As Damas Perrault escrita por Florrie


Capítulo 6
Capítulo 5




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— Capítulo 5 –



— Diga-me Noelle, quem foi à bruxa mais poderosa do mundo?

            A irmã mais velha tirou os olhos do seu bordado e olhou para a mais nova. Celia freqüentemente tinha perguntas como aquela, era uma menina curiosa desde muito pequena. Por que algumas rosas são vermelhas e outras são brancas? Por que o céu escurece? Quem inventou os sapatos com salto?

            – Devia perguntar a mamãe. – respondeu Noelle voltando ao seu trabalho. Estava a bordar um urso na saia de um vestido antigo.

            – Você deve saber a resposta.

            Ela suspirou e colocou o bordado no colo. Celia piscou seus longos cílios e se pôs de joelhos na sua cama. Essa menina. Pensou em uma resposta que fosse satisfazer a mais nova e então se lembrou de uma história que sua mãe costumava contar quando ela era muito pequena.

            – Há muito tempo atrás existiu uma mulher formidável, chamava-se Gioconda, a Boa.

            – Há quanto tempo atrás? – interrompeu Celia. Já tinha esquecido o próprio bordado, a águia que começava a tomar forma no lencinho provavelmente não seria terminada naquela tarde.

            – Deixe-me terminar e pare de ficar me atrapalhando por detalhes inúteis a história.

            – Eu acho o contexto histórico um elemento muito importante.

            Resolvendo ignorar a irmã, Noelle continuou.

            – Gioconda morava em belo castelo nas planícies de Alcantara. Era uma mulher muito rica, tão rica que o próprio Rei lhe respeitava e beijava sua mão com se fosse ela a pessoa sentada no trono. Ela era também conhecida por ser muito generosa, fazia grandes doações aos mais pobres, ajudava os agricultores em tempo de seca e acolhia jovens moças, órfãs ou renegadas pelas famílias, em sua casa. – quando viu que Celia faria outra pergunta Noelle rapidamente voltou a narrar. – De fato uma mulher muito formidável, mas igualmente cruel.

            – Cruel?

            – Sim. – respondeu. – Em um inverno especialmente rigoroso...

            – Mas Alcantara não tem invernos rigorosos. – rebateu Celia.

            – Eles são raros, mas não são nulos. – disse e então continuou: – Como eu ia dizendo, houve um inverno muito rigoroso que deixou o castelo quase que isolado. Foi um longo tempo de neve até que a nova estação chegasse. Nos meses seguintes coisas estranhas começaram a acontecer, moças começaram a desaparecer misteriosamente nas redondezas. Meninas iam até o castelo de Gioconda e não voltavam mais.

            “Um dia, uma moça escapou do castelo de Gioconda. Ela estava machucada e amedrontada. A pobre moça encontrou um cavaleiro na floresta e para ele contou tudo. Disse que a senhora Gioconda era uma mulher cruel, que torturava moças e tomava banho em seu sangue para manter-se jovem e bonita.”

            Celia deu um gritinho baixo.

            – Mas que tipo de história é essa?

            – Espere e verá. – riu. – O cavaleiro enviou a moça para a casa de seu suserano, mando-a contar tudo o que sabia ao homem. Então, ele decidiu ir até a casa da mulher e descobrir a verdade sobre Gioconda.

            – O que ele descobriu?

            – Não muito, mas o que ele descobriu foi crucial. Poucas meninas eram vistas na propriedade, o que lhe pareceu terrivelmente estranho, pois a mulher havia acolhido tantas moças no passado. Chegou à conclusão de que a moça da floresta lhe falou a verdade. Então voltou para a casa de seu suserano e uma investigação iniciou-se. Não demorou muito tempo até descobrirem que a boa senhora era na verdade uma mulher sádica e cruel. Ela torturava a criadagem, que era composta especialmente por mulheres, e que realmente tomava banho de sangue. A mulher foi presa, seu nome jogado na lama e as sobreviventes libertadas.

            A mais nova logo perguntou:

            – E essa foi a bruxa mais poderosa?

            – De modo algum. Na verdade, uma das moças que estavam presas em seu castelo era. Ela teve sorte, quando o cavaleiro e seus homens chegaram e derrubaram a mulher, a jovem bruxa ainda não tinha sido escolhida para os rituais cruéis de Gioconda. Dizem que era uma moça de beleza inigualável e que se manteve suja e o mais feia possível para não chamar atenção.

            “O cavaleiro ficou encantado por ela e prometeu levá-la para bem longe. Ele e a moça nunca mais foram vistos em Alcantara.”

            – Mas se ela era tão poderosa, como foi que acabou presa?

            – A senhora Gioconda não era nenhuma bruxa, mas sua dama de companhia e ajudante sabia uma coisa ou duas de feitiçaria. Talvez a bruxa tenha estado fraca demais para se defender da mulher. – disse. – E o poder nunca é absoluto, sempre existe uma fraqueza. Nunca saberemos que tipos de coisas aconteceram à moça antes de ser presa no castelo de Gioconda.

            – Mas pelo menos ela teve um final feliz com seu grande amor.

            Noelle riu, o tipo de risada que fazia Celia ficar preocupada.

            – Eu não disse nada sobre finais felizes, mas essa é uma história para outro dia. – conhecendo a irmã com conhecia, soube que não teria sossego para terminar seu bordado. Ela se levantou e saiu antes que a mais nova insistisse em outra história.

            Checaria sua mãe, não a tinha visto desde cedo. No caminho trombou com sua outra irmã. Os cachos de Pauline estavam contidos em um penteado, ou pelo menos parcialmente contidos. Estava corada pelo esforço, o que denunciava que esteve treinando. Era bom que treinasse. As duas se olharam e foi um momento um tanto constrangedor. Eram irmãs, mas nunca tinham conversado por muito tempo, pelo menos não sozinhas. Faltavam as duas a leveza e espontaneidade de Celia, que jamais ficaria sem jeito ou sem assunto na frente de alguém – especialmente de uma irmã –, tendo uma capacidade formidável de ignorar os momentos estranhos e iluminar tudo com um sorriso ou mesmo transformar assuntos chatos como as chuvas de outono em um tópico interessante em uma conversa.

Pauline passou por ela com um maneio de cabeça e desapareceu ao dobrar o corredor. Noelle a observou ir e foi tomada subitamente pelas lembranças mais remotas de sua infância. Sua irmãzinha no berço, quieta e atenta. Seus grandes olhos marrons olhavam ao redor com um tipo de entendimento que não se esperaria de um bebê. Sua mãe estava sentada ao lado do berço e a babá, feia e desagradável, permanecia em pé contra a parede, mas parecendo um carrasco pronto para executar alguém.

            Noelle ficou do lado da mãe evitando olhar para a outra mulher. Colocou a mão perto do bebê que agarrou um dos seus dedos e lhe encarou. Às vezes não considerava Pauline um bebê normal, não por causa da mancha escura e áspera que cobria parte do seu corpo, mas pelo modo como se portava, como se realmente entendesse o que acontecia ao seu redor.

            Será que ouvia as criadas cochichando sobre sua maldição? Um dia Noelle tinha flagrado uma delas cutucando sua irmã e pedindo para que ficasse de olhos vermelhos. Ela contou para a mãe e a garota desapareceu do castelo no dia seguinte.

            – Eu quero ir para o baile.

            – Você é jovenzinha demais. – respondeu sua mãe.

            A Rainha também não iria querê-la lá.

            E então Pauline fez um barulho de bebê, como se quisesse chamar sua atenção, e apertou seu dedo. Ela a tinha entendido? Não queria ficar com medo, era sua irmã, mas ela ficou. A babá disse alguma coisa em outra língua e recebeu um olhar mortal da sua mãe.

            – Saia daqui sua velha rabugenta.

            – O Rei mandou que eu vigiasse a criat... Criança.

            E então outra pessoa entrou no berçário. Um garotinho, mais velho que ela, loirinho e de olhos azuis. A babá se derreteu ao vê-lo e com um sorriso feio disse:

            – Oh principezinho... O que faz aqui; deve ficar no seu quarto.

            – Mas eu queria vê o...

            Ele teria falado monstro ou bebê? Nunca soube, pois a babá o arrastou gentilmente para fora e sua memória se apagou trazendo-a de volta a realidade.

            Esquecendo o passado – que nada adiantava relembrar –, a garota caminhou para os aposentos da mãe.



Sua mãe tinha dois aposentos. O principal, que era todo arejado e ornamentado, o quarto mais bonito do castelo, quarto este que era conhecido por todas as outras garotas. E o secreto, que ficava no subsolo. Havia duas entradas, a que ela costumava usar era a da biblioteca, escondida por trás das enormes estantes. Noelle era a única que tinha permissão de ir até lá.

            Ela desceu as escadas. As tochas acendiam-se com a sua aproximação, assim que chegou à pesada porta de madeira, um dos corvos da sua mãe a recepcionou. Ele a olhou com seus olhos negros e se afastou do trinco deixando-a abrir. Lá dentro ela viu sua mãe sentada em uma majestosa cadeira de veludo. O antigo trono.

            – O que faz aqui Noelle?

            – Eu vim vê-la mãe.

            Os olhos da sua mãe estavam direcionados ao grande espelho desfocado. Ela já tinha ouvido aquele espelho falar uma única vez, alguns anos atrás, quando ela entrou espiou o quarto sem ser percebida. Ás vezes pensava que tinha sido apenas sua imaginação.

            – Está um dia bonito mãe, a senhora não quer subir?

            – Vou ficar aqui por enquanto. – respondeu. – Os corvos parecem inquietos Noelle, acho que está acontecendo alguma coisa. Os corvos sempre sabem.

            Noelle odiava os corvos, mas sempre foi educada o bastante para nunca dizer em voz alta.

            – Odette não teve nenhuma visão ruim desde o incidente com Pauline, não acho que vá acontecer nada este ano.

            – Odette... Aquela menina vê mais do que diz. – sua mãe estendeu a mão, ainda sem olhá-la, e Noelle aproximou-se e a pegou. – Minha criança, por que não sobe? Esse lugar é muito deprimente para alguém jovem e bonita como você.

            Olhou ao redor. Aquele lugar era tão diferente de todo o resto. Era escuro e decadente, com musgo nas paredes e a pouca luz das velas formando sinistras sombras nas pedras. Também havia poder concentrado ali, todos os artefatos que sua mãe cuidadosamente guardava. Este lugar era um pedacinho do que sobrou do antes, onde a magia de sua mãe não conseguiu tocar. Por que sempre ficar aqui? Era uma questão que sempre saltava na sua mente.

            Por quê?

            Havia outras salas escondidas muito mais agradáveis que esta.

            – Eu digo o mesmo. – Noelle por fim respondeu a mãe.

            Sua mãe riu.

            – Oh meu bem, você é muito gentil. Já não sou tão jovem assim. – ela beijou sua mão e apontou para o espelho. – Eu o olho o suficiente para saber disso.

            – Mamãe...

            – Tem coisas aqui dentro meu amor, que precisam ser sempre verificadas.

            Aquele lugar era como um grande e desordenado deposito. Nem mesmo Noelle, que ajudava a mãe de vez em quando, conseguia achar ordem naquele caos. Tinha prateleiras que iam do chão ao teto, empanturradas de livros aos quais Noelle nunca abriu. Havia baús fechados com cadeados encantados, armários e mais um monte de coisas entulhadas, formando pequenos montes.

            – A senhora está mesmo bem? Posso pedir para Odette tentar vislumbrar o futuro, talvez assim fique mais tranqüila.

            – Odette está lá fora agora, em sua forma de lobo.

            Claro que está, pensou com irritação.

            – Ora meu bem, uma garota deve respirar um pouco de ar puro fora dos muros, não fique desse jeito, ela está no perímetro seguro.

            – Mas a senhora disse que não deviam sair.

            Sua mãe sorriu.

            – Elas precisam de um pouco de rebeldia, de se sentirem livres meu bem. Se eu apenas dissesse que elas podiam sair apenas delimitando-se aos arredores, então quanto tempo você acha que demorariam a quererem ir além? – ela soltou sua mão e seus olhos ficaram desfocados, como se estivesse vendo pelos olhos de alguém ou de algo. – Sua irmãzinha, por exemplo, ela planeja sua pequena aventura há tanto tempo. Quando eu deixá-la sair, ela ficará onde é seguro e estará satisfeita por ter feito seu ato rebelde. Assim como as heroínas dos seus livros.

            – Entendo mãe.

            – Não, você não entende, não agora, mas um dia você vai entender.

            O olhar da sua mãe voltou ao foco.

            – Suba menina, ainda estou sentindo uma perturbação. Verifique se aconteceu alguma coisa que meus corvos não viram.

            – Sim mãe.

            Ela virou-se para sair, mas acabou trombando em um criado mudo e deixou cair uma caixa de madeira. Aquilo não teria sido nada se não fosse pela reação da sua mãe que perdeu o fôlego. A caixa abriu-se e de dentro saiu o sapatinho mais bonito que ela tinha visto.

            – O que é isso? – perguntou enquanto pegava a caixa e o sapato. Colocou a caixa de volta no criado mudo, mas deixou o sapatinho em suas mãos, inspecionando-o a procura de algum trincado ou arranhão. – É cristal?

            – Sim.

            – Um sapatinho de cristal... – ela olhou dentro da caixa, mas estava vazia. – onde está o outro par?

            – Eu não sei. Encontrei esse na floresta. – respondeu sua mãe, agora parecendo aliviada. – Tome cuidado.

            – Eu sinto muito mãe. – ela ainda encarava o sapatinho. Era tão pequeno e delicado, será que caberia no seu pé? – Existe magia nele.

            – Sim.

            – Mas é diferente da nossa.

            – Magia de fada.

            – Fada? – Noelle olhou surpresa para mãe. – Pensei que todas tinham morrido.

            – Elas são raras, mas ainda vivem. – sua mãe pegou o sapatinho das suas mãos. – Eu sempre imaginei se essa fada ainda teria suas asas.

            – Uma fada sem asas?

            – Você ficaria surpresa com quantas perderam ou mesmo tiraram suas asas. Existia uma antiga lenda que dizia que uma fada quando maculada com a maldade, perdia suas asas e tornava-se uma bruxa. Tolices é claro, uma fada má continua uma fada, perdendo suas asas ou não. Um rei não deixa de ser rei apenas por ser mau, porque uma fada deixaria de ser fada? – sua mãe pegou a caixa e cuidadosamente colocou o sapatinho dentro, depois a fechou e colocou onde estava. – Mas a maioria teve as asas arrancadas. Sabe o quão poderoso é apenas um pedacinho da asa de uma fada? As propriedades mágicas são inimagináveis. Piratas raptavam pequenas pixies em ilhas remotas, pessoas atraiam e capturavam fadas com doces e flores, existia até um modo de prendê-la em sua forma pequena em uma garrafa. Também existiam histórias de humanos que arrancavam as asas das fadas de quem eram amantes para que elas ficassem junto a eles para sempre. As fadas espertas esconderam-se em seu pequeno reino escondido, longe dos humanos, abandonando os altares enfeitados que eram construídos em sua honra nas florestas e fechando os ouvidos para pedidos e lamentações. Ainda assim, sempre tem uma fada ouvindo e às vezes ela decide ajudar.

            Sua mãe suspirou.

            – Essas fadinhas sempre tiveram um jeito um tanto dramático de ajudar as pessoas a encontrarem seus finais felizes. – riu. – Mas sabe, toda magia tem seu preço, mesmo para elas.

            – E a senhora sabe de quem foi esse sapatinho?

            – Eu não sei quem foi o dono de mais da metade das coisas que guardo aqui. – dito isso ela finalizou: – Agora suba, sim? Veja se está tudo bem.






Lady Dafne saltitou para o colo de Alayna. A princesa lhe deu um beijo da cabeça e recostou-se no sofá. Ela gostava daquele salão, ficava na área externa e era certado por vitrais e o teto tinha uma grande abóboda de vidro colorido. A luz do sol ultrapassava em forma de feixes coloridos, muito bonitos de se olhar. Esse lugar nunca foi usado para festas, ao menos no tempo em que passou a morar aqui, mas às vezes as meninas praticavam suas danças aqui. Ela, Ava e Noelle eram as melhores dançarinas e tornaram-se as responsáveis por ensinar as outras. Às vezes, Madame Perrault tomava o lugar de professora, ela era a dançarina mais suave e graciosa que já tinha tido o prazer de ver.

            Chamavam o lugar de Salão das Flores, por causas das varias flores que enfeitavam os vitrais. Era tão agradável ficar ali. Gostava quando Ava vinha e tocava o piano que foi estrategicamente posicionando no canto. Podia não ter música agora, mas o som da brisa deslizando contra o vidro também era agradável.

            Lady Dafne voltou para o chão e rapidamente se escondeu por debaixo do móvel.

            – Sua danadinha, volte aqui. – Alayna tentou alcançá-la com a mão, mas acabou e se desequilibrando e caindo no chão. – Olhe que fez Milady.

            Mas a coelhinha já tinha sumido.

            – Pois bem, deixarei você pensando nos seus atos.

            A princesa então foi até os portões que levavam aos jardins e saiu. O dia estava mesmo agradável, o sol brilhava, mas não chegava a queimar a pele, a brisa fresca passava por entre os seus cachos escuros como se os afagasse. Contornou o salão, que tinha o exato formato de um circulo depois o resto do castelo, até chegar ao jardim da frente. Onde as várias rosas moviam-se harmoniosas na direção do vento. Alayna amava as rosas, elas nunca ficavam murchas ou doentes, nem mesmo quando o inverno chegava. Quando a neve formava um tapete branco, as rosas eram como pequenos pontinhos de cores que se recusavam parecer perante o frio.

            Ela passou por entre as flores e foi quando avistou Adelia; mas para seu espanto, a garota estava correndo assustada e nua, apertando as roupas contra seu peito.

            – Adelia! – disse quando chegou à frente da garota e a parou.

            – Oh Alayna, eu fiz algo que não devia.

            A princesa olhou o castelo por cima do ombro. Não havia ninguém olhando, nenhum criado espectro, nenhum corvo também. Então rapidamente puxou a garota para a Torre Branca, trancando a porta assim que entraram. Alayna notou o pulso acelerado e então pôs as duas mãos nas bochechas da garota e se concentrou.

            Delicadamente ela começou a acalmar a amiga. Lentamente... Lentamente... Ela sempre evitava usar o seu dom – que era como Madame Perrault a ensinou a chamar –, para Alayna ele sempre pareceu uma maldição. Por que da mesma maneira como ela podia fazer alguém se sentir melhor, ela também podia matar. O pensamento fez com que ela se desconcentrasse e Adelia deu um gritinho de dor.

            A princesa afastou-se mortificada.

            – Obrigada. – Adelia disse, mas pressionava a bochecha onde ela a tinha queimado. – Não fique assim, você me ajudou muito.

            – Eu te queimei.

            – Eu mal senti. – respondeu a outra. – Eu juro.

            Alayna respirou lenta e profundamente.

            – Eu sinto muito... Eu me desconcentrei, pensei em coisas ruins.

            – Eu já estou melhor. – Adelia deu um sorrisinho. – Viu. Não estou mais uma pilha de nervos.

            Ela apenas acenou com a cabeça, agora quem estava uma pilha de nervos era ela.

            – O que aconteceu? – perguntou no objetivo de desviar os pensamentos sombrios que começaram a surgir na sua mente.

            Adelia suspirou.

            – Eu fui além do que devia. – contou. – Não tive a intenção, juro. – notou que suas mãos recomeçaram a tremer. – Eu vi um homem.

            – Você nunca viu um homem?

            – É claro que vi! – respondeu com o rosto em chamas. – Mas faz muito tempo.

            – E ele te viu?

            Ela corou ainda mais.

            – Eu acho que não, espero que não, mas... Fui tão estúpida Alayna. A Madame vai brigar comigo. – certa de que não causaria nenhum dano, Alayna foi até Adelia afagando suas costas. – Talvez ela até me proíba de sair.

            – Ela não precisa ficar sabendo.

            – Mas ela sabe de tudo.

            – Não de tudo. – respondeu. – Vista suas roupas, nós vamos entrar e fingir que nada disso nunca aconteceu, certo?

            Adelia parecia incerta, como um tom quase maternal, Alayna falou:

            – Vai ficar tudo bem. Ninguém vai te proibir de sair.

            – E se o homem me viu?

            – Não é como se alguém conseguisse ultrapassar a floresta e chegar aqui. – respondeu. – Se vista e vamos.



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Notas finais do capítulo

O que acharam ? :)
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Muito obrigada por ler.
Beijos ;*



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