Mais uma semana se começava. Eu e Gumi fomos acordadas pelo o pior despertador que existe ( além de não ter a função soneca, ele fica te cutucando e chamando o seu nome, ameaçando até te jogar da cama se não responder ). Seus nomes são Rin e Luka. Isso mesmo, as maluquinhas não davam sossego. Mas era compreensivo a pressa de ambas, já que estávamos atrasadas.

     ***

  Por sorte quando chegamos na aula a professora Prima também estava atrasada ( o que é um milagre).

  Logo quando a sensei chegou, nos acomodamos enquanto ela dava início ao período de literatura.

     ***

  Algumas aulas se passaram, e realmente estava tedioso, foi quando Meiko-san chegou na sala:

— Com licença. Hatsune Miku, poderia me acompanhar até a diretoria? 

  Por um lado eu estava aliviada em "fugir" da sala, mas por outro estava em puro pânico.

 "Será que vou ser castigada pelos os meus atrasos?! Posso até perder a minha bolsa de estudos!" — pensei desesperada.

— Me-Meiko-sensei... O q-que está acontecendo?

  Ela não me respondeu. Estava com o rosto meio depressivo e parecia que iria chorar à qualquer momento.

  Eu não fazia a mínima ideia do que me esperava na diretoria. Naquela hora, o meu maior medo era ser expulsa ou algo do tipo...

     ***

  Chegando na diretoria tive outra surpresa:

  - Maika-san? Você aqui?

 - Miku-chan... - ela correu e me abraçou forte (cruzes a coisa é seria...) - Eu sinto muito...

 - Pessoal... O que esta acontecendo? - encarei as outras duas mulheres que estavam na sala.

  A diretora levantou-se e explicou:

— Miku-san, irei se clara e direta. Fomos informados hoje cedo que... - suspirou - ... A senhora Hatsune teve uma parada cardíaca.

  Aquele exato momento foi como se o meu coração também tivesse parado. Não consegui dizer sequer uma palavra. Yowane-sensei continuou :

  - A equipe médica tentou fazer de tudo mas, infelizmente, ela não resistiu. Meus pêsames.

 - Eu sinto muito Miku-chan... - choramingou minha responsável legal, enquanto me abraçava com força - Eu realmente sinto...

  Um sentimento estranho me invadiu. Eu queria chorar mas não conseguia. Queria dizer algo, mas nenhuma palavra com sentido me vinha em mente. Aquele momento não me parecia real.

  "Deve ser um pesadelo..." - pensei aflita - "Sim... É só um pesadelo... Logo vou acordar e tudo estará bem..."

  - Miku-chan. - Meiko-sensei me chamou - Eu e a Haku-chan decidimos que será melhor pra você se ficar em sua casa com a Maika-san, até você se recuperar de sua perda. Realmente sentimos muito. - correu e me abraçou também.

     ***

  E foi isso que aconteceu: Maika-san e Meiko-sensei me acompanharam até o meu alojamento e me ajudaram a guardar as minhas coisas. 

Acho que eu ainda estava em choque, pois não conseguia demonstrar nenhuma reação.

Fomos direto pro carro da minha responsável legal. Não pude nem me despedir do pessoal... É bem provável que Sakine-sensei explique a situação assim que puder.

Depois que eu e Maika-san estávamos na estrada ela me perguntou:

— Quer conversar?

Apenas neguei com a cabeça e me escorei na janela, vendo o movimento dos carros.

     ***

O velório foi no dia seguinte. O tempo estava nublado e chuvoso (parecia que até o céu estava chorando com os presentes). Acho que só aí a ficha caiu: chorei e chorei muito. Parecia que uma tempestade marítima tinha se formado dentro de mim e finalmente tinha conseguido transformá-la em lágrimas.

  "Ela foi embora... Nunca mais poderei ver o seu sorriso novamente, ou ouvir sua voz..." — pensei assustada, enquanto a mulher que esteve ao meu lado nos últimos anos me abraçava fortemente.

Mas, por um milésimo de segundo eu vi algo, algo que me fez mudar de pensamento. Era uma luz forte e branca. Nela se formou um rosto muito familiar... Um sorriso amigável e carinhoso que logo moveu os lábios,  como se dissesse um "eu te amo". Aquela rápida visão foi o suficiente para eu conseguir dar um simples sorriso e crer que ela, agora, estaria num lugar melhor.

Sim, esse foi um dia o qual jamais iria esquecer.