Bohémienne escrita por Ananda Ayira


Capítulo 9
Qui est cette fille qui vient danser ses danses infâmes...


Notas iniciais do capítulo

"Chegueeeeeiii! Cheguei chegando, bagunçando a *orra toda!..."
Mes amours, o título vai ser completado no próximo capítulo, okay? O desse significa: "Quem é essa menina que vem dançar suas danças infames...", bem sugestivo, mas enfim... É parte da minha música de transição favorita do musical de "Notre-Dame de Paris", chama-se "Anarkia", vou por o link no próximo cap quando terminar a frase.
Dedico esse cap pro meu amigo Eudes, que fez aniversário esses dias, pras mães de vocês, pra mim que me considero mãe dos meus personagens (os orignias: Luce, René, Aimée, Rosalie, Cecille e Gahel) e, minhas personagens, Rosalie, que é mãe adotiva da Luce e da Aimée e Cecille, onde quer que ela estaria, que são mães (não importa se adotiva ou de sangue, mãe é mãe).
Temos um novo personagem nesse capítulo, então não vou ficar demorando muito porque quero muito que vocês o conheçam!
Boa leitura!!



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Luce acordou ao primeiro cantar do galo e junto das primeiras badaladas dos sinos dos campanários. Esforçando-se ao máximo para não acordar Peter enquanto vestia-se.

Pôs uma blusa clara e uma anágua, por baixo de um vestido azul-claro que ficava justo no seu corpo, apesar das mangas cobrirem seus ombros, seu colo e pescoço ficavam à mostra e a saia ia até seus tornozelos. Amarrou no quadril um lenço de penduricalhos. Por fim, pôs o cordão com o amuleto azul e escondeu-o no peito. Olhou, e no chão, à sua frente, estava o lenço com o qual dançara na noite anterior. Hesitou em pegá-lo, quando lembrou-se de usá-lo como xale quando anoitecesse.

Enquanto saía relutou contra acordar Peter, vê-lo vestir as roupas ciganas que trouxera na noite anterior e ir à Festa dos Loucos. Sabia que apenas o fato de tirar o cordão para dormir era desobedecer Clopin. Mas conseguia desculpar-se consigo mesma ao lembrar-se que o pingente de pedra a machucava, caso se deitasse de bruços. Porém, não achava uma desculpa que amenizasse sua consciência quanto ao que deixara acontecer.

Quando chegou à praça, viu Clopin e Gahel carregando uma caravana com os instrumentos e comida, toda a que encontravam. Pelo visto, a maioria já havia partido. Deixando somente os instrumentos para que fossem levados na caravana. Aimée ajudava-os, juntando a comida em trouxas e entregando-lhes. Rosalie fazia o mesmo.

Quando se aproximou, faltavam apenas alguns instrumentos e objetos de dança, que Aimée carregou consigo quando Gahel ajudou-a subir na caravana.

— Estava quase indo chamar-te, pequena! – Exclamou Clopin ao vê-la.

— Seu marido não vem? – Perguntou Gahel, que ainda não aceitava ver o gadjê entre eles.

Luce gelou por um instante.

— Deixei-o dormir. – Respondeu. – Ainda não se acostumou a acordar tão cedo.

— Se ele quiser, pode ir comigo mais tarde. – Disse Rosalie.

— Claro. – Assentiu Luce, disfarçando sua preocupação.

— Rosalie. Você não vai? – Indagou Aimée, surpresa.

— Preciso lavar algumas roupas, ou não vou ter nenhuma. – Respondeu ela rindo. – Posso pegar as suas e de Aimée, também.

— Obrigada. – Agradeceu, Luce. Embora, estranhasse a escolha de Rosalie. - Já que vai ficar, procura Malheur para mim? – Perguntou ela. – Não o vejo desde ontem de manhã. Fico preocupada se ele consegue comer. – Disse ela.

— Ele é um gato esperto, Luce. Não é domesticado. – Riu Rosalie. – Mas, vou procura-lo.

Gahel ajudou Luce a subir. E a garota sentou-se ao lado de Aimée. 

— Então, vamos. – Anunciou Clopin tomando lugar para conduzir a caravana.

Enquanto Rosalie despedia-se dos três jovens, Clopin tocou o burro, único animal de transporte do Pátio, que puxava a caravana. Os demais ciganos e párias, já haviam partido ou terminavam de partir naquele momento.

O Pátio dos milagres não ficara vazio, apesar da profana procissão que tomava o rumo da Praça do Adro de Notre-Dame, ainda restaram ali as mulheres com crianças pequenas e os idosos mais impossibilitados. O que já diminuía, e muito, a constante algazarra que fazia parte daquele lugar.

A algazarra, todavia, estava dentro dos pensamentos da cigana. Por mais que não duvidasse que Luce obedeceria à Clopin quanto ao gadjê, sentia que havia algo errado enquanto ocupava-se com o trabalha que tinha à sua frente.

Pegou suas roupas e as de Aimée, deixando as de Luce para depois ao lembrar-se que o gadjê ainda estaria na tenda, e um balde com água. Foi para perto do canteiro onde cultivava suas ervas, e onde improvisava um varal. Enquanto esfregava as roupas e as encharcava n’água, seus pensamentos ainda não se calavam, discutiam o que não estava certo, pulava de um pensamento a outro como uma criança descalça sobre o chão quente.

— Onde estão todos? – A voz do gadjê rompeu com seus pensamentos.

— Já foram. – Respondeu levantando-se. – Sua esposa não quis que fosse com ela? – Perguntou ironicamente. - Não me surpreende. Depois de como a tratou ontem na festa.

Ela torceu uma peça sobre um pé de sálvia, pendurou-a e depois virou-se para ele. Rosalie não tinha medo de falar o que pensava. Sabia que, se Clopin não tivesse bebido vinho como bebeu, exigiria do gadjê explicações pelo modo que o rapaz arrancara Luce dos festejos.

— Tratei-a muito bem, se quer saber. – Disse com um riso arrogante.

— Tu não me faças perder a paciência, moleque. – Ralhou a mulher. – Passa daí para eu buscar as roupas de Luce, vai!

Peter deu-lhe licença, ainda rindo.

E Rosalie andou à passos duros e irritados para buscar as roupas na tenda em que Luce passara a viver. Porém, ainda mais duros e irritados estavam seus passos quando voltou.

Em suas mãos não estavam as roupas de Luce, mas apenas o lençol que ficava por cima do colchão onde dormiam.

— Diga-me que isso é porque tentou tocá-la e ela te arranhou! – Exclamou irada, atirando-o ao chão.

— Diz que é teu esse sangue! - Faltava pouco para que Rosalie não estivesse gritando.

— Diz! – Gritou, por fim.

Mas Peter nem sequer olhou para o lençol.

Rosalie grunhiu e apanhou o pano do chão de terra.

— Você tem alguma ideia do que fez? - Ela apertou o braço de Peter, forçando-o a olhá-la nos olhos. – Do que vocês dois fizeram? – Corrigiu-se.

Seus medos ganhavam forma em sua mente. O destino que lera começara a andar. E bem debaixo de suas vistas e de Clopin.

Porém, ele permanecia calado. Rosalie, vendo que ele não ia romper o silêncio, puxou a mão do rapaz para si. Tentando ao máximo controlar seus nervos, enquanto fazia a leitura das linhas.

— Você sabe. – Ela recuou estática.

Peter puxou com força seu braço das mãos da boêmia.

— Como? – Perguntou franzindo o cenho e cruzando os braços sobre o peito.

Mas, ainda sim, permaneceu calado. Se não fossem as munhequeiras que Clopin colocara-lhe quando pretendia enforca-lo, paralisando sua magia, ela já estaria morta.

Como se lesse também os pensamentos de Peter, porém, Rosalie avisou:

— Moleque, é bom que fale para mim. Clopin não é dado à pedir, já deve ter reparado.

 

Université de Paris, Île de Université – Paris.

Logo àquelas primeiras horas da manhã, o jovem encontrava-se desperto, debruçado sobre os livros, não lhe importava o tema, devorava-os. Sentado à mesa da biblioteca da universidade. Ao seu redor eram apenas estantes, livros e rolos de papéis decorados com iluminuras.

Assim que concluíra os estudos de Teologia, encantou-se pelas Artes Liberais, e maravilhou-o saber que após as disciplinas obrigatórias podia escolher estudos mais específicos. O que o fez tornar-se a joia dos olhos de seus mestres.

— Há tempos não tínhamos um aluno tão dedicado aos estudos da Palavra de Deus quanto dos homens. – Comentavam.

— Toda palavra humana, usada para o bem, é Palavra de Deus. Ele nos ilumina a sermos sábios. Sou mero homem que tem sede de mais que os livros da Sagrada Escritura. – Respondia o aluno.

Quando ouviu passos na silenciosa sala, ergueu a cabeça dos livros e esperou a aproximação.

— Ah, ecce homo*. Aí está você, René! – Exclamou o homem ao avistá-lo.

— Falando assim, Mestre Guilhermo, até parece que me encontraria em outro lugar. – Disse o jovem ao professor, levantando-se.

— Meu jovem, este é o padre Antoine Beauvie. Secretário Geral do Bispado. Está aqui para transmitir-nos ordens de Vossa Reverendíssima, o senhor bispo. – Falou apresentando o homem à sua esquerda.

— Vossa Eminência. – Saudou René, fazendo uma reverência com a cabeça e beijando a mão esquerda do padre. – Dai-me sua benção.

— Deus lhe abençoe, meu filho. – Respondeu.

Fez-se um silêncio por alguns instantes. O professor passou para o lado direito do estudante enquanto o Secretário esticava os olhos para os livros que René deixara sobre a mesa.

— Mestre Guilhermo me disse que você é um dos alunos mais aplicados. Se não é o mais aplicado. Vejo que ele não estava errado. – Disse pegando um dos livros. – Direito Canônico. – Leu o título.

— Eu não deixo de estudar o ofício. Estou para ser ordenado junto com outros rapazes que entraram nessa universidade ao mesmo período. – Comentou.

— Ele há de ser ordenado junto com outros de sua turma daqui há dois anos. – Disse o professor.

— Dois anos? – Espantou-se o Secretário. – Muito tempo! Diga-me, já cumpriu as matérias do trivium e do quadrivium**?

— Sim, já. – Respondeu René, desconcertado.

— Então, sinto-me mais que feliz em contar-lhe que suas preces foram atendidas. – Falou pousando o livro novamente sobre a mesa. – Partirás já, comigo. Há a missa das três horas na catedral de Notre-Dame de Paris. O Bispo vai celebrá-la e irá ordená-lo. Depois, os clérigos de lá se encarregarão de mostrar-lhe sua função.

René, sem fala, sorriu de canto a canto. Qual dos seus amigos não entregariam os dedos, calejados dos estudos, por uma oportunidade como aquela?

Ia servir à Notre-Dame de Paris.

Arrumar seus pertences não lhe tomou muito tempo. O enxoval para padre estava pronto desde que tinha cinco anos de idade e adoeceu, tanto que ficou às portas da morte. Seus pais, com medo prometeram dá-lo a ajudar na mesce se lhe poupasse a vida. Logo o menino retomou sua vida e os pais perderam as deles. 

Os paramentos*** e livros não ocuparam muito espaço na carruagem do Secretário. A carruagem era escura e quente, com os cantos e dobradiças de ferro e o banco de madeira forrada. E rangia sobre o chão esburacado de Paris.

E, conforme adentravam a Île de La Cité, os sons das ruas iam ficando mais altos, ao mesmo tempo mais eufóricos, e havia música como nunca ouvira.

De repente, a carruagem parou.

— Vamos ter que andar o resto do caminho até Notre-Dame. – Disse o homem descendo da carruagem.

René não contestou. O Secretário pagou uma quantia ao cocheiro para que levasse as coisas de René para Notre-Dame.

Grande algazarra cobria toda a Praça do Adro. Parisienses, curiosos, movimentam-se em direção ao centro da praça. De onde fluía toda a música e riso.

— Perdoe-me, meu rapaz, parece que me esqueci da Festa dos Loucos.  – Desculpou-se o padre.

 - Nunca tinha visto. – Disse René, controlando-se para não esticar os olhos na direção dos festejos.

— Uma festa pecaminosa como essa? Não é coisa bonita de se ver. Cometem todos os pecados de uma só vez. – Ele falou olhando René com seriedade. –

Por fim, o padre pôs sobre a cabeça o capuz da túnica e fez sinal com a cabeça para que René o seguisse. Assim, René puxou sobre seus ombros sua capa e cobriu-se, também, com o capuz. E seguiu-o.

Com dificuldade, chegaram ao meio da praça, entre o público parisiense. Formado por homens seduzidos pelas danças, mulheres enciumadas, que tentavam controlar os maridos e noivos, e por crianças encantadas com as cores e músicas, tão mais agitadas.

Quando o padre passou com rapaz, volteavam no espaço entre a multidão, duas bailarinas ciganas. Ladeadas pela legião de boêmios e vadios, cada uma equilibrava uma espada sobre a cabeça e giravam na direção oposta à que giravam a espada. Enquanto outro cigano pedia esmolas pela apresentação das meninas.

Os aplausos cresceram e uma das meninas retirou-se, levando consigo as duas espadas. Uma música começou. Todas as demais mulheres e moças ciganas, começaram um canto. Em uma língua que René jamais escutara, ou lera.

As duas meninas colocaram nas mãos algo que se parecia uma castanhola, com duas partes de metal. E voltaram a dançar. Iniciando com movimentos, quase imperceptíveis nas mãos. E giraram uma ao redor da outra. Como duas leoas prestes a brigar. Porém, logo igualaram-se nos movimentos e, quando as batidas dos tambores começaram, sorriram e começaram a bater as partes de metal.

René fitava uma delas, curioso. Em nenhum aspecto parecia-se com o restante de seu povo. Não eram os ciganos todos morenos? Pensou.

Porém, ali estava ela. Pele alva, sob o sol, cabelos de fogo, labaredas a voar conforme volteava e contorcia-se, e tão formosamente agitava os braços, estendidos como asas prontas para pô-la no ar. Um anjo.

— Que triste figura. – Comentou o padre ao jovem. Arrancando-o de seus pensamentos. – É, certamente, uma criança roubada. Vê como ela não se encaixa no perfil do próprio povo? É por isso que Deus nos dá essa missão, René.

O padre pôs a mão sobre os ombros do rapaz.

— Essa laia cigana, imunda, suja não só as ruas dessa cidade, René. – Continuou ele. – Suja as almas dos puros. É necessário salvar o povo de Paris.

— Sim. – Falou René, sem tirar os olhos da cigana.

A cantiga parou e apenas os tambores permaneceram tocando. As bailarinas destacaram-se para a multidão, ainda dançando. A cigana, a qual olhava, veio justamente na direção do jovem e do padre.

— Por que está se escondendo? – Ela perguntou a ele. E ela ria, um riso relaxado e tentador.

Rodeou o rapaz por duas vezes. Na terceira, quando passou à suas costas, puxou-lhe o capuz e parou à sua frente.

Porém, fitou-o com espanto.

Pardonnez-moi! Pensei que fosse outra pessoa. – Ela falou. Completamente desconcertada.

E voltou correndo para perto dos outros ciganos.

— Vamos rapaz! Depois disso, já basta o que vimos dessa festa pecaminosa. – O padre falou, ríspido, pegando René pelo braço.

Empurrou-o à sua frente o resto do caminho até a catedral.

— Gentalha pagã e sem limites! Padre Sebastian! – Ralhou ao adentrarem a igreja. Onde está esse homem que só escuta quando lhe convém.  – Resmungou, baixando seu capuz. – Padre Sebastian!

Demorou alguns instantes até que escutassem o barulho dos passos apressados de Padre Sebastian descerem pela nave da catedral.

— Ouvi da primeira vez, padre Antoine. Eu estava arrumando o altar para missa das três horas. – Falou o homem.

— Ah, seja bem-vindo, meu jovem! – Aclamou padre Sebastian.

— Mostre a ele seus aposentos aqui na catedral, Sebastian. Eu arrumo os paramentos para o bispo. – Disse padre Antoine, afastando-se rapidamente em direção a nave principal.

— Claro. Sim. Siga-me, rapaz. – Fez sinal para que o acompanhasse.

Foram, então, em direção à galeria das colunatas. Logo, entraram numa escada que subia pela torre norte. Alternavam-se os lances de madeira e os de pedra. Tanto o padre quanto o jovem já ofegavam ao ter que subir os degraus intermináveis.

— Perdoe, meu filho. Mas esse é o único quarto que ainda está vago. – Padre Sebastian falou entre arfadas de ar.

Muitos degraus depois, passaram a gaiola dos sinos. Algo naquele espaço reservado às donzelas de ferro, fazia-o parecer uma concha abandonada, um corpo sem a alma que ainda gritava a dor da morte.

— Quem tem tocado os sinos desde o Corcunda? – Perguntou René.

Padre Sebastian olhou-o, espantado por um instante.

— Eu sei das histórias, padre. – Disse ele, curioso.

— Temos nos revezado a vir aqui. Eu e os outros vigários aqui da paróquia. Mas, parece que a Catedral se recusa a deixar o espírito do Corcunda ir. Às vezes, temos a impressão de vê-lo junta às gárgulas ou nos cantos da torre. – Ele riu, nervosamente.  – Mas ele desapareceu, no mesmo dia em que encontramos padre Claude Frollo...

Padre Sebastian engoliu, em seco. E não falou mais. Porém, René, sabia o destino que levara o arcediácono de Josas.

Depois de mais lances de escadas, finalmente, chegaram à um patamar, nela havia uma porta baixa, em ogiva, com uma enorme fechadura e estrutura de ferro.  

— É bem aqui, meu jovem. – Disse o padre, empurrando a porta.

Ambos adentraram a cela.

— Vou mandar trazerem seus, pertences. Novamente, perdoe-me, mas é a única cela que ainda está vaga. – Desculpou-se, novamente o padre Sebastian. Antes de dar meia volta e sair, quase que correndo daquele lugar.

René, porém, não pode ficar mais maravilhado com o recanto que lhe coubera. Olhou, com afinco, cada canto. Estudando-o.

Era, como qualquer outra cela, escura e mal iluminada. Com uma poltrona, uma mesa e uma cama estreita. Sobre a mesa haviam diversos objetos, intocados há muitos anos, empoeirados. Compassos, frascos com folhas de ouro e de plantas, caveiras de animais, grossos manuscritos abertos uns sobre os outros e diversos utensílios de alquimia. A poltrona estava voltada para um forno, o qual via-se que mal fora aceso algumas vezes. E a cama estreita, empoeirada, ainda estava feita, da manhã em que fora deixada.

As paredes, havia sobre elas, e em grande quantidade de legendas escritas; umas desenhadas com tinta, outras encrustadas na pedra. Letras góticas, hebraicas, gregas e latinas, todas bagunçadas. Que iam aparecendo ao acaso quando se focava em outra e via a uma.  

Aproximou-se, correndo os dedos sobre cada expressão, familiarizado com as que se acostumara a ler e ouvir na Universidade. Parou sobre uma, gravada na pedra com tamanha violência, que não pode deixar de indagar-se sobre o que teria acontecido para tal palavra despertar tal bestialidade:

‘ANAΓKH

— Fatalidade. ****


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Notas finais do capítulo

Glossáriozinho (desculpem gente, mas foi necessário):
*Ecce homo: expressão em latim para: "Eis o homem"
**Trivium e Quadrivium: disciplinas obrigatórias das universidades de estudos para direito, teologia e medicina. Sendo o trivium: gramática, retórica e lógica e o quadrivium: aritmética, geometria, música e astronomia. Depois estudava-se as matérias mais específicas.
***Paramentos: tudo que é roupagem e de uso religioso. Exemplos: batinas, casulas, estolas e, até mesmo, a toalha do altar.
****As letras gregas, lê-se: Anarquia.

E aí??? O que acharam do nosso novo personagem?? Deixem aí nos comentários!! Obrigada, de nada!
E, mais uma vez... Feliz dia das mães, atrasado, pras mães de vocês!!
Vejo vocês em breve, mes amours!! Byeee!!!



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