Tudo é sobre ela escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
A Garota Transferida


Notas iniciais do capítulo

Nem vou dizer muito aqui, achei a sinopse o maior spoiler.
Deixem comentários, assim ficarei sabendo o que estão achando.



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O bar era reservado, não ficava longe de sua escola. Havia alguns alunos por ali que tiravam a camisa do uniforme antes de irem assim como ele. As mesas ocupadas, estavam sendo usadas por pessoas entregues em suas discussões. Algumas falavam um pouco mais alto e riam, outros eram mais discretos, mas ainda assim se divertiam. Mesmo pensando que iria para aquele lugar divertir-se também, não era o que acontecia. Seu mau-humor aumentava consideravelmente enquanto entornava a bebida gelada a sua frente. Edward pegou a garrafa e deu mais um grande gole.

— Parece empenhado em beber hoje. Porque? - Jacob estava começando a ficar preocupado com o amigo. – Você me chamou para beber e eu fui um otário por pensar que estivesse de bom humor. – Jacob passou a mão pelo cabelo extremamente preto, um gesto corriqueiro. Edward pegou uma batata frita e comeu ainda apático. – Você está me irritando. – Agora foi a vez de Jacob tomar um grande gole da sua cerveja. – Idiota.

— Eu a vi hoje. – Resolveu colocar para fora antes que seu amigo levantasse e fosse embora.

— Quem? - Jacob perguntou interessado.

— A garota que meu pai está se encontrando. – As palavras eram amargas em sua boca. – A amante do meu pai. – Jacob ficou incerto sobre o que dizer naquele momento. Era visível que Edward estava amargurado.

— Pensei que não a seguisse mais.

A alguns meses Edward contara que andava desconfiando das atitudes do pai e resolveu segui-lo. Descobriu que ele vinha frequentando uma casa na periferia. Logo soube que lá vivia uma garota, aparentemente da sua idade. Viu os dois saindo juntos algumas vezes, eles fizeram compras, foram ao cinema e tomaram sorvete. Pareciam namorados. Aquilo fez Edward odiar o pai e ele rebelou-se ainda mais, no entanto, não teve coragem de revelar o que sabia e também se odiava por aquilo. Temia que a sua mãe não suportasse aquela humilhação. Pensou um pouco e achou que seria algo passageiro, mas eles ainda se encontravam, ele sabia. Só que naquele dia tudo ganhou proporções imensuráveis.

— Não a segui.

— Tá me dizendo que a encontrou por acaso? -Jacob pareceu intrigado.

— Na nossa escola. Ela é a garota transferida.

— Diabos... – Jacob assobiou.

— Ele teve a audácia de transferi-la para a mesma escola que o filho dele estuda. Aquele cara perdeu totalmente a noção. – Seus olhos chisparam, seu sangue todo fervilhava novamente.  

— Estamos imaginando os fato novamente?

— Ela não caiu de paraquedas ali. Ele deve ter conseguido a vaga pra ela. – Edward ficou inquieto na cadeira. Olhou para o amigo, sua mente fervilhava. – Ela é mais nova do que eu. A amante do meu pai é mais nova do que eu. – Disse indignado e consequentemente falando um pouco mais alto.

— Fala baixo, cara. – Jacob pediu ciente dos olhares das pessoas da mesa ao lado.

— Ele é um cretino e essa garota... – Ele apontou em direção a escola, mas para nada em especifico. - Essa garota é uma pequena vadia.

— Ei, cara... Acho que a bebida já subiu. – Ele tomou a garrafa de sua mão quando a pegou. – Vamos com calma. Ela pode ter conseguido por outros meios. – Edward fuzilou o amigo que sempre tentava ver uma melhor alternativa. – Tudo bem.... Provavelmente foi ele. Vai saber se ela não é a filha de alguém que ele conhece...

— Você está brincando comigo? Já disse como eles parecem íntimos e felizes juntos. – Edward sorriu descrente. - Ele vai cobrir as mensalidades dela? - Se deu conta incrédulo e então gargalhou. O som da sua gargalhada era sombria. – Fico imaginando se essa notícia se espalha, como ficaria o cargo dele no hospital. A sua sorte é a minha mãe. – Edward pensava com dó em sua mãe.

— O que está pensando em fazer? - Edward parou um pouco, olhava fixamente um ponto invisível na mesa. De repente, um sorriso agora diabólico foi sendo sugerido até que todos os seus dentes se revelaram.

— Ela vai lamentar o dia em que cruzou os nossos caminhos.

— Edward, a garota....

— O que? – Ele interrompeu o amigo falando mais alto. - Vai dizer que ela é inocente? Você ouviu tudo o que eu disse antes, eles são amantes. – Cuspiu irritado e novamente um pouco alterado.

— Tudo bem, está irritado e com razão. Só que, é segunda, Edward. Você é capitão do time e tem que dar exemplo. Você ouviu o que o treinador falou. É o nosso último ano, eu quero no mínimo entrar para a história da escola. – Edward conseguiu sorrir no meio de toda a sua amargura diante da expressão sonhadora do amigo. – Tem que pegar leve até o final, cara. Não faça nada que te leve a uma detenção ou o treinador vai pirar. Entendeu?

— Entendi. – Edward deu um esgar, mas sorriu em seguida.

Eles não demoraram muito mais, por insistência de Jacob. Tinha que voltar para casa e ainda terminar uma atividade antes de dormir. Edward não queria entrar em casa, por isso permaneceu por alguns minutos divagando dentro do seu carro. Carro que ele tinha ganhado do pai no natal passado. Ele ficaria muito feliz se já não soubesse o que o pai andava fazendo. Primeiro não quis aceitar, não queria nada dele, mas depois pensou bem e resolveu tirar tudo o que pudesse do seu pai traidor.

Resolveu entrar, de ponta de pé foi até o quarto da mãe. Pensou que ela estivesse dormindo, mas Esme lia sentada na cama. Usava seus óculos borboleta e olhou para a sua cabeça flutuante na porta. Edward sorriu para ela, doeu sorrir quando queria gritar.

— Você chegou. – Ela devolveu o sorriso. – Entre. – Edward entrou, jogou a mochila nos pés da cama e ajoelhou-se diante da mãe. – Você comeu? - Edward confirmou sorrindo para mãe. - Cerveja. – Ela sentiu o cheiro vindo dele. – Vai me tornar mesmo esse tipo de mãe? Tenho que ser chata com você e dizer que não aprovo isso. Deveria ter vindo para casa fazer suas atividades. Ainda é segunda- feira, Edward. Há prioridades, sabia?

— A prioridade hoje era tomar uma cerveja. – Os lábios de Esme curvaram-se nas pontas. Ela olhava para o filho com atenção e carinho.

— Sabe que não pode deixar os estudos de lado.

— Se eu deixar, Carlisle paga para que eu não fique mal.

— Eu nunca deixaria ele fazer isso. – Disse firme para o filho que ainda sorria. – Quando essa rebeldia vai passar? - Edward enfim desfez o sorriso. – Parece estar pior este ano. O que eu posso fazer? - Disse realmente preocupada.

— Vamos embora desse lugar. Vamos deixar essa cidade. – Edward deixou que as emoções falassem mais alto. Esme não entendeu aquele desejo repentino do filho.

— Porque quer sair daqui? Aconteceu alguma coisa? - Edward deu-se conta do que tinha feito, uma bela escorregada. Ele sacodiu a cabeça em negação.

— Não, nada. – Controlou-se. - Acho que serei um bom menino. Vou para o meu quarto e me distrair com alguns exercícios de matemática.

— Faça isso. – Ela ainda o observava. Estava tentando descobrir se algo o perturbou.

— Boa noite, mãe. – Ele beijou o rosto da mãe.

— Boa noite, filho.

Entrou em seu quarto, era espaçoso e ventilado. Esme que sempre quis agradá-lo decorou o quarto dele aquele ano com um tema jovem e divertido. Uma das paredes estava com um papel de parede colorido, com cores de tinta sobrepondo-se, havia até um grafite no meio. Nas outras paredes bege claro encontrava-se vários artigos decorativos e de entretenimento, uma cesta de basquete, um alvo de dardos por exemplo. Também havia prateleiras com livros e quadros. Num canto, uma mesa de computador, uma tv na parede, uma cama enorme e confortável além de um criado-mudo e uma poltrona. Ele tinha adorado aquele estilo e pretendia manter o lugar daquela forma.

Tirou o livro da mochila e seu lápis. Sentou-se diante da mesa, debruçou-se. Queria realmente concentrar-se na tarefa, queria por um momento esquecer-se da garota e do seu pai. Ele estaria no hospital aquele momento, se voltasse, seria mais tarde ou simplesmente ele dormiria por lá. Desde que se tornou o Diretor, parecia ter ainda menos tempo para a sua família. Mas, no meio de tudo, ele ainda tinha tempo para a garota.

Quando ele enfim descobriu que o pai visitava uma garota, ele ficou obcecado querendo descobrir mais sobre ela. Edward começou a segui-la. Sabia que ela também era estudante de um colégio local de onde morava. A garota também trabalhava em um café a poucos quarteirões. Certo dia, quando fugiu da escola por alguns momentos durante as aulas, ele foi novamente verificar a amante do pai. Estava certo de que falaria com ela, a desmascararia. Exigiria que ela se afastasse. Viu quando ela voltava para casa, carregava uma mochila nas costas e livros e classificador na mão. Parecia uma estudante empenhada.

Edward caminhou decidido em sua direção. Notou que ela o viu, seus olhares conectaram-se. Pareceu surpresa por um momento, mas sustentou a conexão. Estavam próximos agora, Edward notou que ela possuía olhos claros, boca rosada. Seu cabelo preto contrastava com a pele alva. Suas roupas eram estilo tomboy, camiseta preta, calça com alguns rasgões com dobras nos calcanhares e sapatos Oxford preto. Seus pulsos estavam cheios de adereços e tinha anéis nos dedos, mas nada nos cabelos soltos. Apesar de não ser uma garota do tipo que saia, Edward teve que admitir que ela tinha presença. De repente, como que para repelir aquele pensamento, ficou irritado e antes de passar por ela, trombou o lado do seu corpo com força contra ela que rodopiou e deixou cair tudo no chão.

— Ai! – Ela arfou e olhou para ele surpresa. A garota que o tinha achado atraente segundos atrás estava totalmente irritada com aquela atitude. Edward olhava de cima para baixo para ela, com ar de desdém. Ela não precisou de muito para ter certeza de que estava diante de um filhinho de papai, do estilo que se acha superior a todos.

— Tome muito cuidado. – Avisou. Ela vincou os olhos para ele sentindo-se ofendida com aquilo. Edward virou-se sem ao menos oferecer ajuda para pegar seus livros do chão. Ele claramente tinha feito aquilo de proposito, ela só não sabia o porquê daquilo.

— Ei, você! – Ela o chamou, mas ele a ignorou. – Você tá de brincadeira? Estúpido! – Bateu pé sem conter a vontade de avançar no imbecil metido.

Ele sorriu maldoso por tê-la irritado, mas perguntou-se porque não havia confrontado a amante do seu pai. Virou-se rapidamente e a viu recolhendo seus pertences do chão. Edward voltou para a escola ainda querendo machucá-la mais.

Semanas depois do primeiro encontro, viu-se diante dela, em sua escola. A garota estava diferente com o uniforme do colégio. Saia godê azul marinho até os joelhos, uma blusa de botões branca, gravata e blazer também azul. Ela usava seus sapatos Oxford com meias. Um casal bastante conhecido na escola estava conversando com ela nos corredores.

Jasper Hale e Mary Alice Brandon, ambos músicos, tinham a sua própria banda. Eram tão influentes quanto ele na escola. Edward tinha mais contato com Jasper, seus pais sempre estavam se encontrando. O pai dele estava no ramo das drogarias e como Carlisle era médico, estavam sempre se falando. Tinha o fato também de serem da mesma turma. Já saíram algumas vezes e poderia dizer que eram amigos. No entanto, girou sob seus calcanhares e fez o caminho de volta. Não estava com estômago para passar por eles naquele momento.

Pelo menos, uma coisa ele pôde saber aquele dia: o nome da garota. Isabella Swan. Não vinha de uma família rica e todos achavam que ela tinha conseguido uma bolsa. Edward sabia da verdade, não era uma bolsa e sim Carlisle Cullen, ele tinha levado a sua amante para aquela escola.

— A garota nova que estava com você. Qual o nome dela? - Um de seus colegas perguntava para Jasper ao seu lado na sala de aula.

— Isabella Swan. Ela e a Alice são da mesma sala. Alice já a adotou, sabe como é ela. – Jasper riu divertido. Edward fechou ainda mais a expressão.

Desistiu de tentar entender o que aqueles problemas pediam, havia um muito maior e assustador na sua vida real. Ele sabia sobre o pai, sabia que a garota estava na mesma escola que ele, mas não sabia o que fazer com a informação a não ser tornar a vida dos dois um pouco mais difícil. Sobre a sua mãe.... Fechou o livro com força e passou as mãos nos cabelos deixando-os ainda mais rebeldes. Resolveu tomar um banho e dormir.  

No dia seguinte, acordou cedo e se preparou para ir a aula. Sua mãe o chamou, estava também pronta. Edward viu a cena corriqueira: Esme e Sarah pondo uma belíssima e variada mesa para o café da manhã. Esme estava como sempre radiante em seu vestido floral solto e parecia sempre bem-disposta. Depois do café ela iria para seu trabalho na rádio local onde transmitia um programa diário. Quando chegava em casa, trabalhava em seus livros. Era bom que tivesse a Sarah para ajudá-la nos afazeres domésticos.

Seu pai já estava sentado, devidamente alinhado em sua roupa formal, cabelos penteados e brilhantes. Carlisle era a personificação de um homem bem-sucedido e limpo em quase todas os parâmetros, pois havia a Isabella Swan. Seu lado sujo, era podre.

— Bom dia! – Esme o viu ao sentar-se ao lado do seu pai que também olhou para o filho notando-o.

— Bom dia, Edward. – Carlisle também o cumprimentou.

— Olá, bonitão. – Sarah passou por ele e desapareceu com seus afazeres.

— Bom dia. – Forçou-se a se aproximar e sentar junto do pai. Ele olhou para os dois ali, pareciam felizes em seu casamento.

— Rosie voltará a noite? - Rosalie, a irmã mais velha do Edward, tinha seguido os passos do pai e agora era residente em seu hospital.

— Sim, o plantão dela termina hoje. Não se preocupe, estou de olho nela. – Esme sorriu agradecida. Preocupava-se com a filha nessas longas horas trabalhando. – E você, como está se saindo na escola?

— Mais ou menos. – Edward não queria muito papo e procurou ocupar sua boca com qualquer coisa e mastigar.

— Isso nos preocupa, já que você por muito tempo foi o aluno número um.

— Isso faz tempo. – Forçou-se a dizer.

— Não muito tempo. – Carlisle rebateu. – São as garotas? - Seu pai falaria sobre garotas naquele momento?

— Sobre garotas.... Tem uma nova transferida na escola. – Edward fez questão de falar pausadamente enquanto olhava o pai ouvir aquela informação. Notou que ele deu uma leve pausa no mastigar. Deveria provocar mais? - Isabella Swan, provavelmente conseguiu uma bolsa ou alguém está bancando seus estudos. – Carlisle estava bastante quieto.

— Sua família não pode pagar pelos estudos dela na sua escola? - Esme perguntou.

— Sim. Mas sabe... ela é bem bonitinha, talvez eu faça dela a minha garota durante o ano. - Carlisle engasgou e Edward deliciou-se com aquilo. Esme tentava ajudar o marido que estava vermelho. – Você está bem com isso? - Provocou com sua pergunta de duplo sentido. Carlisle apenas assentiu.

— Deveria parar um pouco de namorar e focar nos estudos e basquete. – Carlisle o aconselhou.

— Posso fazer ambos. Eu estou de saída. – Edward levantou.

— Mas você mal comeu. – Esme resmungou.

— Até mais. – Ele saiu sentindo-se parte vitorioso por ter feito o pai reagir daquela maneira, e parte furioso.

Edward chegou cedo na escola, mas as poucas pessoas que já estavam lá o cumprimentavam. Ele era muito popular e influenciador. Sentado em um dos bancos externos, esperava por uma pessoa em particular e ela chegou em seguida com uma de suas amigas ou seguidoras ao seu lado. Ele não precisou chamá-las, logo que o viram, caminharam em sua direção.

— Não é maravilhoso encontrar, Edward Cullen assim que se chega a escola? - Irina, extremamente magra, alta e platinada parou diante dele com um sorriso de orelha a orelha.

— Maravilhoso. – Emily, garota de cabelos escuros e Chanel concordou animada.

— Garotas.  – Edward acenou para elas com uma sugestão de sorriso.

— Hoje terá treino, não é? Treinaremos também. – Irina era capitã das líderes de torcida e eles costumam sair.  

— Sim. – Confirmou. – Vocês já conheceram a transferida? - Foi direto o que fez as meninas se entreolharem curiosas.

— Já a vimos, uma insignificante. Porque?

— Ela não deveria estar nessa escola é como manchar todas vocês que não se comparam a ela. Porque não fazem o que fizeram com aquela garota que pediu para sair da escola? - Sugeriu.

— Acha isso mesmo, Ed? - Irina perguntou feliz por fazer algo por ele.

— Sim. – Edward levantou e pôs a mochila nas costas. – Aquela garota definitivamente não deveria estar entre vocês, entre nós.

— Faremos algo sobre isso. – Irina piscou para ele selando um tipo de acordo.


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