Pansy Parkinson encarava as palmas de suas mãos enquanto a professora Trelawney tagarelava sobre a matéria de adivinhação e sua importância para os alunos pertencentes a Slytherin e Gryffindor, a morena revirara os olhos ao menos umas três vezes naquela explicação sem fim e encarou Draco Malfoy com o canto dos olhos, podendo vê-lo bufar e passar a mão esquerda por seus cabelos loiros, deixando-os bagunçados por alguns segundos, mas como se fosse obra de algum feitiço feito por ele (ou provavelmente feito pela senhora Malfoy, Parkinson pensava) os fios claros se encontravam perfeitamente em ordem novamente.

— Eu não sei a razão para fazermos essa matéria. – a voz de Blaise Zabini se fez presente em um resmungo.

O menino Malfoy soltou um murmúrio concordando com o rapaz negro e a menina deu uma pequena levantada nos ombros como se dissesse que não se importava realmente com aquilo. E ela não se importava.

O verdadeiro motivo para ela ter escolhido aquela matéria era ficar longe da garota pertencente a Ravenclaw. Aqueles cabelos claros e os olhos sonhadores perseguiam Pansy em seus sonhos desde algumas semanas antes das festas de final de ano longe de Hogwarts do ano anterior, onde ela vira Luna Lovegood lhe dar um pequeno sorriso no Três Vassouras enquanto elas tinham sido obrigadas a sentar-se lado a lado no balcão do pub bruxo. Não era justo que aquilo a perseguisse, por Salazar aquilo havia sido apenas um pequeno sorriso.

— Você vem ou vai ficar aí sentada e esperar a Trelawney ler seu futuro? – Draco perguntou rudemente despertando a amiga que levantou a cabeça e revirou os olhos para o amigo.

— Eu ia pedir para ela ver se em algum lugar do futuro você fica mais tragável, Malfoy. – a morena o respondeu e pegou seus livros, levantando-se da mesa logo em seguida e deu um sorriso sarcástico para o loiro que encarava um ponto atrás da menina – Pare de babar pelo Potter, por Salazar Dray. – ela resmungou e chegou mais perto do amigo – É sério, pare de babar.

— Eu não estou babando, Parkinson. – o loiro soltou rudemente e levou a mão até o canso da boca, observou um sorriso maroto sair dos lábios de Pansy e revirou os olhos – E você nem sabe se eu estava encarando o Cicatriz.

— Eu não preciso olhar por cima do meu ombro para saber que você está encarando o Potter. – deu os ombros e passou pelo rapaz loiro – Se você não tem coragem de chegar até ele fique quieto e vamos logo para o jardim.

Ele bufou, deixou seu corpo dar meia volta e segurou a mão da amiga puxando-a para fora daquela sala imunda e escura. Os dois começaram a caminhar pelo castelo com passos rápidos e fortes. Quando chegaram ao jardim de Hogwarts deram mais sessenta e dois passos, conhecidos e decorados por Parkinson, ela deu um pequeno sorriso ao avistar a árvore que fazia uma pequena sombra e pegou sua varinha, apontou para a grama e conjurou uma toalha verde para que ela pudesse se sentar e aproveitar aquele período livre.

Pansy e Draco sentaram-se e deixaram seus livros ao lado de seus corpos, encaravam os outros alunos e vez ou outra comentavam algo banal sobre as fofocas que aconteciam no castelo sobre alunos ou professores.

Percebeu que Malfoy havia fechado os olhos e se desligado do mundo a sua volta quando ela o chamou para comentar o que Blaise fazia rindo ao lado de uma Luna incomodada e uma Ginny de expressão fechada. Seus dentes apertaram seu lábio inferior nervosamente e ela entendeu o que estava acontecendo naquele momento, Zabini estava atormentando a ruiva para que ambos pudessem sair e Luna se mostrava incomodada por ter sentimentos pela Weasley mais nova.

— É claro que ela não olharia para você, Parkinson... – murmurou para si mesma e deixou seus braços cruzarem em frente ao seu corpo.

Observou os três se aproximarem ainda mais de onde estava e pode compreender melhor o que estava acontecendo.

— Você é a bruxa mais estranha que qualquer pessoa vai conhecer um dia. – a voz do negro zombou – Você. – ele olhou para Ginny com um pouco de malicia nos olhos – Deveria andar com bruxos de alto padrão.

— Você deveria estar preocupado com seu péssimo desempenho Blaise, e não incomodando a Lovegood. – Pansy comentou antes que Weasley falasse alguma coisa – E ambos sabemos de qual desempenho eu estou falando. – falou com um sorriso sarcástico nos lábios e deixou seus olhos irem até Luna que lhe dava um pequeno sorriso.

Zabini encarou a morena com uma expressão fechada e logo sua grossa sobrancelha se arqueara para cima.

— Cale a boca, Parkinson. – ele murmurou irritado.

— Quem está falando asneiras é você, Zabini. – Ginny se pronunciou – Eu não vou sair com você. – informou para ele e cruzou seus braços em frente ao seu corpo enquanto balançava a cabeça com raiva – Principalmente agora que você zombou de minha melhor amiga.

Parkinson mordeu sua bochecha e deixou seus lábios irem para cima em um sorriso levemente malicioso, ela olhou para o lado e percebeu que Draco a encarava com um leve semblante de dúvida. Ela pode ver Malfoy levar seu olhar para Luna e voltar a olhar para ela, logo o semblante do loiro se transformou em surpresa e ele deu um sorriso extremamente malicioso para a amiga. A sonserina balançou a cabeça em negação rapidamente e ele acenou com a cabeça.

[...]

Alguns dias depois do acontecido nos Jardins do castelo da escola a loira andava com passos divertidos e desajeitados pelos conhecidos corredores de Hogwarts. Luna Lovegood estava com seus brincos de ameixa e ia para a biblioteca da escola quando seu corpo trombou de frente com outro corpo.

— Olhe por onde anda.... – a voz feminina começou a falar em um tom rude e parou logo em seguida – Ah, olá.

Luna abriu os olhos e deu um pequeno sorriso para a garota em sua frente. Pansy Parkinson encarou-a com um olhar engraçado e apontou para os cabelos loiros da aluna da Ravenclaw, a loira passou a mão pelos cabelos e pode perceber que seu brinco de ameixa havia ficado preso nos pequenos nós que haviam em seu cabelo – dados pelo seu jeito de andar desajeitado em pequenos pulos.

— Você deveria saber que ameixas não são acessório, mas... – a sonserina começou a falar novamente e parou para pensar com os olhos semicerrados – Até que ficam bem em você, Lovegood. -  completou com um tom de divertimento e ao mesmo tempo sinceridade.

— Obrigada, Pansy. – a corvina agradeceu a morena e pela primeira vez sorriu com os dentes para Parkinson.

— E seu sorriso... – a outra começou novamente e levou a mão em seus cabelos escuros, colocando uma mecha de seu cabelo curto atrás da orelha, ato que não passou despercebido pela menina que estava em sua frente – Fica muito mais bonito assim.

Elas ficaram se encarando por longos dez minutos até que uma tivesse coragem de quebrar o gelo que estava se fazendo palpável ali.

— Então... – Luna começou.

— Você estava indo para a biblioteca? – Parkinson perguntou no mesmo momento – Eu precisava ir para lá também.

— Eu posso usar sua companhia por mais um tempo. – a loira comentou sorrindo e obteve o sorriso de Pansy como resposta, um sorriso que mostrava parte dos dentes da morena – O seu sorriso também fica muito mais bonito assim. – ela constatou enquanto andava lado a lado com a sonserina.

Lovegood não pode ver e Parkinson realmente agradeceu por isso, pois suas bochechas tomaram um tom rosado e sua respiração ficou levemente descompassada com a fala da menina que usava brincos de ameixa.

Elas andaram lado a lado pelos corredores e trocavam informações vez ou outra. Para Luna era interessante ter alguém além de Ginny e Neville que realmente lhe escutasse e tivesse opinião sobre os assuntos que ela começara a falar naquele momento.  Para Pansy era estranho andar com alguém mais alegre e que falasse tanto, e ela podia ver alguns alunos acharem estranho o fato de ambas estarem andando juntas e rindo de alguns assuntos, mas era reconfortante fazer aquilo com alguém que parecia não se importar com mais nada além da pequena bolha que havia sido criada sob as duas alunas daquela escola.

[...]

Alguns meses haviam se passado após a amizade criada entre as meninas. Elas estavam na sombra da árvore de Pansy e Draco, se protegendo dos raios solares que estavam mais fortes naquele sábado.

Pansy estudava algo sobre Poções enquanto Luna lia alguma coisa sobre Zonzóbulos em um livro que ela havia descoberto na biblioteca enquanto pesquisava sobre um trabalho de Defesa Contra a Arte das Trevas.

A loira observou a morena pelo canto dos olhos e logo percebeu que estava sendo observada também, fechou seu livro e ajeitou-se na toalha verde encarando a mais nova amiga.

— O que houve, Pansy? – ela perguntou levemente preocupada.

— Sabe Luna, eu adoraria aprender mais sobre você... – a morena falou com um pouco de apreensão e sorriu divertidamente para a loira – Talvez começando pela sua língua. – falou simplesmente antes de encostar seus lábios sob os da outra menina, pegando-a de surpresa.