Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 52
Quando o Pano Cai


Notas iniciais do capítulo

Olá galera... Tudo de melhor!!
Sei que hoje foi domingo de ENEM e nosso capítulo vem como recompensa às horas de concentração que passaram essa tarde. Boa sorte a tod@s.
Essa capítulo é o último de mais um arco e vem com o que a gente já esperava: tretas e tretas. Muito bate-boca e algumas agressões... Revelações e tristezas, mas alguns momentos amorzinho também.
Obrigada pelos comentários do cap passado, sempre maravilhoso poder ler cada um deles ♥
Sem mais delongas, o capítulo está enorme, esperamos que gostem do que preparamos e estamos ansiosas pelos comentários. Esse é um capítulo que queremos postar desde o capítulo 11, então, comentem à vontade e digam o que esperam daqui para a frente!
Beijocas e boa leitura!



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Quem adentrasse na mansão Wang naquele momento se depararia com uma cena que divagava contra a realidade problemática enfrentada atualmente pelos seus moradores, ainda mais o conflito que se propagava na empresa.

Na sala de estar, sentada sobre um grande e macio tapete egípcio, Wang Ha Na, e seus recém completados oito anos, montava - sob os olhos da mãe, e com a sua ajuda - o quebra-cabeças de duzentas peças que havia ganhado da avó materna uma semana atrás. Vez ou outra a pequena levantava do tapete, mãos na cintura, contemplando de cima o seu projeto inacabado sobre a mesa de centro, orgulhosa por tamanho avanço.   

— Acho que essa entra aqui, mamãe — comentou com a senhora voltando a sentar-se sobre o tapete, colocando a peça delicadamente no local onde acreditava encaixar.

— Ótimo!! — a mãe incentivou o êxito e a garota fez, mais uma vez, a dança comemorativa de vitória, tão similar ao tio, Wang Sun.

— Quero terminar isso antes do vovô chegar para o almoço. Ele vai ficar satisfeito de ver o quanto estou inteligente agora que estou mais velha.

— Você sempre foi inteligente, minha filha — a mãe falou com simplicidade — Seu avô sabe muito bem disso. Não precisa fazer nada para provar as suas qualidades a ninguém.

— Eu sei… — ela concordou novamente de pé, admirando o jogo — Mas quero que ele veja que eu consegui. São duzentas peças, mamãe… Isso é complicado. Vou aproveitar e mostrar aos meus tios também. Espero que venham todos para o almoço…

— Tudo bem, meu amor… Vamos montar.

A senhora acariciou a cabeça da filha que voltava a encaixar mais uma peça em seu jogo. Ainda na sala, porém um pouco mais distante, Sook conversava sobre algumas amenidades, e seriedades, com a governanta da casa enquanto observava suas duas meninas se divertirem naquele jogo.

— Ela está realmente muito mais alta — Nyeo comentou sob um sorriso carinhoso olhando a pequena se movendo em sua tarefa de montar o quebra-cabeças.

— Sim… E isso é incrível. Parece que foi ontem que ela nasceu. Nem acredito que já está com oito anos. É tudo muito rápido e mágico — existia orgulho, carinho e admiração na voz do homem, contemplativo em direção à sua filha.

— Deve ser prazeroso ter um filho e poder abraçá-lo, chamá-lo de seu assim e receber seu carinho genuíno de volta…

— Governanta Nyeo…

— Não se preocupe com minhas velhices… Estou bem — a governanta se interrompeu, um sorriso discreto e nostálgico no rosto — Mas me diga, como vão as coisas? Como vai a empresa?

— Está tudo indo bem — o homem respondeu aceitando mudar o foco da conversa — Sun Hee está pensando em contratar alguns de nossos vendedores mais antigos e compromissados para fazer parte do administrativo.

— Isso é ótimo!

— Sim, é uma boa forma de incentivo e recompensa. Eles dão o sangue por nós, muitas vezes deixam de estar com suas famílias para estarem na empresa. Nada mais justo que reconhecer todo o envolvimento e dedicação.

— Certamente isso será muito bom tanto para a empresa quanto para os funcionários.

— Vai sim! Outra coisa é que vamos precisar de um novo químico logo, logo. Um dos nossos vai se aposentar em breve e seria bom alguém de confiança para assumir o lugar. Acredito que vou precisar dar uma boa pesquisada no mercado até que ele se desligue da empresa.

— Hmm…

— O que foi? — Sook perguntou observando o ar pensativo da mais velha — Conhece alguém?

— Não que conheça, também não desconheço…

— Como assim? — o homem sorriu parecendo confuso.

— Go Ha Jin, a nossa outra governanta… Bem, ela iniciou há alguns anos o curso de Química em uma boa universidade. Pelo que sei, ela queria trabalhar com produção de cosméticos, mas precisou abandonar o curso porque não teve condições de continuar pagando as mensalidades.

— Isso é verdade? — ele pareceu surpreso e levemente curioso — Não sabia que a moça tinha essas aspirações.

— Ah… Ela tem — a governanta continuou animada — E é empenhada em tudo o que faz. É uma pena que não tenha conseguido prosseguir com esse sonho. Se ela tivesse, seria minha recomendação para você. Tenho certeza de que não se arrependeria de tê-la como sua funcionária.

— Seria realmente bom — ele concordou — Já percebi que ela é uma boa garota e bem dedicada no que faz. Não é a toa que tem a governanta da casa a favor dela…

— Ora, ora… Garoto. Pare com isso — a senhora sorriu da brincadeira e voltou a observar a menina com sua mãe, o homem continuando a conversa instantes depois.

— E como está o clima por aqui depois de sábado?

— O pior possível — a mulher foi sincera — Hoje todos madrugaram e saíram para a empresa rapidamente. Não sei como as coisas estão por lá, mas o domingo foi terrível. Aquelas acusações infundadas e sem sentido deixaram todos com os nervos exaltados… E uma coisa… Notei que o senhor Wang não está muito bem. Parece pálido e abatido. Seria bom que algum de vocês interviesse.

— Para ser franco, eu notei isso no sábado e, sinceramente, fiquei preocupado. Ele disse que foi apenas o impacto de ter tido o projeto roubado e ser acusado de roubo e que não deveria me preocupar. A verdade é que não me convenceu. Temo pela saúde do meu pai.

— Pois então fique de olho, principalmente agora que…

A conversa, interrompida pela chegada de uma intrusa que deslizava pela sala de estar com seus saltos agulha tilintando sobre o piso limpo e lustroso, chamando a atenção dos quatro presentes naquela pequena “reunião familiar”. Trajava uma saia reta azul e uma camisa de tecido fino, estampado, que combinava graciosamente em seus tons, destoando apenas da senhora que não era tão graciosa quanto o que vestia.

— Bom dia, senhora — Nyeo fez uma breve vênia saudando a recém-chegada que a ignorou e passou a passos rápidos e firmes em direção ao escritório. Ela ainda conseguiu ver um sorriso sórdido se formar no rosto de Yoon Min Joo. Alertou-se.

— O que ela quer aqui? — Sook se perguntou em voz alta, Nyeo, ao seu lado, ainda observando o caminho traçado pela senhora. Do tapete, Sun Hee olhava aflita para o marido. Ela nunca gostou Yoon Min Joo.

— Não faço ideia, mas não deve ser nada bom — Nyeo respondeu com cautela.  

— Será que veio para o almoço? — Sun Hee tentou ser positiva. Esperava que aquele fosse o real e único motivo para a visita, mesmo que parecesse impossível.

— Não acredito… Faz um bom tempo que ela não aparece por aqui… Estou com a estranha sensação de que algo nada bom está prestes a acontecer.

— Não vamos nos precipitar — Sook tentou. O familiar tom gentil e confiante se fazendo ouvir — Talvez ela tenha vindo apenas visitar Gun…

— O seu irmão não costuma vir para casa nesse horário — Nyeo cortou rápida — Ainda tem algumas horas até o almoço ser servido.

— Governanta Nyeo — Ha Jin, adentrando a sala de estar e cumprimentando Sook em seguida, continuou para a mais velha — Gostaria que a senhora me acompanhasse até a cozinha para escolhermos o cardápio do almoço de hoje .

— Claro… Vamos agora.

Porém as duas foram interrompidas pelo estrondo da porta principal sendo escancarada. Através dela, Hansol, amparado de perto por Taeyang, adentrou cego, a passos obstinados, em direção ao escritório. Em seguida Gun, Yun Mi e Sun, os dois últimos igualmente perturbados, seguiram o senhor.

Instantes depois, Shin, aparentemente escoltado por Eujin e Jung, tinha a face vermelha e a expressão sanguinária. Rumaram todos para o mesmo destino, Sook, Nyeo e Ha Jin se olhando de forma confusa antes de escutarem o rosnar de Hansol se propagar pelo corredor.

— O que está fazendo aqui, Min Joo?

— Sun Hee, por favor, leve Ha Na para casa. Vou mais tarde — Sook apressou-se, ansioso.

— Papai, meu quebra-cabeças...  Eu vou ter que desmontar tudo.

— Sim, minha querida — Sook continuou, o tom urgente. Ouvia a voz de Min Joo ao longe e pressentia a avalanche se avolumando ao redor da mansão — Prometo que monto com você mais tarde.

— Por que está todo mundo com aquela cara feia? — ela perguntou guardando as peças com tristeza — Meu avô e meus tios nem me viram…

— Tenho certeza que há uma boa explicação para isso. Por favor, me esperem em casa.

— Isso não é justo.

— Ha Na, por favor. Ouça seu pai e vamos para casa. Outro dia nós voltamos para ver seu avô e seus tios — a mãe falou e apressou as coisas, já sabendo que nada do que viria daquele escritório dali para a frente seria bom.

Sook despediu-se das duas rapidamente, caminhando apressado para o ambiente onde os demais estavam. O homem ainda conseguiu ouvir as explicações de Min Joo dizendo que havia ido até lá para encontrar o filho, fato o qual, aparentemente, nenhum dos presentes pareceu acreditar. Gun sorria estranhamente.

Pelos corredores, alguns do funcionários já se posicionavam em busca do melhor ângulo, tentando serem discretos, evitando as reclamações das governantas. O objetivo era verem ou ouvirem o próximo show familiar que já se iniciara. Aproveitavam que a porta havia sido esquecida aberta pelos patrões.

— Então já que o viu, pode ir embora agora mesmo! — Hansol foi enfático em suas ordens, gesticulando para uma Min Joo teatralmente ofendida.

— Como assim está me expulsando?

— Papai, não pode tratar minha mãe dessa forma…

— Vá com ela, então — ele brandiu…

— Hansol — a mulher atuou, a mão sobre o coração, a expressão espantada.

— Que seja, que seja! Fique aí então — Hansol esbravejava,, irritado e cansado demais para discutir mais — Minha voz já deixou de ser respeitada há muito tempo… Não sei o que está acontecendo com essa família. Como tudo pode estar desmoronando desse jeito?

Encostado em uma das paredes, calado e com o capacete na mão, Shin observava cada um dos passos dados por Gun naquela sala. Seu olhar, semelhante ao de uma ave de rapina ansiosa por dar o bote num rato de deserto confiante demais. Eujin e Jung, aparentemente temendo que ele pudesse propiciar um novo ataque contra o irmão, permaneciam ao seu lado. Sun se aproximando também.

— Nem quero saber o que você está fazendo aqui — se referiu a ex-esposa mais uma vez — Certamente seu filho já informou sobre o que temos enfrentado e você veio assistir com seus próprios olhos, estou enganado?

— Como pode pensar algo desse tipo de mim, Hansol?

Mesmo com toda farsa apresentada pela senhora, o velho empresário não poderia ter sido mais certeiro. Conhecia bem cada um dos que estavam presentes naquela sala, mesmo que fosse omisso na maior parte do tempo. Não se enganava com facilidade quanto aos filhos.

Mais cedo, naquela manhã, enquanto todos se preparavam para continuar a terrível reunião de acusações na mansão, Gun, de posse de seu celular, ligou para a mãe lhe dizendo para ir assistir, de camarote, o fim de seu filho mais velho e o que ele representava para aquela família.

A senhora, com um sorriso satisfeito nos lábios, pegou uma bolsa de mão e, chamando seu motorista particular, rumou certeira até a casa que sempre seria sua por direito, ansiando que aquela manhã lhe trouxesse momentos felizes para recordar por um longo período de tempo.

— O que está acontecendo aqui, papai? — Sook começou aproveitando um breve momento de silêncio — Não entendendo o motivo de tanta comoção.

— Ah, irmão. Que bom que também está aqui — Gun respondeu tomando a fala do pai, um tom triste na voz, a expressão exageradamente aflita — Temos um problema sério para resolver e precisamos de todos os herdeiros cientes do que está acontecendo…

— Seu desgraçado mentiroso…

Shin tentou seu primeiro avanço contra o irmão mais novo. Gun, assustado por aquele impulso repentino, dando dois passos para trás antes de perceber que os irmãos mais novos, Eujin e Sun, com bons reflexos, haviam parado o mais velho antes que ele saísse de perto da parede oposta.

— Quem você pensa que é para me acusar desse jeito? — Shin continuou. Os dois irmãos mais novos penando para contê-lo, Sun conseguindo lhe tirar o capacete das mãos instantes antes do objeto ser, pela segunda vez, arremessado.

— Tenho provas contra você, seu bastardo nojento — Gun, com o dedo em riste, continuou sua fala — Sempre soube que não poderíamos confiar em você, agora temos certeza. É por isso que minha mãe te odeia. Está tudo claro. Você não vai sair impune dessa, seu…

Um novo impulso contra Gun e Eujin e Sun quase se desequilibraram, Jung se aproximando ao se ver necessário para intervir também. O mais velho, transtornado e furioso, se debatia contra os braços dos irmãos tentando avançar contra o seu acusador.

— Silêncio vocês dois! — Hansol bradou exausto, a face amarelada, os olhos fundos, claramente abatido — Estou cansado de vocês resolvendo tudo a base de brigas e socos. Onde enfiaram a educação que dei a vocês? Por que gastei tanto com vocês se só sabem resolver seus problemas com pancadaria? Não se cansam de me fazer passar vergonha e de me humilharem? Estou farto de toda essa situação, farto de todos vocês.

O silêncio se instaurou por alguns instantes na sala. Os participantes daquele novo espetáculo se olharam enquanto absorviam as palavras do senhor apático sentado na imponente poltrona atrás da mesa.

Hansol afrouxou a gravata que havia colocado com tanto cuidado há algumas horas, prometendo a si mesmo que aquele dia lhe traria esclarecimentos brandos e soluções otimistas, com certa dificuldade.

Percebendo a situação na qual o pai mergulhava, preocupado com o mesmo, Taeyang tomou a fala, observando a mãe, confusa sobre aquela situação, também adentrar na sala, encarando Min Joo assim que a viu. A porta ainda estava escancarada.

— Shin está sendo acusado de passar informações sobre o projeto do P02 para uma das empresas concorrentes…

— Que idiotice é essa, Taeyang? — Sook perguntou espantado, interrompendo a fala do outro, convicto em sua afirmação seguinte — Nosso irmão jamais faria algo desse tipo.

— Eu sei — Taeyang concordou — Mas nós…

— Falem por vocês — Gun novamente se meteu, acusando alto o suficiente para os funcionários da portaria escutarem — Eu apresentei provas irrefutáveis para todos. Até mesmo trouxe uma testemunha ocular…

— Que você provavelmente comprou para isso, não é? — Eujin alfinetou fazendo o irmão mais velho ficar com a face rubra.

— Seu moleque estúpido! — gritou. O dedo em riste contra Eujin — Tenha cuidado como fala comigo. Não preciso comprar ninguém. Essa é a verdade. O competente Shin vendeu o projeto do nosso carro para o concorrente e agora temos que…

Gun não conseguiu terminar a frase. Um soco de direita, certeiro em seu maxilar, o desequilibrou. Shin tentou investir mais em seus golpes, dando mais um soco antes de ser habilmente impedido por Sook e Taeyang, os que estavam mais próximos de seu alvo levemente tonto e sem saída.

— Como se atreve a bater no meu filho, seu nojento? — Min Joo se alterou, levantando da poltrona, a voz alta e chocada ao se pronunciar para o filho mais velho, irada por ver seu filho querido ser atingido sob seus olhos.

Como uma águia protegendo a cria, pegou um dos porta-retratos próximos a ela e partiu para cima do mais velho, acertando-lhe a lateral da cabeça, o deixando também desorientado, o suficiente para que precisasse se apoiar em Taeyang por alguns segundos.

— Você está ficando louca, Min Joo? Como se atreve a fazer isso novamente?

Hansol gritou da poltrona, levantando-se e utilizando a mesa como apoio para manter-se de pé, as pernas tremiam. Jung, que agilmente se aproximou da mãe, conseguiu imobilizá-la e arrancar de suas mãos o objeto que ela continuava a segurar, ainda tentando golpear o filho primogênito.

Shin, com a mão na cabeça, sentindo os olhos piscarem e umedecerem, se recostou na parede, deslizando o corpo em busca de uma cadeira. Eujin, se aproximando, abaixou ao seu lado perguntando se ele estava bem, recebendo um aceno positivo de cabeça como resposta.

— Já estou acostumado a receber esses tipos de pancadas vindas da minha mãe — a mão pressionava o lado direito da cabeça, próximo a orelha — Não se preocupe...

— Seu moleque… Não se atreva a bater em Gun novamente…

— Já chega, mãe! — Jung falou alto e forte, a mulher o olhando perplexa.

— Você está do lado dele? — perguntou acusadora para o filho caçula — Está contra a sua mãe e ao lado dele?

— Não se trata do lado de quem eu estou, mamãe, mas do que a senhora está fazendo. É errado.

— Como se atreve a ficar contra mim? — os olhos arregalados.

— Vamos usar o bom senso, por favor — Sook tentou novamente, chamando a atenção de todos para ele. Olhares indignados e acusatórios se cruzando — Não é possível que Shin tenha vendido o que quer que seja para os concorrentes. Ele foi um dos que mais se envolveu durante a construção do carro. Eu sempre encontrava meu irmão estudando e se empenhando no trabalho. Não há motivos lógicos para que ele tenha feito isso.

— Exatamente! — Taeyang continuou, apoiando — Mesmo que essas provas, que precisam ser melhor averiguadas, tenham sido apresentadas, não posso acreditar que Shin tenha realmente feito isso porque…

— Porque vocês dois são farinha do mesmo saco — Min Joo acusou peremptoriamente, interrompendo o jovem — Eu sabia que você vivia na sombra do meu filho, mas não imaginei que se envolveria com esse…

— Olhe lá como fala do meu filho, sua mulher sem classe. Seus filhos sequer chegam perto do meu Taeyang e do que ele é — Ah Ra enfim encontrou seu motivo para se intrometer naquela confusa troca de acusações e bofetadas, Taeyang massageando as têmporas, cansado — Ele é um homem de verdade, não um manipulador de quinta ou um marginal capaz de trair a própria família.

— Mamãe, por favor — Taeyang interrompeu a mulher.

— Meu filho não é um manipulador — Min Joo se armou contra a outra, Jung se aproximando novamente — Ele tem inteligência, é um homem de futuro, ao contrário do seu que se contenta em ser feliz com as sobras dele…

— Sua sem classe… Como se atreve a…

— Mamãe, já chega! — Yun Mi se posicionou ao lado da mãe, impedindo que a senhora avançasse contra Min Joo, de pé, lhe menosprezando — E a senhora, seria bom que se mantivesse em seu lugar e mostrasse um pouco de educação não se intrometendo entre nós. Estamos tentando resolver um problema sério da nossa empresa e tudo o que não temos neste momento é tempo para as picuinhas familiares que a senhora tem prazer em iniciar.

— Quem você pensa que é para falar comigo assim, sua cobrinha…?

Enquanto as mulheres discutiam, em frente ao escritório, próxima à porta ainda escancarada, Nyeo Hin Hee parecia em transe profundo desde o momento em que Wang Gun anunciou o motivo daquela reunião. Shin estava sendo acusado de trair a própria família e ela não conseguira mover os pés de onde estava desde que ouvira aquela frase reverberar pelo ar.

Os funcionários, aparvalhados diante de toda aquela confusão, estavam agora em grande número presentes na sala de estar, observando o desenrolar da tal situação. De algum modo, todos sentiam que a discussão era mais séria do que as anteriores já presenciadas.

Alguns deles debatiam entre si qual dos herdeiros, se o ganancioso e já conhecido Wang Gun ou o rebelde e sorrateiro Wang Shin, tinha a razão. Alguns optaram por não se meterem e saíram da sala tão logo viram uma nova briga familiar ser instaurada. Outros, entre eles, Sung Ryung, focavam espantados a reação das duas governantas da casa.

Enquanto Nyeo estava congelada diante da porta, Go Ha Jin, com a mão sobre o peito, parecia ter sido atingida desde que a família começou aquela discussão. Nenhuma das duas estava em um estado são e ela, sentindo que deveria tomar a frente daquela loucura, se aproximou da mais jovem.

— Governanta Go… — começou de leve, em tom baixo, temendo assustar a outra — Governanta Go, por favor, o que vamos fazer agora?

— Ele foi acusado de trair a família? — Ha Jin perguntou para Ryung. Não parecia estar naquele plano no momento — Como podem acusá-lo novamente? Preciso fazer alguma coisa… Não posso permitir que façam isso novamente...

— Do que você está falando? — Ryung perguntou sem entender o que a governanta falava. Parecia desorientada. Olhando para o lado, a outra governanta tinha os olhos cheios de lágrimas e parecia fazer um esforço sobre humano para contê-las — O que está acontecendo aqui? — a jovem, mexendo nos cabelos em desespero, se perguntou, afastando-se das duas.

— Mamãe… Tudo bem — Gun se aproximou da senhora, estimulando-a a sentar-se, seu lenço caro de seda, antes dobrado no bolso do paletó, tentando conter o sangue dos golpes recebidos sobre os lábios — Vamos ser racionais, por favor. Tivemos um grande problema no último sábado. Nosso projeto, que era sabido apenas pela diretoria da empresa, foi roubado. É incrível como algo do tipo nunca aconteceu anteriormente…

“Pouco tempo antes da feira de automóveis, Taeyang sofreu um atentado nas dependências do nosso edifício, ficando bastante ferido. No mesmo momento, dados importantes sobre o P02 foram roubados. Quem quer que tenha entrado no prédio, o conhecia muito bem… ou foi avisado de como se portar e se mover dentro dele.

“Fomos roubados. Nosso projeto original foi levado e estamos sendo acusados de roubar aquilo que Taeyang e eu criamos por um longo tempo. Logo em seguida, documentos da fábrica são encontrados e um funcionário testemunha contra um de nós. Como querem que eu fique tranquilo com isso? Como querem que eu acredite que ele não tem nada a ver com o que estamos vivendo agora?”

— Com que certeza você acusa Shin, Gun? — Taeyang partiu para a defesa do irmão mais velho novamente.

— Eu tenho provas — o outro se exaltou.

— E que documentos são esses que você conseguiu reunir em menos de vinte e quatro horas? Quem é esse funcionário que você levou na empresa? Como ele apareceu do nada?

— Eu sempre desconfiei desse traidor e de tudo o que ele fazia, afinal ele não esteve entre nós por cinco anos. Eu não o conheço. Quando fomos acusados, ele foi a primeira pessoa que me veio ema mente e eu sabia que era a partir daí que eu precisava investigar. Não foi difícil encontrar as provas de que ele estava por trás de tudo isso!

— Ah é? E o que você tem a dizer sobre Jo Han Rok?  — Taeyang foi acusador em seu tom.

— O que? — uma veia nervosa pulsando sobre a testa.

— Você sabia que ele era engenheiro da Busan Yong?

— Você contratou um engenheiro daquela corja? — Hansol explodiu, saindo de seu silêncio profundo. Os olhos estranhamente opacos.

— Claro que não, papai. Eu entrei em contato com ele antes — Gun tentou parecer convicto, mas tremia por dentro — Acha que eu contrataria alguém sem investigar o seu passado? Ele foi demitido injustamente e tinha desejo de se vingar dos antigos patrões… Era uma grande oportunidade, construir um motor potente o suficiente para desbancar a empresa que o enxotou. E ele fez o seu trabalho muito bem, todos são prova disso. O que está sendo levantado aqui é que o nosso carro foi roubado.

— E quem me comprova que não foi esse tal engenheiro que roubou o nosso projeto? — Eujin perguntou irritado, acertando a ferida — Como você pode ter tanta certeza disso? Como contrata um homem que trabalhou para a concorrência sem nos avisar antes?

— Por que ele roubaria um projeto ao qual tinha acesso? — Gun entregou a retórica como resposta.

— Mas ele não pareceu satisfeito desde que eu o impedi de participar das reuniões.

— Acredito que ninguém ficaria...

— Então você quer dizer que é culpa de Shin — Eujin continuou resoluto, o rosto irritado, vermelho, uma veia tensa em seu pescoço — Quer que eu acredite que nosso carro foi entregue aos concorrentes pelo nosso irmão? Eu vi Shin estudando dia e noite para fazer o melhor naquela fábrica. Vi o quanto ele se dedicou e fez muito mais do que todos nós juntos poderíamos fazer. Foi ele que me ajudou quando tive meu período como CEO, que me incentivou, explicou e ensinou como fazer grande parte das coisas que eu não conhecia. Quer que eu acredite que foi o meu irmão quem armou tudo isso?

— E por que não poderia ser? Não temos convívio algum com ele. Não sabemos que tipo de índole ou amigos ele tomou para si enquanto esteve nos Estados Unidos. Você vai colocar a mão no fogo por seu querido irmão, Eujin? Pois coloque sozinho.

— E você quer que eu coloque minha mão do fogo por você, Gun? — Eujin gargalhou amargamente daquela possibilidade — Acha mesmo que sou idiota o suficiente para acreditar nas suas histórias? Nada do que você disser ou mostrar me convencerá do contrário. Por favor, apenas pare.

— Foram apenas cinco anos longe do nosso irmão — Yun Mi posicionou-se ao lado de Eujin — E nesse tempo que temos convivido, deu para perceber muito bem que ele em nada mudou e mantém todos os seus princípios antigos…

— Você não pode falar nada… — Gun acusou, um sorriso cínico estampado em seu rosto — Se não fossem irmãos, você certamente já teria…

— O que está pensando em dizer? — Taeyang saiu na defesa da irmã — Pare! Não fale mais idiotices.

— Não me importo com nada do que fale contra mim — ela continuou, altiva, desprezando-o — Há muito tempo que não me importo com o que pensam sobre mim, muito menos você. É muita ingenuidade sua pensar que vamos acreditar cegamente nessas suas palavras, nessas provas milagrosamente apresentadas quando nenhum de nós teve acesso a elas anteriormente... Vindas de você… Ah, Gun… Quem você sempre foi para nós?  

— Não importa o que sou para vocês. Pouco me importa o que vocês pensam sobre mim. Minha preocupação é a empresa e o futuro que ela vai enfrentar por culpa desse…

— Poupe-nos, Gun… — Yun Mi falou com segurança, interrompendo-o — Essa empresa não te interessa. A única coisa realmente importante para você é que você esteja na frente dos outros… Na nossa frente… Que você seja visto como o melhor. É assim… sempre foi assim…

— Como se atreve... — Min Joo começou, mas Gun a interrompeu.

— Faça o que quiser! — ele bradou, irritado — Façam o que quiserem, mas não podem lutar contra os fatos. Eu trouxe provas, provas incontestáveis escritas e assinadas pelo seu bom e amado irmão. Estamos sofrendo crises, nossas ações caíram de um dia para o outro. Estamos sendo acusados de espionagem industrial do nosso próprio projeto e querem que eu fique de olhos fechados?

— Mas não faz sentido que Shin tenha feito isso — Sun comentou consigo mesmo, porém sendo ouvido pelos demais — Não faz sentido.

— É claro que não faz sentido… — Eujin confirmou o pensamento do mais novo — Não concorda, Jung?

— Por que eu tenho que concordar? — o rapaz respondeu, desorientado.

— Você… concorda… com Gun? — Eujin, espantado demais por concluir aquilo.

— Estou cansado disso — Jung falou, sentado sobre o braço da poltrona, perto da mãe. A cabeça baixa, esmorecido — Somos irmãos, não inimigos! Por que vocês vivem brigando e se acusando? Por que não podemos ser mais unidos, todos nós? — focou Shin e Gun antes de continuar — Nós três temos o mesmo sangue e sempre querem que eu me coloque do lado de um de vocês, desde criança. Por que tenho que escolher um lado? Não tenho como escolher. Não quero escolher nada… Não tenho lados onde me posicionar. Vocês são meus irmãos. Estou cansado disso… Eu só quero a verdade.

— Precisamos investigar o que está acontecendo aqui — Sook continuou, concordando com as palavras de Jung. Focou Shin sentado, ainda com a mão sobre o local agredido anteriormente — Não podemos sair acusando quem quer que seja sem investigar, ainda mais se é alguém da nossa família… Não devemos escolher lados, mas procurar a verdade tal qual ela é.

— Gun apresentou provas que incriminam Shin… — Hansol falou tenso.

Todos se calaram; ele parecia ter uma decisão. Ha Jin, apertando forte o peito com as mãos, sentia como se o ar lhe faltasse nos pulmões. Queria invadir aquele escritório e gritar para todas aquelas pessoas ouvirem que Gun estava errado, que aquelas provas certamente eram falsas, que nada daquilo fazia sentido e que precisavam confiar em Shin.

Porém seus pensamentos se esvaíram quando os olhos foram capturados pelo movimento vindo da governanta ao lado. Nyeo, em estado catatônico, aproximou dois ou três passos da porta de entrada do cômodo assim que o senhor Hansol começou a falar. Ha Jin percebeu, finalmente, o estado em que a mais velha se encontrava.

Nyeo parecia estar fora de si, dentro de um mundo que pertencia apenas a ela. Seus olhos, cheios de lágrimas contidas, encaravam, obstinadamente o escritório em que o herdeiro rebelde estava sendo julgado. Seus passos, lentos e trôpegos, levavam seu corpo inerte para o centro daquela confusão, Ha Jin seguindo-a, tentando pará-la.

— Governanta Nyeo, o que a senhora está fazendo? — a mais jovem falou em um tom levemente desesperado, a mão cerrada sobre o pulso de Nyeo.

— Eu não aguento mais, Ha Jin. Não aguento mais. Por favor, solte meu braço.

— O que a senhora vai fazer? Não pode se meter nos problemas dos patrões…

— Me solte, Ha Jin. Esse problema também é meu.

— ...E contra provas, não há argumentos — o senhor continuou e os filhos, à exceção de Gun e Jung, impassivo, lhe olharam com indignação — Eu não sei onde eu errei ou o que fiz nas minhas vidas passadas para receber esse tipo de pagamento, mas estou farto. Meus filhos, que deveriam ser unidos e partilharem seus problemas e alegrias, unem-se uns contra os outros, voltam-se contra mim.

“Eu pensei que havia feito um bem no dia em que te chamei de volta para essa mansão, mas tenho pensado muito a respeito e já não sei se foi a escolha mais correta, porque desde que seus pés cruzaram àquela porta, meus dias, que já não tinham muita paz , ficaram ainda piores.

“Eu quero que você saia da empresa imediatamente, Shin. Não posso confiar que esteja à frente da direção depois de todas essas acusações, depois de todas essas provas contra você. Não importa o que eu e seus irmãos pensamos, importa o que nossos investidores estão achando no momento e, pelo menos, aos olhos dos acionistas, como vocês testemunharam mais cedo, sua imagem está abalada. Não posso permitir que o nosso patrimônio venha a ruir por despeito, desconfianças ou tentativas de vingança vis… ”

— Papai, o senhor está sendo precipitado…

— Cale-se, Taeyang. Se Shin está sendo acusado injustamente, que ele prove o contrário. Neste momento, a única coisa que tenho a dizer é que sinto uma tristeza profunda em meu peito por ouvir que meu filho foi o responsável por tamanho dano e que há provas contra ele. Estou profundamente decepcionado…

— Eu sempre disse que esse marginal não era flor que se cheirasse — Ah Ra aproveitou a deixa do marido para destilar seu próprio veneno — Eu disse desde o princípio que era uma loucura manter esse delinquente dentro de nossa casa, dentro de nossa empresa, mas você nunca me ouviu…

— Você vê agora, Hansol? — Min Joo interrompeu a outra — Vê agora por que eu disse no início de tudo que apenas Gun era bom o suficiente para ocupar esse cargo? Finalmente abriu os seus olhos para a verdade que sempre esteve clara demais para mim. Mande esse moleque embora, não deveria tê-lo trazido de toda forma. Você cometeu um erro no passado, mas não merecia ter pago por ele por tanto tempo. Nenhum de nós. Onde ele pisa, tudo desmorona, tudo dá errado. Seu nascimento já foi uma grande falta de sorte. Deveria ter me ouvido antes, ter me apoiado naquela época… É mesmo uma pena que não tenha se resolvido tudo naquele momento…

— Senhora Min Joo — Sook repreendeu a senhora que se calou em seguida, alguns dos presentes estranhando o teor daquelas palavras.

Hansol, todavia, não ouvira nada do que as duas mulheres haviam dito. Seus olhos estavam focados na porta, ainda escancarada, e na mulher de pé, parada, olhando fixamente para ele.

Diante do silêncio do patriarca, cada um dos presentes naquele ambiente pareceu, finalmente, notar a figura de Nyeo Hin Hee adentrar o local. Seus pés a levaram até o homem por trás da grande mesa polida, um silêncio cortante tomando conta de toda mansão.

— É isso, então? — a voz da governanta saiu como um sussurro, porém muito firme — É assim que você vai agir?

— Hin Hee… — Hansol iniciou apático, triste, mas foi interrompido por Min Joo.

— O que você quer aqui, governanta? Não está vendo que essa é uma reunião de família e que os empregados não cabem aqui? Saia já dessa sala. Não há nada que você tenha a fazer aqui…

— Quem você pensa que é para falar dele assim? — ela rebateu Min Joo passando por cima de todas as palavras de exclusão, o tom firme e agressivo, protetor — Quem você pensa que é para falar dele assim?

— Quem eu sou? — Min Joo gargalhou. Gun, ao lado da senhora, notou que aquela risada nervosa e insegura não pertencia a sua confiante mãe — Quem você pensa que é para usar esse tom comigo?

— Min Joo, por favor — Hansol tentou novamente, a mão direita indo para o peito, os olhos sendo fechados com força, a testa suando. Sentia dor.

— Quem você pensa que é para agir como se fosse a dona desse lugar? — Min Joo continuou não ouvindo também os pedidos de Sook para que parasse — Está ofendida por que esse marginal finalmente está sendo desmascarado e colocado em seu devido lugar?

A comoção na sala de reuniões foi geral. Yoo Min Joo e sua maquiagem cara haviam sido alvos da mão certeira de Nyeo Hin Hee. Sook se aproximou da governanta impedindo que ela proferisse outro tapa contra o rosto avermelhado da senhora irritada que a olhava ferozmente. Na sala, os herdeiros, cada um assustado demais com aquela reação, esboçavam expressões de espanto e incompreensão. Ah Ra levara as mãos à boca, perplexa com tamanha insubordinação, regozijada por ver Min Joo ser agredida.

— Quem você pensa que é para bater na minha mãe? — Gun se armou contra a mulher — Está demitida. Demitida!

— Gun, pare. Governanta Nyeo, por favor… Vamos sair daqui — Sook tentou levá-la para longe, mas foi inútil. Ela não se moveu.

— Sua governantazinha imunda… Sua pobretona nojenta… Esse marginal…

— Não… — a mão de Nyeo foi parada no ar, Shin segurava seu pulso e a olhava hesitante. A primeira lágrima, a tanto custo contida, caindo livremente pelo rosto da mulher.

— Esse garoto… É tudo sua culpa, seu moleque nojento — Min Joo esbravejou outra vez, contudo, parecia deslocada enquanto sentia seu rosto formigar no lugar em que recebera o tapa.

— Cale-se, Min Joo. Cale-se! — a voz de Hansol estava fraca, desesperada.

— Não vou permitir que falem assim dele novamente — Nyeo continuou, o pulso liberado, assim como as palavras há tanto presas, o tom alto, imponente — Nunca mais permitirei que maltratem meu menino dessa forma.

— Governanta, por favor, venha comigo…

Sook tentava tirar Nyeo daquele lugar mais uma vez, mas ela não se movia, parecia presa ao chão. Focava Min Joo de forma penetrante, a sensação de que poderiam se atacar a qualquer momento. Shin, espantado como os demais ali presentes, parecia confuso por ter a governanta lhe defendendo daquela forma. Sua cabeça doía. Tudo parecia estranho e sem sentido.

— Você está louca? — Min Joo provocou — Enlouqueceu de vez depois de todos esses anos limpando banheiros e lavando louças?

— Estou farta de ver e ouvir a forma como falam. Como o tratam — Nyeo continuou seu desabafo sem se importar que Hansol ou Sook continuassem lhe pedindo para parar — Estou cansada de vê-lo sendo atingido quando não tem culpa de nada. Estou cansada de todas as acusações, de todas as injustiças, de todas as exclusões que ele tem sofrido durante a sua vida por minha culpa.

“Eu me arrependo do dia em que saí da minha casa e vim para essa mansão. Me arrependo do dia que me deixei levar por palavras torpes e por me entregar a um sentimento que não me faria bem algum. Me arrependo profundamente de todas as decisões que tomei desde que entrei aqui, mas não me arrependo um segundo sequer de ter batalhado e lutado pela vida do meu filho.

“Você sempre disse que ele seria tratado como os outros. Disse que ele era seu filho tanto quanto os outros. Você me convenceu a deixá-lo aqui e a permanecer nessa casa para que ele fosse bem cuidado, para que pudesse ter bons estudos, para que tivesse as oportunidades que eu não seria capaz de lhe dar. Mas era mentira, Hansol. Era tudo mentira sua.

“Shin nunca foi tratado como os outros. Ele nunca teve o amor e o carinho que os demais tiveram. Você mentiu para mim quando disse que ele ficaria bem, você permitiu que ele fosse agredido, hospitalizado… Ele quase morreu e você não fez nada!

“Você permitiu que ele fosse perseguido e saísse dessa casa quando ainda era um menino. Você mentiu, você não cuidou dele como havia prometido. Você deixou que ele fosse embora e agora que ele voltou, que eu o tenho novamente, que posso estar com ele, você quer mandá-lo embora mais uma vez?

“Como você pode acreditar nessas provas? Elas são falsas, não está vendo? Como pode acusá-lo depois de tudo? Como pode colocar essa empresa acima dele de novo? Que espécie de pai é você, Wang Hansol? Que espécie de pai é você?

“Como pode permitir e aceitar que falem isso do seu filho? Como pode aceitar todas essas coisas, todas essas palavras e ofensas calado? Como pode permitir que nosso filho seja humilhado dessa forma, na frente de todos, e simplesmente concordar? Como pode, Hansol? Como?”

A governanta estava com o rosto lavado pelas muitas lágrimas que não mais conseguia conter. Cega a tudo o que lhe cercava, não se importava sobre onde estava, sob os olhos de quem estava. Sabia que corria um grande risco, o de ser ignorada pela única pessoa que realmente era importante para ela, mas independente dos riscos, não poderia mais se manter calada. Não poderia mais suportar e partiu para a defesa de seu filho, algo que nunca havia deixado de fazer.

Shin engoliu em seco, a respiração suspensa, tentando entender porque Hin Hee estava se intrometendo na discussão familiar e colocando seu emprego de anos em risco, para defendê-lo. Não fazia sentido que se arriscasse daquela forma. Nada estava fazendo qualquer sentido.

Ele tinha somente boas lembranças daquela mulher desde sua memória infantil mais remota. Lembrava-se da governanta Nyeo ao seu lado num quarto frio e branco, lhe oferecendo gelatina amarela e mostrando o bonito tigre de pelúcia que ele ganhara do pai enquanto dormia. Naquele dia, por algum motivo, ele estava muito doente, mas era Hin Hee, não sua mãe, que não saíra do lado da cama, onde pessoas vestidas de branco vinham de hora em hora lhe incomodar com perguntas tolas.

Gentil, amável, carinhosa… Um sorriso maternal e acolhedor acompanhado de palavras doces, apesar do jeito de matrona. Esta era a face da governanta da mansão para Shin. Ela realmente fizera o papel de uma boa mãe, aconselhando-o, educando-o, mimando-o, acobertando-o durante toda sua infância e adolescência, mas aquilo era demais. Por mais carinho que houvesse entre eles, não era certo que se arriscasse tanto em seu nome.

— Hin Hee… Não… — ele pediu à mulher num murmúrio suplicante. Sua vida naquela mansão estava com os dias contados e não queria o mesmo destino para alguém que respeitava e, de qualquer forma, amava.

Entretanto, ela persistiu naquela loucura…

— Shin… Filho… — Pare Hin Hee. Pare de se envolver… — Me desculpe…

Por que ela o olhava daquele modo? Por que não estava se comportando como a simples governanta que era? Por que não ia embora para parar de tornar tudo ainda mais difícil?

— Isso não é com você. Esse assunto não diz respeito à senhora — proferiu incisivo e, pegando com certa brusquidão no braço da mais velha, puxou-a dali.

Nyeo segurou firme no pulso dele com a mão livre e, lutando contra a força de ser puxada, disse com uma assustadora firmeza:

— Não, Shin! — ele parou e a olhou cada vez mais confuso — Isso acaba aqui… E isso acaba agora… Chega de enterrar tudo aqui dentro… — tocou no peito, onde seu coração pulsava no mesmo ritmo galopante do dele — Eu sou sua mãe. Sua verdadeira mãe. Sou a mulher que te gerou por nove meses. Eu sou…

— Não, não, não, não… — Shin soltou Hin Hee de pronto, como se uma corrente elétrica transpassasse do corpo da mais velha para ele, tornando impossível tocá-la sem se machucar — Vocês querem me enlouquecer? — a voz saiu embargada, apontando para todos no escritório com o dedo em riste — Querem que eu perca o pouco de sanidade que ainda não conseguiram me tirar?

De repente, seus irmãos estavam todos chocados demais para reagir àquele instante de loucura. Taeyang, Eujin, Sun, Jung e Yun Mi exibiam olhos arregalados e assumiam poses apreensivas. Gun não se dava conta de que sua boca havia se escancarado, olhando da mãe para a governanta e da governanta para a mãe sem acreditar no teor daquela revelação. Sook, o único dos Wang herdeiros que conhecia a verdade, levou a mão direita ao rosto, desolado pelo irmão mais novo.

— Filho — Nyeo tentou aproximar-se dele, um dos braços erguidos buscando tocá-lo carinhosamente no ombro. Shin recuou na direção da porta feito um gato acossado.

— Você também, governanta? — acusou-a cheio de raiva — Quanto o meu pai te pagou para que dissesse essas idiotices aqui? Quanto cada um nesse escritório está levando para me fazer endoidar?! QUANTO?

— Meu filho, não é nada disso…

— NÃO! EU NÃO SOU SEU FILHO! — apontou para Nyeo com veemência e berrou o mais alto que seus pulmões conseguiram. Os olhos do herdeiro, afogados em lágrimas, algumas aprisionadas, outras insinuando-se livremente pelas suas bochechas coradas, fitavam-na num misto de desapontamento e choque — Eu gostava de você… Por que está com eles nisso, Hin Hee? Por que está me magoando…?

— Não estou com eles, Shin! — ela respondeu em desespero, o rosto lavado do seu pranto salgado — Nunca estive. Nunca, nunca, nunca. Foi por você que fiquei aqui, por você que servi ao homem que me traiu por trinta anos… Eu queria estar perto… Queria poder te ver crescer… Acompanhar seus sonhos se tornando realidade… Ver você sendo feliz…. Me perdoe, meu filho… Me perdoe. Não foi como eu pensei… Eu errei… Julguei mal as pessoas… Fui tola e confiei em quem não poderia… Me perdoe…

— Isso tá errado — zonzo, ele levou as duas mãos a cabeça e apertou os olhos com força — Isso tudo está muito errado. Parem de me enlouquecer. PAREM!!

— Papai, o que essa mulher está falando tem algum cabimento? O que é isso tudo? — Yun Mi acabou não aguentando e intrometeu-se, perguntando incisivamente para o patriarca — Papai?!

Sentado em sua poltrona, o velho Wang Hansol levara uma das mãos ao peito, agarrando a camisa na altura do coração e empalidecendo horrivelmente, ao mesmo tempo que seu rosto se tornava banhado de suor. O grito histérico de Yun Mi atraiu a atenção dos outros presentes, os filhos rapidamente se dando conta de que algo ia muito mal com o homem.

— Meu Deus, papai, o senhor está bem? — Taeyang perguntou, assustado, empurrando Ah Ra para abrir espaço e alcançar Hansol. Correndo para tirar a gravata do pai e abrir sua camisa. Começou a abaná-lo freneticamente — Um de vocês… Parem de só ficar olhando e chamem uma ambulância… — vociferou para os irmãos, atônitos — UMA AMBULÂNCIA, DROGA!

Nyeo observou o novo problema que se desencadeava e olhou, do rosto arrebatado de seu filho para o de seu antigo amor, acudido pelos outros herdeiros e suas duas caóticas mulheres. Depois, novamente mirou onde Shin deveria estar, mas encontrou somente um triste espaço vago.

Pensou em correr na direção do garoto, tecer mais um milhão de pedidos de desculpas e arrependimentos, tudo aquilo que reprimira por todos os anos queimando horrivelmente dentro dela, mas sabia que ele fugiria e tornaria suas súplicas ainda mais estúpidas naquele momento. Era preciso, mais uma vez, ter paciência e deixá-lo ir.

...

Ha Jin acompanhou as acusações e as revelações feitas a Shin encostada na porta do corredor, prestes a entrar naquele lugar e arrancá-lo de lá. Ela não estava se importando se o seu comportamento era inadequado, se o seu emprego estava em jogo.

Ha Jin, quase emulando a revolta de Nyeo, não dava mais a mínima para nada, assim como a mais velha. A cabeça fria e os nervos de aço abandonaram a jovem governanta quando viu, em desespero, o sofrimento dele aumentar. Ela queria apenas pegar Shin nos braços e levá-lo para longe.

Antes que a loucura do momento a fizesse tomar alguma ação estúpida, o próprio herdeiro passou do seu lado caminhando pesadamente em direção ao corredor. Ha Jin, assim como os outros empregados que presenciavam tudo, acompanhou-o com o olhar sair de seu campo de visão e desaparecer. A seguir, ela mesma refez os passos dele, completamente dominada pelos sentimentos de proteção e urgência, e saiu da mansão.

Shin não conseguia raciocinar. Suas pernas assumiram o controle por um instante e o tiraram daquele escritório infernal, mas sua mente permanecia aérea, confusa, chocada por tudo que escutara.

É uma armação de todos eles… Papai não me quer mais na empresa, assim como nunca me quis em sua vida, e tratou de se unir à minha mãe, meu irmão e, pelo visto, à governanta Nyeo, para me deixar pirado. Eles formam uma ótima e sórdida quadrilha, sim…  pensou assim que parou, ofegante, diante da área da piscina externa.

Encarando a colina que circundava a mansão, a geada da madrugada anterior na grama molhada que ainda não evaporara naquela manhã, as decorações estúpidas de sua madrasta, a vista do local onde crescera cheio de frustrações, riu sem felicidade daquela piada ridícula. Hin Hee? Minha mãe?

Sentindo outro bolo de raiva explodir no peito, chutou uma das cadeiras de sol e acompanhou o objeto voar com violência na direção da lona que cobria a piscina. As lágrimas rancorosas de ódio caíam copiosamente e, por mais que ele as secasse, aquilo não parecia ter fim.

— Shin.

Ele virou-se para trás, na direção da voz que o chamou, preparado para destilar toda sua ira em quem ousara segui-lo, mas foi desarmado ao ver Ha Jin, os olhos brilhantes e a tez amorosa, a poucos metros dele.

— O que você quer, governanta? — indagou com superioridade na voz. A vergonha por vê-la ali, olhando-o chorar, e saber que certamente ela escutara todos os absurdos relacionados ao roubo do projeto que ele foi acusado e as loucuras ditas por Hin Hee o fez agir da única maneira que conhecia para distanciar alguém: com brutalidade — Me deixe em paz — bradou.

— Você… está bem…?

— Saia daqui — ele ordenou, se esforçando para sua voz não falhar ao ordenar. A seguir, deu-lhe as costas, para que ela entendesse que a ordem era absoluta.

— Não…

— Não?

Ha Jin aproximou-se, pé ante pé, despedaçada por ver o rosto do seu amor em sofrimento. Olhos vermelhos e marejados a encararam com frieza enquanto testemunhava sua aproximação, mas ela não acreditou nem por um segundo naquele gelo. Por dentro, ela sabia, Shin queimava como uma floresta incendiada e seu corpo tremia como um tufão descontrolado.

— Não suporto te ver sofrendo assim… — a jovem mulher destruiu a distância física que havia entre eles num segundo e tocou-o no rosto com a mão delicada e pequena. Shin olhou para baixo, desestabilizado pelo toque de Ha Jin.

— Sou um criminoso, governanta. Você mesma ouviu! Minha família acha que eu roubei deles e minha mãe, ou seja lá quem for aquela mulher lá dentro, me acertou com um porta-retratos na cabeça — rosnou — Eu sou um mau-caráter, garota… Seus pais nunca te ensinaram a não andar com gente da minha laia?

— Não acredito em nada do que escutei.

— Não se envolva — ele disse ainda alto. Em seguida, soltou o ar pesadamente pela boca tentando se desvencilhar dela.

— Nunca mais vou fazer essa escolha… — ela respondeu suave, secando uma lágrima errante que acabara de rolar do rosto do rapaz, com o polegar quente — Estou do seu lado. Acredito em você… Sempre vou acreditar… Não chore… Não sofra…

— É fácil para você falar, Ha Jin — mais lágrimas desceram, agora livremente, Shin desistindo de segurá-las, assim como desistira de resistir ao consolo da moça.

— Nem um pouco… Eu conheço sua dor e compartilho dela.

— Como? — ele quis saber, cobrindo a mão dela com a sua — Como você pode saber o que eu sinto? Você não me conhece de verdade… Nós somos só dois… desconhecidos… Por que insiste em se aproximar de mim, Ha Jin? Por que quer me ajudar? Eu… Eu… não mereço isso… Não mereço compaixão…

— Não fale isso! — ela rebateu veementemente — Você merece tudo o que há de melhor na vida. Tudo. Tudo, entendeu?

— Meu pai acha que sou um ladrão… Meus irmãos, por mais que tentem, me olham com desconfiança… Minha mãe… Eu não sei quem é minha mãe… — soluçou se apoiando nos ombros da garota — O que está acontecendo, Ha Jin? Nada faz sentido na minha vida… O que eu sou? Eu nasci para ser um estorvo aos outros…

Nesse ponto, ela teve de reunir muita força interior para não desmoronar com ele. Vê-lo chorando daquele modo, vulnerável como um garotinho abandonado, torturou-a por dentro muito mais do que todas as outras vezes que precisou se conter. Era So pedindo para que ela o perdoasse por ter matado o irmão, era So implorando para que ela aceitasse o fardo de ser rainha para que, assim, não o abandonasse à própria sorte…

Mas também era Shin. A reencarnação solitária e renegada do mítico rei Gwangjong renascida numa nova era, mas com o coração tão ou mais órfão e carente quanto o do seu antecessor. Era o rapaz que, apesar de não ser formado e de todo o desprezo familiar, trabalhou com afinco nos últimos meses para mostrar que poderia ser mais, como qualquer um dos seus outros irmãos…

… E ela amava os dois, queria estar com os dois, confortar os dois.

— Shin — Ha Jin engoliu em seco e chamou-o para si, segurando sua cabeça entre as mãos — Olhe no fundo dos meus olhos e prometa que nunca mais vai dizer que sua vida é inútil!? Eu não permito que você diga algo desse tipo… Não vá acreditar numa besteira dessa ou vai me fazer muito triste… Muito mesmo…

— Não chore, Ha Jin, não chore — ele se espantou ao vê-la lacrimejar. Rapidamente tentou secar as lágrimas da jovem com os polegares, então, vendo que não conseguiria controlar a tremedeira na mão, secou o pranto dela com seus beijos.

Sentindo o corpo todo se arrepiar naquele toque delicado, Ha Jin, coração congelado de surpresa, fechou os olhos e deixou que os lábios dele imprimissem aquela quentura carinhosamente sobre suas bochechas. O toque chegou muito perto dos seus lábios, porém ela o assustou e o fez recuar, ao dizer:

— Eu gosto de você…

Confuso, Shin afastou o rosto e a encarou. A dor se misturou à surpresa. Se ele tivesse escutado aquilo dias antes, poderia seu peito explodir de contentamento e sua alma brilhar de alegria. Agora, entretanto, parecia mais uma das ocorrências irreais daquela manhã.

— Eu gosto de você há muito tempo…

Shin tentou recuar. Era exatamente o que ele queria dizer a ela, mas não assim, não ali, não com seu peito em frangalhos e a sua dignidade destruída. Ha Jin, em contrapartida, tinha certeza de que não conseguiria esconder aquela verdade por mais nenhum segundo. Ela o segurou pelo pulso e repetiu pela terceira vez:

— Eu gosto de você e quero que você seja feliz nessa vida.

— Como pode gostar de mim? Eu sou um nada… Sou menos que um nada…

— Para mim, você é tudo — ela respondeu, enfática, o envolvendo com seu rosto doce e bonito… Com seu olhar profundo e intenso… Com sua boca quente e macia… Aquela boca que ele não conseguia mais parar de desejar…

Sem que percebessem como haviam chegado naquela situação, Shin e Ha Jin estavam unidos, lábios e almas. Shin encostou os lábios nos da garota, um toque molhado, e se entregou àquela vontade presa dentro dele por meses, sentido a quentura maciça e o salgado penetrante de suas lágrimas se misturando à saliva.

Ha Jin soltou um pequeno suspiro e preparou-se para abraçá-lo, para aprofundar o beijo, para intensificar esse momento quase irreal, mas Shin se afastou no exato instante, atordoado.

Tão confuso quanto chegou à beira da piscina, o herdeiro rebelde deu passos trôpegos para longe da governanta e, em seguida, correu na direção da garagem deixando a moça sozinha, próxima a um guarda-sol fechado. Ha Jin ainda absorvia o que havia sido aquilo…

Um beijo, um encostar de lábios, uma forma de consolo, uma declaração tardia, ela não sabia quando escutou a moto dele estrondando pelo pátio e desaparecendo para além das dependências da propriedade com seu condutor. Instantes depois, a entrada da Mansão da Lua foi acometida por outro som, tão urgente quanto o primeiro, o de uma ambulância que fora chamada às pressas para acudir Wang Hansol.

***


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo
Nahm Hye - Woo Hee



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