O dia estava ensolarado. Já era de se esperar, estávamos na metade do ano.

  O chato é que era à recém o início do período de matemática. Kamui-sensei estava na lousa explicando umas equações complicadas. Dava sono só de olhar. Todos estavam entediados, menos a Luka-chan. Sinceramente eu não sei o que estava dando nela. Ficava olhando para o sensei com um olhar bobo e esperançoso... Que esquisito. Toda vez que o homem olhava para a nossa direção a rosada ficava com as bochechas vermelhas e mexia em seus longos cabelos lisos.

     ***

  No intervalo, Luka começou dizendo:

  - Pessoal eu me decidi!

  - Se decidiu à que, senhorita? – perguntou Gumi.

  - É, também quero saber. – comentou Rin-chan.

  - Vou confessar os meus sentimentos para o Kamui-sensei! – respondeu a Megurine cheia de confiança.

  - Sério?! – perguntei.

  - Não brinca! – exclamaram as outras duas louquinhas.

  - Isso mesmo que vocês ouviram! Vou me declarar para ele!

  - Coitado... – comentou Len-kun que começou a rir junto de Kaito.

  - Vocês meninas não tem jeito mesmo... – o azulado riu – Então de onde você tirou essa coragem toda?

  - Assistindo animes! – ela respondeu.

  - Animes? – se interrogavam baixinho os “não otakus”.

  - Quais? – perguntei curiosa. (Provavelmente ela tinha assistido algum shoujo cuti, como: Kobato, Isshuukan Friends, Nagi No Asukara ou Sakura Cards Captor.)

  - Na verdade só foi um anime mesmo. – ela me respondeu – Pokémon!

  - O quê?! – me surpreendi, enquanto o resto do grupo ficava 100% boiando – O que é que tem de romântico em Pokémon, criatura?

  - Ué, você não percebeu? O romance é grande entre Satoshi – (Ash) – e Pikachu! O amor e o respeito mútuo que um tem pelo o outro é tão fofooo!

  - Tá, mas o Satoshi e o Pikachu se amam de uma forma fraterna, e não de um jeito romântico! – tentei explicar – Aliás, como um pokémon e um humano podem namorar?!

  - Que seja! O que importa é que eu quero me declarar para o sensei e preciso da ajuda de vocês!

  - Ei, não me meta nas suas doideiras! – foi exclamando Kaito.

  - Mas eu preciso da ajuda de todos! – choramingou Luka.

  - Nem vem! Estou trabalhando numa música nova para a banda e também não perco o meu tempo com bobagens de amor!

  - “Bobagens”?! Como ousa chamar meus sentimentos de “bobagens”?!

  - Xiii... Agora ferrou... – murmurou Len pra mim, Rin e Gumi.

  A garota de cabelos cor-de-rosa pegou o seu iphone e começou a procurar um número nos contatos.

  - O que você está fazendo? – o azulado perguntou.

  - Estou ligando para a tia Kaiko-san, ora.

  - O quê?! Por que está ligando para a minha mãe?

  - Qual o problema? – ela se fez de inocente – A tia Kaiko sempre me apoiou no fator romance, com certeza ela vai te fazer me ajudar.

  - Aff! Você venceu! – ele se rendeu, enquanto ela desligava o aparelho e sorria maliciosamente. (Cruel. Tenho que me lembrar de nunca provocar a Luka...)

     ***

  As aulas tinham acabado. (Puxa, passou rápido!) Estávamos na sala do clube, mas, dessa vez, não treinamos nem uma música. A rosada nos obrigou a passar esse tempo livre bolando um plano, o qual resolvemos chamar de “Operação Conquistar Sensei”.

  Gumi seria a líder da operação. Segundo a própria, esse caso era sua especialidade.

     ***

  Depois de um longo tempo de planejamento, a Megpoid decidiu:

  - Para fazermos o sensei se apaixonar pela a Luka, deveremos descobrir um pouco mais sobre ele.

    - Como assim? - Len-kun perguntou.

  - Os senseis não podem expor suas vidas aos alunos. E se ele for casado? - ela explicou - E se tiver filhos?
          - Tem razão. - concordou Rin -  Não podemos prejudicar a vida pessoal do Kamui-sensei.

  A verdinha sorriu ao nos contar o seu plano:

  - Nossa operação terá quatro fases infalíveis! E já está na hora de realizá-las! – ela exclamou com um sorriso de orelha à orelha. Com certeza ela estava animada com tudo isso. 

     ***

  Hora da prática! Fase 1: descobrir se Kamui-sensei está comprometido. Que nem a nossa líder de operação disse: “E se ele for casado?”. Ela está certa, isso seria um graaande problema. Fase 2: descobrir do que o amor da Luka gosta, ou seja, os seus hobbys, a sua comida preferida, etc.

  Nos dividimos em três duplas: Ka.Le. (parece Kelly, hi, hi...), formada por Kaito e Len; Ri.Gu., formada por Rin e a verdinha; por último Lu.Mi., que é formada pela a Luka e por mim. (Pensamos em colocar Mi.Lu., mas fica parecendo nome de ursinho de pelúcia.)

  A dupla Ri.Gu. ficou responsável em distrair a Yowane-sensei para que ela não veja imagens das câmeras de segurança (sim, para se garantir que o internato estivesse sempre seguro e em ordem, a diretora preferiu que as imagens de segurança ficassem em seu escritório). Elas ficam espalhadas por toda Musical High, incluindo os corredores dos alojamentos dos internos.

  Os Ka.Le. ficaram responsáveis por atrasar o sensei por um tempo para que a minha dupla, a Lu.Mi., entrarmos no quarto dele para realizar a fase 1 e a fase 2 dois ao mesmo tempo.

  “Mas vocês são meninas que vão entrar em um alojamento masculino! Estão loucas?!” Eu disse a mesma coisa para a Gumi. Mas ela me ouviu? Nãooooo! “E por que não vai os Ka.Le.?” Eu falei a mesma coisa pra ela! E novamente ela não me ouviu! Ela disse que era melhor assim, que a era melhor a Luka ir, e blá, blá, blá... Enfim, o que eu poderia fazer? 

     ***

  Nos separamos e fomos colocar o plano em ação. Primeiro os Ka.Le. iriam distrair o sensei com dúvidas matemáticas. Depois as Ri.Gu. tentaram distrair a Haku-sensei, mas falharam no primeiro minuto. Segundo Rin (que nos contou por mensagens), a mulher começou a surtar do nada. Então recebemos esta mensagem da Rin:

  - “Não se preocupem, temos outro plano. Quando a barra estiver limpa eu mando um ‘ok’.” — (Que estranho ela enviar um SMS tão... Tão gramaticamente correto. Quem e digita assim? Bom, pode ter sido o corretor automático, mas...)

  - “Certo.” — respondi.

  Uns dez minutos depois elas nos mandaram uma outra mensagem nos confirmando que só faltava a nossa parte.

  Luka e eu entramos no prédio masculino e fomos à procura do quarto do sensei.

  - Qual era o número que o Len disse mesmo? – perguntei para a rosada.

  - Eu não lembro... – ela me respondeu – 302 ou 303?

  - Que tal perguntarmos a ele?

  - Tô sem créditos, e você?

  - Também! – Estamos perdidaaas!

  - E agora?

  - Acho que teremos que bater e perguntar...

  - Endoidou?! Se nos descobrirem estamos fritas!

  - Tem outra idéia?

  Ela suspirou e me olhou rendida. Mordeu o lábio inferior de nervosismo, mas concordou. Decidimos no “pedra, papel, tesoura” pra ver quem iria e, pro meu azar, ela venceu.

  Tomei coragem e bati no 302. Ouvimos um “já vou”, então corremos pra um andar acima e nos escondemos.

  O rapaz (pelos os sons deu pra perceber) saiu e procurou quem batia. Esperamos até ele entrar de volta para o seu quarto, depois fomos até o 303. Ainda bem que o sensei deixou a porta destrancada.

     ***

  - Aiiii! O quarto do meu Gakupo–chan! Miku, não me deixe desmaiar! – a Megurine exclamou dramaticamente. (A Luka de sempre...)

  - Só não grite! – cochichei – Quer aquele garoto nos escute?

  - Foi mal... – ela sorriu amarela.

  Começamos a mexer em alguns arquivos procurando qualquer coisa sobre ele.

  - Luka-chan! Vem aqui! – a chamei. Eu tinha achado um currículo do ano passado dele.

  - Um currículo? – me perguntou olhando para o papel – “nome : Kamui Gakupo, idade: 32 anos, nacionalidade: japonês, estado civil: ...

  - ... “Divorciado”?! – lemos juntas.

  Ficamos uns segundos em silêncio, até a hora em que a maluquinha começou a pular falando entusiasmada:

  - Iuuupiiiiii! Tenho chance!

  - Mas se ele estiver namorando?

  - Os senseis não saiam daqui nem nos finais de semana. É óbvio que ele não está comprometido!

  - Tá, seja como for, nós temos que terminar isso logo antes que o sensei volte. – aconselhei me referindo à fase 2.

  Fuçamos o alojamento do Kamui-sensei mais um pouco. Descobrimos que seu hobby é fazer cosplays de samurais (isso explica o cabelo comprido) além de ter várias revistas de katanas históricas. Sua comida preferida é berinjela, faz aniversário no dia 31 de julho e é de signo leão.

  Terminamos e saímos correndo do local para a sala do nosso clube. Avisamos as Ri.Gu. e os Ka.Le.

  Fase 1 e fase 2 concluídas! 

     ***

  Fase 3: fazer com que o Kamui-sensei preste mais atenção na Luka!

  - Ok pessoal! Duas fases já foram realizadas com sucesso! – a Megpoid comentou – Agora vamos rumo à terceira!

  - Só por curiosidade Gumi, - perguntei – o que você e a Rin-chan fizeram? Tipo, como vocês conseguiram parar o tal “surto” da Yowane-sensei?

  As Ri.Gu. se entre olharam e me responderam juntas:

  - Guerra de comida na cantina!

  - O quê?! – Lu.Mi. e Ka.Le. gritaram ao mesmo tempo.

  - Qual o problema? – inocentemente Rin questionou.

  - “Qual”?! Olha... Sem comentários... – suspirou Kaito indignado.

  - Tá voltando ao assunto! – a verdinha falou – Já é hora de colocarmos a fase 3 em ação!

  - O que vamos fazer? – perguntou a rosada.

  Gumi-chan sorriu e respondeu:

  - Os Ka.Le. ficarão responsáveis em pesquisar tudo sobre katanas e samurais. As Lu.Mi. irão pesquisar sobre pratos culinários com berinjelas e fazê-los. Enquanto isso, eu e Rin iremos planejar algumas situações para que essa fase seja completa com perfeição.

    ***

  - Tem alguma idéia do que iremos preparar? – perguntei à maluquinha de cabelos rosados enquanto chegávamos ao refeitório.

  - Pra ser sincera, eu não faço a mínima idéia. – respondeu-me ela – Talvez uma refeição de entrada...

  - Tem que ser algo com berinjela.

  - Isso eu sei.

  Entramos no local e ficamos surpresas com o que vimos: vários alunos esfregando o chão e as paredes do refeitório. Passamos por eles e fomos até a tia da cantina. Ela nos explicou sobre a guerra de comida e o quão ocupada ela estava. Tentamos convencê-la a nos deixar usar a cozinha mas nada feito. Ela é mais teimosa do que a Haku-sensei!

  - Não tem jeito, Miku-chan! – Luka disse em tom dramático – Assim ele nunca vai me notar!

  - “Ele”? “Ele” quem? – pergunta a merendeira curiosa.

  A Megurine se aproximou da mulher e lhe disse fazendo drama:

  - Estou apaixonada! E esse meu amor não é correspondido! Pensei que fazendo algum prato que ele gostasse, ele iria me perceber!

  “Ela não vai cair nessa...” – pensei.

  - Oh! Pobre garota! – ela exclamou – É o típico caso “o senpai não me nota”! Sei como é! Podem usar a cozinha!

  “Eu não acredito que ela caiu!” – pensei novamente.

  - Muito obrigada! – sorriu a rosada.

     ***

  Enquanto a maluquinha chantagista emocional colocava o avental e prendia o cabelo, eu ia folheando as páginas de um dos livros de receitas. Eu estava à procura de qualquer coisa fácil que tivesse berinjelas.

  - Hum... Luka, o que você acha de Kōrudo Nasu Entry?

  - É uma boa idéia! Qual são os ingredientes?

  - Três berinjelas, 1 colher de sopa e meia de alho picado, alho poró picado, gengibre picado, 1 colher de chá de sal, 1 colher de chá de maisena, 1 pimenta dedo de moça picada, pimenta-do-reino a gosto e 3 colheres de sopa de óleo de gergelim.

  - Ok, berinjelas... – ela falava enquanto pegava os ingredientes – Espera!

  - O que foi?

  - “Dedo de moça picada”?!

  - O que tem de mais nisso?

  - Qual vai ser a moça que vamos ter que picar os dedos?!

  Não me controlei! Me matei de rir! Eu não acredito que ela levou ao pé da letra! Demorou um tempo pra ela entender que esse era apenas o nome de um tipo de pimenta.

  ***

  - Vamos fazer assim Luka: eu descasco as berinjelas enquanto você pica e faz um molho com o resto da lista.

  - Hummm... Miku...

  - O que foi agora?

  - Eu nunca piquei nada antes. Muito menos fazer um molho... – Aff, era só o que faltava! 

  Suspirei e tentei explicar:

  - Você pega os ingredientes, lava-os na pia, pegue uma faca e tente cortá-los sem perder nenhum dedo, ok? O molho deixa que eu mesmo o faço.

  - Sim, Miku-sensei! – a louquinha exclamou apertando as minhas bochechas. 

  Seguimos a receita direitinho e, por sorte, não tinha que levar ao forno. (Ainda bem! Desastrada do jeito que sou e Luka nem sabendo picar gengibre, era capaz de incendiarmos a cozinha!) Era só colocar no microondas por 6 minutos e pronto!

  Quando terminamos, ajeitamos Kōrudo Nasu Entry em uma bela vasilha de porcelana.

  Estávamos com tudo pronto! Fase 3.1 concluída! Agora só faltava uma fase e meia!

     ***

  No dia seguinte, preparamos tudo para a fase 3.2.

  Chegou o intervalo. Enquanto eu o quarteto espiávamos tudo o que acontecia, Luka já foi indo direto ao sensei:

  - Kamui-sensei...

  - Sim? – ele falou.

  - É que... Eu queria... Am... – ela ergueu sua vasilha de porcelana com o prato que eu e ela tínhamos preparado antes. Pegou hashis e entregou ao homem que aparentava confuso – Am... Poderia provar...

  - É pra mim?

  - Huhum...

  Ele sorriu. Pegou um pouco do alimento e levou à sua boca.

  - Hummm! Que delícia!

  - Sério?! – seus olhos brilharam de alegria.

  - Mais é claro! O que é isso?! Berinjela?! – ele exclamou animado. (Pelo visto ele gosta mesmo de berinjela...)

  - É sim! Fui eu e uma amiga minha que fizemos!

  - Nossa você é uma ótima cozinheira! Parabéns, Megurine-san.

  - Ah... Hum... Obrigada... – a moça ficou com o rosto vermelho e sorrindo abobada.

  - Droga ela vai estragar tudo se não falar alguma coisa logo! – cochichou Gumi – Vai lá Miku! Dê uma força pra ela?

  - Eu? Por que eu? – perguntei.

  - Vocês duas formam a dupla Lu.Mi., ou seja... – Kaito retrucou.

  - Tá, tá... Já estou indo. – respondi indo em direção aos dois. Eu sabia se algo desse errado alguém iria ajudá-la com um papo que planejamos, só não pensei que eu seria esse alguém.

  Me aproximei e falei:

  - Luka-chan! Olá! – sorri – Boa tarde Kamui-sensei.

  - Olá Hatsune-san. – ele resondeu.

  - Miku, o que lhe traz aqui? – perguntou a rosada.

  - Só quero saber quando você vai me ajudar com o trabalho sobre o Japão antigo? Aquela pesquisa sobre samurais.

  - Ah é! Tinha esquecido.

  - Samurais? – perguntou Gakupo-sensei – se quiserem eu tenho uma revista sobre katanas.

  - Sério?! – mentiu Luka – Eu amo katanas! Principalmente as históricas!

  - Que bom! É raro ver jovens que gostem disso. Bom, eu preciso ir. Logo o intervalo acaba e eu tenho umas coisas pra resolver. – ele disse – Até mais. E Boa sorte no trabalho.

  - Thauzinho... – suspirou a louquinha.

     ***

— Aiiii! Foi incrível! – exclamou Luka – Eu nunca conversei tanto com ele assim! Ele até elogiou o Kōrudo Nasu Entry! Foi maravilhoso! Eu amo vocês pessoal!

  - Não foi nada! – sorriu Rin.

  - Ainda não acabamos! – disse Gumi decidida – Falta a fase 4! A Mais importante de todas!

  - Ainda tem mais?! – resmungou Kaito – Não agüento mais isso!

  - Kaito-kun, como você é insensível! – o critiquei. (Que cara chato! Só sabe reclamar!)

  - Se acalmem povo! – pediu a Megpoid – Amanhã é o último e o mais complicado passo.

  - O que vai acontecer? – perguntei.

  - Amanhã vocês irão descobrir. – ela me respondeu.

  Verdade, ela nos contou todas as fases no início menos a quarta. O que será que está se passando naquela cabecinha maluquinha?

     ***

  Novamente o tempo de aula passou rápido. E, finalmente, Gumi nos contou qual seria a próxima fase.

  Fase 4 : se confessar! ( Xiii... Complicou! )

***
 

Luka estava sentada num dos bancos da vazia praça. Mais cedo, ela falara com o seu amor que precisava contar-lhe algo importante. Marcaram de se encontrar no local em cinco minutos, tempo suficiente para eu e o quarteto nos arrumarmos em pontos estratégicos e bem escondidos para auxiliar no que fosse preciso. Eu estava atrás de uma árvore que estava à sete passos da rosada.

A maluquinha de cabelos longos estava com o celular ligado numa chamada de voz do nosso grupo do Wathsapp, onde todos nós estávamos conectados pra ouvirmos tudo direitinho. Já a nervosa Luka, estava com um fone em um dos seus ouvidos para receber os conselhos da cupido Gumi.

Como esperado, o sensei chegou. Imediatamente, a rosada se levantou.

— O que aconteceu, Megurine-san? - o homem perguntou - Fiquei preocupado.

— Am... Bem... Eu... - respondeu a atrapalhada moça.

— Diga à ele que o que precisa falar-lhe é um assunto sério. - sugeriu a verdinha.

— Preciso te dizer algo sério. - disse Luka, com um olhar decidido e ao mesmo tempo amedrontado.

— Alguém lhe fez mal, foi isso? - por mais uma vez, Kamui-sensei questionou.

— Não... É que... É que eu...

— Fale sobre o que você sente. - aconselhou a cupido. (Nossa, ela é boa mesmo no assunto!)

Megurine Luka respirou fundo e tentou dizer: 

— Eu... Eu tenho fortes sentimentos...

O homem de cabelos púrpuras fez uma expressão espantada que depois mudou-a para algo como: "agora entendi o que está acontecendo." Ele então falou calmamente:

— Megurine-san, você sabe por que eu resolvi trabalhar aqui? - ela negou com a cabeça e ele continuou - Eu tinha uma esposa e éramos muito felizes. Eu sempre quis ter vários filhos, uma família grande. Mas então, começamos a nos desentender e por fim nos divorciamos. Eu fiquei arrasado. Até que um dia eu encontrei Musical High, que me fez voltar a ser como antes. Hoje, vejo todos os meus alunos, até os que já não são mais meus, como filhos e sobrinhos. Como minha família. Por isso, por mais que fosse permitido o que não é, eu não conseguiria ter uma relação romântica contigo. Você entende, não é?

Todos ficamos surpresos. Não esperávamos que ele responderia tão bem. É como se dissesse: "não quero namorar com você, porque te vejo como uma filha/sobrinha”.

Luka não disse uma palavra. Apenas mostrou um sorriso (provavelmente forçado) e se retirou. Seguimos ela, obviamente. Quando nos afastamos o suficiente do sensei, a rosada nos abraçou e se pôs a chorar. Em meio as lágrimas, ela falou:

— Obrigada pessoal! Muito obrigada por tudo!

Me emocionei e até chorei um pouco junto. Ela tinha se esforçado tanto, até aprendeu a descascar e cortar legumes!

Cuidamos dela, e a levamos para se distrair. Fomos para o karaokê e para o fliperama. Foi divertido, mais o melhor foi ver naquela maluquinha um simples e verdadeiro sorriso alegre.