Nerve escrita por LustForJohn


Capítulo 3
Beijo caro


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos comentários Heidi Biersack e Save Pompeii ♥ esses comentários ajudam muito!



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Abro meus olhos no susto. Ecoa pelos meus ouvidos aquele horrível som de mensagem recebida.

Plim, plim, plim.

Meu gato, Miles, está dormindo ao lado de meus pés, esquentando-os.

Plim, plim, plim.

Argh, que inferno! Ele passou a noite carregando em cima da minha escrivaninha, não irei me levantar tão cedo para ver quem está me mandando mensagens. Como se não bastasse, ele começa a tocar. Quem está me ligando? Miles, vai lá atender! Eu te dou dois Biscoitos Scooby. Sim, eu sei que você é um gato e não um cachorro.

O celular para de tocar. Sem mais nenhum sono, levanto meu corpo. Coço os olhos e olho no meu relógio digital, ainda são 07h25. Acordar cedo no sábado, que maravilha. Bufo, tiro o cobertor de cima de mim e caminho como um morto até o banheiro. Olho profundamente para dentro dos meus olhos através do espelho. Olheiras denunciam minha noite mal dormida. Escovo rapidamente os meus dentes, mas nem isso tira o gosto do café em meu hálito. Droga, o café. Minha nossa, isso realmente aconteceu.

Saio do banheiro e tiro o meu celular da tomada. Dou um pulo na cama, fazendo Miles dar outro pulo para fora. Vejo todas as mensagens — nenhuma importante. Abro rapidamente o navegador e entro no site do NERVE. Já está conectado na minha conta.

Toco no vídeo que fiz ontem na cafeteria. Tem centenas de visualizações. Centenas. Tem também um bocado de comentários. Alguns pervertidos, como "Eu lamberia o café por trás dessa blusa". Outros nojentos, como "Por 10 paus eu lamberia essas gotas no chão". Outros mais honestos, como "Minha nossa, que quente! Ele está bem?". E outros comentários com risadas. Tem também alguns mais bizarros ainda, como "Olha como o safado mama o leitinho quentinho".

Sinto minhas entranhas se embrulharem. Credo. Esse é o risco de se tornar viral na internet: o assédio através de comentários.

Fecho rapidamente o site. Estou me sentindo humilhado, espero que nenhum dos meus amigos veja isso! Ou ninguém da escola, aquilo foi ridículo. Vejo as minhas mensagens. A última é uma mensagem de Ross. Opa, do Ross, o gatinho que estou a fim. Ela diz:

PARECE QUE VOCÊ AGUENTA MUITA COISA.

Vou fingir que deixei essa passar, mas foi bem tentador... Ele me assistiu? Que mico. As outras mensagens são de Camila.

EU JURO QUE NÃO FIZ NADA.

ALGUÉM DEVE TER COMPARTILHADO.

Calafrios percorrem meu corpo ao ler isso. Ah, não! Quer dizer que aquele maldito vídeo está andando por aí?! Não, não está. Aposto que devem estar falando de outra coisa. A última mensagem é da Eleonora. Ela parece estar irritada:

NEM PENSE EM CONTINUAR!

A chamada não atendida também é da Lele. Puta merda! Puta merda! Tinha me esquecido de que a Lele é uma das jogadoras famosa de NERVE. Inclusive, ela vai dar uma festa hoje à noite com as novas caixas de som ultra potente que ela ganhou de seus avós para comemorar dez mil visualizações simultâneas. Todos os Observadores e fãs dela estão convidados. Estou na lista VIP, obrigado. Ela sequer enviou algum vídeo para a classificatória da partida ao vivo de hoje?

Lele e o resto do pessoal não fazem ideia do que aconteceu comigo ano passado. Ninguém sabe pelo o que eu passei, exceto Camila, meus pais e minha irmã. Pedi para que não espalhassem a noticia. Todo o resto engoliu que eu estava viajando por algumas semanas na casa dos meus parentes, no Canadá. Foi o que pedi para eles dizerem, quando na verdade eu não tinha coragem nenhuma de sair da cama.

Ross é um gatinho que vive dando mole para mim, ou pelo menos é no que eu acredito. E todos sabem que eu tenho uma forte queda por ele. Eu também deixo tudo muito claro, só vou para festas se ele for. Trocamos olhares, sorrisos, algumas palavras, nada mais do que isso. Mas dá para sentir que ele está dando mole para mim. Ainda mais com essa mensagem estranhamente intuitiva. Ou eu só estou criando essa realidade na minha cabeça?

O celular vibra na minha mão e eu recebo outra mensagem — do Ross! Ele me pergunta se eu vou hoje à noite para a festa da Lele. Confirmo com um rostinho esperançoso e ele me responde dizendo que a gente se encontra lá. Opa. Será que vem aí?

Retorno a ligação de Eleonora. Ela parece estar nervosa com meu desafio — acha que vou roubar a fama dela? Ela atende no meio do segundo toque.

— Lele?

— Shawn dos Céus! — Ela grita. — O que você pensa que está fazendo?

— Estou descendo para tomar o café da manhã. Espera aí, esse não é meu sobrenome.

— Não me refiro a isto, você sabe muito bem sobre o que estou falando.

Bocejo, me fingindo de burro.

— Juro que não.

— Então, me diga o que um vídeo seu está fazendo nos servidores de NERVE com centenas de visualizações e comentários?

Droga, ela realmente viu. E se Lele viu, todo mundo viu. Ela é como uma revista de fofoca, mas sem a revista. Espero que ninguém tire sarro de mim. Lele deve ter ficado maluca por pensar que eu possa conseguir mais atenção no NERVE do que ela. Lele é meio narcisista, quer tudo para ela. Mas eu não quero esse tipo de fama.

— Ah, aquilo? Foi só um desafio. Bobagem. — Balbuciei todas as palavras, fingindo não me importar. — Não tenho intenção nenhuma em continuar, já passei a vergonha que tinha que passar. Afinal, eu jamais competiria com uma jogadora talentosa como você.

Sinto o sorrio dela pelo celular, sei que Lele ficou feliz com meu comentário. Ou falo o que ela quer ouvir, ou ouço o que não quero.

— Apenas pare enquanto pode, você não sabe no que está se metendo. Não se esqueça: festa hoje à noite aqui em casa. Aquele garoto que você gosta também vem.

Se Lele sabe, todo mundo sabe — ela é uma bruxa fofoqueira. Espera, como ela vai dar uma festa na mesma noite das partidas ao vivo? Ou ela não enviou um vídeo, ou já foi desclassificada.

— Sim, eu vou. A gente se vê aí. Tchau, tchau.

— Beijos. — Ela desliga.

Finjo que nossa conversa nunca existiu e lembro das mensagens que Ross me mandou. Como ele conseguiu o meu número, Lele deu para ele? A única coisa que ouvi sobre ele é que já o viram tanto com meninas como com meninos. Minhas chances estão cortadas pela metade?

Mas, infelizmente, ele viu o meu maldito vídeo passando vergonha no Cafeinamente. Espero que as chances não tenham diminuído. Não, não diminuiu. Tenho centenas de visualizações e comentários. O pessoal me adorou. Eu estou ficando famoso?


— Então, quando eu menos percebi, todo mundo estava falando sobre o desafio que você fez. Eu acordei, peguei meu celular e vi em primeiro lugar nas redes sociais: "jogador iniciante de NERVE se queima em desafio"; "Shawn, o menino que não fala com ninguém, está jogando o popular NERVE". Eu pensei: como assim? Eu juro que eu não compartilhei seu vídeo. Eu jamais faria você passar vergonha porque eu sei que você não faria comigo. Eu acho.

Camila está nervosa. Ela age como se a culpa fosse toda dela, mas eu sei que não foi. Só tem uma solução.

— Deve ter sido a Lele — digo. — Quando eu estava fazendo o cadastro, o site pediu para eu deixar os números de contatos de emergência. Além do seu e o dos meus pais, eu deixei o número dela. Como sabem que Lele já é jogadora, eles provavelmente enviaram para ela. Você sabe como ela é. Assim que ela viu, deve ter espalhado na hora.

— Minha nossa! Essa garota é uma fofoqueira. Por que você ainda é amigo dela?

Nós dois estamos sentados no mesmo banco de ontem, na frente do velho chafariz. Me sinto nu sem os meus patins, mas é bem mais confortável caminhar do que deslizar. Tem uma árvore bem atrás do banco fazendo uma sombra a nosso favor, felizmente.

— Ai, não sei. Somos amigos há tanto tempo, não vejo por que quebrar a amizade. E esse lance do NERVE nem foi tão negativo assim. Pelo menos, eu estou ganhando popularidade.

— Aos custos dela — bufa.

Reviro os olhos e dou uma leve olhada em meu celular. Assim que eu desbloqueio a tela, o NERVE me manda uma mensagem. Que previsível! Espero que não seja algo como "Olá Shawn, seu desafio foi péssimo e você está desqualificado. Bem, vá se foder!". Na verdade, é muito diferente do que pensei! A mensagem diz:

OI, SHAWN!

VOCÊ TEM TONELADAS

DE NOVOS ADMIRADORES!

QUEREMOS TE CONVIDAR PARA UM NOVO

DESAFIO CLASSIFICATÓRIO

E VAMOS FAZER VALER A PENA!

DÁ UMA OLHADA NISSO!

Outro desafio classificatório? O quê, não passei vergonha o suficiente?

Toco no link anexado na mensagem e sou direcionado para um gif animado. Os primeiros segundos sou eu enfiando o copo de café na boca e, depois de alguns poucos segundos, o gif é cortado para uma foto que eu tirei minha no espelho. Mas, no lugar do meu celular horrível, o NERVE fez uma montagem minha segurando um celular cinza. É exatamente o celular caro que está na minha lista de desejos há um tempão! E combina muito comigo. Meu estomago embrulha em seguida, como eles sabem que eu quero isso? NERVE me manda outra mensagem:

PARA GANHAR O CELULAR,

VOLTE PARA A MESMA CAFETERIA AGORA.

UM RAPAZ CHAMADO NICK (FOTO A SEGUIR)

VAI ENTRAR ÀS 10H45. CONVENÇA-O A

DIVIDIR O PEDIDO DELE. QUANDO ELE ACEITAR,

VOCÊ DEVE BEIJÁ-LO POR 5 SEGUNDOS.

CASO ELE RECUSE, VOCE FRACASSA.

Era só o que faltava. Eles querem que eu volte para aquela cafeteria onde passei o maior mico e querem que eu passe outro mendigando comida. Por cima, eu ainda vou ter que beijar um cara desconhecido? E se ele for hétero, e além disso tiver herpes? Saio sem dentes e com uma doença, mas saio com o celular? Na foto que mandaram mostra um cara gatinho, com barba por fazer e cabelo curtinho... Que seja, isso não vai acontecer. Prometi a Camz que não faria mais nenhum desafio. Nunca mais.

Mas aquele celular me deixou babando.

— Ouvi dizer que mês retrasado um cara jogou até as finais e ganhou uma bolsa de estudos em uma das universidades nacionais mais prestigiadas para o curso que ele queria — comento, como quem não quer nada. — Tudo pago pelo NERVE. Eu adoraria ir para uma boa faculdade de música sem pagar nada. — Falei a última palavra bem alto, caso tenham me ouvido.

— Uau, um bom prêmio — ela analisa as unhas. — Mas eu aposto que não foi nada fácil conquistá-lo. Vai ver ele teve de passar dez minutos em uma sala junto com o seu maior pesadelo, como todas as finais de NERVE. Teve uma edição onde os finalistas tiveram que saltar de paraquedas.

— Hum. Eu pularia de paraquedas. — Dou de ombros.

Balanço o celular no rosto da Camila mostrando o gif. Ela fica de boca aberta e olha para mim, confusa.

— Recebi outro desafio de NERVE — digo, confiante.

— Sem chances — rosna. — Shawn, combinamos que você não iria mais jogar isso.

— Camila, é fácil. Não tem como dar errado. Ontem foi só um desafio e hoje será só mais outro. Eu já sei o que fazer e pode ser que eu não me machuque.

— Para começar, você nem deveria ter jogado ontem. Fizemos uma promessa um com o outro de que nenhum de nós jogaria isso. A Lele joga, eu sei, mas você não precisa seguir os passos dela. Você não pode se arriscar tanto.

Pestanejo para ela, balançando a cabeça.

— Não é sobre a Lele, é sobre mim. Eu tinha uma vista totalmente diferente sobre o jogo antes de fazer aquele desafio. — Respiro fundo. — Acho que quero continuar.

Faço uma carinha bem triste.

— Você é um baita quebrador de promessas — diz, virando o rosto.

— Camz, olha isso, se formos agora, talvez eu consiga cumprir o desafio antes do cara ir embora.

Ela coça a cabeça.

— Se você ama NERVE tanto assim, mude seu status para Observador.

Franzo o cenho.

— Eu não vou pagar vinte paus para assistir, quando posso ganhar um celular top de linha por jogar.

Ela balança os cabelos com ambas as mãos e revira os olhos.

— Minha nossa, que seja. Tudo bem, faça esse raio de desafio! Agora sei por que não quero ter filhos tão cedo.

Minha alegria é tão grande que tenho que lutar contra a vontade de uivar. Vou ganhar um celular novinho por apenas um beijo.

Toco no botão de aceitar e abro a câmera frontal do meu celular. Estou gato. Não é todo dia que eu beijo um cara bonito como ele. Bem, hoje pode ser que eu beije o Ross na festa da Lele. Será que ele só se interessou por mim porque ganhei fama? Melhor não pensar muito.

Seguro a mão da Camila e vamos andando até o Cafeinamente. Espero que aquele atendente não esteja lá, e se estiver espero que não me odeie. Ao entrarmos, vejo um atendente diferente e uma loja pouco movimentada. Por ser quase hora do almoço, tem ainda menos gente do que ontem à noite. Que bom, assim eu não passo tanta vergonha.

Nós nos sentamos em uma mesinha um pouco afastada da entrada. Conecto-me a rede Wi-Fi da cafeteria e recebo uma nova mensagem do NERVE:

BAIXE E ABRA O APP EM ANEXO.

ELE TEM UMA CONEXÃO MAIS RÁPIDO PARA O JOGO.

Aperto no link. Depois que o aplicativo baixa, eu o abro. Meus dados já estão inseridos. Uau, que rápido. E suspeito. Fecho o navegador, deixando somente o aplicativo aberto. O aplicativo é bem fluido e mais eficiente, e promete mostrar visualizações e comentários em tempo real quando as partidas ao vivo começarem.

— Qual é o desafio desta vez? — Pergunta Camz.

— Um cara chamado Nick vai entrar quinze para as onze. Eu tenho que convencê-lo de dividir o pedido dele comigo e beijá-lo por cinco segundos. Mas ele tem que aceitar dividir.

— Quê? Tipo, e se ele te der uma surra? Isso é NERVE, eles não vão facilitar. Além do mais, como sabem que este cara vem aqui? Aposto que ele também está jogando

— Eu não pensei nisso — revelo, pensativo. — Mas se ele for um Jogador, que seja. É até mais fácil. Ele só tem que aceitar e eu só tenho que beijar. A não ser que o desafio dele seja recusar. Caso contrário, vou sair vitorioso com um celular caro e uma ficada rápida.

— Bom saber que seu beijo vale um celular caro, e não um tijolão — ela ironiza.

— Meu beijo vale muito mais do que um celular caro. Mas o desafio só oferece isso.

Quando termino de falar, meu celular vibra e reproduz um toque curto, mas estranho e irritante — como se fosse um bebê psicodélico falando dadá. Veio do aplicativo de NERVE.

SEU BEIJO VALE MAIS

DO QUE ISSO? DESAFIO DOBRADO:

BEIJE-O POR 10 SEGUNDOS E GANHE,

ALÉM DO CELULAR, TODOS OS APLICATIVOS

PAGOS QUE ALGUÉM QUEIRA TER ALÉM DE

DOIS ANOS DE INTERNET ILIMITADA.

Sinto meu coração sair pela boca. Isto só comprova a minha teoria de eles estarem me ouvindo — isso é perturbador. Olho ao meu redor e visualizo um garoto da minha idade com o celular apontado para mim. Observador? Esqueci que os Observadores nos gravam.

Espere aí, desafio dobrado? Dois anos de internet ilimitada? Dois. Anos. Inteiros. Como poderia recusar? Aceito rapidamente a proposta oferecida e o aplicativo faz um som de vitória e várias estrelas explodem na palavra em que eu apertei. Nunca pensei que meu beijo fosse valer tanto.

— Desafio dobrado — digo a Camz. — Tenho que beijá-lo por dez segundos. Irei ganhar, além do celular, vários aplicativos pagos e dois anos de internet ilimitada.

Camila tosse em seco, olha para mim e arregala os grandes olhos escuros. Isso mesmo que você ouviu, por apenas uma bitoca.

Ela se inclina na minha frente.

— Quem é que você deve beijar?

Entrego o celular a ela com a foto de Nick que anexaram na mensagem. Espero que ele não recue. Ou que não me rejeite.

— Miau. Ele é bonitinho. Mas parece ter mais que 21.

Ela ronrona enquanto me devolve o celular. Eu balanço a cabeça em concordância.

— Já faz quase um ano que alcancei a maioridade, de qualquer forma.

Quando dá 10h45, o aplicativo abre automaticamente a câmera de gravação ao vivo frontal. Por que está ao vivo se eu não fui classificado para as partidas avançadas? Acho que apenas NERVE está me assistindo, para garantir que vou seguir as regras. Coloco o celular virado para baixo na mesa, impedindo que a câmera frontal me grave — por enquanto.

Qual é? Já estou aqui, quero saber onde está aquele lindo cara para eu ganhar aquele lindo celular.

Sinto Camila me cutucar desesperadamente. Suas sobrancelhas apontam para trás de mim. Em resposta, olho para onde seus olhos estão cravados. Vejo o rapaz, Nick, entrando na cafeteria, usando uma blusa preta de banda, que realça bem seus bíceps definidos, e calça jeans escura, ele está sorrindo e não está sozinho. Ele está de braços cruzados com uma mulher com mais ou menos a sua idade. Ela tem um corpo digno de modelo, cabelos curtos e escuros, vestindo uma saia colada preta por cima de uma blusa branca.

Era só o que me faltava.

Como é que eu vou beijar um cara hétero acompanhado da sua namorada?


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Notas finais do capítulo

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