A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 1
Um dia rotineiro


Notas iniciais do capítulo

Nova fic, primeira fic de jogo, devo contar a vocês que Assassin's Creed é um de meus jogos favoritos, e espero poder mostrar isso escrevendo com fidelidade à série que tanto nos encanta.



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Tudo estava escuro, minha visão já não era a mesma. Ainda assim olhei ao redor e percebi que, embora meus sentidos me traíssem, minhas habilidades nunca me deixariam na mão. Me levanto com dificuldade e observo os arredores. Algumas árvores baixas, alguns galhos próximos, alguns recheados por frutos de diversos tipos, mas não é isso que procuro. Passo a mão no meu canto direito, há uma fenda abaixo da costela, sinto ar entrando pela ferida, que já parara de jorrar sangue, diferente do meu pescoço, ferido na parte baixa com um leve corte, onde o sangue escorria como a nascente de um rio, encharcando a gravata que eu usava por cima de uma camisa branca de marca barata (confesso que sou mais pobre que o normal). Meu atacante se aproxima, ele está trajando uma jaqueta de couro marrom por cima de uma camisa vermelha que escondia um símbolo muito semelhante ao Taurus católico, aquele crucifixo que não parece uma cruz?

Dou um passo para trás vacilante, embora a noite esteja fria, estou com mais frio do que o normal, minhas pernas estão trêmulas e minha respiração funciona com dificuldade. Ele tira de seu cinto uma adaga brilhante, platina, sedenta por sangue, então sorri com diversão, pula em minha direção e, para sua surpresa, me esquivo antes que ela tenha a chance de alcançar minha cabeça. Ele se abaixa e me derruba sem trabalho com uma rasteira, então se levanta e estrala o pescoço antes do novo ataque, na qual a lamina de sua adaga encontra minha mão, que é a única ferramenta que disponho para evitar ataques certeiros do habilidoso Templário contra meus pontos vitais. Por pouco ele não acerta meu pulso, o que não impede de mais sangue jorrar pelo local da perfuração, o que causa um forte choque em meu corpo. O frio que sinto aumenta, cambaleio uma vez mais, minha mente está turva e me trai. Tudo fica mais escuro a cada momento, e enquanto tento me manter em pé, lembro que estou no meio de um confronto, um de nós morreria ali sem sombra de dúvidas, e as chances estavam contra mim.

Em uma nova investida, o Templário chuta minhas costas, e por consequência caio no chão inerte. Ele salta por cima de uma pedra, a apanha e a esfrega em minha cabeça antes de bater em mim com ela. Sua risada é psicopata, ele se divertia muito com meu sofrimento, e prolongar isso só deixaria ele mais contente ainda, então abro mão de tudo. Desisto de pensar, de me concentrar em não ficar tonto, é assim que não consigo mais distinguir as árvores do céu ou da roupa escarlate que meu assassino veste, tudo se mistura numa grande torrente até virar nada. Apenas escuridão. Não sinto mais nada, nem meus cabelos castanhos de tamanho médio, nem meus dedos cheios de cicatrizes, nem minhas roupas gélidas e encharcadas com meu próprio sangue.

Meses antes, estou em casa com minha namorada, Janeth, ruiva e jovem, com olhos difíceis de distinguir entre castanho e verde, camiseta sem manga marrom e calça branca. Ela está sentada com as pernas expostas no sofá, observa enquanto visto meu terno costumeiro preto, vejo através do espelho seu olhar safado ansiando meu corpo mais que qualquer outra coisa. Ela sorri e então me encara nervosa quando fecho o zíper da calça.

— O que acha? – Pergunto na esperança de ouvir uma opinião sincera pelo menos uma vez na vida.

— Prefiro você sem roupa – Responde Janeth sem se importar com minha opinião ou cara de censura. Vou à cozinha e abro a geladeira para preparar um rápido café da manhã antes de sair.

— Janeth que horas são, por favor? – Ela sai de cima do sofá e apanha seu celular jogado ao lado da cama, então geme frustrada.

— Quinze para as sete – Ao ouvir isso, pego uma maçã e uma garrafa de refrigerante diet que sobrara de uma confraternização com o pessoal da empresa, e ao fechar a porta da geladeira olho para ela com desejo, sorrio, apanho minha bolsa de alça única e minha pasta, a beijo no rosto e me dirijo à porta.

— Você é um chato – Disse Janeth decidida.

— Obrigado, pelo menos não ofendeu meu orgulho profissional – Retruquei com sinceridade.

— Vai se ferrar – Falou chateada deitando de novo na cama. Ao sair de casa, corro apressado, atravesso ruas sem olhar para os dois lados da rua enquanto devoro minha maçã e tomo alguns goles do refrigerante que mal sentia o sabor até parar e conferir na lata, era de uva. Paro em frente a um ponto de táxi e dou sinal para o primeiro que aparece, então entro e verifico meu relógio, que por algum motivo parara do nada.

— Que horas são, por favor? – Pergunto ao motorista sem paciência.

— Sete e doze.

— Merda – Praguejo me virando para a rua – Pode andar o mais rápido que puder?

— Para onde? – Pergunta o motorista sem muito interesse em minha evidente pressa.

— Torre Venille, norte da cidade, no centro empresarial.

— Certo, consigo chegar lá rápido.

— O bastante para chegarmos antes das oito?

— Sim, senhor, desde que pare de falar haverá tempo de sobra – Disse o motorista chamando minha atenção.

— Ah, claro, me perdoe – Pedi enquanto procurava minha carteira – Quanto vai dar a viagem?

— Setenta e quatro dólares – Entrego uma nota de cem dólares sem hesitação.

— Senhor, não tenho troco, é minha primeira viagem essa manhã – Revelou o motorista.

— Sem problemas, pode ficar com o troco, apenas me leve à torre, pode ser? – Ele concorda com um aceno de cabeça, fecho a porta do banco de trás e assim o táxi parte veloz rumo à torre Venille, passando por semáforos indicando vermelho, carros cujos motoristas não tinham tanta pressa e sem ligar muito para limites de velocidade. Assim que o carro para eu desço e olho de um lado a outro, amarro meu cadarço, então o táxi parte de volta às ruas. Ando com rapidez rumo à entrada do prédio, porém uma mulher de olhos claros e cabelos castanhos escuros me para, mal enxergo os detalhes de seu rosto, que está coberto por um capuz cinza que a meu ver chamava muita atenção numa manhã em que o sol estava tão perto de se aproximar.

— Não faça isso – Pediu a mulher com um semblante de receio.

— Por favor, me solte, tenho uma reunião urgente onde irei ouvir a proposta mais importante da minha vida – A mulher não tira a mão do meu braço, e mesmo tentando me desvencilhar ela continua a me segurar – Por favor, é importante para mim – Implorei outra vez, uma gota de suor escorria por meu rosto.

— Se fizer isso, Derek Azhiph, vai condenar o mundo todo. Quando disserem sobre a árvore da companhia, resista e diga não, diga não, senão o mundo cuspirá uma maldição terrível sobre todos nós.

— Você é louca? Eu disse pra me soltar – Berrei irritado, o que a forçou a me soltar já que todos prestavam atenção em nós dois.

— Está bom assim? – Perguntou se afastando de costas, mas sigo meu caminho sem olhar para trás, cheio de esperança de chegar na maldita reunião a tempo. Ao subir todos os níveis, descer do elevador e ficar de frente para a porta, paro um instante e me lembro dela, era tão linda e misteriosa, suas feições marcantes, difíceis de confundir, e o mais intrigante de tudo, ela sabia o meu nome. Mas como uma pessoa que eu nunca vi na vida poderia saber meu sobrenome? Mesmo em uma festa onde eu tivesse bebido mais do que o normal, ninguém teria uma mente forte o bastante para se lembrar dele na manhã seguinte. Quem era aquela mulher e que doideiras eram aquelas que ela dizia para mim? De qualquer maneira não importava, o sonho da minha vida estava bem na minha frente e eu tinha que abraçar aquela oportunidade que não costumava surgir com frequência, até por que não era uma pessoa relevante de minha vida que havia dito aquilo, e sim uma mulher que eu nunca vi na vida e que sabia meu nome. Caramba, ela sabe meu nome, pensei. Ela sabe que sou Azhiph.


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Notas finais do capítulo

Por quê tanto medo de uma reunião?



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