A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 4
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Será que Derek finalmente vai aceitar o que os salvadores misteriosos tem a dizer?



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O carro para dentro de um longo túnel, o qual atravessamos sem grandes dificuldades. O verdadeiro desafio era memorizar o caminho até seja lá onde estivéssemos indo, e assim seguimos até uma porta metálica revestida de aço com um símbolo gasto semelhante a um "A" acima da construção. Assim que a porta é aberta, vejo um antigo conhecido com sua pupila ao lado me encarando com seriedade.
— Fiquei sabendo que a noite foi longa - Comenta Harry Dustin se aproximando de seu discípulo agora sem capuz - Conversaram bastante?
—Na verdade, ele ficou quieto durante toda a viagem, mestre - Revela o sujeito sem pensar duas vezes - Sequer perguntou meu nome.
— É mesmo? - Ele me observa com uma preocupação peculiar - Vamos deixa-lo descansar por hora, amanhã teremos tempo de sobra para conversas.
— Ei - Chamo erguendo os braços - Eu estou aqui ainda, pode falar diretamente comigo.
— Senhor Azhiph, se importaria de dormir aqui esta noite?
— Eu tenho escolha?
— Sempre.
Na manhã seguinte, o sujeito que me ajudou na delegacia aparece na minha porta, chamando como se fosse professor de internato.
— Abra logo Azhiph, não está mais na sua mansão - Abro a porta sem entusiasmo algum mas, por algum motivo, ele sorria.
— Esqueci de me apresentar ontem, mas é compreensível quando se está nesse tipo de situação. Sou Nathan Vasquez, discípulo e assistente de Harry Dustin.
— Achei que a garota fosse a assistente dele - Confesso sem interesse no assunto.
— Não exatamente. Nós meio que dividimos esse posto - Ele me olha de esgueira antes de sugerir - Vamos ao refeitório? Deve estar com fome.
— Estou sim - No refeitório comemos algumas frutas e leite fresco, o que me deixa um pouco enjoado, mas ignoro esses sentimentos devido a minha fome.
— Você por acaso... - O interrompo irritado.
— Me faz um favor? Para de tentar ser meu amigo, isso não vai dar certo.
— Não quero ser seu amigo - Afirma Nathan balançando a cabeça com desaprovação - Quero te ajudar.
— Me ajudar com o que?
— Com essa questão dos Templários. Eles nunca vão te deixar em paz e nós nunca iremos acabar com eles, então é de certa forma obrigatório termos algum tipo de relação.
— Que seja - Declaro voltando a comer. Quando terminamos, andamos juntos até uma sala de teto baixo, fria e isolada do restante do complexo.
— Vai precisar de uma blusa aqui dentro. Mantemos a temperatura baixa para preservar o que guardamos lá dentro.
— E o que tem lá dentro?
— Respostas - Responde sem enrolações. Assim que entramos, encontramos com Dustin, que admirava um mapa mundi concentrado antes de notar nossa presença.
— Demoraram - Alerta Dustin decepcionado.
— Algumas pessoas não querem ser ajudadas, mestre - Expõe Nathan intrigado.
— E nós as ajudamos mesmo assim, Vasquez. É isso o que sustenta nossa causa - Nathan se retira, me encarando inconformado enquanto Harry me puxava para perto - Ainda não confia em nós.
— Não confio em mais ninguém. Só sei que tenho que continuar vivo de algum jeito e é o que eu vou fazer.
— Entendo o seu ceticismo. Eu pensaria o mesmo caso estivesse no seu lugar, mas não estou então é minha obrigação fazer o que todo mestre faria, contar a verdade.
— Pensei que tinha dito estar falando a verdade desde o começo - Debato com seriedade.
— E estava, mas agora estamos numa etapa mais delicada. Não posso falar mais nada se não tiver certeza de que posso confiar em você, senhor Azhiph.
— Ainda acha que eu me uniria aos idiotas que quase acabaram com a minha vida umas centenas de vezes em uma semana?
— Não, mas os Templários não são a única ameaça que enfrentamos, por isso preciso ter certeza.
— Não sei o que mais posso fazer para deixar você feliz - Declaro observando alguns dos objetos na sala.
— O que sabe sobre seu pai? - Pergunta Dustin curioso.
— Ele dirigiu a empresa por uma década. Bebia muito, saía com prostitutas noite sim, noite não e gostava de jogos de azar, tanto que morreu com uma dívida que eu tive de pagar assim que assumi a herança.
— Só isso? - Questiona decepcionado.
— É o que importa.
— Você não tem ideia de quem era seu pai, não é mesmo?
— Ele morreu quando eu era pequeno, mas disso vocês já sabem.
— Seu pai não dormia com prostitutas. Quer dizer, dormia, mas não tanto quanto você pensa. Isso não passa de uma desculpa convincente para esconder o que ele realmente fazia.
— Dormir com prostitutos?
— Seu pai era um membro da Irmandade.
— Irmandade? - Pergunto tentando não rir - Sabe, meu pai nunca foi muito religioso.
— Não é desse tipo de irmandade que estou falando. Me refiro à Irmandade dos Assassinos, fundada há milênios no que hoje conhecemos com Europa Oriental.
— A cada momento me pergunto o que continuo fazendo aqui.
— Venha ver - Pede se dirigindo à outro lado da sala - Esse é um livreto, uma série de pergaminhos coletados com o passar dos anos referente a algumas genealogias crescentes dos membros da Irmandade - Ele me mostra uma série mais específica - Essa é a linhagem dos Meazhïr, que depois terminou se unindo à linhagem dos Arenph, originando a família Areazhiph, que posteriormente se tornou Azhiph, uma família rica que construiu um império econômico trazendo algumas das pessoas mais influentes da América - Observo os pergaminhos com cuidado.
— Como conseguiu isso?
— Alguns lugares pelo mundo, outros aqui mesmo nos Estados Unidos e um com seu avô.
— Meu avô? - Pergunto indignado - Meu avô morreu bebâdo num acidente de carro.
— É o que querem que você pense, Derek. Ele estava preso, condenado pelo assassinato de três jovens auxiliares administrativos que queriam oferecer a ele um novo produto.
— Não.
— Se não acredita, veja por si mesmo - Ele me leva para uma sala interligada àquela, onde havia uma televisão e algumas fitas. Harry liga o aparelho e coloca a fita, que logo depois mostra meu avô sentado numa cadeira, sendo interrogado por três policiais.
— Como ele pode ter feito isso?
— Ele fez, mas seus alvos não eram meros estagiários enchendo o saco dele, eram Templários iniciandos querendo experimentar seu novo produto num inimigo.
— Que seria?
— O Olho de Hórus - Voltamos para a sala com os documentos e termino encontrando uma foto do meu pai vestido com um uniforme semelhante ao de Nathan, ao lado de Dustin e com a aparênia de um legítimo soldado.
— O que vocês querem comigo? - Pergunto por fim. Caminhamos até uma sala vasta, repleta de aparelhos próprios de ginástica e luta.
— Gostaria que você simplesmente seguisse seu destino, Derek. Se tornar um de nós.
— Me tornar um Assassino?
— Isso - Viro as costas para ele.
— Sinto muito, mas não mato pessoas. Vocês não passam de criminosos, como esperam enfrentar aqueles caras sendo piores do que eles? Vocês treinam para tirar vidas - Dustin segura meu pulso e me força a virar para ele.
— Você não vai fazer isso.
— Por que não?
— Por que você não entende. Acha que escolhemos matar as pessoas? Acha que matamos sem pensar ou medir nossos atos? Não somos bandidos que andam pelas ruas querendo o mal das pessoas. Tiramos a vida apenas de nossos inimigos. Nosso alvos, que impedem que o mundo siga seu curso. Como imagina que as coisas seriam se hoje os Templários estivessem no controle de tudo?
— Não acho possível - Declaro com frieza.
— Você viu com seus próprios olhos, Derek. Estão por toda a parte, infiltrados em cada ramo da sociedade embora pareçam mais físicos.
— Você quer que eu mate pessoas.
— Pessoas específicas. Pessoas que se estiverem mortas vão devolver ao mundo seu verdadeiro equilíbrio.
— Como pode acreditar nisso? - Indago revoltado.
— Seu pai acreditava.
— Como eu te falei, meu pai não era um sujeito muito legal - Ele me solta e me deixa ir, mas continua falando mesmo assim.
— Houve um tempo em que um jovem teve de matar o papa para trazer a ordem de volta. O papa havia se tornado um peso para o povo, estava transformando a igreja num canil atrás de poder, então ele fez o que tinha de fazer.
— Eu não sou um herói, muito menos um Assassino.
— O que vai fazer então? - Paro no meio do corredor. Estava num beco sem saída. Se voltasse à rua não duraria um dia e se ficasse seria obrigado a tirar a vida de alguém para manter a minha.
— Eu posso ficar? - Pergunto desamparado.
— Posso fazer melhor do que isso, Derek. Você pode treinar conosco, mas não vou te forçar a se tornar um de nós, combinado? - Me viro para Harry, então apertamos as mãos antes de Jade aparecer e cutuca-lo.
— Mestre, precisam do senhor.
— Sim, lembro do que tenho de fazer, por isso preciso de você agora. Inicie o treinamento do senhor Azhiph, tudo bem?
— Não.
— Mas você fará - Ela me encara com frieza antes de Dustin se despedir e ir cuidar de seus afazeres.
— Vem logo encosto - Entramos numa sala extremamente alta, cheia de colunas declinadas erguidas nas paredes. Ela retira seu manto e apanha dois bastões em cima de uma mesa.
— Não poderia ser mais tarde? - Pergunto sem jeito.
— Tem algum compromisso?
— Não - Ela joga um dos bastões na minha direção e avança com tudo - Por que me escutou? Por que me escutou se vai agir feito um banana? - Ela gira o bastão tão rápido que sequer vejo quando ele atinge minhas pernas, me derrubando sem clemência. Enquanto tento me levantar, percebo que a velocidade de tudo diminuía aos poucos.
— Você é engraçada - Declaro com ironia - Podemos? - Jade avança outra vez para cima de mim, mas desta vez salto para trás e arrumo tempo de sobra para ataca-la nas laterais, as quais ela defende sem dificuldades, embora estivesse claro que tinha dificuldades. Penso rápido o bastante e rolo no chão, dando uma rasteira nela antes de acertar seu bastão com o meu, incapacitando ela de tira-lo dali, mas ela solta a arma e se levanta em uma piscada, dando um soco no meu rosto que faz minha visão voltar ao normal outra vez - Como você consegue?
— Ser melhor do que você? Treinando. Ser um alvo menos atrativo? Não sou um Templário tentando te matar, sou uma pessoa querendo que você chegue a algum lugar, mas parece que já chegou. Por acaso seu pai seu pai te ensinou lguma coisa?
— Um pouco, mas não lembro muito bem.
— Por que me escutou? - Fico em silêncio. Essa é uma gunta que continuava me perturbando e provavelmnete me perturbaria por muito tempo, então prefiro manter o silêncio, até ela erguer o bastão.
— Descuidado - Afirma abrindo um sorriso suave antes de girar no ar e acertar minha cabeça com força - Vai descobrir aos poucos onde sua decisão vai te levar.


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Notas finais do capítulo

O que será que acontece para Derek ter essas mudanças em sua visão? Como isso altera suas habilidades? O que de fato o levou a aceitar esse caminho?



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