A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 2
A parceria dos sonhos


Notas iniciais do capítulo

Depois de algum tempo sem inspiração, cá estou eu, espero ter deixado a história melhor ainda, aproveitem!!!



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O ponteiro marca oito horas em ponto, e é nesses momento que me sento, abro minha pasta e presto atenção nos votos do gerente, que não se demora para que o presidente possa falar. O presidente da Venille Corporation é Alexander Vasquez, um mexicano bom de negócios, homem de confiança do meu pai. Ele assumiu a empresa assim que meu pai se afastou e optou por seguir a carreira de engenheiro. Eu sou o acionista majoritário, e honestamente prefiro assim, normalmente a diretoria me consulta para grandes negociações, principalmente quando se trata de uma empresa tão grande e influente quanto a Abstergo. Eu mesmo me ofereci para participar dessa reunião, por que alguns dos sócios não tem a mesma disposição em abrir uma parceria com uma empresa tão grande e significativa quanto essa. A verdade é que meu sonho sempre foi conseguir uma parceria entre as duas empresas, e estou disposto a encarar os membros de visão pequena da diretoria para isso.
—Bom dia, sejam bem-vindos à Torre Venille, dou nossos cumprimentos aos convidados da Abstergo e agradeço por terem aceitado nossa proposta - Começa Alexander se levantando e se colocando à frente do projetor.
—Nós que ficamos contentes em terem reconsiderado nossa proposta inicial - Corrigiu o representante da Abstergo com um tom arrogante que tirou a pose de Alex e me fez soltar um sorriso.
—Não posso discordar - Confessou Alex ignorando o tom do representante - A questão é que alguns de nossos parceiros não tinham certeza dos benefícios que poderia nos proporcionar uma aliança entre nossas companhias, mas tenho certeza de que quando terminarmos essa reunião estaremos em concenso.
—Assim espero - Declarou o representante um tanto impaciente. Ao lado dele havia duas pessoas, um advogado e um promotor ou algo parecido. O advogado era de uma companhia particular muito boa em asumir casos que envolvessem negociações fajutas, lavagem de dinheiro e negligência fiscal. O promotor eu já conhecia de um caso envolvendo uma antiga patrocinadora da Venille que tinha sido acusada de contrabando de substâncias biológicas, mas ninguém nunca conseguiu provar nada. Fora eles havia mais quatro funcionários da Abstergo, membros da diretoria selecionados para aquela reunião. Ao longo da reunião eu observei os membros que ainda não se convencido se contentarem e se impressionarem com os dados expostos da Abstergo. Ela não era apenas uma empresa que lidava com tecnologia como tinha potencial para se tornar a próxima Apple ou Microsoft. Talvez até mais do que elas. Tudo isso graças a um programa central do departamento científico onde estudavam a mente humana. Em Vinte anos eles trouxeram mais novidades sobre o campo do Cérebro do que qualquer outra empresa, e esses avanços eram vistos recorrentes em suas criações: chips inteligentes, propostas de exoesqueletos para deficientes, nanotecnologia aplicada à sinapse, ou possivelmente com a mesma base. Tudo isso foi dito por um palestrante da empresa contratado para aquela reunião, que falava de maneira tão clara e viva que parecia ser capaz de nos encantar com as palavras. Depois de duas horas, todos estavam maravilhados, quase entorpecidos pelas palavras do sujeito, enquanto eu ficava mais entediado, chegando ao ponto de bocejar.
—Ben - Chamei. Era um diretor gorducho com bigode e ralos fios brancos que mentiam feio sua idade.
—O que foi? - Indagou Ben quase me ignorando, como se o palestrante fosse uma dançarina de uma boate.
—Não está cansado dessa baboseira?
—Do que está falando? Essa está sendo a reunião mais produtiva desde a época que trabalhava pro seu pai.
—Esse cara não para de falar há horas, parece que usa drogas ou algo do tipo. Nunca vi alguém tão chato pra falar -Confessei por fim. Aquela reunião já tinha me esgotado por completo.
—Presta atenção, agora vem a parte mais interessante - Avisou, então parou de me dar atenção para voltar a ouvir o palestrante.
—Vou tentar - Assim que me viro para prestar atenção no palestrante, percebo que o projetor mostra no quadro uma árvore cumprida, cheia de rostos, objetos e símbolos estranhos.
—Esse é o assunto que venho por fim apresentar-lhes, é a Árvore da Evolução Humana. Desde os primórdios até os tempos atuais - Eu ouvi mesmo o que aquele sujeito tinha falado?
—Ben, do que aquele cara estava falando agora há pouco? - Ben se vira sem tirar os olhos do sujeito, então responde sem muita atenção.
—O modelo econômico diferenciado da empresa - Eu volto um pouco e lembro das palavras que escutei anteriormente, ele nada falou sobre modelos econômicos. Lembro dele ter pronunciado algo como esquema umas dez vezes e ter citado os Templários das Cruzadas outra tantas. Afinal de contas, que reunião era aquela?
—Essa árvore mostra que há um rombo repentino na evolução, um salto de milhões de anos, mas tal noção é uma farsa. Uma ilusão criada entorno do mundo para encobrir o que de fato aconteceu. Foi quando os Deuses Antigos se envolveram em nosso processo evolutivo - Espera, eu acabei de ouvir ele dizer "deuses"? - Através dessa árvore podemos perceber que os Templários também seguem um fluxo evolutivo, eles desenvolveram um grande processo de inovações tecnológicas que fizeram a humanidade evoluir mais de duzentos anos em apenas alguns punhados de décadas. O grande foco da nossa Ordem sempre foi buscar uma maneira de gerar uma sociedade perfeita. E esse método nos foi deixado há muito tempo pelos nossos ancestrais evoluídos que nos deram tudo o que temos atualmente. Mentiras. Mesmo assim, estudamos o que nossos irmãos deixaram de conhecimento e criamos novas tecnologias a partir disso. Tecnologias com o mesmo propósito, de tornar o mundo um lugar onde todos possam colaborar num todo. Chegamos perto com a internet, desenvolvemos os métodos hipnóticos, tudo isso estudando a mente humana e seus mistérios. Essa é a verdadeira missão da Abstergo, desvendar a mente humana para torná-la interdependente - Quando ele parou de falar, eu olhei descrente para a árvore e para meus companheiros, que aplaudiam aquele sem ressentimentos, como se ele tivesse pronunciado o melhor discurso de todos. O que mais me aterrorizava era que aquela mulher voltava à meus pensamentos. Ela me avisou sobre a árvore da Abstergo. Mas como ela poderia saber? Quem eram aquelas pessoas de verdade? Por que todos da Venille aplaudiam depois de ouvirem palavras tão sem sentido? Reflito por um tempo, mas não o suficiente, pois Alexander já está em pé e falando.
—Senhores, creio que depois dessa fabulosa demonstração muitos dos senhores tenham mudado de opinião ou melhorado mais ainda a que já possuíam a respeito de nossa parceria com a Abstergo - Fabulosa? A única vez que vi Alexander dizer essa palavra foi num restaurante chique que conseguiu comer o melhor sorvete de açaí com vinho que ele havia provado - Creio que seja o momento adequado para começarmos a votação - Assim, o advogado prepara a papelada e cada um dos diretores presentes declara seu voto com mais alegria e entusiasmo do que o anterior, a resposta de todos era "Sim". Então Alexander não disse meu nome, pulou e deu a votação por encerrada, o que liberou minha fúria de imediato:
—Esqueceu de mim, Alex? - Lembrei indignado.
—Claro que não, mas como você foi um dos maiores incentivadores do projeto achei que não precisaríamos de tanto formalidade. Mas faça como achar melhor.
—Obrigado - Me levanto e tomo a frente da mesa - Eu voto contra a proposta de abrie uma parceria entre a Venille Corporation e a Abstergo.
—Como assim, Derek? - Questiona Alex olhando para a diretoria e, em seguida para mim - Qual é o seu problema? Não vê a maravilha que as propostas da Abstergo são?
—Não vê que estão se comportando de maneira estranha? Não ouviu eles falando sobre estudar a mente para dominá-la?
—Para se tornar interdependente - Corrigiu o palestrante como se eu fosse uma criança burra - Não confunda as palavras.
—Que seja. Vocês manipulam as palavras para manter oculto seu verdadeiro significado. Não sei como, mas hipnotizaram eles de alguma maneira, tenho certeza - Um dos diretores presentes da Abstergo, um ruivo com feições de meia-idade e frieza aparente se levantou e sorriu amistosamente.
—Meu caro, quer saber a verdade? Sim, eles não estão agindo normalmente, mas não estão hipnotizados. Todos tem plena consciência do que fazem e pensam, o que muda é a maneira como enxergam e captam o mundo exterior. Isso entra em suas mentes de maneira diferente e o resultado é que suas atitudes são diferentes da que se espera.
—Você é louco, são todos loucos.
—Um sistema infalível que descobrimos através de estudos dos nossos irmãos dos tempos anteriores a respeito do que procuramos - Explicou ignorando minha conclusão - o que leva à uma pergunta: Como você escapou do sistema? - Foi a hora que me dei conta de que não estava como os demais, estava vendo e ouvindo as coisas da forma como realmente eram.
—Já chega Derek - Gritou Ben revoltado - Pare de ofender o senhor Gröhler ou vou ter que te expulsar dessa reunião por conta dessa falta de postura.
—Falta de postura? Ele vem com esse papo estranho depois faz isso com vocês, ele deveria estar num manicómio, assim como o resto desse pessoal - Desabafei indignado.
—Como tem coragem de dizer isso, seu fedelho ingrato - Xinga Ben se aproximando.
—Como assim? - Perguntei confuso - O que acha que eu falei?
—Ele acha que você o xingou todinho, assim como a mãe dele e a minha - Esclareceu Gröhler sorrindo maliciosamente - Também pensam que você ameaçou por todos na rua -Foi quando enfim percebi que todos estavam de pé me olhando raivosos.
—Está fora, Derek. Caia fora dessa reunião agora - Vociferou Ben apontando para a porta.
—Não pode fazer isso, eu sou o acionista majoritáio - Argumentei irritado.
—Em breve não será mais, não quando comprarmos suas ações - Explicou Gröhler com satisfação.
—Vocês não tem dinheiro para comprar minhas ações, teriam de falir para conseguir isso - Zombei sorridente.
—Temos muito mais dinheiro do que pensa, senhor Azhiph. Da mesma forma como temos meios e poder para acabar com sua pessoa em apenas um dia. Então, por gentileza, agilize nossa parte e vote a favor da parceria.
—Eu até voto a favor, mas só se for para mandar um voto perpétuo pra você se fuder. Aquela mulher estava certa, eu estou dando essa reunião por encerrada.   -Que mulher? - Pergunta Gröhler com mais curiosidade do que eu esperava - Ela usava capuz? - Nesse instante tive certeza de duas coisas, não poderia confiar na Abstergo e tinha de encontrar aquela mulher de novo, por que a desgraçada tinha acabado com a minha vida. Dois seguranças entram na sala e miram suas armas de choque em mim.
—Que merda pensam que estão fazendo? - Mal termino a frase e eles atiram em mim, mas subitamente tenho minha visão prolongada, consigo enxergar tudo bem devagar, me esquivo dos disparos de ganchos elétricos enquanto as coisas ao meu redor se movimentam lentas demais para me acompanhar. Quando paro e me dou conta, tudo voltou ao normal, os seguranças me perseguem e pulo na direção do primeiro, dando-lhe um soco e derrubando-o no chão com uma rasteira ágil que parecia mais um reflexo. O segundo avança sobre mim e distribui socos e chutes, os quais desvio quase que instantaneamente, antes de pular na mesa de reuniões e chutá-lo na cara sem pensar duas vezes.
—Assassino - Grita Gröhler enfurecido, embora eu só fosse descobrir depois que ele se referia a um Assassino com letra maiúscula. Corro para fora da sala, esbarrando em muitos funcionários, tropeçando num carrinho de limpeza e descendo as escadas o mais rápido possível, trombando com alguns seguranças confusos que não sabiam se deveriam me impedir ou deixar que eu continuasse poucos instantes antes de acertá-los no rosto e nas partes baixas sem nem eu próprio entender a razão. Um rastro de omelete para trás, se é que me entende.
—Assassino - Grita um homem vestido de preto, muito semelhante ao traje usado pela SWAT, que mira e descarrega sua metralhadora em mim, felizmente acertando apenas as vidraças do térreo. Assim que consigo escapar do edifício, carros pretos surgem de todos os lados e me cercam, sem se importar em invadir a calçada. Homens vestindo uniforme militar prero saem dos carros e miram suas armas em mim. Olho de um lado pro outro desesperado, não há escapatória, então ergo minhas mãos para cima e fico de joelhos, deixando três homens me jogarem no chão e me algemarem.
—Acabou terrorista - Declara o homem mais próximo às gargalhadas. Ele me arrasta até um comboio e me joga dentro de uma van, onde me vedam antes de fechar a porta do veículo. Minha respiração está acelerada, não tinha ideia do que tinha acontecido e estaria morto antes do dia terminar, ou mesmo coisa pior. 


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Notas finais do capítulo

Coitado do Derek, pra que ouvir uma desconhecida?



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