Bella não permitiu que o gerente os levasse. Sentia a obrigação de fazer aquilo por Jacob que estava muito quieto sentado ao seu lado enquanto dirigia até o hospital.

— Eu deveria levar você até o hospital onde o meu padrinho trabalha, mas este é o mais próximo.

— E eu prefiro assim. – Bella o viu fechar os olhos com força antes de abri-los novamente.

— Ainda está tonto?

— Não se preocupe. Não é nada demais. – Ela não sabia se podia confiar no que ele dizia a julgar por sua palidez e lábios roxos.

— Você não anda dormindo muito? – Supôs isso quando o viu no Café. Jacob apresentava grandes olheiras arroxeadas.

— Quase nada. – Admitiu. – Bella, importa-se se eu continuar quieto? – Perguntou já fechando os olhos.

— Claro que não. Descanse, logo estaremos chegando. – Dentro de poucos minutos eles deram entrada no hospital. Bella respondia as perguntas das enfermeiras enquanto ele era preparado apara ser atendido. Jacob precisou de maca, pois não estava conseguindo manter-se de pé.

Jacob pediu para que Bella o acompanhasse durante o seu atendimento e não avisasse aos seus pais. Sabia que eles não reagiriam bem aquilo e não queria que Bella tivesse que ir. Preferia a presença dela naquele momento.

Precisou de alguns exames, mas descobriu-se que além da falta de alimentação prolongada, Jacob estava sob forte estresse.  Ele não estava cuidando das suas necessidades básicas desde o seu retorno da praia, depois que soube sobre o envolvimento do seu amigo com a garota que gostava.

— Você não pode fazer esse tipo de coisa. O que estava pensando? Queria chegar a esse ponto? Queria que eu me sentisse culpada assim como o Edward? – Bella ralhou com ele quando ficaram a sós no quarto. Jacob recebia mais soro e sentia-se um pouco melhor.

— Não foi assim. Eu só...

— O que, Jacob? – Ela não acreditava que Jacob estava agindo daquela maneira. Bella estava inquieta, sentindo-se um pouco manipulada.

— Talvez eu quisesse me vingar um pouco quando sumi. E estive com raiva o suficiente para não conseguir comer direito.

— Você é muito infantil. – Acusou. Jacob foi pego de surpresa com aquele posicionamento dela, mas teve que admitir que de fora era isso mesmo que deveria estar parecendo.

— Talvez eu seja. De qualquer forma eu te perdi, mas o que me dá mais raiva é que você escolheu o meu melhor amigo. Como vou suportar vê-los juntos? Eu não quero que fiquem juntos, essa é a verdade.

— Inacreditável. – Irritada ela quis sair do quarto, mas ao virar-se para a porta viu Edward ouvindo a conversa. Ela o tinha chamado minutos antes e contou o que aconteceu.

— É isso o que você quer? – Edward estava assustadoramente sério.

— Porque ainda estou surpreso que esteja aqui? – Jacob sentou e pois os pés fora da cama. Bella voltou quando Edward entrou no quarto e parou perto de Jacob. – Não me falou que tinha avisado a ele. – Disse a Bella que não se sentiu nem um pouco mal com aquilo, diferente do que sentia ao ver a expressão de Edward.

— Prefere matar-se a nos ver juntos? Ficará satisfeito se Bella não estiver com nenhum de nós dois?

— Talvez eu me sentisse melhor se ela não estivesse com nenhum de nós dois, mas só ficaria satisfeito se ela me escolhesse. – Jacob não disse aquilo com raiva, estava se sentindo triste com seus próprios sentimentos. – É egoísta, não consigo ser como você. – Ele suspirou profundamente. – Que seja. Façam como quiserem. Não posso me matar por causa de um amor não correspondido. Então, se puder, deixe-me descansar com a Bella ao meu lado por hoje. – Ele se acomodou melhor na cama e fechou os olhos.

Edward olhou para Bella ao seu lado, ela tinha se aproximado pressentindo algo terrível ao vê-lo tão sério. A sua sinceridade estava influenciando Edward de uma maneira assustadora. A tensão do momento estava toda sobre Bella, era como se estivesse em um quarto completamente fechado e minúsculo. Ela sentia Edward se afastar de uma maneira desesperadoramente rápida.

— Estarei lá fora, caso precise de mim. – Jacob não respondeu. Edward então saiu sendo seguido por uma Bella alerta.

— Edward, não fique tão preocupado. Ele só não estava se alimentando e tem um pouco de estresse. – Bella segurou a sua mão, não para passar confiança a ele, mas porque ela precisava senti-lo perto. Ele sorriu ao ser tocado por ela.

— Volte para lá e fique com ele. Jacob está bastante abalado.

— Ele está agindo como uma criancinha mimada. – Bella falou um pouco zangada.

— Bella, ele só está sofrendo. – O sensor de alerta dela soou ainda mais forte. Ele estava novamente com a expressão séria.

— Edward, você está se culpando? Por acaso pensa em se afastar de mim? – Ele não respondeu, o que para ela foi ainda pior. – É isso que pretende fazer? Vai abrir mal de mim novamente, mesmo depois de ficarmos juntos?

— Está fazendo tantas perguntas...

— Você deveria responder alguma. – Ela ia se afastar, mas ele segurou firme a sua mão já unida e a beijou levemente.

— Conversaremos depois. Entre e fique com ele. – Bella sentiu um arrepio quase premonitório ao ouvir aquelas palavras. Ela rogou ao seu coração para se acalmar. Seu orgulho falou mais alto e decidiu não pedir alguma explicação. Ela assentiu tristemente, tentando ser mais forte do que poderia naquele momento. Suas mãos se afastaram e ela entrou no quaro em que Jacob estava.

Como Bella não podia ficar como acompanhante, Edward tomou a posição para ele, mas permaneceu ainda do lado de fora enquanto os dois estavam lá dentro. Jacob recebeu a ligação da mãe que sempre recebia e omitiu todo o acontecimento.

Assim que amanheceu, Jacob foi liberado. Edward quis levá-lo para casa, mas ele insistiu que não. Desta forma, Bella foi quem o levou para casa o hotel em que ele estava hospedado e depois pegou um taxi para casa.

— Seu amigo está bem? – Sua avó que foi avisada anteriormente perguntou assim que ela entrou em casa. Bella estava com o coração oprimido ainda abraçou a avó com força. – Ele não melhorou?

— Melhorou sim, vó. Eu o levei para casa.

— E porque está tão triste? – Bella não se conteve e mesmo que quisesse manter em segredo suas lágrimas, começou a soluçar. – Menina, o que há? – A sua avó acariciava suas costas enquanto falava que tudo iria melhorar. – Não fique assim, seu amigo ficará bom. – Bella chorou ainda mais, pois, queria receber conforto sobre a sua dor. Ela temia que Edward se afastasse depois de Jacob ficar tão mal por conta de seu relacionamento.

***

— Bella, você não ouviu nada do que te falei. – Alice desistia do seu monologo.

— Desculpe. – Não tinha forças nem mesmo para fingir que estava prestando atenção na prima.

— O que deu em você hoje?

— Não dormi direito. – Ela não tinha dormido nada no hospital e depois da sessão de choro tinha ido direto para a escola. Não que quisesse muito estudar aquele dia, mas queria ver Edward. No entanto, ele não tinha aparecido. Bella enviou uma mensagem saudosa e preocupada e havia recebido uma resposta direta e curta: “Não irei a escola hoje.” Bella não respondeu, não sabia o que dizer. Sentia seus temores aumentarem a medida que o dia avançava.

— Está mesmo com um pouco de olheiras. Isso é pelo sumiço do Jacob?

— Jacob não está mais sumido. – Bella disse sentindo o cansaço tomar conta de seu corpo. Alice arregalou os olhos diante da informação.

— Não?

— Não. Por onde devo começar? – Bella foi sucinta ao falar da visita do Jacob em seu trabalho e depois sobre levá-lo para o hospital.

— Então eles dois estão bem de novo? – Alice pareceu confusa ao saber que Edward havia ficado no hospital com eles.

— Não sei. Provavelmente ficarão.

— Bella, porque você esta tão triste? – Alice perguntou atenta a expressão cada vez mais desanimada da prima. Bella havia decidido não falar sobre o seu pressentimento e a conversa que os três tiveram no hospital. – Aconteceu algo que não quer falar?

— Eu não quero falar porque tenho medo de se tornar real.

— Como poderei te ajudar?

— Apenas me anime. – Bella sorriu para a prima que não correspondeu, ela permaneceu preocupada. – Não fique assim. Está tudo bem. – Garantiu. Para ela, já bastava a si mesma naquele estado de angustia.

***

Bella não conseguiu sair daquele clima. Edward estava muito silencioso desde o acontecimento com Jacob. Ela conseguia ler Edward facilmente e por isso não parava de sentir o coração palpitar de pavor. Assim que saiu do trabalho foi direto para a casa dos Cullen. Diante da casa ela ligou para Edward.

— Bella. – A voz dele continuava sem calor, ela sabia que precisava resolver aquilo antes que enlouquecesse.

— Estou aqui fora. – Edward olhou pela janela. Foi rápido, ela viu. Assim que desligou o celular, quis correr dali, mas se manteve firme. Ela teria que ouvir dele a verdade.

— Está tarde, Bella. É perigoso sair sozinha e você veio de tão longe. – Bella sorriu, ele se preocupava com ela. – Venha, vamos entrar.

— Não. Espere. – Pediu e enlaçou pelo pescoço antes de beijá-lo.

Seu coração ficou mais tranquilo quando ele correspondeu da mesma forma que sempre fez. Conseguia sentir através de seus lábios, os sentimentos que ele tinha por ela. Edward interrompeu o beijo e tinha um vinco entre os olhos.

— Você está tremendo. Vamos para dentro. – Bella o agarrou pela blusa, havia pânico em seu olhar e o beijou novamente com ardor.

Mais uma vez ele correspondeu, mas quando sentiu que ela ainda continuava tremula a abraçou.

— Bella?

— Por favor, me abrace mais forte, me abrace...

— Porque está agindo assim? – Edward perguntou baixinho e com carinho sem deixar de atender ao pedido.

— Estou com medo. Estou sentindo que podemos nos separar. – Novamente o silêncio dele a golpeou fortemente. – Você está mudado desde que esteve no hospital e eu sei o que deve estar pensando. Eu não quero que faça isso, estou me sentindo triste e com medo. – Edward a apertou mais entre seus braços. Beijou o topo de sua cabeça, também estava oprimido, mas algo não saia da sua cabeça. – Eu vim para escutar de você. O que quer fazer?

— Bella, você ainda está trêmula. Vamos entrar um pouco. – Ela se afastou dos seus braços e com olhos úmidos e magoados o encarou.

— Eu preciso saber antes que eu enlouqueça. Você decidiu entrar em meu coração e agora está agindo como se não tivesse responsabilidade. Se gosta de mim de verdade, tire-me dessa angustia. Eu sei que você já decidiu, afinal, Jacob está em sua vida a mais tempo. Jacob é o seu melhor amigo por toda a sua vida. Vocês tinham um pacto de não brigar por garotas e agora ele está prejudicando até a sua saúde porque eu que antes sai com ele estou saindo com você. Estou apaixonada por você. – Saiu como uma confissão. Edward quis abraçá-la novamente, mas ela recuou. – Diga de uma vez!

— Bella...

— Diga, Edward. – Exigiu.

— Porque está me pressionando assim?

— Você já tem a resposta. E eu quero ouvir a sua.

— Eu não posso ser responsável pela infelicidade do meu melhor amigo. Eu não posso vê-lo fazer esse tipo de coisa e fingir que não tenho culpa. É evidente que Jacob não está sabendo lidar. Eu também estou apaixonado, profundamente. Mas como posso seguir com isso? Talvez... – Bella deixou as lágrimas rolarem por seu rosto e Edward tentava se segurar, mas foi em vão. Ele teve que parar de falar para secar seu rosto. – Talvez seja melhor darmos um tempo até que ele se recupere.

— Eu entendo... – Bella falou entre as lágrimas.

— É só um tempo, Bella. Eu... – Edward a abraçou sem conseguir se conter. – Eu quero você, eu quero muito. – Bella não falou nada, apenas chorava. – Por favor... Não chore, não chore mais. – Mas ele mesmo chorava também. Jamais imaginou chorar por uma garota, dar um tempo com alguém pedindo aos céus que algo acontecesse que o impedisse. Quando ela finalmente se acalmou, ela mesma se afastou.

— Tudo bem. – Disse enfim. – Vamos dar um tempo, Edward. Faremos como quiser. – Bella, não fique amargurada comigo.

— Não ficarei. Agora que ouvi, vou embora.

— Eu te levo.

— Não. Vamos realmente dar um tempo, Edward. Não posso agora, receber gentilezas suas. Isso não vai funcionar. – Falou decidida.

— Mas Bella, está tarde.

— Não tão tarde. Posso pegar um taxi.

— Então esperarei com você. – Ele sentia a aceitação dela de forma devastadora. A verdade é que agora que Bella concordou, queria nunca ter dito aquilo.

— Eu não quero. Agradeço, mas não aceitarei. Até mais, Edward. -  Bella deu as costas para ele firme como pôde, mas sentiu o corpo estremecer ao começar a caminhar.

Edward não deu ouvidos a ela. A seguiu lentamente e silenciosamente, respeitando o seu espaço. Não tinha certeza de que ela sabia da sua presença ali, mas continuou protegendo-a. Assim que chegou em um ponto de ônibus ela conseguiu um táxi. Bella sabia da presença dele ali e aquela atitude dele a fez sofrer mais, então decidiu fingir que não o viu. Foi difícil, mas não olhou para ele quando entrou no táxi. Ela não viu quando ele em um reflexo ainda deu alguns passos seguindo o táxi e a chamou diversas vezes. Já era tarde, ela tinha ido e ele teria que lidar com a separação a partir daquele momento.