A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 20
A última parte do plano


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, vou tentar postar com mais frequência! Boa leitura!!! Espero que gostem!!



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Depois de tudo o que tinha acontecido, por mais inacreditável que meu encontro com Wilkar tivesse sido, as coisas nunca estiveram tão claras para mim e para Jade. Dias se passaram desde que saímos da base da Abstergo abandonada, quando decidimos iniciar nosso plano para eliminar os Templários restantes da lista. Os últimos nomes que sabiam tudo a respeito do plano de sua Ordem. Caso os dois remanescentes morressem, os Templários não teriam como prosseguir com seus planos, ficariam perdidos, sem rumo, sem objetivo real. Seu serviço se tornaria uma ilusão.
— Os dois nomes que restam na lista são Aguiar Lopez e Thomas Memphis - Declarou Jade me mostrando um mapa do que parecia ser uma casa de apresentações - Memphis é o Grão-Mestre Templário dos Estados Unidos, então precisamos tomar cuidado. Recentemente foi consagrado um dos homens mais poderosos do planeta ao se tornar o acionista majoritário da sua antiga empresa - Explicou com seriedade, me mostrando um ponto vermelho - Ele vai estar bem protegido, mas a nossa vantagem é que Aguiar também estará no show.
— Show?
— Sim, esses dois são bem mais jovens que os outros Templários que enfrentamos. Gostam de uma farra de vez em quando.
— Podemos apanhar os dois na mesma noite - Observei empolgado - E terminar de vez com essa praga.
— Podemos fazer isso, mas não se edqueça de que somos apenas dois Assassinos fugitivos passando fome e sem equipamentos de última geração. Nossa única vantagem são suas habilidades sobrenaturais - Ela torna a observar o mapa, encara suas vestes maltrapilhas e em seguida encara as minhas, tão surradas e sujas quanto, o que a faz sorrir envergonhada antes de prosseguir - Enfim, com um pouco de sorte podemos vencer os guardas de uma das saídas e nos retirarmos dali sem maiores complicações - Hesitante, Jade se levanta e se vai a outro cômodo do imóvel abandonado. Paredes descascadas, construção frágil onde em alguns pontos via-se uma tentativa de segurar a estrutura com tábuas enormes. O chão ao menos era coberto por um tapete, que por mais velho que fosse, ajudava muito na hora de dormir. Continuei observando o mapa enquanto as palavras de Wilkar voltavam, pedindo que eu não deixasse elas morrerem.
— Nada é verdade, tudo é permitido - Repeti de maneira contida, recordando cada movimento que aprendi ao sincronizar com o corpo de meu ancestral. Depois de me reconectar ao passado do meu ancestral, terminei ganhando mais do que o esperado, do mesmo jeito que descobri a verdade sobre os Renegados. A única questão pendente era Jade. Se tornou evidente que ela ainda sofria por Alex, mas não queria tocar no assunto, talvez por culpa. O que não me levou a desistir. Caminhei até a outra sala do imóvel e, me aproximando de minha professora, falei:
— Imagino que ainda não queira falar sobre o assunto.
— O que está querendo dizer com isso? - Indagou Jade com desconfiança e uma ponta de remorso.
— Alex morreu e você continua a se lamentar. Sei que é difícil superar uma perda, mas desse jeito nunca vamos matar Aguiar. Precisamos estar inteiramente focados em nosso trabalho - Expliquei com frieza, o que a deixa notoriamente irritada.
— O que te faz pensar que não estou focada?
— Está confusa e se sente culpada por gostar de mim - Revelei sem enrolação, no entanto não esperava uma reação tão selvagem quanto aquela. Sem pensar ou me dar tempo para reagir, Jade desfere um poderoso soco em meu rosto, atingindo minhas pernas com uma rasteira que me derruba em um único movimento. Na tentativa de me levantar, Jade continua seu ataque enfurecido, usando um bastão pendurado em uma parede para me derrubar uma vez mais, distribuindo uma série de chutes tão fortes quanto as pancadas nas costas. Me levantei e me defendi, bloqueando alguns ataques de perna e desviando de outros com tamanha precisão que até eu mesmo fiquei espantado. Jade não tinha a intenção real de me matar, mas atacar irracionalmente tira de você a capacidade de julgamento, restando somente a força. Toda a habilidade que Jade sempre demonstrou não apareceu, e foi assim que percebi uma vantagem. Subindo em uma cadeira para dar um giro rápido, revidei derrubando-a no chão, chutando seu bastão para longe. Ela se levanta e me ataca ao mesmo tempo, avançando com as duas pernas, sendo que a primeira serve para me empurrar e a segunda para me atingir com o impulso da corrida. Abalado, tomei de volta o controle sobre meu corpo enquanto minha barriga revira, atrapalhando o combate ainda mais, sendo que nos enroscávamos entre socos, pontapés e chaves de braço. Aplicando uma força que me permitiu barrar o movimento de uma das pernas enquanto meus membros superiores cuidavam da imobilização dos braços, deixando Jade indefesa. Sem opções, ela decide abrir mão do uso da força e tentar usar a voz.
— Me solta - Pediu impaciente.
— Eu devo? - Questionei afrouxando aos poucos os apertos, até ela conseguir se desvencilhar de mim sem esforço.
— Se tocar nesse assunto de novo, eu juro que te mato - Prometeu revoltada, pegando seu casaco que estava jogado rm um canto para sair do apartamento abandonado, me deixando sozinho enquanto ia refletir sobre nossas ações. Comemos em silêncio naquela noite e em todas as demais que vieram, cada um treinando em seu próprio quarto sem que houvesse tempo para diálogo. Queria saber como um plano como aquele funcionaria com duas pessoas que não se comunicavam. Ignorando esse detalhe, continuei testando minhas habilidades, chegando a superar todos os meus antigos limites. Talvez o momento que eu pudesse ser considerado Assassino estivesse próximo. Sou acordado bem cedo por uma Jade séria, que bate com força em um armário para fazer um barulho resoasse por todo o andar. Ela ergue a mão e sorri forçadamente.
— Vamos acabar com essa perseguição - Concordando com um meneio, vou com ela até um cômodo destruído atrás da cozinha, onde uma tonelada de entulho tinha sido acumulado por conta de antigos moradores tão ilegais quanto nós. Ela pega nossas vestes escondidas atrás de um guarda-roupas velho e entrega as minhas, cada um se dirigindo a um cômodo para trocar-se com privacidade. Uma jaqueta de couro branca por baixo de uma camiseta regata cinza, seguidas de um capuz escondido por dentro das vestimentas externas, uma roupa esportiva, uma camisa azul de manga cumprida e uma calça jeans marrom. Jade sai de seu quarto vestindo uma calça vermelha com camisa de gola por cima de seu uniforme de Assassina, me encarando virtuosamente com seus belos olhos castanhos antes de me encarar por completo e me entregar um par de adagas e uma pistola.
— Sabe onde esconder.
Ao chegar na boate "Art Inside", nos separamos, ela cobrindo a esquerda enquanto eu cobria a direita do prédio. Por todos os cantos escuros, em meio a luzes coloridas piscando, jovens e adultos dançam, bebem e jogam papo fora, enquanto bartenders servem drinques preparados na hora e seguranças distintos caminham por todo lado, observando o andamento da festa como quem sabia que iria acontecer alguma coisa. Se estivesse certo, então Jade e eu não teríamos chance alguma. Caso contrário, essa noite a missão estaria encerrada. Ela mataria Aguiar enquanto eu cuidaria de Memphis. A princípio nada complicado, até eu reparar três figuras peculiares que não partilhavam da diversão propriamente falavam. Seu disfarce podia enganar um segurança, não meus olhos. Os três Assassinos mantém seus olhares focados em uma quina da área VIP, onde Aguiar Lopez estava sentado na companhia de duas jovens que deviam ter aproximadamente a mesma idade. Por trás de uma cortina de fumaça, enxergo um sorriso de diversão e um olhar de esperteza inconfundíveis. Janeth sai das sombras, caminhando vagarosamente pela boate enquanto procura por alguém que certamente não era eu.
— Jade - Chamei apertando o botão do novo comunicador que agora ficava em meu bolso - Más notícias.
— Eu sei. Os Assassinos escolheram o mesmo dia que nós para atacar o Grão-Mestre Templário.
— Não é só isso. Janeth está aqui.
— Que merda - Ela respira fundo antes de prosseguir - Pelo que contei, há cerca de setenta seguranças. Se sua namorada está aqui, eles estão muito bem preparados. Sabiam que os Assassinos viriam.
— Acha que Elias de alguma maneira pode ter fugido?
— Duvido, mas agora não é hora para pensarmos nisso. Primeiro a missão, depois indagações - Ela observa a região onde está Thomas e sorri ao me encontrar próximo à área VIP - Derek, consegue me enxergar daí? Quantos Assassinos estão perto de Lopez?
— Meia dúzia - Contei receoso enquanto apanhava uma adaga em um compartimento secreto da roupa.
— Eu cuido do Aguiar, mas você só parte pra cima do Thomas se não avistar ninguém indo em sua direção. Não sei que ordens os Assassinos podem ter a seu respeito - Ela se contém por um momento antes de se corrigir - A nosso respeito.
— Vou esperar aqui - Observo enquanto alguns Assassinos passam por mim sem me reconhecer, então foco minha atenção em Jade, que atravessa uma faixa da área em um ponto cego do segurança, dançando sensualmente para não chamar atenção, no instante seguinte vejo uma mão subir ao alto tentando pedir socorro, mas estava morto demais para conseguir falar. Primeira parte do plano concluída, agora é comigo. Subindo uma corda que dá acesso ao palco, onde um DJ toca com vigor, alcanço a área VIP mais alta de todas, onde Thomas Memphis se encontrava. Pulei em silêncio no chão (como se fosse possível alguém me escutar no meio daquela agitação). Mesmo assim, um segurança se virou praticamente comigo, mas não houve tempo para fazer alarde. Um golpe rápido com minha lâmina oculta silenciou o guarda, que caiu sobre minhas mãos para que eu o colocasse atrás do imenso sofá ao lado antes de usar a mesma estratégia de Jade. Dançando no meio da multidão, tratei de guardar minha adaga e manter a mão da lâmina oculta apostos no instante em que me coloquei atrás de Memphis. Subitamente uma agitação se instala e todos no salão correm desesperados para as saídas, me distraindo por tempo suficiente para perder Thomas, que estava na beirada da área VIP para ver o que estava acontecendo. Nesse instante os seguranças sacam suas armas e miram em mim, mas eu me abaixo e giro no chão, atravessando a lâmina na perna de um deles enquanto enfio uma adaga em um segundo. Memphis é escoltado para fora dali enquanto combato os demais Templários, que tombam perante  habilidade com a adaga. Um ou outro segurança consegue disparar em minha direção, mas ativo meu poder e desvio das balas por um triz antes de cortar pescoços e pulsos com minhas armas brancas, seguindo por um logo corredor até onde dois Assassinos se posicionavam em modo de ataque, matando dois seguranças que vinham em meu encalço antes de retirarem seus capuzes e revelarem suas identidades. Um deles eu não conhecia, mas o outro era Nathan, que sorri aliviado ao perceber que era eu. Mais seguranças surgem, mas estes estão bem equipados e com armas melhores que os colegas. Sem hesitar, os dois miram suas pistolas e acertam disparos em alguns seguranças, mas não em todos. O jovem Assassino consegue se esconder atrás de uma mureta, mas Nathan não tem a mesma sorte. Mais Assassinos vem em seu apoio, correndo pelo túnel para despachar os seguranças e prosseguir com sua fuga, mas eu me abaixo para resgatá-lo.
— Não devia ter feito isso por mim - Afirmei indignado, segurando uma repentina e inesperada torrente de lágrimas em meus olhos fundos.
— É o mínimo que poderia fazer... Temos preocupações sérias e Harry está cada vez mais desconfiado - Explicou Nathan rindo da própria declaração, como se não pudesse ser mais irônico.
— Imagino que esteja, mas não liga pra isso agora. Vou levar você até eles - Declarei levantando seu corpo, o que só fez com que gritasse de dor e desespero, me forçando a colocá-lo de volta no chão.
— Aqui é meu lugar, não esquenta.
— Como assim?
— Sei que mudou de ideia a meu respeito e fico grato por isso, mesmo que agora seja tarde demais, mas você estava certo desde o princípio - Revelou Nathan com os olhos tomados pela culpa - Eu sempre fui um traidor. Sempre trabalhei para os Templários.
— Não pode ser - Sibilei espantado. O que era mais improvável naquele momento? Me importar tanto com o homem que passei os últimos meses desconfiando ou saber que mudar de ideia tinha sido um erro?
— Ao menos agora compensei pelos meus erros - Ele segura um grito de dor ao mesmo tempo que cobre um ferimento com a mão - Vá em frente, acabe logo com Memphis e ponha um ponto final nessa história - Assim, Nathan morre como um traidor, me deixando tão abalado e perplexo que sequer liguei para o segurança ao meu lado. Sem raciocinar, enfiei com ódio a lâmina em seu peito, sentindo aos poucos seu coração parar antes de arrancar com um único movimento a mesma de dentro do sujeito, espalhando um jato de sangue nas minhas vestes e em alguns pontos do corredor. Sigo até uma plataforma próxima do estacionamento e me deparo com Thomas Memphis fugindo na companhia de seus capangas, o que me faz correr masi depressa ainda. Pulando na direção do segurança na vanguarda, enfiei as duas adagas em seus ombros antes de arremessá-lo em outro segurança e partir para cima de três sem temer o resultado final. Defendendo golpes e desviando de balas, dei uma rasteira seguida de um golpe que cortou o tronco de um segurança. Parti para cima do segundo com mais ímpeto ainda, quebrando um braço e desferindo uma joelhada em sua virilha. O terceiro não consegue fazer nada além de observar a lâmina correr pelo ar de encontro ao seu pescoço. Tudo o que restava era Thomas Memphis. Ataquei rapidamente, de maneira que ele sequer teria tempo de reação, mas ainda assim ele consegue reagir. Desviando uma lâmina com um braçelete metálico e retrucando com um golpe de força sobrehumana, Memphis me encara como se eu não passasse de uma pulga.
— Derek Azhiph, tinha esperança de conhecê-lo, por mais que devesse estar morto.
— Diz isso porque tem medo que eu volte a público e você perca tudo o que tem - Observei poupando energia ao me manter no chão.
— Medo? Estou à sua frente de uma forma que nenhum de vocês espera. Continue aí e quem sabe sobreviva para ver o que farei por esse mundo - Declarou antes de se retirar sem pressa rumo a seu carro de luxo, sendo levado rapidamente para longe da boate enquanto me reviro no chão para não deixar meus pensamentos focados exclusivamente na dor profunda que atinge meu corpo.


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Notas finais do capítulo

Nathan morreu e agora ficou comprovado quem ele era. Derek falhou em sua missão, que consequências haverá para ele e a a Irmandade?



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