Nerve escrita por LustForJohn


Capítulo 5
Um gole


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo ♥ segundo desafio com o Nick :3 shippem bastante eles, sério! Shawnick é vida.
Boa leitura.



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Toco em aceitar e o aplicativo rapidamente muda para uma tela onde mostra orientações para o que vem pela frente. Leio a mensagem em voz alta e me levanto do meio-fio. Camila também levanta e ouve atentamente.

BEM-VINDO ÀS PARTIDAS AO VIVO, SHAWN!

VOCÊ VAI TER A OPORTUNIDADE DE GANHAR

TONELADAS DE GRANDES PRÊMIOS.

E ESCOLHEMOS PARA SER SEU PARCEIRO

ALGUÉM QUE VOCÊ JÁ CONHECE: NICK!

Pensei que nunca mais fosse ver ele, não sei se vou conseguir olhar nos olhos dele depois de tê-lo beijado.

ENTÃO, AQUI ESTÃO OS REQUISITOS

DO SEU PRIMEIRO DESAFIO:

• DAR TCHAU PARA A SUA AMIGUINHA.

Logo abaixo aparece uma foto da Camz. Ai, droga! Eu vou continuar com os desafios sem ela? Quem vai me proteger? E se o Nick for um cuzão? Bem, ele foi legal comigo hoje de manhã e me deu um muffin saboroso. Vai ser como um emprego novo — não posso ser sempre um garoto independente.

Os outros requisitos aparecem:

• ENCONTRE NICK NA MESMA

CAFETERIA DE HOJE EM MEIA HORA.

• ENTRE E PEÇA PARA BEBER O CAFÉ DE DEZ

PESSOAS QUE ESTEJAM LÁ DENTRO.

• SAIA COM NICK CANTANDO

O REFRÃO DA CANÇÃO ABAIXO.

Não aguento mais desafios envolvendo café ou aquela lanchonete, pelo menos em nenhum lugar fala que eu preciso beber o café, apenas pedir. Hum, parece fácil. Só espero que as pessoas não pensem que eu gosto de ficar doidão perto da praia enquanto eu estiver cantando essa música. Se minha mãe ver, eu nunca mais vou sair de casa — nem para a escola.

— Como é que vai ser? — Camila me cutuca.

— Ah, parece que vou ter que voltar ao Cafeinamente com Nick.

— Nick, aquele cara que você beijou?

— Sim, Camz. Querem que eu jogue com ele.

Ela balança os cabelos em desaprovação.

— Qual é, Shawn, vai mesmo confiar em um desconhecido? Vai que ele foi plantado pelo NERVE para fazer maldades com seus sentimentos.

Não sei no que quero acreditar. De qualquer forma, ele namora — eu acho. Não tenho que me preocupar com os meus sentimentos ou os dele, a não ser que tenha tudo sido uma mentira e eu tenho quase certeza que foi.

— Não seja egoísta, os Observadores devem ter gostado do beijo que eu dei nele e NERVE quis ganhar dinheiro nisso.

— É. Aposto que sim. — Ela ri. Que bom que não está tão chateada com isso.

Suspiro. Agora, tenho vinte minutos para chegar ao Cafeinamente. São 19:40. Acho que vou conseguir fazer alguns desafios antes das dez da noite. Espero que eu consiga prêmios caros, e que meus pais não venham atrás de mim com a guarda costeira e mais dois detetives.

Pisco surpreso quando vejo Louis e Lauren correndo em nossa direção. Ambos estão com um combo de felicidade e surpresa no semblante. Camila fica vermelha e vira para o meu lado, cobrindo o rosto com o cabelo. Apavorada?

— Shawn! — grita Louis. Quando menos percebo, mais pessoas estão se aglomerando ao meu redor urrando meu nome. — Acabei de ficar sabendo da novidade. — Ele balança o celular na minha frente. — Você vai participar das partidas ao vivo!

Enrubesço. Isso não é tão importe assim, é apenas alguns desafios bobos.

— Sim, eu fui classificado.

— A Lele não foi, e até agora nem apareceu para dizer algo — diz Lauren. — Aposto que está arrependida de não ter participado nem dos desafios desclassificatórios. — Ela sorri. — Você tem que mandar ver!

Camz solta uma risadinha irônica, feliz com a notícia sobre Lele.

— Eu vou, eu acho — respondo, indiferente.

Lele não foi classificada? Estou passado na manteiga, ela deve estar se roendo. Aposto que pensou que NERVE fosse classificar ela só por ter sido famosa na última edição. Ela nunca nem foi para a Grande Final nenhuma vez, não entendo tamanha fama.

— Nós somos Observadores, te assistiremos o tempo todo — diz Louis. — Ao vivo!

Todo mundo começa silabar meu nome em um único coro. Reconheço vários rostos da escola, mas a maioria é desconhecido e bem mais velho que um estudante do ensino médio. Camila puxa meu braço em direção ao meu carro.

— Shawn — murmura. — Vamos.

— Ah, Camz, desculpe — murmuro de volta. — Você não pode ir. O NERVE disse que não era para você me seguir. Vai ser apenas eu e Nick daqui por diante.

— Como é que é? — Ela pestaneja. — Eu não vou te deixar sozinho com aquele cara. Você nem conhece ele.

— E nem ele a mim. Não se preocupe, não vai acontecer nada. E eu só tenho mais dez minutos para chegar ao local.

— Você realmente é muito difícil. Vou te assistir pelo celular de Louis ou Lauren.

— Valeu — grasno. — Promete torcer por mim? — Aponto meu dedo mindinho para Camila.

— Prometo. — Com o mindinho dela, Camz cruza o meu, selando um forte laço confiante. — Só não vai se meter em alguma furada, e se Nick tentar alguma coisa que você não queira, chuta no meio da perna.

Camila é uma fofa.

Ela tira o celular do bolso de seus shorts jeans curtos e o aponta para mim, fingindo que está me gravando.

— Não é assim que os Observadores fazem?

Ela ri. Dou uma risadinha e abraço-a. Ela beija minha bochecha, me desejando boa sorte. Me despeço de Louis e Lauren e entro no meu Monza vermelho. Lele não apareceu para se despedir de mim. Vai ver ela está muito ocupada fazendo algo com o Ross... ou chorando por não ter sido classificada. Que fracasso.

Enfio a chave no carro e dou a partida. Minhas mãos estão tremulas, mas o cheiro do meu carro velho me acalma. Nunca pensei que eu fosse jogar NERVE, muito menos chegar tão longe, muito menos com um cara que eu nem conheço. Vai que dá, Shawn.

O jogo vai começar agora.

Pra valer.


As avenidas de Seattle estão pouco movimentadas enquanto dirijo até o Cafeinamente. Meu desafio é simples, não tão vergonhoso. É como os anteriores: café e cantar. Estaciono o carro no meio fio e saio. De cara vejo Nick parado na esquina, com as mãos no bolso de um casaco vermelho. Ele sorri quando me vê.

Nick está usando a mesma calça jeans de manhã, mas trocou a blusa de banda por uma regata cinza, quase totalmente ofuscada pelo moletom. Ele abaixa o capuz cinza quando me aproximo. Fico numa distância aceitável para que ele não precise levantar a cabeça ao manter contato visual comigo.

— E aí? — Ele sorri, ainda com as mãos dentro dos bolsos do casaco.

Seguro meu braço atrás das minhas costas.

— Oi. Peço desculpas mais uma vez por te beijar. — Estou forçando a barra?

— Está tudo bem. Quero dizer, não gostou? — Pergunta com uma risadinha. Eu amei, mas guardo essa resposta para mim mesmo. Ele afasta um pouco minha camisa azul aberta e aponta para o desenho de um violão na minha blusa de dentro. — Eu sei tocar. Violão.

— Legal — respondo. — Eu adoro violão, mas só toco na escola. Quem sabe NERVE me dá um.

— Agora que você falou, provavelmente irão te oferecer. Eles possuem ouvido até onde você não quer imaginar. — Seu tom irônico me roubou um sorrisinho.

Ele está certo, na cafeteria eu falei que meu beijo era mais caro e me ofereceram várias coisas adicionais.

Pigarreio e falo:

— Recebeu a mensagem do NERVE?

— Sim, somos parceiros! — Ele parece estar animado com a ideia. Sorrio para ele, não quero desanimá-lo.

— Qual é o seu desafio? — Pergunto, ainda no clima.

— Pedir uma mordida do bolinho de dez pessoas lá dentro. — Ele sorri. — Igual quando você pediu para mim. E o seu?

É mesmo, eu fiz esse desafio mais cedo, mas eu também tive que beijar Nick — não me arrependo.

— Pedir um gole do café de dez pessoas — minha voz é baixa. Levanto meus braços para atrás da minha cabeça. — Não se esqueça da música. Você conhece, né?

— Claro. — Ele começa a cantar o refrão da música em uma forma desajustada, mas sua voz é encantadora, fazendo minha bochecha queimar estrelar. — Vamos?

Ele estende o braço para eu ir na frente, e eu vou. A cafeteria está bem mais cheia do que das últimas vezes. Pelo menos o triplo de pessoas de ontem à noite, quando eu bebi aquele café extra quente. Deve ser porque é sábado, o melhor dia para se reunir com os amigos em uma lanchonete. Olho para Nick e fico vermelho quando percebo que ele já estava olhando para mim.

— Minha câmera é péssima — digo, puxando assunto.

— Não está nos contratos que você precisa de um celular bom para jogar. — Ele dá de ombros, sorrindo. Eu balanço a cabeça concordando.

— Você tem razão. Vamos nos separar e completar o desafio. — Proponho.

Retiro o celular do bolso e vejo que o aplicativo de NERVE já está nos favoritos. Não lembro de ter feito isso. Toco nele e aparece uma mensagem dizendo "DESAFIO NÃO INICIADO". Quando o timer chega à zero, a câmera frontal abre sozinha e vários comentários surgem abaixo em disparada. São os Observadores ao vivo? Não consigo ler nenhum — apenas vejo meu rosto de desespero. Lanço um sorriso bobo para Nick e desejo boa sorte.

Ele anda pela cafeteria em busca de suas vítimas. Olho de realce para o atendente: é o mesmo de ontem. Talvez ele não me note, está ocupado com uma fila enorme de adeptos do café noturno. Estas pessoas não devem dormir muito bem.

Paro na primeira mesa perto de mim: um casal de jovens adultos. A garota está com um copo de café, enquanto o rapaz bebe um milk-shake de chocolate, com o braço sobre os ombros dela. Levanto um pouco o celular, nada discreto.

— Com licença, você poderia me dar um gole do seu café? — Pergunto à mulher.

— Sai pra lá, cara — responde o homem com ela, quase rosnando.

Grosso. Um já foi. Vejo de longe Nick morder o pedaço do bolinho de uma garota. Hum, aposto que também vai pedir o número dela! Por que estou com ciúmes? Ainda não somos nem amigos. Vou até a próxima mesa, uma garota usando óculos sozinha está tomando um café pequeno enquanto mexe no celular.

— Me dá um gole do seu café?

Ela ri timidamente e estende o copo na minha direção. Sorrio e balanço as mãos, recusando e agradecendo. Dois.

Peço para mais três pessoas; uma mulher negou, um cara deixou e a outra garota me ignorou. Parto para uma mesa com um grupo de quatro atletas da minha escola usando jaquetas esportivas: todos estão bebendo café e comendo bolinhos. Nick aparece ao meu lado, segurando o celular, e sorri para mim. Acho que reconheço um deles. Liam ou alguma coisa assim. Trocamos pouquíssimas palavras durante todo o ano escolar. A gente conversa melhor em festas — ele é todo empolgado com seus assuntos surreais.

— Esse seu bolinho parece bom — diz Nick para o primeiro cara, na ponta da poltrona. — Me dá um pedaço?

— Quê? — ele ri com a pergunta. — Não.

— E para mim? — Pergunto. — Me dá um gole do seu café?

— Vão comprar sua própria comida.

Reviro os olhos para ele. Detesto gente bruta.

— Desculpe, me dá um gole do seu café? — Pergunto para o cara ao lado dele, o Liam. Ele me conhece, acho que vai me dar. Se bobear, também me dá o número dele.

— Claro. — Ele ri e estende o copo para mim. Como ele foi gentil eu bebo um gole, apesar de eu ter pegado nojo de café desde ontem. Estremeço os olhos, forte.

— Obrigado.

Lanço um olhar para Nick e ele dá de ombros.

— Eu já pedi dez vezes — sussurra no meu ouvido. — Só falta você, e a música.

Nick pega o meu celular de fininho e começa a me gravar com ele, quase que furtivamente.

O garoto do outro lado da mesa olha para mim com cara feia antes mesmo de eu perguntar. Peço um gole da bebida e ele revira os olhos, bebendo o seu café e me mostra o dedo do meio. Vá se foder você.

Mostro o dedo do meio de volta mentalmente e me dirijo para o outro rapaz, um asiático gatinho de cabelo tingido de vermelho. Ele está na ponta da poltrona, perto de mim, com um grande fone de ouvido sem fio em volta do pescoço. Peço para ele a mesma coisa, mas ele parece estar mais nervoso. Ele levanta e agarra meu braço, me empurrando para trás. Ai, essa doeu!

— Sai daqui mendigo.

Nick agarra o ombro dele e o empurra de volta, mas com menos força.

— Ei, já estamos indo. Deixe-o em paz.

Liam se espreme na mesa e para na frente do asiático, tentando o acalmar. Ainda bem que tenho um aliado para colocar uma coleira neste pit bull — posso jurar que acabei de o ouvir rosnar.

— Deixa pra lá — ele diz. — Eles estão naquele jogo idiota de desafios.

Sinto um bafo no meu pescoço e me viro. Meu coração para de bater quando vejo que aquele mesmo atendente de ontem está bem atrás de mim, me fitando com um semblante muito feio. Ele está segurando um copo de café na mão, possivelmente um pedido — ou ele vai jogar isto na minha cara?

— O que está acontecendo aqui? — Ele pergunta sem tirar os olhos de mim.

— Este mendigo está pedindo a nossa comida — diz o asiático ruivo, apontando um dedo para mim por cima do ombro de Liam. — E isso está incomodando.

Que arrombado.

— É mesmo? Você só causa problemas aqui — dirige a voz para mim o atendente. — Acho melhor você ir embora.

— Você não pode me expulsar! — choramingo.

— Posso.

O atendente me segura pelo braço e me arrasta em direção à saída. Opa, onde estão os meus direitos de cliente? Nick também está sendo arrastado para fora pelo asiático nervosinho. Liam protesta:

— Calma, galera. Não precisa agredir os caras.

Agradeço mentalmente Liam, entretanto ninguém o ouve. Caramba, o vou perder o desafio! Lembro-me então que o atendente que me arrasta para fora possui um copo de café na mão. Pigarreio.

— Me dá um gole desse café? — Pergunto bem alto, para que o microfone do meu celular na mão do meu parceiro possa me ouvir, já que duvido que esteja me vendo com tanto rebuliço.

— Não.

Nick ri e começa a cantar o refrão da música com sua voz sensual. Dou uma risadinha e me junto a ele, e estamos nós dois cantando essa música sobre ficar chapado perto da praia de uma cantora que deve fazer isso diariamente. Os dois ogros nos jogam na calçada, me fazendo cair de bunda. Nick tropeça nos meus pés e cai ao meu lado.

Em uníssono, cantamos o verso final:

— Get high, baby, baby, bye, bye.

Tenho vontade de beijá-lo, e o frenesi em seu sorriso para mim denuncia que ele também quer fazer o mesmo. Meu celular vibra e faz um som que é música para os meus ouvidos. Aquele som de dinheiro anunciando "DESAFIO COMPLETO".

— Completamos! — exclama Nick. — Isso foi muito legal!

Eu uivo ao lado dele e caímos na gargalhada. Não pensei que a gente fosse se divertir tanto. Nick se levanta e estende um braço para mim, depois que me levanto eu o abraço enquanto rimos, no impulso. Fico surpreso quando ele me abraça de volta, apertando minhas costas. Eu nunca teria coragem de pedir comida mesmo que brincando, acho que NERVE me deu uma boa dose de carisma. Nick também.

Olho em volta, percebo então que estávamos cercados por uma multidão. Todos urram de alegria. São Observadores, todos estão nos filmando com os celulares de diversas marcas. Me sinto famoso. Eles formam um coro com nossos nomes, como um grito de guerra.

— Shawn, Nick! Shawnick! Shawn, Nick! Shawnick!

Me separo de Nick quando um garoto animado me cutuca. Ele parece ter apenas quinze anos.

— A gente assistiu pelo lado de fora. NERVE não deixou a gente entrar porque poderia atrapalhar — ele explica. — Aquele asiático estava com o rosto da mesma cor do cabelo.

— Deve ser o excesso de cafeína — comento, quase gritando.

Todo mundo começa a rir. Meu comentário teve graça? Nem eu mesmo entendi. Isso é sinal de que gostam de mim e sou socialmente aceito. Lanço um olhar para as câmeras e dou um tchauzinho, sorrindo. Ser famoso é bom. A multidão fica gritando:

— Façam mais! Façam mais!

Eu também quero mais. Foi muito divertido, e ainda não é nem nove da noite!

— Eles amam a gente! — gargalho para Nick.

— Sim. Legal, né?! — Ele sorri para mim. — Vamos esperar o próximo desafio no meu carro?

Já estamos indo para a próxima etapa na nossa amizade?

Faço que sim com a cabeça e nos despedimos dos nossos seguidores. Nick me guia até o seu carro, um Ford Del Rey caramelo, e abre a porta para eu me sentar. Ele arrodeia para o outro lado e se senta no banco do motorista. O carro de Nick é aconchegante e também tem cheirinho de velho, igual o meu. Ele liga o aquecedor. Bem melhor, estava um frio danado. Nick fica olhando para mim, me fazendo esquentar estrelas mais ainda por dentro.

— Acho que ainda não nos apresentamos — ele diz.

— Não diretamente — tusso.

— É, talvez — ele pigarreia. — Conte-me sobre você, Shawn.

Droga, ele vai me oferecer um emprego? Reviro os olhos para mim mesmo e vejo algumas garotas filmando nós dois um pouco distante. Eles pagam para gravar, ou o NERVE os paga? Porque eu não faria isso o tempo todo gratuitamente. Aposto que esses Observadores amam espalhar notícia. Também estou amando esta notícia: ficar com um cara dentro de um carro, só nós dois...

— Eu sou apenas um leonino no último ano do ensino médio que está cansado de ficar na rotina escola-trabalho-casa — despejo. — Me inscrevi no NERVE apenas para ver como era, mas acabei me aprofundando...

— Está gostando? — Sua voz sai como um murmúrio, me fazendo estremecer.

— Bem, mais ou menos. Eu fiz um pacto com a minha melhor amiga de que nós nunca iriamos jogar NERVE, depois de uma história que aconteceu comigo. Mas eu resolvi deixar no passado. É apenas um jogo bobo com desafios bobos, e eu ainda saio ganhando. Por que não?

Ele faz um rosto de aprovação, concordando comigo.

— Belo resumo. Mas e de ficar comigo, está gostando? — murmura.

— Ah.

Não acredito que ele mandou essa. Que vergonha.

Ele se aproxima e estica seu braço atrás de mim. Seu rosto está próximo do meu, permitindo que eu sinta sua respiração ofeganteO que ele está fazendo? Quando penso que ele vai me beijar, ele desce o botão da tranca da porta atrás de mim. Me viro e vejo uma multidão nos filmando. Não temos privacidade nunca?

— Os Observadores estão quase subindo em cima do meu carro. Vamos dar o fora daqui?

— Claro.

Ele liga o carro e buzina para os nossos seguidores se moverem. Ele sai pelas ruas e estaciona meio quilometro mais longe. O silêncio fica no ar. Dou uma leve olhada para ele e percebo que ele está me encarando. O cotovelo sobre o volante com o punho fechado apoiando o queixo. A marca de seu braço grosso e forte fica estampado na manga do seu casaco vermelho. Ele sorri.

O meu celular vibra e aquele mesmo som irritante de bebê psicodélico falando dadá soa pelos nossos dispositivos. Tiro o meu do bolso, e, como esperado, o próximo desafio de NERVE.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo?? Espero que sim! O que acharam do desafio? Por favor, comentem o que estão achando da fanfic, o que acharam do capítulo, ajuda muito! E se possível, favoritem!
Até o próximo capítulo,
xxxooo