Pov'Emily

Foi algo bonito e até comovente o esforço que Ares está fazendo para reconquistar minha confiança. Mas eu não me importei da forma que deveria e ignorei seus esforços. Talvez eu esteja agindo cruelmente, mas eu não queria perdoa-lo e muito menos me aproximar dele novamente. Eu não sou um monstro por isso não é mesmo?

Minhas costas estavam doendo e eu queria desesperadamente levantar de cima daquele chão duro coberto de relva, mas aquele momento de reflexão estava tão bom. Ao meu lado estava deitado Tritão, a medida em que eu e Ares nos afastamos, Tritão e eu nos aproximamos ao ponto de nos considerarmos amigos e não apenas aliados. Pode não parecer para alguns mais existe uma grande diferença entre ter uma amizade com alguém e ser aliado de alguém.

Em uma aliança você está unido a essa pessoa, principalmente por causa de algum objetivo em comum, você não precisa gostar dela e nem querer o bem dela, pois quando o objetivo é concluído ou quando falham em concluir o objetivo a aliança quebra. Já a amizade é você estar ligado a uma pessoa por vontade própria e por que você gosta, se importa e confia nessa pessoa, e varia de acordo com o nível de amizade.

Eu e Tritão estávamos nos tornando cada vez mais amigos e isso era bom dada as circunstâncias, mas Ares percebeu isso e ficou enfurecido, pois eu o afastava como mosca e aceitava Tritão de braços abertos. Eu não podia evitar que as coisas entre mim e Tritão o incomodasse, de qualquer forma ele não tem nenhum direito sobre mim e nem de opinar na escolha de minhas amizades.

— Um dracma pelos seus pensamentos. – Tritão diz de repente, chamando minha atenção.

Eu soltei um suspiro e virei minha cabeça para olha-lo. – Estava pensando em nossa amizade e em Ares e suas tentativas falhas de reaproximação. – Respondi e dei de ombros. – Pensamentos corriqueiros. – Comentei.

Tritão ainda deixado pegou o dracma e de um peteleco para o alto. Ele veio direto para minha mão. – Não se sinta pressionada a perdoar de vez o que ele fez, você não é obrigada a nada. – Ele me aconselhou.

— Eu sei. Mas as vezes me sinto mal. Ele está se esforçando tanto. – Argumento e solto um bufo.

— Mas ,você ainda não está pronta. Ou está? – Tritão indagou.

— Eu tenho medo de Ares dizer aquelas coisas horríveis de novo. – Eu confessei. – É bem difícil ouvir aquelas palavras maldosas vindo de uma pessoa já era sua amiga. Que dizia amar você. – Falo e Tritão se levanta abruptamente e me encarou surpreso.

— Amava como? – Ele quis saber.

— Exatamente desse jeito que você está pensando. Ele se declarou para mim e eu disse que não queria nada com ele.- Dei de ombros.

— Ele não serve para você de qualquer forma. Ele não faz seu estilo, ele é muito superficial e rude para se envolver com uma garota adorável como você – Tritão comentou e eu corei um pouco.

— Não precisa ficar puxando o saco.- Digo me sentando no chão. – Sobre o assunto do meu trono, você já falou com ao outros?

— Sim. Eles não ficaram contentes, mas entenderam que você precisava aceitar para não levantar suspeitas. – Ele respondeu e eu olhei para a relva.

—E qual vai ser o próximo passo da nossa revolução? – Eu quis saber. Já fazia um tempinho que eu estava do lado deles e até agora não havíamos dado um passo para ir até nosso objetivo.

— Temos que aguardar mais um pouco. – Foi tudo o que ele me respondeu. – Alguma novidade sobre o raio?

— Não ainda estamos sem muita novidade com relação a isso. – Digo e ele me olha apreensivo.

— Hoje vai ser seu primeiro dia no Conselho, como se sente? – Questionou hesitante.

— Eu pensei que me sentiria mais feliz, mas eu apenas me sinto uma traidora – Solto um suspiro triste. – Eu ainda sou uma deusa menor como vocês e ganhar um trono não vai mudar nada. Eu ainda estou do lado de vocês, não se preocupe quanto a isso. – Eu falo e sorrio fraco para o mesmo. Olho no relógio de pulso de Tritão e vejo que aquela era minha deixa. – Eu preciso ir agora, tenho alguns afazeres. – Digo ficando de pé e limpando minha roupa.

— Eu também. – Ele disse se erguendo. – Mas antes eu quero lhe dar um coisa. – Tritão diz e tira algo de seu bolso. Era um lindo colar de pérolas.

— Nossa muito obrigada. – Agradeci e segurei o colar. – Pode por no meu pescoço?- Perguntei e ele concordou rapidamente.

Eu entreguei o colar para Tritão e virei de costas. Eu tirei meu cabelo da frente, para ele poder ter uma visão melhor do meu pescoço. Os dedos delicados e gelados do mesmo entraram em contato com minha pele desnuda e quente. Eu senti um arrepio diferente e bom, e algo me dizia que não era apenas a diferença de temperatura corporal. Quando ele terminou de colocar, eu lamentei mentalmente por perder o contato de seus dedos. Me virei para o mesmo com o coração acelerado e ele estava sorrindo de um jeito fofo.

Então eu me aproximei dando um beijo na bochecha dele, mas uma coisa inesperada aconteceu, quando eu iria me afastar ele me segurou no lugar e depois me puxou para um beijo. Fiquei totalmente surpresa, contudo não me afastei e sim retribui.