A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 3
Perdido


Notas iniciais do capítulo

Estou continuando essa história após um longo hiato, me desculpem a demora e espero ter seu apoio na continuidade dessa história!



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Assim que escuto o veículo parar, respiro fundo e prendo a respiração. Lembro de meu pai mexendo em seu guarda-roupa, onde havia uma caixa com um símbolo estranho talhado. A caixa era metálica e tinha um complexo sistema de fechaduras e travas que abre assim que ele passa seu dedo por um compartimento. Quando ele guarda a caixa de volta e sai do quarto, eu entro escondido lá e abro a porta à procura da caixa. Retiro de dentro do guarda-roupas e passo meu dedo no mesmo compartimento que meu pai tinha passado, mas a caixa permanece intacta. Vejo o símbolo com mais clareza, se tratava de algo semelhante a um "A" maiúsculo, porém com um "V" cruzando com a letra, o que dava a impressão de ser um balão.
— Andando - Ordena um sujeito que não consigo ver devido ao saco preto em minha cabeça. Saio do carro e sinto o sol forte bater em meu rosto pouco antes de tirarem o saco da minha cabeça. Assim que abro os olhos, percebo que há quatro indivíduos ao meu redor, todos com roupas pretas e capacetes com viseiras. Eles preparam suas armas, mirando-as em mim com frieza. Torno a fechar os olhos enquanro ouvia meus batimentos acelerando a cada instante que se esticava.
— Acabem logo com isso - Peço nervoso, então escuto centenas de tiros. Quando abro os olhos, as armas dos homens estão jogadas no chão e reparo que suas cápsulas também se encontravam no chão. Eles começam a tirar os uniformes, revelando roupas claras, senão brancas, que lembravam demais enfermeiros, então o mais velho deles se aproxima de mim.
— Não se preocupe, estamos aqui para ajuda-lo - Assim que ele encosta em meu pulso, volto a enxergar tudo em câmera lenta, então sinto ele abrindo a algema que me prende, o que me leva a imediatamente girar no chão e meter-lhe uma gravata, prestes a apertar seu pescoço.
— Me deixem em paz. Por que querem me matar? O que eu fiz? Que merda é essa de Templários? - O homem que eu segurava mantinha a calma, como se já tivesse passado por aquilo uma centena de vezes.
— Se acalme, Derek. Não queremos matar você, não somos Templários, somos inimigos deles.
— Isso faz de vocês meus amigos? - Questiono desconfiado ao notar que todos se aproximavam de mim - Nem pensem nis - Sinto um choque por trás, que me impede de mover o corpo, então me forçam a soltar o homem que eu prendia enquanto eu via uma figura familiar retirar seu capacete. Cabelos loiros. Eu lembro de você, então eu desmaio. Assim que desperto, o homem que eu segurava me encara com curiosidade. Tento me levantar, mas haviam algemas e correntes me segurando na cama.
— Não se apresse, meu caro. Precisamos tomar cuidado para não acontecer nada com você.
— Quem é você? O que quer comigo? Cadê a porra dos seus amigos?
— Primeiro de tudo, talvez seja do seu interesse saber quem nós somos. Quem eu sou não importa de verdade.
— Quem é você?
— Vai insistir nisso?
— Não confio em quem não sei ao menos o nome.
— E a mulher que encontrou quando estava indo trabalhar? - Não me lembro de ter perguntado o nome dela.
— Foi isso que me fez mudar de ideia - Explico com impaciência - Agora me diz quem é você.
— Harry Dustin.
— Só isso?
— Sim.
— Quem é você além de um velho que tem um bando de pau mandado a seu serviço?
— Olhe como fala Derek - Declara uma mulher se aproximando indignada - Este homem deu propósito a muitos de nós. Salvou nossas vidas.
— Quem é - Me lembro de quando ela tirou o capacete - Você - Me lembro de quando ela falou comigo pouco antes de eu entrar no prédio - Por sua causa tudo isso aconteceu. Você fudeu minha vida, sabia disso? Estava tudo indo muito bem antes de você falar aquilo para mim.
— Eu falei muitas coisas, mas foi você que deu ouvidos - Declara convencida.
— Me tirem dessa cama.
— Será que devemos? - Questiona Dustin olhando de mim para a loira.
— Sim, deve. Eu não vou matar ninguém, pode confiar.
— Você não confia em nós. Isso é razão suficiente para não soltá-lo.
— Por que? Que diabos está havendo comigo?
— Primeiro temos que fazer algumas perguntas, mas para issi preciso ter certeza de que não irá tomar qualquer atitude precipitada.
— Não vou. Agora me tira daqui - Alguns homens aparecem e retiram as algemas antes de me carregarem para uma sala fechada, onde o tal de Harry se senta de frente para mim sorrindo de maneira amigável.
— Você disse que não é Templário, então como não estava sendo conduzido pelo Olho de Hórus?
— Olho? Não sei de olho nenhum, só sei que meus colegas estavam pensando que acontecia uma reunião histórica quando na verdade os caras estavam falando um monte de besteiras sobre Ordem e sobre esse negócio de Templários que vocês tanto falam.
— Então você foi seduzido pelo que eles falaram mas resistiu? - Pergunta a mulher loira entrando na sala com um olhar sério.
— Não. Achei tudo muito pesado e tedioso. Pode parecer estranho mas senti como se estivesse acordando de um sonho - Os dois se encaram perturbados antes de Dustin se levantar e chamar seus homens com um aceno de mão.
— Soltem ele - Eles o fazem, então minutos depois estou caminhando com a mulher e o velho para um refeitório médio, onde dezenas de homens comiam antes de perceberem a minha chegada e me olharem desconfiados. Paramos em frente à servente, que me encara duvidosa - Pode nos servir uma bandeja Diana, por favor?
— Claro Harry - Ela enche um prato com legumes e outras coisas e o entrega a Dustin junto a um copo de suco. Caminho com ele até uma mesa, onde sentamos e ele coloca a bandeja perante mim.
— Coma. Deve estar faminto.
— Não, eu estou bem.
— Faz dois dias que não come pela boca, desse jeito vai ficar fraco sem muita dificuldade - Ele me observa rapidamente - Mais fraco.
— Estou há dois dias sem comer?
— Sim. Tivemos tempo o suficiente para realizar alguns exames enquanto estava inconsciente. Se quisessemos matar você, não acha que já teríamos feito? - Encaro a comida por alguns instantes, então pego o garfo e encho a boca com legumes.
— Vocês não tem nada mais carnívoro?
— Não podemos. Qualquer informação sobee nossa localização é um jeito de morrer.
— Comprar carne mata vocês? - Dou uma risada de deboche enquanto os demais no refeitório me encaram.
— Se encomendarmos carne, nossos inimigos terão uma pista sobre onde estamos. Assim que notarem um padrão vão se aproximar devagar até estarem infiltrados e quando percebermos essa instalação estará destruída e nossos corpos estarão sendo ensacados - Ele aproxima seu rosto do meu com frieza - Essa é a definição de precaução. Foi assim que eles quase te mataram.
— Desculpe - Declaro engolindo em seco.
— Por que me escutou? - Pergunta a mulher segurando meu braço.
— Não sei. A princípio não achei devia ouvir, mas depois pensei direito. Decidi isso na metade da reunião.
— Não. Tem alguma coisa a mais.
— Não estou apaixonado por você se é o que está pensando - Ela aperta meu braço com força.
— Não é isso seu idiota.
— O que Jade quer dizer é que estamos muito perto de descobrir algo importante. Uma coisa que deixamos de lado por muito tempo. Uma coisa que vai nos levar a um novo patamar de nossa guerra.
— Guerra? - Pergunto intrigado - Que guerra? Contra os "Templários"?
— Exatamente.
— E quem seriam vocês? O exército da salvação?
— Assassinos - Solto a comida e engulo em seco. Jade me encara e segura minha mão um segundo depois de eu tentar pegar o garfo na mesa.
— Mas vocês disse - Começo, mas a dor em meu braço não deixa eu continuar.
— Não estou falando desse tipo de assassino. Não somos criminosos que matam as pessoas por motivos banais sem mais nem menos. Não somos sociopatas. Somos uma ordem temida e respeitada há milênios que busca a justiça e o livre arbítrio.
— Deixa eu adivinhar. Vocês criaram o Comunismo - Dou uma risada antes de sentir meu braço sendo apertado com mais força ainda.
— Não estamos falando sério pra você?
— Para mim parece um monte de baboseira sem sentido.
— Por que acha que salvamos você?
— Podem ser Templários tentando me enganar.
— Muito justo. Compreendo seu receio Derek. Afinal de contas você é um homem poderoso que simplesmente foi atacado sem ter ideia do por que. Eu também ficaria assim se estivesse em seu lugar, mas vai ter que acreditar em nós.
— Até agora não me deu razão nenhuma para confiar em vocês - Ele sorri e balança a cabeça para Jade, que me solta de uma vez, se afastando alguns metros sem recuar.
— Você tem duas opções. Volte à sua vida normal e reze para que os Templários não voltem a te procurar ou continue conosco e entenda o que queremos mostrar a você - Quando me levam para um beco escuro, encontro um telefone público e ligo para a polícia, que não demora a aparecer. Na delegacia, me dão uma jaqueta e um copo de chocolate quente enquanto eu explico o que aconteceu na Venille.
— Então os agentes da SWAT apareceram do nada tentando me matar e eu não tinha ideia do que fazer, exceto fugir - O delegado me encara enquanto o supervisor cruza os braços atrás dele.
— Podemos garantir proteção policial enquanto resolvemos esse seu desentendimento com a SWAT, senhor Azhiph - Declara o delegado com seriedade. Ele passa a mão no bigode e encara os colegas - Levem ele para seu apartamento. Quero dois policiais de tocaia vigiando o prédio por dentro e três por fora por garantia. Billy, você me liga com a guarda nacional. Temos que entender por que a SWAT foi chamada.
— Obrigado senhor.
— Só fazemos nosso trabalho, senhor Azhiph. Vamos resolver essa história em breve - Estou sentado em casa observando as tapeçarias velhas que guardava. Meu pai dizia que eram muito antigas e eu tinha a obrigação de continuar a guardá-las. Por alguma razão eram a coisa mais importante que havia a receber como herança. Dou uma breve olhada nas coisas do meu pai, intactas no velho guarda-roupas dele. Retiro algumas coisas como peças de roupas e bijouterias até reparar num compartimento com um estranho símbolo e uma elevação metálica. Aperto a elevação, que consigo arrastar para o lado, encontrando um painel eletrônico. Coloco meu dedo no identificador biométrico e em seguida uma voz eletrônica diz, para a minha surpresa, meu nome. Uma fenda se abre, revelando um tubo preso por uma pinça, o qual retiro para analisá-lo.
— O que você fez pai? - Pergunto procurando algum botão ou tampa no tubo quando destravo uma fenda quase imperceptível. Ao abrir o tubo, percebo que há alguma coisa lá dentro e tiro dois pedaços de pergaminhos. Um dos pedaços possuía uma elevação que se assemelhava a um "A", enquanto no outro havia um símbolo idêntico ao que havia na caixa do meu pai. Escuto uma batida forte e um som de algo vazando, então saio do quarto parando no enorme corredor, procurando qualquer sinal de presença, até que avisto um pares de pés e algumas lanternas.
— Quem é?
— Derek Azhiph?
— Sou eu, mas vocês quem são vocês?
— O delegado pediu que o levassemos imediatamente daqui. Tem gente perigosa atrás do senhor - Por um instinto resolvo apanhar uma adaga que servia de decoração.
— Por que não acendem as luzes então?
— Por que eles estão muito perto e não queremos começar um confronto no meio de uma região civil sem necessidade - A viatura sai apressada da mansão e logo chegamos na delegacia, onde o delegado parece aflito ao me ver.
— Espero que não tenham ocorrido problemas.
— Nenhum - Responde o policial no comando - Nem espero que haja - Subitamente, o policial ergue sua pistola e atira no delegado enquanto outros policias atiram nos demais colegas sem hesitar. Me afasto depressa dos policiais, correndo em direção à porta, mas ao chegar vários agentes da SWAT entram e apontam suas armas, até que alguns homens vestidos de branco com algumas partes dos uniformes pretas e de couro saltam pelas mesas e derrubam os agentes, cortando seus pescoços sem clemência. Outros policiais tentam se defender, mas os homens encapuzados eram muito mais habilidosos e abatem a maioria deles de sairmos em disparada, terminando numa vã que parte com tudo dali. O sujeito ao meu lado coloca a mão no meu ombro e retira o capuz sorrindo satisfeito. Seus olhos são claros e ele tem a aparência de um homem jovem embora fosse claro que não era.
— Já sabe em quem deve confiar, senhor Azhiph?


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Notas finais do capítulo

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