Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 65
Decisões, Decepções e Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Olá à todos!!!

Como vão depois desse carnaval? Muita folia? Muito Netflix e pipoca? Espero que todo mundo tenha sobrevivido, heheh.

Bom, vamos lá para mais um capítulo da história, desta vez com acontecimentos que vocês estavam pedindo há um tempinho, momentos empolgantes e mais um pouquinho de drama que é pra gente não esquecer de onde essa fanfic derivou.

Um super agradecimentos aos comentários (pessoal novo sempre vindo dar um "oi") e ao feedback fofo de vocês todos.

Ótima leitura. Beijão!



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Taeyang manteve-se firme em seus passos pelo corredor dos quartos em direção ao de Gun. A frase dita por Jung na última reunião perfurava sua cabeça como uma goteira irritante e incessante “...acho que isso não depende só de mim.”.

Assim, sentiu-se na obrigação, como CEO interino e, principalmente, como um irmão que acreditava no potencial do mais velho, de se direcionar a ele, mesmo que não fosse recebido, mesmo que fosse insultado, aceitando que deveria ser paciente até que pudesse ter a oportunidade de ser ouvido.

Ele bateu à porta e se anunciou antes de entrar. Não ouvira resposta do outro lado, mas encontrou o irmão, sentado na cadeira de rodas de frente para a janela de vidro, fechada, observando fixamente o jardim diante de seus olhos.

— Gun… — ele falou em tom baixo, temendo despertar o irmão dos devaneios que ele alimentava naquele momento. Não obteve resposta e continuou — Eu não sei se Jung te contou, mas estamos iniciando a construção de um novo carro… um sport. Vamos lançá-lo em alguns meses, na China.

“Eu sei que sempre enfrentamos problemas, que sempre tivemos dificuldades para nos adaptarmos um com o outro, para nos ajudarmos… mas precisamos do seu trabalho para que tudo ocorra bem.

“Estamos trabalhando juntos dessa vez, cada um colocando nesse projeto o que sabe fazer de melhor… e precisamos do melhor motor para que tudo dê certo.”

— Engraçado… — Gun falou sem mover um músculo sequer — Vocês sempre me odiaram, sempre fizeram o que podiam para me ver pelas costas. Nunca aceitaram o fato de eu ter mais tino para comandar a empresa que vocês, nunca acreditaram em mim para nada, mas agora, você, o inteligentíssimo Wang Taeyang, vem pedir minha ajuda… Isso é hilário.

— Você está enganado, Gun. Nenhum de nós jamais te odiou, só temíamos o que poderia acontecer quando nos colocávamos diante de você… Você sempre fazia algo para nos maltratar… mas isso não vem ao caso agora…

— Ah… claro que vem ao caso. Você deveria, sim, falar sobre isso. Deveria me acusar, como sempre fez, como sempre fizeram… Eu sempre tive a culpa de tudo, sempre fui o monstro dessa família, aquele que só fazia o que bem queria e passava por cima de todos para alcançar o que pretendia…

— Sim… esse sempre foi você — Taeyang falou interrompendo o mais velho, sem alterar a voz, ao contrário do outro que ainda não se movera, mas se exaltava — Esse foi você, mas não é esse o irmão que queremos trabalhando pela empresa ao nosso lado… Queremos o Gun bravio e destemido que não teme nada e se empenha de cabeça em seus projetos. Aquele que faz o melhor da melhor forma…

— Esse cara não existe mais. Eu sou um inválido inútil! — interrompeu também, o sarcasmo se misturando com a angústia — Estou destruído e não sirvo para mais nada, não percebeu? Façam o que quiserem e me deixem em paz! Se quiser, pode até se vingar de tudo o que fiz para você… dessa vez não terei como revidar. A luta já está ganha.

— Você não é um inválido, tão pouco um inútil. O fisioterapeuta já falou que você tem chances de melhorar se fizer um esforço… se fizer a sua parte. Precisamos que faça a sua parte também na empresa, Gun. Precisamos tirar nossa empresa de onde ela está agora, juntos, sem disputas, joguinhos ou vinganças.

“Precisamos de você, o melhor engenheiro que conhecemos. Precisamos da sua habilidade, da sua confiança para construir o melhor motor que esse país já viu. Somos irmãos e estamos juntos nisso, sem nos importar com nossas diferenças ou dificuldades, apenas trabalhando para trazer a empresa que o nosso pai e avô deram o sangue para manter onde sempre esteve de volta. Um apoiando o outro.”

— Saia do meu quarto — ele falou em um tom baixo e ameaçador.

— Sim… Mas peço que pense em tudo o que disse. Não estamos aqui para te acusar de nada…

— Saia do meu quarto…

— … esse tempo já passou. Só queremos que esteja junto conosco…

— SAI!

— … e que essa conquista seja de todos nós.

— Vai embora! — Gun se virou de uma vez, avançando a cadeira para a cama, lançando a primeira coisa que encontrou na sua frente na direção do irmão.

— Já vou — Taeyang falou vencido, depositando uma pasta sobre a escrivaninha — Aqui está a cópia do projeto do carro e um esboço do motor. Temos certeza que você é capaz de construir esse motor. Por favor… dê uma olhada quando puder. Boa tarde.

***

Jung olhava a luz que indicava os andares percorridos pelo elevador com certa ansiedade. Não havia avisado para a mãe que a encontraria em sua casa, muito menos lhe informara sobre o assunto que fizera com que a visitasse naquele lugar que ele, particularmente, detestava. Sentia-se mal naquele ambiente, como se algo lhe sugasse a alegria. Evitava vê-la naquele apartamento.

Quando as portas se abriram na cobertura do prédio luxuoso onde Yoon Min-joo morava, as entranhas do rapaz se contorceram mais uma vez. Não estava receoso sobre suas decisões, mas temia a reação da mãe e, muito mais, as suas em resposta ao que ela poderia falar.

Tocou a campainha da casa e uma jovem senhora de meia idade o atendeu, sorrindo, o reconhecendo. Pediu que ele entrasse, avisando que a senhora estava em seu quarto desde que o dia amanhecera e que sequer pedira o café da manhã.

De pé, esperando que a mulher fosse avisar à sua mãe sobre sua presença, Jung contemplou a vista de Busan através das portas de vidro que davam para a varanda. O dia estava ensolarado, lá fora o clima era fresco e agradável, completamente contrário ao que inundava aquele lugar.

— Jung?!

A voz de Min-joo tirou o rapaz de seus devaneios, fazendo com que se virasse para ela. A mãe, sempre altiva e vivaz, tinha olhos enevoados, a tez notadamente abatida. Sentiu-se constrangido por vê-la assim.

— É uma surpresa tê-lo aqui — continuou, sentando-se elegantemente sobre o sofá. Ele fazendo o mesmo, de frente para ela — Nunca vem me ver… Estou impressionada.

— Não é nada demais, mãe. Só vim ver como a senhora está. Conversar um pouco.

— Como pode ver, está tudo bem comigo.

— Não é o que parece…

— O que está falando, garoto? Está dizendo que estou mentindo? — ela se armou contra o filho desnecessariamente.

— Só estou dizendo que a senhora parece triste…

— Não estou. Estou ótima.

— Tudo bem… tudo bem — concordou, cansado — O advogado que papai nomeou para tratar da herança entrou em contato… Disse que a senhora não respondeu nada sobre sua parte… Por que…

— Não quero as esmolas que Hansol deixou — Min-joo falou grosseira, interrompendo a fala do filho — Ele pensou que essa micharia pagaria todos os anos de humilhação que passei por assumir aquele bastardo nojento como meu filho?

— Mãe, não fale assim de Shin…

— Não pronuncie o nome desse marginal sob o meu teto. Eu o proíbo! — ameaçou, o dedo em riste — Diga para esse advogado idiota que eu não quero nada, não preciso de absolutamente nada que Hansol tenha me deixado. Não posso aceitar dividir a empresa com aquelas interesseiras, muito menos com aquela empregadinha pobretona nojenta… Ela sim deve estar satisfeita por receber essa esmola… Qualquer prata deve ser uma fortuna para ela…

— Mamãe, pare de ofender as pessoas. Por favor. Ninguém te fez mal algum…

— Não fale sobre o que não sabe… Não fale nada — a voz histérica de Min-joo subindo alguns tons.

— Só pare de agredir as pessoas…  — Jung finalizou, cansado daquilo.

— Então me ajude… — ela voltou a controlar o tom, respirando e falando pausadamente.

— O que quer que eu faça? — ele a olhou querendo terminar com aquilo.

— Pode fazer o ingrato do seu irmão atender minhas ligações? Como ele ousou me proibir de entrar na mansão enquanto Hansol… Aquela mansão é minha, você sabia disso? Sou senhora daquela casa e aquele garoto estúpido me impediu de me despedir de seu pai. Estou muito triste com seu irmão, realmente decepcionada…

Jung a acompanhou com o olhar. A mulher se levantou, caminhou até o bar e preparou uma bebida, sorvendo-a por completo antes de focar o rapaz novamente. Queria demonstrar controle e altivez, mas sua expressão, e o tom agudo da voz, lhe traíam largamente. Estava desolada, frustrada e estranha aos olhos do rapaz que sempre a viu cheia de si.

— Como ele está? — a mulher perguntou e Jung evitou encará-la. Sentia-se constrangido.

— Se recuperando… Meu irmão é forte. Ele vai sair bem dessa.

— Sim… Ele vai. Não duvido de sua força — ela concordou silenciando a conversa, bebendo um pouco de sua segunda dose.

— Por que a senhora já está bebendo a essa hora?

— Te devo satisfações, agora?

— Não… não deve — Jung, a cada instante mais incomodado — Mas me preocupa que a senhora não se alimente bem.

— Não se preocupe. Não sou uma daquelas suas alunas miseráveis que praticamente passam fome naquele bairro asqueroso. Tenho do melhor, fique tranquilo.

— Não duvido… — ele olhava para os dedos das mãos, ansioso por sair dali.

— E a empresa? Não sei de nada sobre ela...  Como aquele idiota está se saindo como CEO? Não é possível que Gun não faça nada contra isso. Não posso acreditar que ele simplesmente aceitou aquele imbecil na direção da empresa…

— Não fale assim dos meus irmãos, mãe — Jung falou sem muita paciência, irritado com aquelas ofensas gratuitas.

— Preciso que você convença seu irmão a vir me ver. Preciso conversar com Gun e lhe abrir os olhos. Ele está perdendo tudo. Agora que Hansol morreu, ele tem que tomar a empresa… Não pode aceitar que aquele…

— Mãe… Taeyang está se saindo muito bem. Não o xingue, por favor. Ele é meu irmão.

— Você… — ela parou de falar. Parecia a ponto de destratar o filho e se controlava para não fazê-lo — Convença seu irmão a me encontrar, sim? Não é possível que sua raiva ainda não tenha passado. Já faz muito tempo desde que tudo aconteceu. Precisamos nos unir agora… As coisas não podem ficar assim, Jung. Não posso perder tudo agora, tão perto…

— Para, mãe — Jung finalmente se exaltou, levantando-se do sofá — Para de falar essas coisas. Para de fingir ser o que não é… de querer para você o que não é seu.

— O que está falando agora, garoto? — ela tinha os olhos arregalados, espantada com a reação do sempre calado Jung.

— Eu estou dizendo que estou cansado dessas atitudes. Meu irmão está melhor, ele está bem, e se não quer ver a senhora, é uma escolha dele. Irei respeitar. Mas me irrita a forma como a senhora sempre colocou Gun em um pedestal… a senhora se esquece que tem outro filho, não é mesmo?

— Claro que não. Que conversa idiota é essa?

— Idiota? — ele a olhou, parecia indignado — Acho que é isso o que a senhora sempre pensou sobre mim… Que sou um idiota.

— Pare de falar essas coisas, Jung — disse Min-joo acuada. Levantou-se para encarar o filho de frente.

— Parar? Não, mamãe. Não vou. Meu pai morreu, meu irmão sofreu um acidente e quase morreu também. Estamos passando por problemas na empresa, mas a senhora sequer perguntou como estou. Não, seu interesse, como sempre, está em Gun e como pode fazer com que ele realize seus desejos de ser a dona da mansão e da empresa.

— Está ficando louco, garoto? — Min-joo esbravejou, levemente descontrolada — Como ousa falar essas coisas para mim?

— Nem sei por que me surpreendi… — ele sorriu ironicamente sem se importar com o que ela falava — Era óbvio que isso iria acontecer. Óbvio que, mais uma vez, eu não teria espaço na sua vida. Sempre foi assim… A senhora nunca se importou. Fui apenas uma tentativa frustrada de prender o papai e, como não deu certo, recebi seu desprezo em troca do meu fracasso.

— Garoto imbecil — Min-joo avançou sobre Jung e o bateu em sua face. Ele riu novamente, soltando o ar pelo nariz.

— Agora também me dedica suas agressões além de seu desprezo…

— Nunca te desprezei, garoto ingrato…

— Entendo porque Gun não quer mais estar perto da senhora. Entendo todo mal que ele recebeu com sua mesquinhez e ganância.

— Como ousa falar assim?

— É uma pena que isso tudo esteja acontecendo — ele continuou sem se importar — mas estou saturado de tanto ódio grátis… O que a senhora fez com meus irmãos, Gun e Shin, não há perdão, mamãe… Não há.

— Não mencione esse bastardo imundo, já falei… Filho daquela empregada asquerosa que seu pai colocou dentro de casa e me obrigou a cuidar…

— Cuidar? A senhora nunca cuidou dele, assim como nunca cuidou de mim ou de Gun. A senhora e seus interesses é que sempre estiveram acima de tudo, inclusive dos seus filhos.

— Pare de falar essas coisas… AGORA!

— Paro, sim, mamãe. Agora mesmo — concluiu se dirigindo até a porta — Sei que minha vida não interessa em nada para a senhora, mas vim para lhe contar que estou namorando…

— Namorando…? — ela se aproximou, os olhos fixos, desesperados por atenção, arrependida de ter agredido também o filho mais novo — E de onde ela é? De que família? São meus conhecidos, ou de seu pai? Precisamos marcar um jantar para que ela venha até aqui… Qual o sobrenome?

— Kahn.

— Kahn… — ela parecia vasculhar a mente — Kahn… Os Kahn da empresa de celulares?

— Não.  O pai dela trabalha em uma fábrica de produtos de couro. A mãe dela é dona de casa, às vezes vende alguns bordados e costuras pela vizinhança para conseguir uma renda extra. O irmão dela também é vendedor e gosta muito de carros. Vai casar em breve… Ela trabalha em uma empresa de cosméticos. É uma das melhores no que faz.

Yoon Min-joo esperou tudo daquela visita, menos aquela pancada certeira em sua nuca. De boca semi-aberta e olhos arregalados, a senhora focava o filho caçula com uma expressão indecifrável, levando alguns instantes até que o seu raciocínio voltasse e ela conseguisse articular palavras que fossem coerentes.

— Que brincadeira sem graça é essa, Wang Jung? Você e seu irmão se uniram para tentar me matar?

— Nunca, mamãe… Inclusive, eu conversei com meu irmão e ele me falou para fazer o que eu achasse certo e para não me importar com o que diriam…

— Vocês estão ficando loucos? — ela desesperou-se, a respiração agitada — É o contato direto com aquele bastando nojento… Aquele sangue de pobre que existe nele está infectando vocês…

— Não fale assim do meu irmão, mamãe, já pedi. Não ofenda sua mãe ou minha namorada, muito menos sua família. Eles são dignos, melhores que muitos senhores ricos que tive o desprazer de conhecer.

— Exijo que termine esse namoro imediatamente — esganiçou, perdendo de vez o controle.

— Sinto muito, mamãe, mas dessa vez não vou obedecer…

— Jung… Eu não abençoo esse namoro, está me ouvindo? Exijo que termine essa loucura de uma vez. Existem garotas do seu nível… Você não pode se envolver com uma qualquer que certamente está de olho no seu dinheiro e se aproveita da sua ingenuidade para…

— Não, mãe. Não fale dela assim. Não a julgue por quem a senhora é.

— Está me chamando de interesseira? Como ousa me desrespeitar assim? Não preciso disso. Sou rica, sempre fui…

— Entenda como quiser… Só vim avisá-la do meu namoro, não vim pedir permissão. Estou indo embora.

— Termine esse namoro. JÁ!.

— Estou indo.

— Jung… Você não será mais meu filho se continuar com essa idiotice de namoro.

— Não tem problema… Não sentirei falta, afinal, eu nunca tive uma mãe.

Ao dizer essas palavras, Jung girou a maçaneta da porta e saiu dali sem olhar para trás. Min-joo, perdida diante das atitudes de seus filhos, olhava chocada para o lugar onde o mais novo estivera até instantes atrás, desesperada por sentir que os perdia em definitivo.

Foi até a mesa de centro, tomou o copo de bebida na mão e o lançou contra a porta, com força, os estilhaços se partindo, assim como ela. Talvez tenha sido aquele movimento brusco o responsável por fazer aquelas duas lágrimas intrusas caírem de seus olhos e deslizarem por seu rosto.

***

Shin acordou com a sensação de ansiedade forte dentro do peito. Aquele era uma data especial e ele faria o possível para que a namorada tivesse momentos felizes e proveitosos ao longo do dia.

Animado por estar mais próximo dos irmãos, nesse caso, de Jung, soube através dele, que soube através de Mi Ok, que o aniversário de Go Ha Jin se aproximava há uma semana. Articulou com Sook para que a jovem recebesse folga de seus trabalhos naquela tarde e ficou imensamente agradecido por conseguir. O mais interessante veio depois: não imaginou que seria capaz de organizar tudo o que fez.

Depois que conseguiu a autorização para a folga de Ha Jin, ligou para Mi Ok, o número tranquilamente cedido por Jung, e combinou para que ela levasse a amiga para passar aquela tarde fora. Enviou através do irmão mais novo um envelope com uma quantia em dinheiro e pediu que a cunhada mantivesse a aniversariante o máximo de tempo possível fora de casa.

Mi Ok aceitou de pronto e, naquela tarde, a chave da casa da jovem foi deixada maliciosamente pela mais jovem sob o tapete da entrada sem que ela percebesse. O mais interessante foi que Ha Jin, em nenhum momento, pareceu duvidar das intenções da amiga.

Livre para entrar e sair da casa quando bem quisesse, Shin e sua comitiva - Eujin, Jung e Sun - começaram a decorar o apertado apartamento da melhor forma que puderam. Aproveitaram-se da sensibilidade do irmão músico, que também trabalhava como designer, e com algumas imagens retiradas da internet colocaram a mão na massa.

— Acho melhor a gente colocar a mesa aqui — Jung comentou com o objeto de plástico nas mãos — A gente pode aproveitar essa parte da parede para pendurar umas bexigas.

— Uma excelente ideia — Eujin concordou deixando Sun sozinho no trabalho de encher as bexigas — Coloca bem aqui. A gente precisa deixar um espaço para tirarmos as fotos.

— Vocês trouxeram o tripé? — Sun perguntou após terminar mais uma bexiga — Acho que é o jeito mais fácil de fotografar todo mundo mais tarde.

— Ha Jin deve ter pau de selfie — Eujin comentou convicto.

— Ela não tem — a cabeça de Shin apareceu por trás do balcão da cozinha — Terminei aqui. Milagrosamente consegui colocar as bebidas na geladeira. Isso aqui tá horrível. Acho que ela precisa de mais folgas…

— Sei bem o que você pretende com esses pedidos de folga — Eujin comentou marotamente, prendendo algumas bexigas na cortina — Não precisa se fazer de rogado, hyung…

— Você precisa lavar a boca e a mente com sabão — o mais velho comentou organizando a geladeira como podia, sentindo a face esquentar — Não fique pensando essas idiotices. Ha Jin é uma garota de família, essas coisas são…

— Mas eu não falei nada… — Eujin interrompeu e gargalhou da expressão do mais velho.

— Então não fique falando coisas que levem a pensamentos dúbios… Ha Jin é uma garota…

— Acho que a carapuça serviu — o músico continuou.

— Não fique falando besteiras, garoto!

— Ah… Nos poupe, hyung — Sun falou em meio à brincadeira, interrompendo o mais velho, Jung o observando com um filete de sorriso se formando ao cortar letras no emborrachado — Vocês são dois adultos de idade relativamente avançada… Já estão juntos faz mil anos e vem se fazer de desentendido agora?

— Ora, seus moleques — o mais velho ralhou lançando uma esponja usada na direção dos três, sentados recortando as letras, gargalhando daquela reação — Façam o trabalho de vocês e não falem asneiras. E nós não somos velhos!

— A sorte de vocês é que os arbustos da mansão não falam…

— Nem as paredes da sauna…

— Calem a boca. Agora!

— E a música? — Eujin perguntou depois de um grande acesso de riso dos três mais novos.

— Acho que ela tem um rádio pequeno por aí, perto da TV — Shin respondeu de pronto, ainda preso na tarefa de limpar a geladeira.

— Já vi… E acho bem interessante esse seu conhecimento sobre tudo na casa da governanta.

— Não começa, fedelho… Cuide da sua vida.

— Isso porque insiste em dizer que os dois não…

— CALADO! — Eujin se desviou com maestria do porta-guardanapos lançado contra ele. Mais gargalhadas.

— Ele está começando a ficar vermelho — Jung comentou baixo, sorrindo, mas o tamanho da casa não impedia Shin de ouvir.

— Ele pensa que nos engana só porque é mais velho… — Sun comentou, Eujin concordando, os três compactuando seus pensamentos ao som dos resmungos do mais velho ainda na pequena cozinha.

Duas ou três horas depois, a casa estava do jeito que eles queriam, ou da melhor forma que conseguiram deixá-la. A mesa estava diante da parede que tinha menos informação naquele quadrado. Alguns cachos com quatro ou cinco bolas brancas, rosas e vermelhas foram presas decorando a parede, o “Parabéns, Go Ha Jin” preso entre elas.

Sobre a mesa, uma toalha vermelha, pratos e doces encomendados por Na Na e Taeyang. Sun abria os pacotes de pratos, copos e garfos descartáveis e os organizou sobre o balcão.

Eujin passou colocando o chapéu de aniversário em cada um deles quando Shin, enviando uma mensagem para que Mi Ok voltasse com a aniversariante, olhava satisfeito para tudo o que prepararam. O pai estava certo, eles precisavam um do outro e quando estavam juntos, tudo poderia ser alcançado.

— Elas já estão vindo — ele comentou após receber uma mensagem de Mi Ok.

— Taeyang mandou mensagem dizendo que vai atrasar, mas que virá com Na Na mais tarde — Jung falou em seguida.

— A gente guarda o pedaço de bolo deles — Sun concluiu

— Shin, coloca a vela na torta — Eujin falou.

— Vou ficar aqui espiando quando elas aparecerem — Sun falou por trás da janela.

— Obrigado por me ajudarem com tudo isso — Shin falou olhando para cada um deles.

— Você é nosso irmão, por que não ajudaríamos? — Jung perguntou simplesmente.

— Além do mais, gostamos muito da Ha Jin — Sun falou também.

— E gostamos ainda mais de vocês dois juntos — Eujin falou, um beijo estalado na bochecha do mais velho — Vocês precisam aproveitar o amor.

— Elas estão no portão lá embaixo — Sun comentou alguns minutos depois. Correram para se esconderem pela casa, apagando as luzes, deixando tudo na maior penumbra.

— Mi Ok — ouviram Ha Jin ralhando com a outra — Você deixou a porta da casa aberta?

Ha Jin abriu a boca, um “O” se formou em seus lábios. Os amigos, e o namorado, com chapéus de aniversário, cantando “Parabéns para você” enquanto uma vela brilhava no topo de um bolo.

O nó se fez em seu estômago. Lembranças de mil anos atrás reacenderam como se tivessem sido vividas no dia anterior. Lembrou-se de Eun, dos príncipes comemorando o aniversário do décimo príncipe, da tarde agradável vivida com eles, do presente desmedido pedido ao quarto príncipe. Sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto.

— Faça um pedido, Ha Jin — Eujin falou empolgado puxando a amiga para perto do bolo. Sun fotografando todas as suas reações.

— O que é isso? — ela conseguiu balbuciar olhando para cada um deles — Vocês me enganaram?

— Faça um pedido e apague a vela — Eujin continuou, colocando o chapéu na cabeça dela também.

— Faça o pedido logo, Ha Jin. Não espere a vela apagar — Jung estimulou, ao lado de Mi Ok, e a aniversariante, ludibriada com aquela emoção, apagou a vela após fazer um pedido secreto.

Estavam sentados pelo chão da casa, comendo bolo, salgados e tomando refrigerante, quando a campainha da casa tocou. Ha Jin se moveu para ir à porta, mas Mi Ok foi em seu lugar.

— Olá — Ha Jin não percebeu os olhos esbugalharem, jamais imaginou que Taeyang pudesse, um dia, colocar os pés em seu apartamento, mais apertado que nunca com tantas pessoas juntas.

Ela foi recebida com abraços dele e de Na Na, ao seu lado, um presente sendo entregue por cada um deles. Ha Jin se sentiu levemente incomodada, mas não pode deixar de animar-se com aquela situação.

— Onde vocês esconderam os carros… a moto? — Ha Jin perguntou curiosa, percebendo agora aquela verdade.

— Deixamos na outra rua. Pedimos para Mi Ok evitar passar por lá com você.

— Ah… Sua amiga da onça — Ha Jin lhe jogou uma almofada — Deveria ter me contado.

— E acabar com a surpresa? Não mesmo, unnie. E eu sei que você adorou ter passado a tarde comigo. Não precisa se fazer de boba…

— Hmmm… além de falsa, ainda é convencida… — Ha Jin concluiu e todos sorriram, se alegrando por passarem aquele momento com a jovem.

— Ha Jin, esse é meu presente — Eujin foi o primeiro a ir até o balcão da cozinha e trazer um pacote. Foi seguido pelos dois mais novos que esconderam os presentes no mesmo lugar, para que Ha Jin não os visse.

E assim aquele momento de descontração continuou. Entre reclamações da aniversariante que não duvidou de nada às brincadeiras sem sentido propostas por Eujin, todos aproveitaram, sorriram e se divertiram apertados no cubículo onde Ha Jin dormia.

— Pessoal… obrigado por esse momento de distração. Foi ótimo. Mas preciso ir — Taeyang foi o primeiro a falar, algumas horas depois.

— Amanhã é sábado, Taeyang — Eujin falou com incredulidade.

— Eu sei… mas na condição que ainda estamos, não dá para termos muitas folgas. Ha Jin — voltou-se para a amiga — Muitas felicidades. É maravilhoso ter você em nossa família.

— Obrigada — sentiu a face esquentar.

— Até mais, prima — um abraço apertado de Na Na — Feliz aniversário mais uma vez.

— Acho melhor irmos também — Jung falou para Mi Ok, os demais ouvindo — Seu pai sabe que estamos juntos e não quero ter problemas por te levar muito tarde…

— Muito bem — Eujin brincou, disfarçando o pequeno incômodo que se formou dentro de si — Responsabilidade acima de tudo. Vamos também, Sun.

— Tudo bem… Depois te envio as fotos, Ha Jin — comentou abraçando a amiga.

— Quero todas. Obrigada.

— Parabéns, Ha Jin…

— Felicidades…

— Tudo de bom!

— Aproveitem!

— Esse Eujin é terrível — Shin comentou assim que todos saíram, Eujin piscando o olho marotamente para o mais velho.

Ele foi interrompido de suas reclamações. Ha Jin, emocionada, se lançou em seus braços, agradecida por aquele momento de tamanha felicidade. Era tão significativo que ela mal conseguia falar.

— Está chorando? — ele perguntou fazendo-a olhar para ele — Não chore… Hoje é um dia especial.

— Obrigada, Shin… Obrigada por estar comigo. Obrigada por me fazer tão feliz.

— Não agradeça… Eu que sou feliz por ter você comigo.

— Eu jamais imaginei… Estou tão feliz…

— Eu também… Venha aqui — ele fez com que ela se sentasse ao seu lado, sobre o colchonete estendido no chão — Eu sei que demorei um pouco até me dar conta do que sentia… Devo ter te enchido bastante durante todos esses meses… Não fui fácil… sei que não fui. Mas quero agradecer por você ter gostado de mim antes, por ter me mostrado que posso receber carinho desinteressado… Obrigado.

— Não agradeça por isso, os sentimentos são livres. Só não volte a ser insuportável como era antes…

— Hey! — ela sorriu e ele a acompanhou — Eu trouxe um presente para você também.

— Não precisa…

— Eu sei que ainda estou em falta com você… Em todo esse tempo, ainda não fui falar com seus pais. Estou realmente em falta, eu sei… E precisamos resolver isso o mais rápido possível, esse final de semana, se possível…

— Não se preocupe quanto a isso… Vai dar tudo certo no momento certo.

— Vai sim… Esse presente — ele tirou a caixinha do bolso da calça — Eu deveria ter te dado no nosso aniversário de cem dias, mas me passou despercebido devido à empresa… Desculpe…

— Shin…

— Não quero passar um tempo com você, Ha Jin — ele a interrompeu — Não tenho interesse em viver uma aventura com você. Quero que fique comigo, ao meu lado, todo o tempo que for possível e a prova disso é esse anel. Sei que é apenas um símbolo, mas eu quero que possamos nos casar, vivermos nossa vida juntos, termos nossa própria família… Não quero sair do seu lado, nunca Go Ha Jin… Nunca mais.

O anel era delicado, fino, com uma pedra pequena e bela, solitária sobre ele. Shin o colocou no dedo de Ha Jin com os olhos focados nos dela. Suas almas pareciam fazer uma promessa entre si, de estarem juntos, de viverem um para o outro, definitivamente.

Mais uma lágrima feliz percorreu o rosto da jovem. Os dedos de Shin a impediram de cair. Um beijo doce e delicado selando aquele momento dos dois. Suas almas haviam se encontrado, finalmente, e viveriam o que foram impedidas no passado.

— Acho que já vou agora — ele lhe sorriu, mais um beijo antes de se levantar — Feliz aniversário, Ha Jin.

— Shin… Fique — ele a olhou surpreso — Fique… Fique aqui, comigo, essa noite.

— Ha Jin… Eu não te dei este anel com o intuito de…

— Acho que já sou adulta o suficiente para não me iludir com esse tipo de coisa… E também para tomar decisões sobre o que quero ou deixo de querer.

— Eu sei disso, mas…

— Não quer ficar?

— Quero, mas… Não estava esperando que…

— Se também quer ficar, apenas fique — ele parecia estranhamente nervoso e ela, convicta de que não mais deveriam adiar aquele momento. Aquele era o momento ideal.

— Tem certeza disso? — ela o olhou com ternura, indo até ele, beijando-o os lábios em resposta. Shin lhe retribuindo na mesma sintonia.

Ha Jin estava desprendida, finalmente, de seus medos, receios e pensamentos sobre o passado. Por mais que estivesse no meio daquela família, com aquelas pessoas que eram iguais às conhecidas mil anos atrás, ela estava consciente que eles não eram os mesmos.

Suas essências haviam mudado, aquelas pessoas não eram as que conheceu em Goryeo e Shin… Shin mantinha muitas características do rei do passado, mas era outro em suas particularidades e era ele que ela deveria amar, que ela amava… e desejava.

Os lábios de Shin, há muito desejavam explorar o corpo de Ha Jin e há muito se policiavam para não ultrapassar os limites que os ambientes onde sempre estavam lhes impunha, mas ali, despreocupados sobre interrupções, ele se sentia apto a desbravar cada um dos contornos dela, sorvendo para si seu aroma, sua quentura, a delicadeza de sua pele.

Começou por beijar sua bochecha, os lábios deslizando sedutoramente até seu lóbulo. Quando ele beijou aquela região, o gemido frouxo que escapou dos lábios de Ha Jin fez com que seu próprio corpo reagisse para ela.

E foi aquele toque delicado em sua orelha que despertou a jovem, deitada sob o corpo dele, levando-a a deslizar as mãos por suas costas, a aproveitar o ângulo que o tronco dele assumira para desabotoar, um a um, os botões da camisa, ele a ajudando a remover a peça de roupa, os lábios focados em beijar-lhe o pescoço.

Ha Jin também o beijou.

A pele recém exposta na altura de seus lábios foi o primeiro alvo da garota e Shin estremeceu ao sentir o toque macio sobre seu peito. Tudo era novo para eles, mas, estranhamente, Shin sentia como se não fosse a primeira vez, como se tivessem um ritmo próprio estampado em seus corpos há anos.

Movendo-se sob ele, Ha Jin foi até os lábios do namorado e depositou-lhe beijos tenros, delicados e cheios de sentimentos, parando o toque apenas para permitir que sua camisa fosse retirada, agora sentados um de frente para o outro, se olhando antes de voltarem a se beijar.

Foi ela que iniciou os novos carinhos.

Mudando suas posições, colocou-se sobre ele e sentou-se sobre seu colo, beijando-o demoradamente, as línguas assumindo seu próprio ritmo, os dedos deslizando pelos cabelos do rapaz, o aroma que ele exalava penetrando suas narinas, marcando sua memória olfativa, arrepiando a sua pele, desconcentrada dos beijos apenas quando os dedos de Shin lhe tocaram um dos seios, sob o sutiã, o corpo pressentindo os movimentos seguintes e ansiando por cada um deles.

Shin a beijou novamente, daquele jeito urgente e desesperador, ela o retribuiu, as unhas curtas deslizando pelas costas dele, lhe provocando arrepios, calafrios sensuais que lhe serviam como combustível e faziam que ele a desejasse ainda mais.

Os lábios deslizaram para o pescoço, as mãos, geladas pela ansiedade de tocá-la ainda mais, seguiram para suas costas, encontrando o fecho do sutiã, ela beijando seu ombro ao esperar que ele abrisse e removesse a peça, os lábios do rapaz encontrando-se com os dela em seguida.

Ha Jin permitiu-se deitar-se novamente, as mãos de Shin explorando seu corpo seminu ao beijá-la avidamente, arrancando ainda mais sussurros abafados, gemidos discretos revelados apenas aos seus ouvidos, o formigamento que percorria seu corpo quando estava com ela, concentrando seu sangue em locais específicos.

Ele interrompeu o beijo novamente, afastou-se um pouco e a contemplou: a pele branca exposta, os cabelos emaranhados ao redor de seu corpo sensualmente iluminado pela luz do poste que atravessava a cortina fina da janela da sala-quarto.

Era como uma bela obra de arte. Contemplá-la daquela forma lhe trazia sensações intensas, um desejo que lhe parecia impossível de conter. Em seu âmago aquela sensação de familiaridade, cumplicidade… de que sempre estiveram ligados.

Assim, ele voltou a beijá-la, não sem antes retirar-lhe as últimas peças de roupa e ajudá-la a fazer o mesmo com as dele. Beijos intensos, cheios de desejo e amor, toques ansiosos, desvendando os detalhes, os desejos, os pontos sensíveis de cada um.

Agora eles se entregavam por completo, consumavam o sentimento por tanto tempo encoberto, selavam com seus corpos o pacto de se amarem para sempre, um pacto similar ao de muitos anos atrás.

...

Shin acordou sentindo os raios de sol sobre sua pele: haviam esquecido as cortinas abertas. Aquela quentura se envolveu com a sensação agradável que percorria seu corpo e que fazia com que ele se sentisse feliz e relaxado.

Ao abrir os olhos, sorriu por encontrar a namorada, deitada ao seu lado, envolta em um sono tranquilo e profundo, virada para ele, um filete de sorriso discreto decorando seu belo rosto adormecido.

Não resistiu àquela necessidade, realizado, e deslizou suavemente os dedos por seus cabelos. Ha Jin, soltando um muxoxo e remexendo-se preguiçosamente sobre as cobertas, espreguiçou-se antes de abrir os olhos e o encontrar, lhe observando, o sorriso amplo para ela.

— Bom dia! — ele falou primeiro, ela respondeu ainda achando que tudo aquilo era um sonho feliz.

— Bom dia… Isso tudo é um sonho ou você é de verdade? — ela perguntou ainda sonolenta, Shin a observando concentrado. Ela é realmente linda.

— O que você acha? — perguntou e não esperou a resposta. Se aproximou dela, lhe aconchegando em seu abraço, um beijo carinhoso depositado em sua cabeça.

— Acho que não quero acordar… — respondeu, o rosto escondido no peito do namorado, o aroma agradável que exalava da pele dele adentrando novamente em suas narinas — Quero que fique aqui para sempre…

— Hmmm… Gosto bastante dessa ideia, senhorita Go Ha Jin… — lhe aplicou um novo beijo, agora nos lábios, olhando em seus olhos em seguida — Não vamos nos separar, ok? Isso não é algo que pode fazer parte do nosso relacionamento. Vamos envelhecer juntos, vivermos o que tivermos de vivermos um ao lado do outro. Quero te apoiar quando for preciso, te sustentar… e quero que faça o mesmo por mim.

— Acho que essa é uma ideia que também gosto bastante — ela lhe dando um selinho também — Acordo selado? — lhe ofereceu o mindinho.

— Acordo selado — ele fez o mesmo que ela, selando o desejo de ambos.

— Que hora é? Já preciso levantar? — ela perguntou ainda em seu abraço, aconchegados.

— Hoje é sábado. Vamos ficar aqui… — ele respondeu se esticando um pouco, tentando ver as horas no relógio da cozinha — Ainda nem são nove da manhã.

— O que seus irmãos vão pensar quando não te virem na mansão? — ela comentou envergonhada, o rosto escondido novamente no peito de Shin.

— Nada do que já não pensem… — ele respondeu lembrando dos comentários da tarde anterior — Não se preocupe com isso.

— Ainda bem que não estou mais trabalhando na mansão… Não sei como olharia para eles…

— Do mesmo jeito de sempre… — ele respondeu e se moveu, beijando a orelha exposta da namorada. Ha Jin sentiu os arrepios percorrerem seu corpo, deliciada com aquele gesto.

— O que está fazendo? — perguntou com um tom maroto.

— O que você acha?

Shin respondeu com mais ações, movendo-se e colocando-se sobre ela, beijando-a avidamente. Ha Jin, entregue novamente aos sentimentos que os envolviam, deslizou seus dedos e unhas pelas costas dele e sorriu ao receber um gemido contido como resposta ao gesto.

Ele a olhou nos olhos e se perguntou como poderiam estar tão à vontade, como se o relacionamento de ambos fosse antigo o suficiente para lhes permitir tamanha liberdade, tamanha intimidade.

As mãos grandes deslizaram pelos braços dela, repousaram sobre a barriga e subiram, um caminho lento e torturante que finalizou-se em seus seios. Shin focava intensamente os olhos de Ha Jin, como se tentasse gravar cada reação esboçada por ela e por seu corpo em em sua memória.

Ha Jin, com os olhos igualmente focados nos dele, ofegou, sentindo a alma ser atingida por aquele olhar, aspirando demoradamente, sentindo as mãos do namorado se posicionarem em seu busto.

Ele inclinou-se novamente, os lábios se encontrando, o beijo inicialmente lento e delicado, se aprofundando no mesmo ritmo que as mãos de ambos deslizavam, astutas, mais uma vez sobre seus corpos.

— HA JIN! — o casal se olhou, Ha Jin mais assustada do que deveria — MENINA, ABRE ESSA PORTA! VOCÊ MORREU AI DENTRO? ONDE ESTÁ A CHAVE RESERVA?

— É a minha mãe… — ela empurrou Shin sem nenhuma delicadeza de cima dela. A expressão de desespero se apoderando do rosto que, até um segundo atrás, demonstrava prazer — É a minha mãe… minha mãe… minha mãe… JÁ VOU, MÃE!

Gritou e continuou em desespero, procurando suas roupas e se vestindo o mais depressa que poderia. Shin, sentado no lugar para onde fora empurrado, ainda não havia digerido a informação e olhava, catatônico, a namorada vestir-se diante dele.

— Se vista!! — ela cochichou, os olhos esbugalhados — Rápido!

— O que está acontecendo aí, menina? Por que está cochichando? Tem alguém aí? — a senhora perguntou por trás da porta, Ha Jin mais desesperada por sua casa ser pequena o suficiente para não lhe permitir, sequer, cochichar.      — Já vou, mãe… Estava dormindo…

Ela se adiantou para a porta, não teria como esconder Shin, então optou por disfarçar o que fizeram, mesmo que tivesse certeza que não daria certo. Esperou que ele terminasse, ficando ainda mais nervosa ao perceber que ele esquecera de vestir a cueca e a guardava no bolso da calça, e abriu a porta.

— Bom dia, mãe… — ouviu a própria voz soar falsamente. A mãe sequer a cumprimentou e esquadrinhou o apartamento, seus olhos focando o intruso Shin.

— Quem é você, rapaz? — perguntou inquisidora, uma sobrancelha erguida, Ha Jin desfalecendo por dentro ao fechar a porta.

— Bom dia, senhora — Shin levantou do banquinho e se curvou respeitosamente, o quanto pode naquela situação, para a senhora — Meu nome é Wang Shin, sou namorado de Go Ha Jin.

— Hmm… Um dos seus patrões? — ela olhou para a filha, repreensiva.

— Sim, mãe. Mas não estou trabalhando na mansão, esqueceu? — tentou ser agradável.

— Não esqueci… O que você está fazendo aqui?

— Ér… bem…

— Os irmãos dele vieram comemorar meu aniversário…

— E aonde estão? Aqui, só estou vendo este rapaz — olhou ao redor, o colchonete e edredons porcamente organizados pela sala-quarto — Estão no banheiro, por acaso?

— Mãe…

— Quantas vezes eu tenho que te dizer para deixar de ser idiota, Go Ha Jin? Por que se envolveu com seu patrão? Acha mesmo que esse tipo de relacionamento tem algum tipo de futuro?

— Senhora…

— Não estou falando com você, rapaz. Não fale até que seja solicitado, entendeu?

— Sim…

— A quanto tempo está saindo com esse rapaz?

— Alguns meses… — a garota respondeu, a cabeça baixa.

— E quando pretendia nos contar? Aigoo… Ainda bem que seu pai não veio. Já imaginou o que teria acontecido aqui se seu pai tivesse visto o que estou vendo?

— Mas mamãe…

— Vai tentar me dizer que meus olhos estão enganados? Que vocês não fizeram o que eu sei que fizeram? E você, rapaz? Não acha que está errado por dormir na casa de uma moça solteira?

— Senhora…

— Sim ou não?

— Sim, senhora. Estou errado — Shin aceitou a repreensão, abaixando também a cabeça.

— Aigo… Quase três horas de viagem para comemorar seu aniversário e olha o que eu encontro… Minha filha, quando vai parar de tomar atitudes erradas? Se você oferece o que há de mais valioso antes de casar, como vai segurar alguém? Por isso aquele pilantra…

— Mãe… Por favor… Não fale sobre essas coisas.

— Sua idiota…  — a mulher xingou, a bolsa alcançando a cabeça da filha com força, batendo-a, Ha Jin reclamando ao tentar se desviar dos golpes — Não sabe que não pode ser boba quando se trata de homem? Não viu o que sua prima passou com aquele outro Wang? Qual o problema de vocês? Sua tia me falou que Na Na está namorando o outro irmão Wang e agora você… Não tem outros homens neste país?

— Senhora…

— Não se meta, rapaz! Você deve ter enganado a minha filha e agora está aí, se fazendo de bom moço — voltou-se com a bolsa para cima de Shin — Que tipo de garota você acha que minha filha é, seu moleque?

— Mãe… para com isso… — Ha Jin tentava segurar os braços da senhora, mas ela propelia a bolsa contra Shin com habilidade de quem pratica o esporte de espancar há anos.

— Ah… Vai defender esse aí, agora? Sua bobona… — dividiu-se em agredir os dois — Aish… onde eu errei, meu Deus, onde?

— Senhora, eu posso explicar…

— Não quero suas explicações… Ah, meu coração… Você vai me matar antes do tempo, sua ingrata… desnaturada…

Passou-se alguns muitos minutos até que a mãe de Ha Jin parasse de batê-los, de reclamar do relacionamento da filha com o patrão, de dizer que a filha era uma insensível desnaturada, e se controlasse por completo. Agora, os três, sentados sobre os bancos disponíveis pela casa, se olhavam em silêncio.

— Qual dos dois será o primeiro a dar suas desculpas furadas?

— Mãe…

— Senhora… — Shin tomou a frente — Estamos namorando a pouco mais de quatro meses…

— Quando pretendiam me falar sobre isso? — a senhora perguntou enraivecida.

— Conversamos sobre isso ontem mesmo — ele continuou — Ontem eu comentei com Ha Jin sobre o meu interesse em conhecer a sua família, assim como quero que a senhora e seus familiares conheçam os meus parentes.

“Sei que já deveria ter ido até sua casa e sei que nada justifica, mas minha família tem enfrentado grandes problemas, inclusive perdi meu pai recentemente. Deveria, mesmo assim, ter ido à sua casa, a falta é minha. Sinto muitíssimo, senhora. Me desculpe.”

— Ao menos esse tem família e sabe se desculpar — comentou, relembrando o antigo namorado da filha — Como pode me provar suas intenções com minha filha?

— Tenho grande desejo de construir uma família com sua filha — sorriu para a namorada que sentiu aquela familiar sensação gelada em seu interior.

— E já começaram a tentar construir essa família, pelo que percebo…  — a senhora interrompeu aquele momento. Ha Jin viu as bochechas de Shin corarem violentamente, sentiu as suas próprias esquentaram.

— Eu sinto muito, senhora — ele continuou, sabendo que não adiantaria desconversar o óbvio.

— E esse anel? — a mulher se dirigiu à filha.

— Shin me deu… ontem…

— Você sabe que um anel não significa nada, não é, rapaz?

— Sim, senhora. Mas é a prova palpável de que desejo estar com sua filha por muito tempo.

— Aigoo… — a mulher deu um suspiro cansado, vencido — Não tenho o que fazer quanto a isso… Não vou me meter no relacionamento de vocês. Embora não tenha gostado desse primeiro contato, você não me parece ser um rapaz suspeito, mas a palavra final é a de meu marido. Espero que não demorem mais quatro meses até irem falar com seu pai, porque hoje mesmo ele saberá desse relacionamento.

— Sim, senhora. Irei o quanto antes.

— Assim espero, rapaz… E você, como passou o aniversário?

— Foi bom, mãe — ela tentou ser o mais natural possível — Mi Ok me levou para sair e alguns amigos fizeram uma festa surpresa. Ainda tem torta e salgados na geladeira… Quer experimentar? Foi Na Na que encomendou.

— Sim… Quero… Vamos logo com isso. Eu trouxe algumas coisas para você também. Você, rapaz, veja se arruma essa bagunça que fizeram nessa sala… Use o banheiro e se vista como uma pessoa decente. Vou fazer alguma coisa com Ha Jin para comermos.

Shin não esperou que a senhora falasse duas vezes. Levantou-se e organizou o colchonete e edredons espalhados pela casa, amontoando-os próximo ao armário de Ha Jin.

Discretamente, sem que a sogra visse, enfiou a cueca no bolso da calça e rumou para o banheiro. Antes, encontrou o olhar da namorada lhe observando e trocaram um sorriso carinhoso. Estavam bem. Tudo só tendia a estar bem a partir de agora.

 ***

CENA BÔNUS

Shin olhava pelo retrovisor e se sentia estranho. Fazia tanto tempo que não colocava as mãos em um volante que aquilo parecia anormal. Detestava ter de trocar sua moto por um carro, mas o momento exigia um veículo apropriado que proporcionasse conforto e segurança para as suas passageiras.

“Passageiras”. Sorriu em sua mente imaginando seu futuro dali a alguns anos. Estaria casado? Sim, provavelmente. E teria filhos. Filhos? Que pensamento estranho… mas tão acolhedor.

Adoraria ter filhos com aquela mulher, mesmo que tivesse de abrir mão de sua inseparável moto, reservando-lhe apenas alguns momentos em sua agenda totalmente preenchida por sua família futurística.

Ouvia as duas mulheres conversarem intimamente, como se sua amizade fosse de décadas, séculos, talvez.

Ha Jin, ao seu lado no banco do passageiro, recebera o lugar que fora cedido pela senhora, sua sogra, sob a desculpa de mostrar o caminho para Shin.

Ele já havia ido até aquela casa dias antes. Nao conseguiria olhar para a namorada sem lembrar do primeiro encontro que tivera com sua sogra.

Sorriu novamente. A mulher passara a tarde inteira daquele domingo perguntando quando ele honraria as calças e se encontraria com o pai da moça.

E ele, honrado como era, não esperou muito até fazê-lo, visitando a família no sábado seguinte.

Fora muito bem recebido e passou boas horas na companhia da família Go, surpreso em perceber que havia sido mais fácil do que ele imaginara.

Mas agora a situação era mais formal: levava sua mãe para apresentar também. Sentia como se os passos fossem dados sem medidas, apressados aos olhos que viam de fora, mas para ele seguiam o tempo certo e Shin não se importava que fossem maiores que suas próprias pernas.

— Tenho certeza que minha mãe deve ter preparado um banquete para nós três — Ha Jin falou revirando os olhos dirigindo-se à Hin Hee — Falei para ela não exagerar, mas conheço a senhora Hyoon Soh-ra. Nada do que eu fale será ouvido…

— Ela provavelmente só quer nos receber bem — a senhora continuou a conversa — Não precisa se preocupar com isso, Ha Jin.

— E a senhora está menos nervosa? — Shin perguntou se desfazendo dos pensamentos e voltando para aquele local.

— Estou mais tranquila com isto, filho. Obrigada por perguntar…

— A senhora Hyoon é ótima. Tenho certeza que se darão bem. O senhor Go também, muito gentil. É uma ótima família.

— Está falando isso só por que está na minha frente? — Ha Jin perguntou para ele, que sorriu em resposta.

— Claro que sim… Acha que teria coragem de falar mal dos meus sogros na frente da minha namorada.

— Mas… olha só. O que eu faço com você, eim?

— Só me aceite como eu sou — ele ofereceu uma piscadela de olho e seguiram naquele clima até a pequena cidade onde a família de Ha Jin morava.

A casa dos pais de Ha Jin era simples e acolhedora. Em uma rua pouco movimentada, mas muito familiar.

Tinha um pequeno jardim florido na entrada, uma escada de três degraus dava acesso à porta principal e o aroma das rosas cultivadas na residência perfumava o ambiente naquela tarde primaveril.

Era um almoço, eles já sabiam, mas o que Ha Jin não esperava era que tantos parentes estivessem presentes no mesmo lugar.

Sentados ao chão, várias mesas unidas lado a lado para que todos pudesse se alimentar, cerca de dez pessoas da família da moça, inclusive seu irmão que estranhamente deixara sua boa vida em Seul para estar ali com sua esposa e seus dois filhos, estavam presentes.

— Tia, viu como estou maior? — a menina de aproximados cinco anos falou exibida para Ha Jin.

— Vi sim… Acho que cresceu uns trinta centímetros desde a última vez que te vi — a tia respondeu exagerada lhe ofertando um sorriso.

— Meu irmão também cresceu, mas não chegou nem perto de mim — ela continuou — Ele já consegue comer com o hashi. Você vai ver.

— Tenho certeza que sim. Ele é esperto. Tão esperto como a irmã mais velha.

— É sim… Sabe, seu namorado é bem bonito, tia — a menina continuou e Shin lhe sorriu sem graça — Vocês também vão ter um bebê?

— Ah… Não. Não vamos, não — Ha Jin respondeu sem graça, sacudindo as mãos.

— Não fique perguntando sobre essas coisas, querida — a mãe da menina se fez ouvir — Sua tia é jovem e ainda não casou. Eles não vão ter um bebê agora.

— Ah é… Quando casarem, me chamem para a festa. Gosto de comida de casamentos.

— Você será a primeira convidada da lista — Shin falou com alegria genuína. A menina lhe retribuiu com um sorriso largo e sincero.

— E como anda a empresa de vocês? — era o irmão mais velho puxando assunto. Eles nunca se deram muito bem, afinal, ele sempre fora melhor em tudo, mas parecia estar interessado em interagir. Ha Jin estranhou, mas não reclamou — Acompanhei algumas notícias pela TV. Foram inocentados, finalmente?

— Sim. Agora as coisas vão melhorar novamente. Sem as acusações fica mais fácil voltarmos a produzir.

— Já têm algo em vista?

— Sim. Temos um projeto em andamento. Estamos confiantes.

— Nunca acreditei nas acusações contra a Wang S.A. É uma empresa grande e de prestígio, além de ser antiga. Era questão de tempo até que encontrassem o verdadeiro culpado…

— Ah… Não, meu filho. Não vamos falar de negócios hoje. É domingo. Estamos aqui para nos divertirmos — a senhora da casa interrompeu aquela conversa trazendo mais travessas de comida. Hin Hee a ajudava de perto. Pareciam as melhores amigas desde a infância.

Ambas sentaram-se. Eram as únicas que ainda não compunham a mesa e, a partir dali, começaram todos a se servirem.

— Quando vocês vão casar? — uma tia do pai de Ha Jin perguntou aos dois instantes depois.

— Nem acredito que essa menina vai desencalhar de uma vez — a outra comentou — Não tinha mais esperanças, rapaz… Obrigada!

— Tia, não fale assim — a mãe de Ha Jin se meteu no meio dos comentários, ela estranhando, pois sempre concordava com tudo o que diziam — Eles estão namorando há pouco tempo. Não vamos pressionar.

— Não é pressão, é medo de que terminem… — a primeira tia completou — Caso terminem, estou disponível, querido — uma piscadela de olho e a face de Shin avermelhou. Ha Jin sentiu-se frustrada, mas todos na mesa gargalharam do comentário.

— Nós não vamos terminar, tia — Ha Jin sentiu-se na obrigação de deixar aquilo bem claro.

— Sim, sim… Mas você realmente não é de se jogar fora, rapaz — a outra tia continuou, dirigindo-se a Hin Hee em seguida — Você fez um ótimo trabalho, querida. Está de parabéns.

— Obrigada, senhora — Hin Hee respondeu sem graça, mas achando tudo divertido.

— Quando meu falecido marido começou a me cortejar, não havia rapazes assim tão bonitos… Você é uma graça, Shin querido. Ha Jin dessa vez teve sorte e escolheu bem.

— Tia… — ela suplicou entredentes. O sorriso amarelo.

— Eu sei que essa menina é muito sem graça… Se quiser uma experiência mais intensa, me ligue — mais uma piscadela de olho e Ha Jin pareceu vencida.

— Sim, senhora… Me lembrarei disso, caso seja preciso — Shin respondeu e a namorada o olhou intensamente, incrédula. Mais gargalhadas.

— Parem de tanta conversa mole, criaturas — o senhor Go falou finalmente — Parem de envergonhar as crianças por um momento e comam em paz. Temos a tarde inteira para isso. Agora, vamos almoçar de uma vez.

— SIM! — as duas crianças à mesa responderam em uníssono e, a partir dali, todos começaram a degustar do excelente tempero que a senhora Hyoon tinha.

Alguns momentos mais tarde, todos os convidados se dissiparam pela residência.

As senhoras, tias de Ha Jin, continuavam falando sobra a boa sorte que, finalmente, acometera a sobrinha. Nyeo Hin Hee e Hyoon Soh-ra seguiam ouvindo as mulheres falarem sobre o casal e a beleza de Shin ao discutirem temas em comum como trabalho, filhos, receitas e encontros futuros.

O cunhada de Ha Jin saíra um pouco para visitar uma amiga de escola que voltara a morar no bairro e o pai da moça se embrenhava com o filho mais velho numa conversa animada sobre o trabalho, a política atual do país e as possibilidades de investimentos futuros. As gargalhadas e discussões dos dois eram ouvidas de tempos em tempos.

Ha Jin e Shin seguiram para a entrada da casa. Sentados no banco do jardim conversavam abraçados observando as crianças brincarem com as flores e borboletas daquele lindo lugar.

— Sabe o que eu estava pensando? — ele perguntou despretencioso.

— Hmm?

— Todo mundo pergunta quando vamos casar. Será que é um tema geral?

— Ah… Não sei. Na verdade, acho um pouco incômodo ter de ficar respondendo sobre isso a todos.

— Já percebi que fica um pouco incomodada… mas você sabe que quero casar com você, não sabe? — ele perguntou levemente preocupado.

— Sei sim… e eu também quero, mas nem por isso precisamos ficar respondendo sobre isso todas as vezes que encontramos nossos familiares…

— Acho que é normal. Somos de famílias simples, mas tradicionais… O que acha de marcarmos logo uma data?

— O que está falando, Shin? — ela perguntou incrédula.

— Por mim, não há problemas. Estou certo do que quero com você.

— Não acha tudo muito rápido? — tentou ser sensata, mas seu coração dizia sim.

— Talvez… mas tenho pensado sobre isso. Você pensa…? Já pensou sobre isso? Termos uma família só nossa?

— Já sim… — a moça respondeu com acanhamento. Já tiveram uma família no passado. Aquela era a sua nova oportunidade.

— Seremos felizes…

— Sim — ela o olhou com carinho. Um momento intenso e cheio de significado — Seremos muito felizes…

Os dois permaneceram um tempo em silêncio, as mãos dadas, seus pensamentos dispersos: Shin, navegando em seus sonho para um futuro promissor, Ha Jin oscilando entre passado e presente, imaginando que aquele era o princípio de sua felicidade. Não havia barreiras.

— Gostei de como nossas mães se deram bem. Parecem tão próximas… — ela puxou um novo assunto depois daquela longa pausa.

— Nem me fala. A sensação que tenho é de que já se conhecem faz anos…

— Até meu irmão foi gentil… Não imaginava que ele estaria aqui.

— Sabe o que percebo?

— Hmm?

— Parece que o problema sempre esteve nas suas escolhas erradas, querida Go Ha Jin. Agora, tudo está certo. Finalmente você escolheu bem.

— Você está ficando bem orgulhoso, eim…

— Sou mesmo. Orgulhoso de ter uma garota como você ao meu lado — um beijo discreto nos lábios.

— Eu vi, eim tia — a pequena brincou do jardim, Ha Jin avermelhou a face.

— Parece que estamos sendo vigiados — Shin comentou brincalhão.

— Sempre estou, na verdade — ela respondeu sem muita alegria — Faz parte da minha rotina.

— Mas eu sei de um lugar onde não será… — ele a olhou com malícia e a face da jovem novamente esquentou, dessa vez em resposta aos pensamentos que teve — O que acha?

— Não sei…

— O que não sabe?

— Sua mãe… ainda temos que levá-la para a mansão.

— E depois eu posso te levar em casa… podemos ir direto para lá ou simplesmente mudarmos o caminho…

— Eu gosto dessa opção — ela respondeu e ele beijou a bochecha.

— Essa foi a última vez — Shin respondeu para a menina com um aceno — Não se preocupe, vou cuidar bem da sua tia.

— Assim espero, tio Shin — a menina lhe retribuiu o sinal de positivo.

— Vou cuidar muito bem de você… mais tarde — segredou para a namorada em um sussurro.

— O que tem em mente? Olha só a sua expressão… — ela continuou falsamente assustada.

— Quer saber o que vou fazer?

— Shin, querido… Está com calor, menina? Seu rosto está em brasa… — a mãe da jovem apareceu de repente onde estavam — Venha, querido… Encontrei umas fotos de Ha Jin quando era criança. Sua mãe está adorando vê-las.

— Não, mãe!!!! Por que fez isso?

— Acho que agora terei minha revanche — Shin sorriu para ela e lhe estendeu a mão assim que a senhora entrou — Vamos! Quero ver como era a pequena Go Ha Jin…

— Não, Shin… Não veja isso…

— Sobre essa noite, vou manter o segredo até estarmos a sós — ele falou ao seu ouvido assim que ela levantou. O sangue da jovem esquentou novamente e ela perdeu-se nos sentimentos que aquele homem lhe provocava — Vamos!

Ambos entraram e vivenciaram uma tarde tranquila com a família da Ha Jin.

À noite, como prometido, aproveitaram muitas horas juntos, na privacidade de um hotel, todas as promessas não ditas naquela tarde sendo cumpridas.

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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo



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