve uma comoção maior, parecia que alguns jornalistas sabiam onde Bella morava e estava ali procurando por ela. Bella se encolheu debaixo do travesseiro. A vontade de sumir aumentou. Pensou ter ouvido mais tarde a voz de Alice, ela quicou até a porta do quarto sentindo uma pontada na perna, não só Alice, mas a banda toda estava ali. Bella correu como pôde para a cama quando viu a sua mãe indo em direção ao seu quarto.

— Filha, seus amigos estão aqui. Não quer vê-los? – Renée anunciou sem entrar. Bella fingiu estar dormindo e não respondeu.

Eles ainda ficaram mesmo depois de Renée ter-lhes dito que Bella dormia. Imaginou a conversa que estavam tendo. Bella sentiu o seu rosto queimar, deveria estar vermelha de vergonha. Sentia que todos, não apenas aqueles ali na sala falavam dela, mas a escola toda, a cidade e olhe lá mais qual lugar.

— Hoje você terá que levantar e comer alguma coisa. - No dia seguinte, Renée a acordou.

— Mãe... – Bella voltou a cobrir o rosto com o cobertor.

— Bella, não me faça repetir. Levante, estamos te esperando. – Bella se arrastou até a mesa.

— Bom dia, vó.

— Bom dia. – A senhora Bree ainda servia a mesa e sentou de frente para as duas. - Dormiu bem?

— Sim. – Mentiu. O que adiantaria lhes dizer que não?

— Quando terminar, tome um banho e vista-se. Teremos que ir a delegacia. Carlisle vai nos acompanhar.

— Falou com o padrinho?

— Sim. – Renée servia Bella com o suco e torradas. – Não gostou de saber disso? – Sua mãe leu a sua fisionomia.

— Gostaria que não conversassem.

— Temos que resolver isso, então temos que conversar.

— Não podem parar de falar sobre isso?

— Bella, você sabe que terá que falar sobre isso hoje, não sabe? E terá que falar mais vezes se necessário. – Bella ficou muda, seus olhos lacrimejaram. – Você tem todos nós ao seu lado, filha. E eu não sairei de perto de você. Sinto muito ter te deixado sozinha esses meses, mas agora será diferente. – Renée acariciou sua mão sobre a mesa. – Vamos providenciar muletas também.

***

Antes de irem direto para a delegacia, foram comprar as muletas, assim Bella se locomoveria melhor enquanto estivesse com o gesso. Carlisle tinha chegado mais cedo e tentado conversar com a afilhada, mas Bella não havia dito muito. Renée o chamou para conversar a sós, indo contra o pedido de Bella que ficou irritada com a mãe por isso.

Chegaram a delegacia ainda antes do horário marcado. Para a surpresa de todos, Jane estava saindo. Eles permaneceram olhando-se, cada um com seus sentimentos prestes a explodir. Carlisle tomou a dianteira.

— Jane, você estava mesmo por trás disso? – Ela sorriu de lado cinicamente.

— Se foi ou não, terá que ser provado pela justiça. Além do mais, não perderei tempo no mesmo lugar que essa mulher. – Acenou com a cabeça em direção a Renée que surpreendentemente avançou dando-lhe um belo tapa na cara.

— Da próxima vez que ousar mexer com a minha filha, eu vou lhe dar mais do que uma bofetada.

— Renée, por favor, se controle. – Carlisle a puxou gentilmente.

— Sua prostituta de quinta, vai se arrepender. Todos aqui viram que você me agrediu. Vou processá-la! – Ameaçou.

— Faça isso. – Renée afirmou.

— Ei, ei, ei... – Um agente se aproximou para verificar a situação.

— Está tudo sobre controle. – Carlisle falou. – Vamos, fomos chamados para vir. – Avisou e rebocou Renée com ele. Bella foi atrás e ainda ouviu Jane falando com o homem que tinha sido agredida.

Bella teve que contar todo o ocorrido. Sua mãe e seu padrinho estavam ouvindo também. Sentia que o rosto queimava novamente e engoliu as lágrimas que queriam cair. Não ousou olhar para ninguém enquanto falava. Por fim, foi liberada, não antes de saber que Jane seria investigada como a mandante.

***

Ela estava em sua cama lendo um livro quando ouviu as batidas na porta. Edward surgiu com seu sorriso largo e com confiança entrou sem pedir permissão.

— Oi, gatinha. – Ele sentou ao seu lado e deu-lhe um selinho. Olhou para ele e notou que estava com a farda do colégio. Ele tinha ido até lá depois das aulas.

— O que está fazendo aqui?

— O que mais poderia ser? Vim ver você. Senti sua falta. – Edward estava sendo positivo e alegre de propósito.

— Eu te disse que ligaria.

— Você não está usando o celular todos esses dias. Eu liguei para dizer que viria. – Se fez de inocente.

— Eu vou descansar, Edward. Pode vir outro dia? – Edward olhou para ela pensando, Bella ainda não o encarava.

— Não, Bella. Eu vim te ver e saber se ainda estava assim. Não precisa se sentir envergonhada, muito menos comigo. Todos entendemos o que aconteceu. Você não teve culpa de nada.

— Vamos terminar. – Estava mais envergonhada depois de ouvir aquilo.

— O que disse? – Edward pensou ter ouvido errado.

— Eu disse... Vamos terminar. – Ela repetiu ofegante.

— Porque faríamos isso?

— Preciso de um tempo, de tudo.

— Até de mim? – Ele não acreditava.

— Sim. – Edward engoliu em seco. Sua garganta parecia ter sido arranhada com algo.

— Eu sei que está sendo duro. Veja bem, meu amor...

— Edward, eu nem consigo olhar para você. Fico imaginando o momento que viu as noticiais. Deve ter recebido uma mensagem antes, com as fotos... Benjamin me contou o que faria.

— Fiquei irritado, mas sabia que você deveria ter uma explicação. Liguei para você e quando não consegui te encontrar, vim te procurar. Ninguém sabia de você e então Jasper me ligou e contou o que estava acontecendo na internet.

— Vê, todos sabem sobre isso. Não posso encarar ninguém. Me sinto irritada, vulnerável e exposta. Sinto vontade de sumir, não quero que ninguém me veja, nem você.

— Acha que ficará melhor sozinha? Eu discordo de você. E quero continuar ao seu lado. – Edward tentou segurar a sua mão, mas Bella afastou-se. – Maggie já emitiu uma nota falando sobre isso e ainda deu uma entrevista, curta, mas foi suficiente. Todos já sabem que aquele canalha armou tudo. Também já publicaram as fotos da banda e o artigo. – Aquilo a fez recordar o dia em que Benjamin a beijou.

— Por favor, vá embora.

— Bella...

— Vá, Edward!

— Hey, garota! – Ele falou mais alto e assustou. – Eu entendi, você precisa de um tempo. Eu te darei um tempo, pense bem, lide com isso, mas não fale em termino. Jamais, ouviu bem? Eu continuarei esperando, Bella. – Edward beijou o seu rosto antes de ir.

***    

— Tenho algo para dizer. – Bella falou depois de voltar da consulta com o psicólogo.

— Diga. – Sua mãe pediu. A senhora Bree também escutava a neta.

— Vamos nos mudar. – Elas se entreolharam. – A vovó pode deixar seu contato com suas clientes se quiser continuar fazendo doces e com a mudança pode ganhar mais clientes ainda. Também quero mudar de escola. Tenho que fazer isso antes das provas.

— Mas a sua avó, ela não...

— Tudo bem, vamos fazer isso. Será bom mudar de ares e talvez consiga mais clientes. – A senhora Bree afastou-se. – Façam isso logo.

— Bella, você não gostava dessa escola? Seu padrinho se empenhou em matricular você.

— Eu sei do valor disso, mas não quero voltar para lá.

***

 - Bella vai mudar de casa e de colégio também. – Todos da banda estavam na mesa, Jacob também quando Edward fez este anuncio.

— Ah não... – Alice ficou desolada. – Eu esperava tanto que ela voltasse. Não foi suficiente sair da banda?

— A cabeça dura decidiu isso mesmo? – Jacob perguntou diretamente para Edward ao seu lado. – Você não conseguiu convencê-la?

— O que queria que eu fizesse?

— Ela nem quis nos receber. – Alice lamentou.

— Também fui dispensado. – Jacob falou sobre a sua ida até a casa de Bella que também tinha fingido estar dormindo. – Mas pensei que você pudesse ajudá-la.

— Acha que é fácil? Você parece muito confiante, não é mesmo?

— Ei... – Jasper contemporizou. – Vamos com calma. Bella está sofrendo um trauma. É natural, mas conhecemos ela. Bella revidou as garotas mais assustadoras do colégio, ainda foi valente enquanto estava sendo sequestrada. Ela vai superar os boatos.

***

— Maggie veio e conversou comigo sobre a banda. Ela está assumindo toda a empresa e quer continuar com vocês. – Renée contou para Bella em seu quarto. – Se for o que quer, cantar e tudo mais... Eu estarei te apoiando, filha. Maggie parece ser bem legal.

— Eu não penso em mais nada disso.

— Tudo bem. Se é assim... – Renée suspirou.

— Quando nos mudaremos?

— Em dois dias.

Carlisle tinha ajudado na compra da nova casa. Ela era maior e ficava em um bairro de classe média quase no centro da cidade. Bella também foi transferida para um colégio ali perto. Se quisesse, poderia ir andando, o que ela aprovou muito.

***

 Foi uma semana confusa, a nova casa precisava ser organizada e Bella estava se adaptando a nova escola. Sua escola foi se manter retraída, agradeceu por não existir meninas implicantes como em sua ultima escola. Ela não entrou em nenhuma atividade extra, limitou-se as matérias obrigatórias.

No sábado daquela semana, Renée caprichou na limpeza da casa. Bella desconfiou, mas precisava estudar para as provas que seriam na próxima semana. Não sabia se tiraria boas notas, teria que se empenhar no final de semana. Estava escurecendo quando ouviu vozes familiares e alegres.

— Carlisle e Esme estão aqui. Pare um pouco de estudar e venha recebê-los. – Bella hesitou, gostava muito daquela família, mas sentia-se pressionada. Reuniu a sua pouca coragem e saiu. Ficou lívida quando viu Rosie e Edward também.

Eles a abraçaram, Edward mais demoradamente. Ele acariciou seus cabelos, beijou-lhe o rosto.

— Edward, pare...

— Shiii... Estava com tanta saudade... Ah, gatinha... – Ela o empurrou.

— Você não entendeu o que disse da última vez?

— Entendi. E você entendeu o que eu disse? Não vou te deixar. Não se preocupe, hoje estou aqui para comemorar a nova casa.

Foi como antes, com a diferença que Renée estava presente também. Eles cozinharam e comeram, não tocaram no assunto de Benjamin. Mesmo que Bella tivesse sido chamada aquela semana novamente, para ser informada de que o exame detectou uma substancia que fazia a pessoa que a ingeria adormecer. As conversas do celular de Benjamin estavam sendo analisadas e tudo indicava que Jane também seria indiciada. Mesmo assim, nada disso foi comentado. Falaram apenas trivialidades. Edward olhou bastante para a namorada, matando as saudades.

***

Virou-se sabendo aquela altura que estava sendo seguida. Seu coração disparou ao ver Edward parado a olhá-la. Sustentou o seu corpo todo nas muletas, tinha vacilado ao vê-lo tão lindo ali.

— Você notou. – Ele sorriu.

— O que está fazendo?

— Te acompanhando até o colégio.

— Não deveria estar indo para o seu?

— Irei em seguida. – Bella voltou-se para continuar o seu caminho e Edward a acompanhou. – Fui aceito na universidade.

— Parabéns. – Bella sorriu um pouco.

— Só isso?

— Edward, porque não volta para o colégio?

— Suas provas estão começando. Vim desejar boa sorte. Tive que acompanhá-la hoje.

— Você não sabe o que significa dar um tempo? – Ela ouviu ele rindo.

— Estou feliz. – Bella parou e voltou-se para ele, mas ainda não o olhava diretamente.

— Porque?

— Está um pouco mais falante hoje. Estou mesmo muito feliz. Eu tenho certeza de que vai se curar, Bella. – Bella sem dizer nada prosseguiu alcançando a entrada do colégio. – Hey, garota! – Ela virou para ele novamente. – Eu te amo!


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