Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 9
Você Não Está Aqui


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!

Mais um capítulo chegando para animar a morosidade domingueira!
Estamos trabalhando duro para entregar um capítulo incrível, muito em breve, portanto um pouquinho mais de paciência que acontecimentos intensos vem por aí.

Esperamos que gostem desse capítulo. Ele sai um pouco da visão da Ha Jin e vai abrir o horizonte para outras perspectivas. Creio que vão apreciar as intrigas ;)

Ótima leitura à todos!



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Se passava mais uma semana de trabalho na vida de Ha Jin. O que no início havia sido curiosidade, e ao longo das semanas, ansiedade, agora era apenas monotonia. Apesar de ter experiência como governanta e do salário ser bem convidativo, aquilo estava longe de ser o que ela gostaria para sua vida.

A moça deu um longo bocejo enquanto observava se a piscina interna havia sido limpa como deveria. Ela se agachou sobre a borda, esticou o braço e ficou brincando com a água que deslizava entre os dedos. Não demorou para se recordar da primeira vez em que observou So sem máscara. Praticamente invadiu a privacidade dele, emergindo na casa de banho dos príncipes, o assustando para valer.  

“Me esqueça… Apague tudo… Senão seu rosto ficará assim também.”

Ele a ameaçou com a mão comprimindo sua garganta, descoberto, no auge da sua vulnerabilidade, enquanto a encarava de um modo assustador. Não demoraria para Hae Soo desvendar o segredo do príncipe “lobo”, sua condição renegada que tinha como eco vociferar contra tudo e contra todos.

Alguém veio surgindo pela borda oposta da piscina e Ha Jin se viu obrigada a abandonar Wang So. Ela se ergueu, secando a mão no avental e olhando de esgueira quem se aproximava.  

— Olá! – exclamou Jung, animadamente.

— Bom dia, senhor – curvou-se, preparando para deixá-lo na sua privacidade.

O rapaz, que estava de roupão de banho, desamarrou a peça da cintura e a tirou jogando longe.

Somente de sunga, os músculos proeminentes devido à prática do taekwondo, saltou mergulhando para o fundo da piscina espalhando uma quantidade considerável de água. Com mais algumas braçadas, refez o caminho da superfície e apareceu sorridente, os cabelos molhados, dizendo:  

— A água tá ótima…

— Fico feliz que o senhor tenha apreciado a limpeza recente – a governanta respondeu, partindo em direção à saída.

— Não quer entrar também?

— Co- como? – Ha Jin piscou, achando graça, esforçando-se para não sorrir.

— Se o problema for roupa, eu posso procurar no quarto da Yun Mi. Ela deve vestir o mesmo número que você, eu acho… – argumentou observando o corpo dela enquanto erguia as mãos na sua direção, fazendo medidas imaginárias no ar — A minha irmã é meio despeitada, mas esses tecidos costumam esticar...

— Creio que isso causaria uma grande confusão para nós – para mim, ela quis falar realmente — e de forma alguma estou aqui para prejudicá-lo. Além do mais, é meu horário de trabalho, senhor. Saber que está curtindo sua natação já me deixa satisfeita o suficiente.

— Então tá… – ele concordou parecendo decepcionado.

— Bom proveito – ela curvou-se novamente, pronta para ir de vez.

— Só me faz um favor, já que você não quer me fazer companhia...

Novamente, Ha Jin girou os calcanhares na direção oposta.

— Não é que eu não queria, senhor…

— É isso aí – Jung a interrompeu enquanto nadava até a borda da piscina onde ela estava, se apoiando pelos cotovelos no piso — Esse negócio de “senhor”. Não gosto nada de ouvi-lo vindo de você. Sou Jung. Apenas Jung.

— Certamente, Jung – anuiu amavelmente.  

 ***        

    Quando Wang Gun colocava a cabeça no travesseiro ao fim de um longo dia na empresa, inevitavelmente, o cansaço o alcançava rápido. Ele não possuía problemas de insônia, afinal, não existia um obstáculo que o herdeiro não pudesse esmagar. A maioria das dificuldades cursava para a resolução antes mesmo dele chegar ao caso em si, porque seus funcionários eram inteligentes o suficiente para não deixá-lo preocupado desnecessariamente.

    Embora o império criado pelo avô, que fora engrandecido e solidificado pelo seu pai, fosse de completo domínio dele, Gun ainda sentia a ameaça à espreita, mais sorrateira que um chacal em busca de carniça. E foi essa ameaça que o deixou em claro na noite passada.

    Faltava um dia para a reunião organizada por Wang Hansol na mansão da lua e o rapaz saiu dos seus aposentos, na primeira hora da manhã, ignorando o café da manhã posto à mesa, direto para a cobertura da mãe, no centro de Busan.   

    Min-joo, a segunda ex-esposa de Hansol, ainda sonolenta num longo roupão de seda, recebeu o filho depois que a empregada abriu a porta e o conduziu para a sala. Gun beijou a mãe ternamente na testa e foi sentar-se no sofá, ao lado dela.

  — Sua cara está péssima – Min-joo comentou levando a piteira de madrepérola aos lábios para, em seguida, espalhar o fumo pelo ar — Vou mandar a criada preparar um suco reforçado de laranja para você.

— Estou bem – o rapaz deu de ombros, coçando os olhos.

— Com essas olheiras horríveis? O futuro presidente da Wang S.A não pode aparentar ter passado a noite toda na farra. Não é com essa imagem que você vai conseguir manter seu posto na empresa. Subir será fácil, mas manter-se no topo é outra coisa.

— Eu não estava na farra – ele respondeu irritado.

— Então andou gastando suas energias com aquela garota obtusa…

— Na Na não estava comigo ontem, e eu já pedi para a senhora guardar suas opiniões sobre ela porque não me interessa nenhum pouco! – o herdeiro exclamou ficando tenso.  

Ele não havia procurado a mãe para ouvi-la tecendo os mesmos comentários desagradáveis sobre o seu noivado. Ele era grandinho o suficiente para ter de depender da aprovação de Min-joo para tudo.  

— Não precisa ficar de cara amarrada comigo – a mulher deu outra tragada, se fazendo de magoada — Infelizmente, vocês não escutam o que falamos quando crescem. Acham que sabem tudo de tudo. Só repito uma coisa: esse casamento patético vai acontecer com separação total de bens e…

— Mãe – Gun a interrompeu ficando de pé — Eu estou preocupado, de verdade. Acho que a reunião de amanhã não vai ser para papai me nomear.

Min-joo largou a piteira no cinzeiro sobre a mesinha de centro e encarou seu primogênito muito séria. O maxilar estava rígido quando perguntou ao filho:

— Por que está dizendo isso? O que andou escutando? O que seu pai ousou falar?

Ele não respondeu de imediato. Ao invés disso, afundou as mãos no bolso da calça e caminhou para a janela panorâmica, mirando a metrópole já agitada que abastecia sua família.

— Yun Mi veio falar comigo ontem bem cedo, antes da reunião da manhã. Ela disse que papai está querendo ser justo com todos os herdeiros e que eu deveria tomar cuidado com meu excesso de ambição ou poderei ter um grande tombo. Eu sei que ela estava apenas me provocando, mas algo me deixou intrigado… Depois papai se trancou a tarde toda no escritório com seus dois conselheiros de maior confiança e não me chamou nenhuma vez sequer. Ele nunca faz isso, nunca me esconde nada.

A mãe saiu do sofá e partiu de encontro ao filho, acariciando delicadamente sua nuca, enquanto ambos observavam Busan amanhecer.

— Não dê um segundo de confiança para aquela cobrinha produzida pelo terceiro casamento do seu pai. Ela não passa de uma moleca invejosa por ter tido a infelicidade de nascer de uma mãe fraca e recalcada… Quanto a isso, nem podemos culpá-la — Min-joo suspirou emulando uma compaixão inexistente — O dia em que Ah Ra e sua cria representarem algum tipo de perigo para nós, será o dia que nós cairemos em desgraça, meu filho, ou seja, nunca.  Continue dando seu melhor, certo? — o rapaz concordou, acenando positivamente — Faça o que for preciso dentro daquela casa e daquela empresa e em breve daremos a volta por cima, ocupando o lugar que sempre foi de direito nosso.

***

Eujin não teve tempo de abordar Ha Jin na sexta-feira, um dia antes da reunião sediada pelo Sr. Wang, na mansão. O rapaz bem que tentou oferecer a típica carona para a moça, um ritual agradável entre eles, mas Kim Na Na grudou na prima assim que a viu percorrendo seu caminho para a saída, deixando o rapaz desapontado fazendo a volta para ir guardar o carro na garagem enquanto a cunhada oferecia uma carona exclusiva até o apartamento da governanta.

Ha Jin estava experimentando um dia bem tenso. Ela não havia encontrado uma desculpa plausível o suficiente para se esgueirar da hora extra do dia seguinte e já ruminava os desprazeres de ter de estar naquela reunião.

Primeiro, a exaustão de ter trabalhado uma semana inteirinha e ainda ter de comparecer na sua folga do fim de semana. Em segundo, e o mais desagradável, a ideia de rever Yun Mi, Gun e sabe-se lá quem mais da realeza de Goryeo, reencarnado entre eles, para afligi-la.

Ela nem queria ter de encontrar com o tal Sook, o filho mais velho. A ansiedade anterior em desvendar sua identidade fora substituída pelo medo de descobrir que realmente era So.  

Portanto, a garota se encontrava desanimada demais para papear com a prima durante o percurso da volta. Sua vontade era encostar a cabeça na janela do ônibus e ficar solitária, ela e seus pensamentos pouco otimistas.

— Por favor, Ha Jin, antes de te levar eu gostaria imensamente que você me acompanhasse ao shopping. Preciso escolher um vestido para a ocasião de amanhã. – ela acabou hesitando alguns segundos, o que provocou uma onda de súplicas da prima — Por favor, por favor, por favor…

— Tudo bem, vamos lá –  tentou sorrir, afinal a prima era sempre tão generosa com ela.

— Obrigada – Na Na pareceu aliviada.

As duas mulheres se misturaram ao trânsito de sexta-feira pelas ruas de Busan e dirigiram para o shopping mais próximo. Ha Jin aproveitou que a prima estava distraída no trajeto e ergueu a gola da roupa, cheirando o local em seguida, conferindo a validade do seu desodorante. Assim como o seu mental, o visual necessitava de uma recarregada. Um bom banho quente e roupas menos amarrotadas era o mínimo que necessitava no momento.

Na Na estacionou na primeira vaga encontrada e saiu do carro afoitamente. Ha Jin seguiu a prima, que caminhava apressada para o elevador que as levaria ao primeiro andar, onde ficavam as lojas de vestuário, e a viu entrar em uma loja sem nenhum preâmbulo em um dos corredores. Ela pediu por um vestido encomendado no seu nome, pagou e saiu novamente.

— Vamos comer algo doce – sugeriu para Ha Jin exibindo aquele estranho olhar ansioso.

— Você já havia escolhido seu vestido?

— Sim… Desculpe, Ha Jin. Na verdade, eu gostaria de espairecer um pouco, conversar com alguém… Amanhã vai ser um dia daqueles…

— Nem me fale… – a garota suspirou, concordando — Mas você não precisava inventar uma desculpa. Eu consigo ser uma boa ouvinte quando necessário – Se o motivo do “rapto” era para falar sobre as mazelas do dia seguinte, a governanta estava mais do que disposta a escutar.

Elas foram para as escadas rolantes rumo à praça de alimentação. No último piso, Na Na parou diante de uma sorveteria e pediu pelo tamanho mais generoso em que o sorvete de chocolate poderia ser servido. Então angariou duas colheres e foi sentar com Ha Jin, que já reservara uma mesa próxima às janelas, com vista para a avenida.

— Amanhã eu encontrarei o terror da minha sogra – a prima começou a desabafar, após a primeira colherada do doce.

— Ela é tão ruim assim? – Ha Jin espetou o talher no sorvete e retornou com uma porção para si.

— Ruim é o mundo acabar amanhã numa bola incandescente de fogo; ela é bem pior… A senhora Min-joo me odeia de um jeito todo especial. Do tipo que usa e abusa das indiretas e se esforça bastante para sugar a felicidade alheia.

— E o seu noivo, o que acha disso? – ela perguntou, vacilante.

Na Na olhou tristemente através do vidro para o tráfego movimentado na avenida. Sua expressão passiva e melancólica trouxe uma sensação familiar para Ha Jin, um sentimento que a garota ainda tentava decifrar quando a prima enfim respondeu:

— Gun… Eu acho… Talvez ele não se importe...

— Pois ele deveria – Ha Jin objetou, exagerando na veemência.

Embora fossem parentes, embora Na Na a estivesse ajudando tanto nas últimas semanas e, embora, com certeza, Wang Gun não merecesse ela, Ha Jin sabia que existia um limite a cruzar em relações de amizades recentes e ela preferiu se manter no limite da segurança.

Porém, contrariando seus próprios medos e surpreendendo a prima, foi Na Na que abandonou a colher e segurou, delicada, mas firmemente, as mãos da outra, desabafando em seguida:

— É bom te ter por perto, Ha Jin. Eu me sinto tão solitária tantas vezes… Sabe aquela sensação de que não pertencemos a um lugar… de que definitivamente não nascemos para ele, mas uma força invisível nos obriga a ficar?

— Sei muito bem – afirmou recordando os sentimentos conflitantes experimentados em Goryeo, quando era tão bom e, ao mesmo tempo, tão ruim, fazer companhia para o rei.

— Entendo que trabalhar na mansão não é o melhor emprego do mundo. Estou a par da confusão com Yun Mi e meus cunhados. Algumas pessoas lá dentro realmente não valem metade do chão que pisam… Mas, se for possível… Se houver como você ficar por lá e não desistir por enquanto, eu me sentiria mais feliz.

Ha Jin sentiu pena da prima. Ela estava mostrando uma outra faceta para a jovem governanta. Esse seu lado, infelizmente, condizia com alguém que era oprimido por estar comprometido a Gun, porém a garota não tinha confiança suficiente para avançar naquele diálogo e perguntar de uma vez por que Na Na se subjugava àquela família.

— Eu prometo ficar por perto – foi o que decidiu falar em consolo à tristeza da prima, apertando suas mãos em retribuição.

***

— Nossa, você chegou tarde! – exclamou Mi Ok saindo das sombras do corredor e aparecendo diante de Ha Jin.

— Ai! Que susto! – ela levou a mão no peito, o coração acelerado.

Distraída enquanto procurava a chave correta para abrir a porta do apartamento, não se deu conta de que havia alguém à espreita lhe observando.

Mi Ok, porém, achou graça do sofrimento da amiga e ligou seu celular, ativando a lanterna, iluminando o ambiente, para ajudar Ha Jin na sua guerra velada com a bolsa que havia engolido sua chave.

— Desculpa aí… Eu estava quase indo embora. Não sabia que seus expedientes de sexta eram maiores.

A garota finalmente conseguiu abrir a porta e entrou aos trancos, Mi Ok nos seus calcanhares.

—  Nem eu – bufou, acendendo a luz e descalçando os sapatos antes de pisar no seu singelo lar — E ainda não acabou.

A amiga imitou seus gestos no hall, abandonando o calçado, e a acompanhou até a cozinha, onde pegou uma garrafa de soju e se serviu de uma dose mais que generosa da bebida.

— Nossa… Você parece transtornada – Mi Ok assoviou apoiando os cotovelos na bancada, observando a amiga entornar o copo com a bebida avidamente — Não me diga que foi demitida?

— Claro que não – o sorriso era irônico e frustrado — Coisa boa não acontece fácil.

— Coisa boa…? – a outra ponderou sentindo-se confusa — O que está havendo nesse seu novo emprego, Ha Jin? Achei que tudo ia bem, sua parente por perto, um salário maior…

A governanta ia se servindo de mais um copo quando lembrou do dia seguinte. Irritada, fechou a garrafa bruscamente e a enfiou no armário outra vez, batendo a inocente porta com força em demasia, reafirmando a tendência em descontar a raiva em objetos inanimados.

— Sequer posso beber, e adivinhe por quê? Trabalho amanhã – falou numa voz estridente — “Com possibilidades de ter de dormir por lá” — continuou imitando o tom da governanta chefe.

— Mas isso pode ser bom, afinal… Eles vão te pagar o extra, certo?

Mi Ok buscou ver o lado positivo da notícia, mantendo-se cautelosa enquanto ponderava suas palavras antes de dizê-las, refletindo se suas colocações não tomariam uma interpretação deturpada aos ouvidos da, já bem possessa, amiga.

—  Tudo isso e eu não comentei do pior: ele não existe mais! Não o encontro em nenhum lugar daquela droga de mansão detestável. Ele não está ali. Acabou. Passou. Ele ficou em outra dinastia e agora Hae Soo tem apenas uma gravura bizarra para olhar e sentir remorso. E quer saber…? – Mi Ok, boquiaberta com a chuva de incoerência que a amiga não parava de soltar, teve a nítida impressão que Ha Jin nem a estava vendo ali. Era como se falasse para si mesma — Eu mereço.  

 

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Notas finais do capítulo

Glossário

Go Ha Jin - Hae Soo
Khan Mi-Ok - amiga de Ha Jin
Kim Na Na - prima de Ha Jin
Nyeo Hin Hee - Concubina Oh
Sung Ryung - empregada/amiga de Ha Jin
Woo Ah Ra - Imperatriz Hwangbo
Wang Eujin - Wang Baek Ah
Wang Gun - Wang Yo
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Hansol - Taejo
Wang Jung - Wang Jung
Yoon Min-joo - mãe de Gun e Jung
Wang Sook - ???
Wang Sun - Wang Eun
Wang Sun Hee - esposa de Wang Sook
Wang Taeyang - Wang Wook
Wang Yun Mi - Hwangbo Yeon-hwa



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