Por que tudo tem que ser assim?

Yuri vivia um sonho. Aquele príncipe encantado ouvira seu coração e viera salvá-lo do fracasso, desistência.

Victor Nikiforov, a lenda viva que inspirara sua carreira como pantinador, viera da Rússia e tornara-se o seu salvador.

Por ele e para ele Yuri fizera o trajeto perfeito naquele circuito livre.

Para surpresa de todos Victor correu ao seu encontro e saltou sobre ele. A intenção de beijo era clara. Empolgou Yuri e o assustou.  A venda caiu-lhe dos olhos e o pobre japonês entendeu tudo.

A um segundo de concretizar o beijo, Yuri virou o rosto.  Escondeu-o na curva do pescoço do treinador, feliz em evitar o encontro inusitado dos lábios.  O coração disparou e o rosto esquentou.  Sentiu-se dividido entre a recusa pelo carinho que Victor oferecia e ser sincero com o que realmente sentia.

Foi o próprio Victor quem resolveu o impasse.

“Eu entendo...”, o rapaz de cabelos claros sussurrou-lhe no ouvido, enquanto o estádio vencia o estupor pela cena inusitada.

Yuri suspirou aliviado, olhos marejados.

No último segundo certo loirinho de pavio curto viera-lhe a mente num rompante.

E era a ele, só a ele que pertencia seu primeiro beijo.