Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 6
O Gentil Amigo Eujin


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha, olha quem está por aqui de novo!!!
Esse capítulo foi super gostosinho de escrever, nos trouxe recordações agradáveis na maior parte da escrita e posso dizer que nos agradou no resultado.
Esperamos que agrade vocês também!

Queremos também agradecer à Ana Luiza por ter nos encontrado e por partilhar conosco o desejo de continuações para esse dorama. Seja muito bem-vinda!

Agora, parando com as conversas paralelas, boa leitura!

~Andye



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Ha Jin sentiu a mão gentil de Baek Ah apoiada em suas costas conduzindo-a para fora da sauna, em direção ao corredor deserto. Ele emanava a costumeira aura serena, o que a deixava mais agoniada, com um desejo desesperador de se abrir com o rapaz, de falar sobre as conversas que tiveram e a amizade que compartilharam. Entrementes, ela sabia que estaria sendo maluca uma vez mais, com altas probabilidades de perder o emprego e ganhar um diagnóstico de esquizofrenia aguda. E o Baek Ah que a ajudava a sair daquela enrascada jamais se recordaria dessa antiga vida e que, honestamente, tinha suas vantagens.  

Mas a sensação que ela nutria agora era inexplicável. Rever de uma única vez os príncipes que foram, de maneiras distintas, tão importantes em sua jornada na dinastia Goryeo quase a entorpecia de felicidade.

— Qual o seu nome, aliás? – Baek Ah perguntou com comedido interesse enquanto a observava tão silenciosa — Não precisa ficar nervosa. Ninguém vai te demitir…

— Ah… Sim. E obrigada – ela ponderou retornando do passado e se concentrando no que ocorria no seu presente — Meu nome é Go Ha Jin.

— Wang Eujin – o rapaz se apresentou curvando a cabeça levemente. Ela retribuiu com movimentos menos sutis.

— Prazer – disse experimentando a estranheza daquele primeiro contato com o novo décimo terceiro príncipe.

"Wang Eujin… Não Baek Ah. Eujin."  

— Você realmente é nova aqui? – Eujin prosseguiu naquele pequeno interrogatório.

— Sim. Comecei faz três dias – Ha Jin informou olhando de relance para a água límpida da piscina e percebendo que eles já estavam prestes a sair da área de lazer.  

—  Por que chutou a porta daquele jeito?

— Tive uns… p... problemas – gaguejou nervosa. Então virou-se para ele e disse velozmente como se sua língua quisesse assumir a responsabilidade de livrá-la de uma encrenca antes que seu cérebro lento fizesse o contrário  — Eu sei que não justifica, mas estava bem irritada e não fazia ideia de que estavam na sauna. Desculpe!

Eujin ergueu as sobrancelhas surpreso com a honestidade dela. A seguir riu animado e a tranquilizou.

— Tudo bem. Acho que consigo te entender, mas você nos assustou de verdade, principalmente Jung que está acostumado a ocupar o pódio de destruidor de mobília em disparado.

— Jung…? – ela sorriu saudosista ao repetir o nome do amigo.

"Ele ainda se chama Jung…"

— Sim, o ogro que segurou seu braço. Ele chega a ser bárbaro, às vezes – comentou balançando a cabeça — Não sei de quem herdou tanta brutalidade,  mas geralmente não é tão grosso quanto aparentou ser ali na sauna.

— Eu sei… Quer dizer… – Ha Jin mordeu o lábio — Imagino que seja.

— Problema mesmo seria se alguém falasse com a senhora Ah Ra, mas acredito que eles não farão isso. E mesmo que Sun tente, como ameaçou, Taeyang e eu podemos convencê-lo do contrário. E, mesmo assim, a gente dá um jeito de te manter aqui – o rapaz piscou-lhe.

— Obrigada – a voz dela estava embargada. Ela agradeceu sorridente, mas seus olhos teimaram a inundar de lágrimas novamente. A garota tratou de disfarçar coçando-os.

Agora era mais que real. Todos os Wang pareciam ter reencarnado no mesmo lugar, com os laços de parentesco os acompanhando pelos séculos, reencarnação após reencarnação.

Com a mente a mil por hora, meditando sobre os desígnios do destino e as atuais vidas dos príncipes, ela renomeou-os para esse tempo.

"Baek Ah é Eujin. Eun é Sun. Jung ainda é Jung. Wook deveria ser Taeyang…"  

— Você tem mania de sair do ar de vez quando, não é? – Eujin falou estralando os dedos no rosto dela.

— Ah? Eu estava apenas pensando nas tarefas que tenho que executar logo mais.

— Sei... – ele a encarou curioso — Apenas não chute a porta da sauna novamente… E nenhuma das outras portas. Acho que não seria fácil continuar aqui se você ficar depredando tudo.

— Eu sei. Prometo que não irá se repetir.

— Você é diferente… ou parece ser diferente – o rapaz objetou observando o rosto dela com atenção. — Mas tem algo em você que é… interessante…

"A verdade é que nós nos conhecemos de algumas centenas de anos. Seu nome era Wang Baek Ah, o décimo terceiro príncipe de Goryeo. Você adorava desenhar e tocar. Você era meu amigo, meu grande amigo."

— Deve ser porque fiquei nervosa com tudo o que aconteceu. Seu irmão me acusando de querer vê-los... Observar seus corpos...? Eu jamais faria isso propositalmente – falou fazendo uma leve careta.

— Por que você está fazendo caretas? Tem algo errado com nossos corpos? – ele perguntou com um tom magoado, mas o rosto não disfarçava a brincadeira.

— Desculpe, senhor… Eujin.

— Ah, não! Por favor, não me chame de senhor. Detesto essas formalidades bestas que sou obrigado a ver e ouvir todos os dias.

Ela achou graça. A cada nova palavra que ouvia dele tinha mais certeza que a única coisa que mudara nos últimos mil anos era o seu nome. Ele continuava amável, gentil e humilde ao ponto de se preocupar com uma simples empregada perdida no meio de tanta riqueza material.

— Preciso chamá-lo de senhor, por mais que não goste – concluiu conformada, embora não visse importância na nomeação. Senhor ou você, os sentimentos por ele continuavam iguais  — São as regras da mansão e não vou colocar meu emprego em jogo. Sinto muito...

— Tudo bem – ele suspirou resignado, porém acrescentou — Mas só na presença dos outros.

— Sim, senhor – ela concordou curvando-se exageradamente na sua direção, um clima leve de brincadeira os rodeando — Como queira.

— Você já pode parar, Ha Jin – riu — Como eu estou só de toalha e sunga, fico por aqui.

Somente então a governanta notou que eles já haviam atravessado a porta que dava para os jardins. A percepção do peito nu de Eujin a fez corar levemente. O rapaz leu os pensamento dela e sorriu acanhado. Contudo, seu sorriso se desfez, tão logo surgiu, quando, por cima dos ombros da garota, viu algo que o desagradou bastante.

Ha Jin ouviu passos apressados e um bufar as suas costas, sentindo como se duas mãos congeladas apertassem seu coração.

De todas as pessoas que almejou encontrar naquela casa, essa era uma das quais ela fazia questão de esquecer.

— Eujin! – a moça surgiu entre eles, falando num tom comedido, mas implicitamente autoritário — Estava me perguntando o que de tão bom poderia estar conversando com uma das empregadas para ficar aos risos assim.

— Não consigo entender muito bem qual o seu interesse em saber sobre isso, Yun Mi – ele respondeu com ares de descontração.  

— Certamente porque isso não é nada corriqueiro para nós, para nossa família – a moça retorquiu fazendo saltar um vinco de irritação na testa por estar sendo contrariada.

Ha Jin estava saindo fora do ar novamente. Sua cabeça se afogando em mais lembranças esquecidas, que eram reavivadas naquele momento, uma a uma, extremamente palpáveis.

Não se resumiam a flashes esporádicos, mas a fragmentos inteiros de situações desagradáveis que Hae Soo experimentou serem impostas por aquela mulher.

De repente uma dor aguda atingiu-lhe as têmporas. Sentiu também um desconforto pelo corpo, como se a vara que a castigou injustamente outrora, voltasse a arder sobre a pele.  

"Yun Mi  era Hwangbo Yeon-hwa."

—  Apenas acredito que papai não ficaria nada feliz em saber que um de seus filhos estava conversando tão entusiasmado com uma das criadas da casa – Yun Mi continuou falando cheia de pompa. No rosto o sorriso engessado que ela conhecia tão bem.

— Papai não está aqui, Yun Mi, e nada me importo com essas imposições preconceituosas – Eujin rebateu cada vez mais irritado. O tom de voz bem mais seco e incisivo do que o utilizado instantes antes com a governanta.

— Estou apenas tentando prezar pelo seu bem e a relação adequada entre nós e os funcionários, querido irmão. Acredito que não seja em vão a preocupação de nosso pai.

— Com licença – Ha Jin pigarreou entre os dois para se fazer notar. Não suportaria permanecer naquele local nenhum instante a mais — Bom dia senhor, senhorita.

Ela curvou-se longamente para os dois, no mais perfeito estilo Goryeo. Enquanto caminhava pelo jardim lembrou que não precisava de tanta formalidade, mas a situação talvez tenha impulsionado o seu inconsciente a agir assim.

Nunca tivera medo de Yeon-hwa, mas rever alguém que fez tanto mal a tantas pessoas, inclusive a própria Hae Soo,  não fora, nem de longe, agradável.

Andou a passos largos e rápidos querendo aumentar a distância entre ela e aquela situação o quanto antes e, ao voltar para a lavanderia, mesmo que cercada dos olhares carrancudos dos empregados, encontrou um porto seguro perto das máquinas de lavar escandalosas enquanto recostava o corpo sobre o aparelho, sentindo a respiração difícil e acelerada.

O coração batia forte e descompassado. As memórias ganhavam espaço dentro dela, inflando-a de ansiedade e mal-estar. Ha Jin tentava retê-las de volta para o limbo silencioso de onde nunca deveriam ter saído, porém os esforços eram inúteis.

"Se controle, Ha Jin. Não há nada com o que se preocupar. Não é Yeon-hwa. Ela não é a filha do rei e não fará nada contra ninguém… mas continua com a mesma expressão de antes. O mesmo sorriso, o mesmo olhar…"

A jovem conseguia se lembrar nitidamente de todas as injustiças que presenciou e sofreu nas mãos de Yeon-hwa. A princesa jamais se importara com os outros. Seu bem-estar e ganância em se tornar rainha sempre estiveram acima de qualquer coisa… ou pessoa. Acima até mesmo do amor, tornando o fato de virar as costas à mãe e ao irmão atitudes simples para ela.

Ela esfregou a testa para ver se conseguia se livrar dos pensamentos e percebeu que alguns dos seus subordinados a encaravam e comentavam baixo entre si.

Quando confrontados pelo olhar carrancudo da nova governanta, voltaram ao serviço ainda aos cochichos. Ha Jin revirou os olhos farta daquele clima.

— A senhorita está bem? – uma garota não muito mais velha que ela perguntou aproximando-se. Havia preocupação genuína nela. Ela imaginou as expressões medonhas que deveria estar esboçando para provocar compaixão naquela gente inflexível.

— Apenas dor de cabeça – respondeu mecanicamente — Obrigada.

A garota chegou mais perto e disse aos sussurros, como se fosse lhe segredar algo importantíssimo.

— Senhorita Go Ha Jin, nós a vimos conversando com o senhor Eujin e também quando a senhorita Yun Mi se aproximou. Eu sei que os outros não se importam com a senhorita, mas tenha cuidado. Evite contato íntimo com os patrões. A governanta Nyeo sempre nos alerta sobre isso.  

— Obrigada pelo conselho… – ela agradeceu sinceramente e aproveitou para tirar a dúvida que não queria calar, afinal alguém finalmente a identificou como um ser humano passível de diálogo amistoso ali dentro —  mas por que os outros não se importam comigo?

— Senhorita, entenda… Existem pessoas trabalhando aqui há muito tempo. Quando a governanta Nyeo informou sobre uma nova vaga para o cargo, muitas dessas pessoas se viram tomando esse posto, seja porque se achavam dignas pelos anos de serviço, seja pela capacidade que acreditavam ter.  Mas aí a senhorita chegou de onde ninguém imaginava e levou todos esses desejos embora. Ainda mais que descobrimos que é prima da senhorita Kim Na Na.

— Não consegui a vaga apenas por ter uma parente para facilitar as coisas. Eu sou capaz e tenho experiência na área – disse se esforçando para se manter calma diante das especulações adiantadas.

— Sabemos que entre a senhorita e qualquer um de nós, a senhorita será preferência, mas entenda os motivos e aceite meu conselho. Tente não se aproximar muito da casa. Tenha cuidado com os patrões…

— Por que isso? Somos todos pessoas! – retrucou levemente indignada.

— Eu sei, mas o senhor Wang não gosta que os filhos tenham contato com o corpo de empregados. Temos nossas funções e devemos executá-las longe deles. Somos como sombras serviçais nessa mansão e devemos agir como tal.

— Entendo… – Ha Jin voltou a pensar no passado em Goryeo enquanto a moça se afastava para uma das máquinas de lavar.

Lembrava do rei Taejo. Ele tinha problemas com empregados e pessoas de classe mais inferior. Os tratava de maneira dispensável e, agora, não estranhava que o senhor Wang também as mantivesse.

Respirou profundamente enquanto avaliava onde estava se metendo. Havia começado seu trabalho há três dias e o que estava presenciando já não a agradava. Nem sequer a esperança de encontrar com So ela tinha agora.

Havia encontrado e conhecido todos os filhos e, nas suas contas segundo as informações da prima, faltava apenas um, aquele que era casado e tinha a família na mansão.

Ela fechou os olhos com força tentando desconsiderar que So fosse o filho casado e com filhos. Certamente isso seria pior do que não encontrá-lo… ou não? Ha Jin já nem sabia mais o que era o melhor.

A enxaqueca e a palpitação no peito retornaram com dor e incômodo, e a única coisa que ela se viu capaz de fazer por si, naquele momento, foi ir até sua bolsa e tomar as medicações da manhã.


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