Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 46
Eu Sempre Desejei Estar com Você


Notas iniciais do capítulo

Annyeonghaseyo!
Como estão vocês? Nós esperamos que muito bem!
Antes de mais nada, como é de nosso costume, muitíssimo obrigada pelos comentários que nos deixaram no capítulo passado. Agradecemos a recomendação que recebemos da Lee Mi Cha, assim como os incentivos, as críticas e todas as ideias para continuarmos construindo nossa história. Komawo!!!
Sobre o capítulo de hoje, decisões sendo tomadas, confissões, promessas e alguns momentos fofinhos (e divertidos) para acalmar os ânimos dos últimos barracos acontecidos.
Agora, deixando a lenga lenga de lado, vamos para a nossa história e não esqueçam dos comentários. Queremos saber o que vocês acharam do que preparamos para hoje!
Fighting!



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Enquanto Taeyang utilizada o notebook, sentado à escrivaninha em frente à janela central, sob a iluminação noturna de Seul que lhe dava um ar agradavelmente encantador, Na Na, por trás das páginas de "Por favor, cuide da mamãe"¹, observava discretamente o rapaz, compenetrado em seus afazeres vestindo uma calça de moletom cinza e uma camisa azulada. Aquela seria a primeira noite dos dois juntos, naquele lugar, e ela não sabia o que esperar.

Em seus pensamentos, ela se perguntava como terminaram daquela forma, no porquê de terem se afastado quando, desde que se conheceram, pareciam alimentar um desejo mútuo de estarem próximos. Em seu íntimo, aquela estranha, e crescente, sensação de familiaridade.

— Esse livro é realmente bom? — Taeyang perguntou, de costas para ela que estava sentada sobre a cama — Dizem que é o melhor da Shin Kyung-Sook.

— Oh… Sim — respondeu sendo pega de surpresa, perdida em seus pensamentos, a mesma página aberta há vários minutos, disfarçou — Está sendo uma leitura muito boa…

— Ainda não li esse, mas pretendo, em breve — continuou virando-se brevemente para ela, e ela sentia o estômago gelar por estarem tendo aquela conversa, uma conversa tão banal, mas que era capaz de lhe fazer sentir tantas coisas profundas.

— Eu recomendo… É realmente muito bom. Se quiser, posso te emprestar o meu assim que terminar. Já li mais da metade…

Por que eu disse isso? Por que eu ofereci meu livro? Ele pode muito bem comprar quantos livros quiser e quando bem entender. Deixe de ser estúpida, Kim Na Na.

— Seria muito bom que me emprestasse o seu — ele, olhando para ela, lhe ofereceu um sorriso carinhoso — Mas não se apresse… Leia à vontade e, quando terminar, estarei esperando o empréstimo.

— Tudo bem… — respondeu sem graça.

— Está gostando daqui? Do hotel? Gostou da comida?

— Ah… Sim. Está tudo muito bem. A comida é muito boa mesmo. Estava tudo ótimo, obrigada.

— Não agradeça. Faz parte do nosso trabalho e é bom desfrutar dessas oportunidades, mas percebo que não está se sentindo muito à vontade comigo…

— Não, não… Não é isso… — pare de asneiras, Na Na. Não deixe ele pensar algo assim — A empresa já me levou para hotéis incríveis, mas… Só acho esse quarto muito luxuoso… Nunca estive em um desse antes…

— Também achei um pouco exagerado, na verdade — ele comentou olhando brevemente ao redor — Acho que essa é a suíte presidencial. Ainda não entendi o que aconteceu com nossas reservas, mas já que estamos aqui e está tudo pago, vamos aproveitar como pudermos…

— Sim… Claro — tentando disfarçar a ansiedade, sorriu em agradecimento por ele entender seu sentimento.

— Você pode vir aqui? — Taeyang a chamou e Na Na sentiu como se o coração fosse explodir de excitação — Quero te mostrar uns gráficos que preparei para a reunião de amanhã a tarde…

— Claro… — respondeu respirando mais aliviada, indo até ele e sentando-se ao seu lado enquanto, inebriada pelo aroma de sua pele recém lavada, tentava se concentrar no que ouvia.

Um tempo depois decidiram que deveriam dormir. O dia seguinte seria corrido diante dos eventos e reuniões que iriam cobrir e Na Na, sentindo-se totalmente desconfortável por obrigar o herdeiro Wang a dormir no sofá, o preparou da melhor forma que pôde.

— Ainda acho que eu deveria dormir no sofá, Taeyang…

— Não fale bobagens, Na Na — ele respondeu com um sorriso tranquilizador para ela, que organizava lençóis e travesseiros — Esse sofá é muito confortável, mas, mesmo assim, não seria justo que você dormisse nele…

— Sei que não vou conseguir convencê-lo do contrário…

— Realmente, não vai — ele piscou o olho para ela e, novamente, Na Na sentiu o coração palpitar. Sabia que esses dias seriam os mais difíceis de sua vida.

— Então… boa noite…

— Boa noite, Taeyang…

Na Na respondeu e se direcionou até a cama, deitando-se em seguida. De onde estava, sob a penumbra do quarto escuro, conseguia visualizar o contorno do corpo de Taeyang e, de alguma forma, sentia-se tentada a dormir ao lado dele, mesmo que tivessem de dividir o sofá.

Batendo nas têmporas com certa ignorância, se obrigou a virar para o lado oposto, fechando os olhos com força a fim de evitar que seus pensamentos tomassem conta daquela noite. Precisava dormir, o dia seguinte seria corrido e estava a trabalho, portanto, não deveria, de forma nenhuma, ter seus pensamentos desviados.

E foi isso o que ela decidiu. Passaria os dias que seguiam da forma mais profissional que pudesse. As conversas, ela iria optar por temas que envolvessem a empresa e, nos momentos em que estivessem a sós, tentaria manter-se o mais ocupada possível.

O dia fora proveitoso. A primeira exposição foi melhor do que poderiam imaginar e durante as negociações após o almoço, Taeyang parecia uma criança que acabara de ganhar um brinquedo que queria muito. Ela sorriu junto com aquele sorriso, se animou junto da animação que ele transmitia. Era, realmente, impossível permanecer impassível perto daquele Wang.

Após a reunião da tarde, que demorou menos do que imaginaram, Taeyang, alegre com o resultado positivo que obtiveram com os investidores alemães, resolveu levar Na Na para comemorarem em algum lugar fora daquele hotel.

Decidiram visitar o Complexo de Palácios de Ch'angdokkgung² e o rapaz, parecendo um guia turístico que acabara de ser promovido, explicou para Na Na ponto a ponto sobre as muitas coisas presente ali, desde os reis da dinastia de Choson, do Jardim Secreto aos quatro palácios principais.

— Meu pai sempre nos falou que somos descendentes diretos da dinastia Goryeo… Coisas que o vovô contava para ele — Taeyang falava durante o passeio, os dois, lado a lado, caminhando pelos muitos monumentos — É interessante pensar sobre isso, embora, às vezes, eu acho que ele falava essas coisas só para nos mostrar a importância do nome e da empresa…

— Não pense assim. É sempre bom sonhar um pouco e é ainda melhor que você ainda lembre dessas coisas…

— Você tem razão! Agora que estou aqui, é como se conseguisse reviver cada uma das histórias que papai nos contou, como nosso país foi formado e todas as lutas por poder, pelo trono… Era interessante, mas foi muito trágico…

— Com toda certeza é interessante, ainda mais tendo a possibilidade de um de seus ancestrais ter sido parte de tudo isso. O melhor a fazer é focar na parte boa da história — Na Na o observava com encanto. Taeyang parecia outro, tão despojado e feliz.

— Fico imaginando quem eu seria se tivesse vivido naquela época… — divagou passando por um dos castelos.

— Provavelmente um nobre e belo príncipe — Na Na falou carinhosa e ele a olhou curioso — Tenho certeza que seria um príncipe gentil e amável, aquele por quem o povo mais teria apreço…

— Você acha isso? — ele parecia encantado com aquela afirmação.

— Tenho absoluta certeza — ela confirmou, a mão chegando ao rosto do rapaz gentilmente. Ele fechou os olhos e colocou sua mão sobre a dela em resposta ao toque. Choques de excitação percorrendo o corpo de ambos.

— Não se distancie de mim novamente, por favor… Não permita que eu te distancie mais uma vez.

— Isso não vai voltar a acontecer — ela parecia tão firme em suas palavras que Taeyang sentiu o coração esquentar de paz — Vamos continuar? Ainda tenho muito o que conhecer.

E os dois continuaram o passeio, de mãos dadas. Sorrisos e uma sensação reconfortante os envolviam ao caminharem e se divertirem naquela cidade, longe de falsas acusações, de mentiras e intrigas. Juntos viram a tarde tornar-se noite e, ainda de mãos dadas, voltaram para o hotel.

Ali, os dois jantaram continuando aquela boa sensação de todo o dia. Na Na, a cada instante mais tranquila e à vontade, feliz por estar ali, fazendo parte de todo aquele momento com ele.

Vê-lo sorrir lhe aquecia seu espírito e fazia com que sentisse ainda mais desejo de vivenciar situações como aquela ao lado dele. De repente, agradeceu intimamente por ser ele ali, com ela, e por estar com ele naquele lugar.

— Assim que chegarmos vou enviar um e-mail com o relatório de hoje para Eujin… Ele vai fica animado com isso… — os dois conversavam dentro do elevador do hotel que os levava para a cobertura.

— Certamente que vai. Você foi ótimo com os alemães — Na Na tinha um brilho satisfeito no olhar.

— Nada disso poderia ter sido alcançado sem a sua ajuda… Ainda temos algumas reuniões pela frente, mas tenho certeza que tudo irá dar certo porque você é parte disso… E está aqui, comigo…

— Claro que sim — ela respondeu um pouco sem graça — Vai dar tudo certo, da melhor forma possível…

— Estou agitado — Taeyang comentou assim que fecharam a porta do quarto do hotel, retirando o elegante terno que usava e o dispensando sobre o sofá.

— Já percebi — Na Na concordou brincalhona tirando a gravata dele de sua bolsa, lhe entregando em seguida.

O toque das mãos provocou mais um turbilhão de sentimentos entre os dois. Era quase impossível controlar os impulsos quando estavam tão perto, e a sós. Na Na, em choque, olhou para Taeyang que, por um breve momento, pensou em avançar alguns passos e lhe dar um abraço, tentando avançar também a história dos dois, mas não poderia, não sem sua permissão.

Mesmo que tivessem partilhado momentos felizes juntos naquela tarde, mesmo que tenham estado de mãos dadas, nada se comparava àquilo, a estarem juntos, sem testemunhas. O sentimento era intenso demais.

— Na Na, já te falei antes e vou repetir… Jamais farei nada que você não queira, não quero invadir o seu espaço nem ser um peso em sua vida. Se é a sua amizade o que tem para me oferecer, eu ficarei satisfeito com ela, apenas não quero te ver sofrer, não quero te ver mal…

— Eu estou bem, Taeyang, de verdade. Obrigada — ela respondeu simplesmente, mas seu coração continuava martelando sentimentos que ela se esforçava em reprimir.

— Vai tomar banho primeiro? — o rapaz perguntou tentando encerrar aquele momento.

— Não… Pode ir. Eu espero — tentou forçar um sorriso enquanto respondia.

— Tudo bem… Vou então.

Na Na sentou-se sobre o sofá, descalçando os saltos, e sua mão, involuntariamente, deslizou por cima do travesseiro onde Taeyang repousou a cabeça na noite passada. Era difícil manter-se firme quando ele estava tão próximo dela.

Sentindo-se cansada, respirou profundamente e, como um martelo em sua cabeça, recordou das palavras ditas por Mi Ok e da sua confissão às amigas.

"...você não quer passar quatro dias com ele 'trabalhando' por que tem medo de não resistir e se jogar nos braços dele, correto?"

"Acho que você precisa viver. Precisa amar alguém que te ame de volta por quem você é… Se dê a oportunidade, Na Na… Apenas aproveite o que a vida te proporciona."

"Eu estou apaixonada por ele, sim… Na verdade, acho que estou apaixonada por ele desde que o conheci…"

— Eu estou apaixonada por ele, sim…

Repetiu as palavras para ninguém em específico, ou para seu inconsciente que ainda tentava persuadi-la em lutar contra o que sentia, contra o que desejava.

De repente, seus ouvidos foram atraídos pelo barulho abafado do chuveiro ligado fazendo seu peito bater descompassado novamente.

As pernas, trabalhando independentes, levantaram seu corpo e seguiram, pé ante pé, com velado receio, pelo corredor que a levaria até o banheiro, o som do chuveiro cada vez mais alto, seus desejos cada vez mais intensos.

De frente à porta, recostou-se contra ela, os pensamentos divagando em todos os momentos que ele a ajudara, em todas as vezes que ele demonstrara seus sentimentos, mesmo sem falar sobre eles. Pensou em todos os sorrisos que fluíam quando estavam próximos e como eles eram uma reação tão normal de seu corpo quando se tratava de Taeyang.

Lembrou das promessas feitas, dos abraços reconfortantes e do beijo trocado naquela tarde tempestuosa. Era ele, era sempre ele quem estava ao seu lado quando parecia que tudo dentro dela ruía, era ele que ela desejava ao eu lado lhe segurando e lhe impedindo de desmoronar. Era nele que ela pensava em seus piores momentos. Era com ele que ela queria compartilhar suas maiores alegrias.

Consciente do que estava prestes a fazer, segurando a fechadura da porta e a abrindo em seguida, Na Na prendeu a respiração ao se deparar com aquele ambiente aquecido pelo vapor da água, e igualmente quente pelos sentimentos que a tomavam por completo.

Entrou e permaneceu em silêncio, ao lado do box, sem se deixar perceber, o coração em ponto de sair pela boca enquanto pensava, sem conseguir entender, no tempo que perdera se enganando sobre o que sentia, sendo desperta em seguida daquele breve pensamento pelo barulho da porta batendo às suas costas.

Por um milésimo de segundo ela pensou em voltar, em sair imediatamente daquele lugar e fazer de conta que nada acontecera, mas fora exatamente naquele mesmo milésimo de segundo que, dentro de si, uma voz falou "não". Foi naquele mesmo instante que seus olhos, focados no vidro levemente transparente daquele box, encontraram os olhos de Taeyang que, assustado, deu um passo para trás, abaixando as mãos para tentar ocultar seu corpo.

— Na Na… — a voz dele parecia tensa e nervosa por trás daquele vidro — Se você precisa usar o banheiro, eu já vou sair…

Mas Na Na não respondeu e, para a surpresa de Taeyang, se encaminhou até a porta do box, olhando em seus olhos de uma forma intensa como ele nunca vira antes.

— Eu… — ele se virou, nervoso, a água do chuveiro agora escorrendo por suas costas. Não conseguia raciocinar — Eu…

Na Na finalmente decidiu e deixando que seus sentimentos falassem mais alto que sua razão, que seus medos, abriu a porta do box e o tocou nos ombros, ele permanecendo de costas, o abraçando antes de virá-lo para ela e focar profundamente seus olhos.

Taeyang, ainda surpreso, o peito movendo-se rapidamente em resposta à respiração acelerada, levou alguns instantes para se dar conta do que estava acontecendo: Kim Na Na, a mulher de seus sonhos, estava ali, com seu belo vestido de cor coral, com as mãos apoiadas em seu peito, em pontas de pé, debaixo daquele mesmo chuveiro, beijando seus lábios.

Ele correspondeu. Depois do susto inicial, lentamente, as mãos do rapaz se posicionaram em sua cintura, aproximando mais os corpos dos dois, abraçando-a como se a impedisse de deixá-lo enquanto o beijo continuava, se intensificava, e a água molhava por completo o vestido que ela usava.

A medida que Na Na sentia o coração palpitar e as pernas vacilarem sob o peso de seu corpo, Taeyang se perdia com o toque de seus dedos em sua nuca, em seus ombros e costas, com movimentos pressurosos, como se tentasse reaver todo o tempo que permaneceram separados, sendo tomado rapidamente pelo desejo de estar com ela, perdido e envolvido naquela situação.

— Na Na — ele interrompeu aquele momento e a voz rouca provocou calafrios nela. Diante de seus olhos, a água do chuveiro jorrando sobre seus cabelos, escorrendo em seu rosto, emoldurando aquele homem de uma forma extremamente sexy — Eu não quero fazer nada que você não queira ou que faça com que você se arrependa depois… eu…

— Tayeang — ela o calou colocando o dedo indicador sobre seus lábios — Eu não vou me arrepender depois… Eu não quero ter que continuar fingindo o que eu sinto por você. Eu não quero que você me ofereça apenas a sua amizade… Eu quero estar com você, Taeyang… Eu sempre desejei estar com você…

O olhar cúmplice entre os dois confirmou o sentimento que existia entre eles. Na Na, de repente, sentiu o corpo ser pressionado, dando alguns passos para trás e se viu presa entre a parede do box e aquele homem, quente e apaixonante, perdida em um mar de novos sentimentos, sentindo os lábios de Taeyang percorrerem seu pescoço e ombros enquanto suas mãos a seguravam com força, mantendo-a perto dele, numa urgência desesperadora.

Ela, deixando-se levar por tudo o que sentia, correspondeu o que lhe era ofertado com igual urgência, envolvendo os dedos nos cabelos dele, arqueando a cabeça e permitindo que os lábios, ágeis, percorressem ainda mais seu pescoço e lóbulo, lhe proporcionando arrepios incontroláveis por todo o corpo.

O rapaz apertava cada vez mais o corpo dela contra a parede, se aproximando intensamente. Em seus pensamentos, aquilo era algo que parecia irreal, mas que ele não poderia negar desejar por muitos anos.

Sentindo a pressão dos dedos de Na Na em suas costas, apertando seu corpo ainda mais contra o dela, se permitiu avançar, temeroso sobre como ela reagiria, e abrir os botões do seu vestido, que ela permitiu deslizar por seu corpo até o chão, chutando o volume de tecido encharcado para longe de seus pés e se permitindo sentir o que por muito tempo desejara.

***

Ha Jin já havia revirado os olhos infinitas vezes desde que sua mãe ligou na sexta-feira avisando que iria passar o final de semana com ela. Misteriosamente, depois de todos os problemas que havia sofrido nos últimos anos, a mãe havia se aproximado dela mais do que seria esperado. A jovem imaginava que a mais velha temesse que a filha morresse de repente e, por isso, passara a reservar várias horas de sua vida corrida para estar perto dela.

Havia combinado durante aquela semana de passar sábado e domingo recolhida em sua casa na companhia de Mi Ok e de seus edredons fazendo maratonas de vários dramas que estavam em atraso, mas a realidade havia sido outra: aqueles dois dias foram usufruídos faxinando o quarto-sala sob o olhar inquisidor da mãe que insistia em dizer a cada dez segundos que o lugar parecia um pardieiro.

— Eu não acredito que você consegue dormir nesse pardieiro, Ha Jin…

— Mãe… — a garota suspirou, ajoelhada no chão, terminando de tirar o pó da banqueta que servia de apoio para a TV.

— Eu pensei que depois que começasse a trabalhar naquela mansão você criaria vergonha na cara e alugaria um lugar melhor…

— Eu gosto daqui… Me acostumei…

— Sim… Essa é a resposta que você insiste em repetir faz tempo — a mais velha continuou enquanto Ha Jin se levantava, encerrando sua escravidão — Queria que te expulsassem daqui, aí você teria que procurar um lugar melhor.

— Mas aqui é tranquilo, mãe. E os vizinhos já me conhecem… sei onde fica tudo. É cômodo.

— Mas um pardieiro…

— Não vai comer antes de voltar para casa? — perguntou observando a mãe remexer nas bolsas, querendo mudar o foco da conversa.

— Não. Nós comemos o dia inteiro, menina. Já não tenho mais idade de comer demais. E você também, deveria cuidar mais do seu corpo. Como vai conseguir um marido desse jeito?

— Mãe… Não começa, por favor…

— Você já tem quase trinta, menina. Além de ter perdido todos aqueles anos com aquele cafajeste imundo, ainda passou todo aquele tempo no hospital. Seu histórico de namorados não é nada animador… Sua vida não é nada animadora. Se não cuidar de sua aparência, acha que um bom partido vai se interessar por você? Você não é uma Cinderela ou qualquer tipo de herdeira rica, mas é bonita sim, só precisa se cuidar mais — falou ao se aproximar da mais nova, acariciando seu rosto com carinho — Quero o seu melhor, minha filha. Não viva apenas para o trabalho, tudo bem? Se divirta.

— Tudo bem, mamãe — a outra respondeu com um sorriso discreto

— Já vou agora. Mantenha esse pardieiro limpo. 

— Vou tentar...  

— Tentar?

— Vou acompanhar a senhora — Ha Jin se apressou brincalhona, amarrando o cabelo em um coque alto, indo até a porta com as bolsas da mãe.

— Você só me dá trabalho, menina...

— Vou tentar melhorar — sorriu para a mais velha fazendo uma cara meiga.

— Que tal um encontro às cegas?

— Não!

As duas caminharam lado a lado conversando sobre amenidades, a mais nova carregando uma das bolsas da mais velha. Eventualmente Ha Jin sorria das coisas que a mãe falava e, observadas de longe, eram parecidas, tinham o mesmo sorriso e a mesma expressão.

— Eu deixei kimchi, seolleongtang, frango e algumas ervas na geladeira. Você precisa parar de se alimentar apenas com lámen. Vai morrer mais rápido desse jeito. E pare de ficar se embebedando com a sua prima. Você toma remédio controlado, sua biruta e não é esse o tipo de diversão que eu falei antes — reclamou batendo com uma bolsa nas costas da filha, na parada de ônibus.

— Ai, mãe… Não faça isso…

— É para ver se você cria um pouco de juízo…

— Como ficou sabendo da Na Na? — Ha Jin perguntou enquanto esfregava as costas.

— Sua tia me contou. Duas irresponsáveis. E ainda tem aquela menina louca, Mi Ok. Não sei de vocês três qual é a pior…

— Desculpe…

— Peça desculpas à sua saúde. Não sabe os problemas que o excesso dessas bebidas provocam? As pessoas fazem loucuras quando bebem além da conta…

— Eu sei, mamãe… Eu sei — respondeu de cabeça baixa, consciente que era uma dessas que falava demais.

Ha Jin, enquanto preparava seu lámen para o jantar dias antes, teve vislumbres sobre a bebedeira que havia compartilhado recentemente com as duas amigas. Lembrou-se com desespero cada uma das palavras que havia dito para Mi Ok e desejou em seu íntimo que a amiga acreditasse que fora apenas um delírio alcoólico.

— Então deixe de ser irresponsável e se cuide…

— Sim…

— Na Na ainda está viajando? — Ha Jin percebeu um leve tom de preocupação na voz da mãe.

— Acho que ela deve ter voltado ontem, mas não cheguei a falar com ela ainda.

— E como ela está? Aquele ex dela… O que tem de rico tem de ruim, aquele pilantra, escroto e trapaceiro. Na Na é uma garota tão gentil… Como perdeu tanto tempo com aquele embuste?

— Ela está bem, mãe. Ela está bem… Bem melhor que antes, com certeza. Agora pare de falar das pessoas assim…

— E o que ele é, afinal? Vai defender agora só por que está trabalhando para ele? — perguntou, o tom levemente alterado, suspirando e resmungando em seguida — Que azar esse meu e da minha irmã. Como duas primas podem ter tão mau gosto para escolher namorados?

— Mãe…

— Tá bom, tá bom… Mas não pode negar que é verdade. Não sei a quem vocês puxaram para darem tanto trabalho. Duas moças tão bonitas e inteligentes…

— Olha, mãe… Lá vem o ônibus — Ha Jin apontou fazendo bico, irritada com aquela reclamação, tentando encerrar logo com aquilo.

— Pare de birra e não revire os olhos quando estou falando com você.

— Como…? Como sabia? — perguntou espantada.

— Sou sua mãe, criatura. Te conheço melhor que ninguém. Por favor, se cuide. Estou de olho em você — a mãe falou despedindo-se, surpreendendo a mais nova com um abraço rápido e apertado — Me ligue se precisar de alguma coisa e mantenha aquele pardieiro limpo.

— Sim… — murmurou — Me avise quando chegar em casa.

...

Sentada sobre o tapete, após um banho e confortavelmente vestindo seus pijamas, Ha Jin encarava a nova cara de sua moradia agora que o trabalho havia sido feito. Estava realmente mais espaçoso, parecia até mais claro. Se levantou e foi até a cozinha com uma sensação de felicidade reconfortante dentro dela, mesmo que suas costas doessem pelo excesso de esforço repentino.

Olhou a geladeira e viu bem mais comida do que a mãe havia dito que deixara. Sorriu. Amava a mãe apesar de tudo, e com aquele sentimento bom dentro de seu coração, abriu a janela, permitindo que a claridade do sol vespertino, tímido naquela tarde fria de domingo entrasse, ouvindo o som da campainha logo em seguida.

— Ah… Mi Ok, se tivesse chegado uma hora antes mamãe teria batido em você — comentou ao destrancar a porta, o sorriso largo dando lugar a olhos arregalados e boca dramaticamente aberta em 'O' — O… O que…

— Boa tarde, Ha Jin. Será que eu posso entrar?

Ela tentou movimentar as pernas e sair de onde estava. Tentou falar algo verdadeiramente coerente, mas a presença de Wang Shin na sua frente, em sua casa, havia desestruturado qualquer sinal de sanidade que poderia existir nela.

— Como ainda não bateu a porta na minha cara, acho que posso — ele falou se adiantando, passando por ela, tirando os sapatos e adentrando na pequena sala-quarto que era aquela casa — Uau… Parece que você trabalhou bastante esse final de semana. Esse lugar até se parece com um lar agora. Está até mais claro… Gostei!

— O-que… que… ?

— O que estou fazendo aqui? — ele continuou, sentando sobre o tapete onde ela estava minutos atrás — Estava me sentindo entendiado naquela mansão. Pensei em algum amigo que pudesse chamar para beber, mas lembrei que não tenho muitos por aqui… Então pensei em você. Resolvi vir te visitar.

— Oh… Eu?

— Sim, você…

— Mas…

— Você poderia começar me dizendo o que temos de bom para fazer por aqui…

Ele parecia tão à vontade que Ha Jin se sentia constrangida em sua própria casa. Ela ainda poderia responder àquela pergunta com um simples "podemos nos beijar", "passarmos a noite juntos" ou "ficarmos juntos para sempre", mas deixou aqueles pensamentos na imaginação virando-se para finalmente fechar a porta, agradecendo que a mãe a tivesse obrigado a limpar a casa, assim como se maldisse por ter colocado aquele pijama ridículo após o banho.

— A sua casa tem um ar tão agradável…

— Você acha? — perguntou envergonhada, pegando um casaco e o vestindo, tentando diminuir seu desespero.

— Sim… Não sei o motivo, mas desde aquela vez que vim te buscar eu tenho essa sensação de…

Ele parou a frase e a olhou levemente assustado com o que disse. Ela o olhou com olhos arregalados, igualmente assustada. Ambos sabiam que aquela primeira carona, de tempos atrás, havia sido planejada pelo herdeiro que não precisava, sabendo que a moto estava estacionada em frente ao prédio, visitar a casa da garota antes de ir embora.

— Acho que… porque costumo me divertir muito aqui — Ha Jin tentou manter uma conversa normal com aquele homem, mesmo que a situação fosse absurdamente estranha.

— Se diverte? Como? — o olhar inquisidor arrepiando a espinha da mulher.

— Ah… Eu e minha prima, Na Na. Minha amiga Mi Ok, você a conheceu… Conversamos muito aqui, nos divertimos, vemos dramas e cantamos juntas. Coisas assim… — explicou imaginando que perderia o pescoço caso Wang Hansol sequer imaginasse que um dos filhos estava ali, mas ele não sabia e se ela não contasse, ele nunca saberia.

— Pode ser isso… Mas é realmente muito bom estar aqui…

— Talvez a companhia também ajude — brincou e novamente aquele clima se instalou entre os dois.

— Então quer dizer que, agora, você é a causa de eu me sentir bem na sua casa? Acho que está havendo uma supervalorização aqui…

Shin sorriu tão abertamente que ela não conseguiu ignorar e sorriu junto. Ele parecia tão à vontade ali e mesmo que fosse inusitado ter aquele homem em sua casa, começou a sentir-se feliz que fosse ela que ele tivesse procurado naquele momento.

— Mas o que vamos fazer? Decida de uma vez — ele voltou a perguntar.

— Hmm… Não sei. Estava pensando em passar o resto do dia vendo dramas, mas acho que você não iria gostar…

— Dramas? — ele a olhou desconfiado — Até gosto de alguns, os mais históricos. Talvez um outro dia... Hoje não.

— Um filme, então? — ela continuou, uma sensação de alegria por aquele "talvez um outro dia" — Tenho alguns aqui… A gente pode comer pipoca, que tal?

— Mais alguma opção?

Ele perguntou novamente e ela o encarou. 'O que você quer que eu diga, afinal?' Aquele homem continuava sendo uma incógnita em sua vida. Ter desvendado tantos mistérios e sentimentos de Wang So não fora o suficiente. Ha Jin se via, agora, diante de um novo desafio: Wang Shin.

— Você já comeu? — a garota preferiu mudar o foco — Minha mãe deixou um monte de coisas na geladeira e faz um tempo que não como kimbap… Quer me ajudar a fazer?

— Gostei do desafio, governanta — ele sorriu largamente, se levantando.

— Então vou me trocar e já volto.

Respondeu, agradecendo aos céus que pudesse colocar uma roupa mais decente, mesmo que precisasse de técnicas de contorcionismo para se trocar no banheiro. Ao abrir a porta, encontrou Shin parado, em silêncio, diante da janela.

— Você tem uma boa vista do bairro daqui — ele observou virando para ela — Definitivamente gosto desse lugar.

— Com o dinheiro que você tem poderia comprar essa rua inteira — ela comentou e ele semicerrou os olhos.

— Quanta acidez… — murmurou e ela sorriu.

— Também gosto daqui — Ha Jin, ainda desconfortável, voltou com um moletom vermelho, o cabelo novamente amarrado em um coque alto. Colocou os pijamas sobre o edredom e se encaminhou para a cozinha, sendo seguida pelo rapaz — E se você comprasse a rua, poderia negociar meu aluguel com você…

— E quem te disse que eu negociaria?

— Não seja tão cruel — sorriram novamente — Mamãe veio aqui esse final de semana e disse que deixou kimchi e sulleongtang, mas a verdade é que tem comida suficiente para abrir um restaurante.

— Que exagero, Ha Jin…

— Nenhum, Shin — continuou mexendo na geladeira, olhando nos potes os variados tipos de alimentos, estranhando tudo aquilo, toda aquela aproximação — Por favor, pegue uma vasilha no armário — pediu, abaixada diante da geladeira.

— Aqui — o outro lhe ofereceu instantes depois, segurando a vasilha diante dela.

— Obrigada — ela o olhou de baixo. Ele usava um moletom cinza, tão despojado e jovial. O semblante estava tranquilo, tão diferente daquele conhecido meses atrás — Como vão as coisas na mansão? — perguntou enquanto depositava os alimentos no objeto.

— Tudo na mesma… Mas não quero falar da mansão…

— Tudo bem — ela anuiu e levantou depois de um pequeno silêncio onde escolheu tudo o que precisava — Então vamos trabalhar!

— Sim, senhora — brincou fazendo continência, dobrando as mangas e lavando as mãos em seguida. Ha Jin fazendo o mesmo e a aproximação dos dois ao dividirem a mesma torneira os deixou tensos por um breve momento.

— Vamos começar fatiando a cenoura, o pepino e a bardana… — ela ia falando ao passo que separava os ingredientes sobre a bancada — … também tem espinafre, acelga… Acho que vou colocar ovo frito também…

— Será nosso jantar? — ele perguntou escolhendo uma faca.

— Sim… Você vai comer o melhor kimbap da sua vida. Pode esperar… — aquela sensação era reconfortante.

— Claro que será o melhor. Estou contribuindo na preparação. É mais que normal que fique muito bom.

— Oh… Mas que presunçoso — ela respondeu divertida, dando um soco de leve no ombro do rapaz. Ambos se olharam depois daquele movimento e ela, mais uma vez, tentou mudar o foco antes que pudesse fazer algo errado. Estavam próximos demais. Se afastou — Acho que tenho arroz pronto na geladeira… E kani…

Enquanto picava cenouras, pepinos e outros legumes ao lado de Ha Jin, Shin se pegou imaginando como seria sua vida se, por alguma interferência do destino, pudesse viver daquela forma para sempre.

Percebeu, segundo após segundo desde que chegara na casa da governanta, o quanto ela ia relaxando e se permitindo divertir-se com a sua presença. Ela sorria abertamente agora, das suas piadas, das suas cenouras mal picadas ou das caretas que ele fazia sempre que ela falava que cozinhava muito bem. E como o som da sua risada era reconfortante…

Não sabia por que havia ido até ali. Não sabia o motivo de ter sentindo sua falta, de ter tido vontade de vê-la. Também não sabia se ela sabia, mas a forma que suas bochechas tomavam quando ela sorria era graciosa, ainda mais quando seus olhos quase fechavam e ela, tentando parecer mais controlada, levava a mão até o rosto, escondendo os lábios tão rosados enquanto a mecha do cabelo solta remexia de acordo com os movimentos que ela fazia. E seus olhos… Ela tinha olhos tão profundos, tão intensos… Ele se desconsertava quando ela o olhava daquele jeito.

— O que foi? — ela perguntou depois de mais um acesso de risos, ele em silêncio, olhando-a.

— Nada… — tentou disfarçar o embaraço — Você sorri bastante fora da mansão…

— Ah… Lá é o meu local de trabalho — ela tentou justificar, estendendo uma alga sobre a esteira, focada em sua nova tarefa — Não seria muito profissional da minha parte se ficasse sorrindo pelos corredores ou se chamasse meus patrões para prepararem as refeições no meu lugar…

— Essa sua língua é realmente afiada, não é? Sua engraçadinha — ralhou em um tom divertido, lhe dando batidinhas na cabeça, Ha Jin o olhando profundamente em resposta ao toque, lembrando-se de como So fizera aquilo com ela. Ele lhe retribuiu o olhar e o toque parou, os dois estáticos se encarando.

— Quer preparar o primeiro? — Ha Jin perguntou desviando-se de suas lembranças e daquele constrangimento, temendo não suportar controlar seus sentimentos.

— Acho que isso não é tão difícil, afinal… — ele se posicionou diante da esteira agradecendo que ela tivesse lhe trazido de volta à realidade. Concentrado, colocou as camadas de ingredientes, começando pelo arroz, partindo para os ovos e vegetais, refletindo, enquanto enrolava a alga, o quanto ela, assim como ele, se desconcentrava quando se olhavam.

O que está acontecendo?

Ha Jin sentia como se toda a sorte do mundo tivesse sido lançada sobre ela. Wang Shin, o seu So, ao seu lado, preparando kimbap. Ela tinha que fazer um esforço sobre humano para que seus olhos não se embargassem, para que sua garganta não fechasse com seus pensamentos… Para que não se lançasse sobre ele e o abraçasse, o beijasse como há tanto desejava.

Shin não fazia ideia sobre o passado que tivera, sobre a nova chance que a vida lhe dava e de como quase nada havia mudado. Ela sentia, assim como sentiu quando se viu em Goryeo, que tinha em suas mãos a possibilidade de mudar o destino daquelas pessoas, daquele homem e, independente de qual fosse o seu futuro, tentaria com todas as suas forças fazer as melhores escolhas dessa vez. Não poderia fazer escolhas erradas. Não podia abandoná-lo… Não dessa vez…

— E então? — ele perguntou, lhe tirando de seus pensamentos. Os kimbaps já cortados — Acho que fiz um bom trabalho, afinal…

— Hmm… Está aparentemente muito bom  — ela o olhou e continuou, pegando o molho — Se nada na nossa vida der muito certo, ainda podemos nos unir e montar um restaurante de kimbap...

— Trato feito? — ele perguntou lhe oferecendo o dedo mindinho. Ela se surpreendeu.

— Trato feito — ela respondeu selando o acordo.

— Mas devemos considerar que você teve uma ótima professora nesse primeiro momento.

— Uma ótima professora, extremamente modesta...

Sorriram. Um tempo depois, os dois, sentados displicentemente em frente da TV, comiam kimbap com refrigerante e viam a reprise de Infinite Challenge³. Shin, em um dos momentos de gargalhada, cuspiu parte do kimbap e Ha Jin gargalhou junto, tanto da cena do programa que pediu que um convidado soprasse uma vela com a cabeça enfiada em uma meia-calça, como de seu companheiro de diversão que, agora, enxugava os olhos lacrimejantes de tanto sorrir, tão livre.

Entre ocasionais toques de mãos, olhares constrangidos e gargalhadas nervosas, os dois "amigos" aproveitaram a tarde e início de noite daquele domingo. O sentimento de tristeza os alcançando um tempo depois quando, próximo das nove horas da noite, Shin decidiu que deveria voltar para casa, os dois, porém, com o coração cheio de novas sensações, algumas já conhecidas, outras completamente novas.

***

CENA BÔNUS + 16

Na Na sentiu um comichão no alto do estômago quando seu corpo foi erguido pelos braços de Taeyang, se aconchegando nele. A banheira, preparada minuciosamente pelo rapaz, estava pronta para o banho que ele havia lhe prometido tão logo chegassem da reunião daquela tarde.

Ainda usava o vestido que havia separado para aquela tarde de negócios, discreto e que lhe deixava com um ar mais executivo do que o que ela já tinha. Ele, vestido apenas com a calça social, lhe provocou arrepios e aquela sensação desconhecida e tão agradável tão logo suas peles se encostaram.

O banheiro estava aquecido e exalava um aroma agradável, cítrico e envolvente, só não tão envolvente como aquele homem que, sentado sobre a borda da banheira espumada, lhe tinha sobre as pernas e beijava seu pescoço com uma sensualidade que ela jamais imaginou que ele tivesse.

Estava envolta naquela situação, estava entregue nas mãos dele, entregue aos seus beijos, carícias e sussurros. Estava entregue ao sentimento que insistiu em não entender ou acreditar por longos quatro anos. Se entregava por completo a Wang Taeyang.

A colocou de pé, as mãos deslizando por seus braços, encontrando seu zíper e ajudando seu vestido a deslizar por seu corpo, eriçava sua pele, lhe provocava arrepios e esquentava seu corpo de maneiras tão distintas, tão intensas, nunca sentidas antes.

Seus dedos, astutos e provocadores, pressionavam cada centímetro da pele de suas costas, criando caminhos entre seus arrepios, encontrando, espertos, o fecho do sutiã rendado antecipadamente escolhido por ela que, em sua ânsia de estar novamente com ele, desejou aquele contato cada segundo daquele dia.

Na Na sentiu que poderia explodir a qualquer instante quando os lábios de Taeyang beijaram seus seios. Submersa naquelas sensações, ignorou por completo suas mãos removerem a última peça de roupa que ela ainda usava. Mas ele parou. De repente, e sem nenhum aviso prévio.

Levantou-se e, sob um sorriso capaz de desestruturar a sanidade que ela já há muito deixara de lado, lhe deu a mão e a ajudou a entrar na banheira, esperando que ela sentasse e fosse rodeada pela espuma perfumada em uma visão completamente deslumbrante, uma visão que fizera seu peito palpitar e seu corpo dar novos sinais da sua paixão por aquela mulher.

A jovem sentiu o rosto esquentar quando Taeyang, sem roupas, adentrava na banheira também. Não era possível descrever todos os sentimentos que ele conseguia lhe fazer sentir. Era totalmente incrível esse dialogismo entre a timidez e a necessidade de estar em seus braços.

Era ainda mais incrível sentir todo o corpo reagir apenas ao olhá-lo, ao esperar que ele, sentando-se também, se aconchegasse por trás dela, que ele mesmo amarrasse alto seu cabelo umedecido, a abraçando em seguida, os lábios se movimentando sensualmente em sua nuca, suas mãos e dedos passeando por seu corpo criando caminhos de fogo onde quer que tocassem.

E fora ela que, novamente, não resistiu aos encantos do homem por trás de si. O movimento brusco derramou grandes porções de água pelo banheiro e também assustou Taeyang que, sem qualquer reação, a olhou nos olhos, um olhar profundo e intenso, à espera de seu próximo movimento.

Ela avançou sobre o seu corpo e o beijou sentindo que deslizava pelo excesso de espuma, as mãos dele a sustentando, trazendo-a novamente para seus lábios ao segurá-la pelas coxas, o beijo aprofundado e urgente, suas mãos deslizando pelo corpo dele, apertando a pele nua, rendida. Uma urgência que ela mesma desconhecia, mas que, por seus sentimentos, resolveu ignorar.

Colocou-se sobre ele por completo e sentiu seus corpos se encaixarem mais uma vez numa repetição do que haviam feito na noite anterior. Pareciam terem sido criados para aquilo, para estarem juntos, conectados, proporcionando sentimentos fortes demais para serem simplesmente ignorados, impossíveis de serem explicados.

E ela descobriu, naquele exato momento, que adorava a expressão que o rosto dele assumia quando seus corpos se ligavam. Ela tomou consciência de que não adiantava lutar contra o que sentia havia tantos anos. Entendeu, de uma vez por todas, que era com ele que queria vivenciar tudo o que a vida poderia lhe proporcionar, todos os mistérios que tinha para desvendar.

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Notas finais do capítulo

Deixem seus comentários. O que acharam das interações de hoje? Queremos saber sua opinião ♥

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¹ "Por Favor, Cuide da Mamãe", da sul-coreana Kyung-Sook Shin, publicado originalmente em 2009, é um romance que narra a perceptiva de uma família, com diferentes pontos de vista e uma mistura de narração, após o desaparecimento da mãe.

² Ch'angdokkgung (ou Changdeokgung) é um conjunto de palácios dentro de um grande parque em Seul, Coreia do Sul. É um dos cinco grandes palácios construídos pela dinastia de Choson e, por causa da sua localização a este do palácio de Gyeongbok, é muitas vezes chamado Palácio de Este. Ch'angdokkgung era o palácio preferido de muitos reis da dinastia de Choson e deteve muitos elementos coreanos datados do período dos Três Reinos da Coreia que não foram incorporadas no mais formal Gyeongbokgung.

³ Infinite Challenge (무한도전) é um programa de televisão sul-coreano, distribuído e exibido pela MBC. Ele foi descrito como o programa de variedades da nação e o primeiro programa de variedades real da Coreia do Sul, devido ter sido bem sucedido por mais de dez anos.

PS: A cena de Na Na e Taeyang no chuveiro foi inspirada no drama taiwanês Love Now.

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Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo
Nahm Hye - Woo Hee