Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 45
Por Quanto Tempo Esconder?


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!

Como estão? Espero que tudo ótimo!
Hoje, mais uma vez, na correria pra deixar o próximo capítulo para vocês… Antes, queríamos agradecer o pessoal novo que veio comentar, gostamos muito, e dizer que ficamos um pouco na bad com o sumiço de vários leitores regulares nesse capítulo com um momento do OTP tão legal… Não nos abandonem, gente :’(

Sobre esse, tudo tranquilo (e hoje é verdade, hahah), portanto esperamos que vocês apreciem calmamente cada parágrafo. O arco ainda promete fortes emoções, aproveitem enquanto tudo está em águas calmas, rs.

Ótima semana para todos. Beijos! o/



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Numa manhã relativamente calma na empresa - atualmente eram tantos acontecimentos conturbados naquele patrimônio que seu pai havia criado - Hansol deixou às pressas uma reunião banal que ocorria no andar superior ao seu escritório e lançou-se dentro do elevador apertando os botões com desespero. Andando a passos sutilmente trôpegos entrou no seu recinto particular e encaminhou-se para o banheiro.

Escolhendo a água gelada, sem aquecimento, concentrada nos canos num dia frio de inverno, fez uma concha com as duas mãos trêmulas e banhou o rosto e o pescoço na pia. Tateando a toalha de rosto, ainda de olhos fechados e queixo pingando, se endireitou diante do espelho e avaliou sua tez envelhecida e suas mãos enrugadas enxugando aquela face.

A cada dia era mais difícil encarar o homem no reflexo e constatar que o tempo, de fato, passava veloz e cruel para todo mundo. Ainda ontem, teve amargurada lembrança, seus cabelos eram volumosos e suas sobrancelhas totalmente escuras.

Naquela época ele não passava de um jovem Wang, bonito e galanteador, além de inteligente e astuto como Gun, como Shin, como Taeyang que tanto se parecia com ele… ansioso para que seu pai lhe entregasse a chave da Wang S.A e deixasse seu herdeiro mostrar seus talentos. Um Hansol de trinta anos atrás quase sorriu para o homem de sessenta ali.

“Uma sombra, apenas uma sombra” pensou, entristecido sobre seu ‘eu’ de outrora, o homem a quem ele tinha muitos conselhos a dar e escolhas diferentes a pedir para tomar, terminando de enxugar-se.

Se sentindo ligeiramente mais disposto, ao menos fisicamente, Hansol refez o caminho até o escritório e sentou-se na sua poltrona atrás da escrivaninha absurdamente extravagante. Como de se esperar, aquele era o maior ambiente privado do edifício.

Alocado na quina leste do décimo andar para aumentar a vista do lado de fora, ocupava o espaço de, pelo menos, quatro salas comuns de reuniões e escritórios. O piso e a pedra que compunha a mesa era de mármore fino vindo direto do meio oriente, assim como os detalhes das superfícies do banheiro ao lado, que até uma jacuzzi espalhafatosa usada apenas uma ou duas vezes pelo jovem Hansol em momentos de diversão após o expediente quando casado com sua segunda esposa a eras atrás.

Nas paredes do escritório, nas estantes, não havia muitos livros. As prateleiras eram dedicadas a guardar as dezenas de prêmios e homenagens recebidas pela empresa. Cada filho tinha seu porta-retrato particular por ali também, espalhados isoladamente entre os móveis, afinal nunca fora possível unir todos numa mesma fotografia.

— Hansol? — Yoseob deu uma batidinha de leve na porta, mas não esperou o amigo dizer que ele estava autorizado para poder entrar. Nem a secretária particular do homem anunciava Yoseob, sendo ele o único, até mais que seus filhos (tão irônico), com liberdade total para interromper o dono da empresa quando precisasse.

— Humm… — Hansol resmungou, esparramado no seu assento, observando o céu através da janela, os cotovelos apoiados nos braços da poltrona que comprara em Milão numa viagem que fizera com Ah Ra cinco anos antes.

— Como você está? — Yoseob molhou os lábios, o olhar vacilante, e se sentou no sofá ao lado da escrivaninha.

— Taeyang percebeu alguma coisa? — foi sua primeira preocupação. Ele também estava na reunião.

— Não… Não percebeu — o amigo continuava observando-o com desconforto — Ele continuou muito ocupado prestando atenção nos outros. Ninguém desconfiou de nada, eu acho.

— Isso é bom — Hansol comentou numa voz rouca e profunda. Espiando as nuvens negras que se amontoavam para o lado do distrito de Dongnae, percebeu a aproximação de uma bela chuva até o início da tarde.

Ainda no sofá, inquieto, Yoseob sentia uma necessidade explosiva de dizer o que o afligia em relação a tudo aquilo. Para início de conversa, ele nem queria ser tão próximo de Hansol, não se seu preço tivesse de ser ter que guardar aquele terrível segredo do amigo. Acabou não se aguentando mais e esbravejou:

— Pare de esconder isso deles todos, homem! — bateu as duas mãos nas coxas, agitado — Quando pretende contar a verdade, hein? O tempo está passando Hansol. Esse não é o tipo de notícia que se esconde para revelar no último segundo, igual quando você escondeu de Min-joo que ela estava fora da mansão um dia antes de mandar empacotar a mudança daquela cobra porque queria ser poupado do escarcéu da mulher.

O senhor Wang nada disse e nem sequer se mexeu. Yoseob prosseguiu:

— Não tem cabimento eu ser a única pessoa na sua vida pessoal que saiba disso. Não está nada correto. Amanhã algo sério acontece e eles recairão sobre quem? Sobre mim. Vão me perguntar, vão me responsabilizar! É por causa dessa sua maldita mania de agir como se sempre tivesse as melhores escolhas do mundo que sua vida está como está. Que seus filhos… Seus filhos se transformaram nesses projetos de demônios incontroláveis!

O acionista já havia levantado do sofá, gesticulando e rosnando ao mesmo tempo que andava de um lado para o outro no escritório. Hansol girou a cadeira para frente e encarou o pai de Doh Hea serenamente.

— Nem venha pedir para eu me desculpar, eu não vou — o amigo lhe apontou o dedo falando com veemência — A idade avança e te vejo apenas cometendo mais e mais erros, Hansol.

— É por isso que você é o único amigo que sempre estimei e quis do meu lado, Yoseob. O que seria de mim sem suas palavras nada gentis? — o velho sorriu de leve.

— Que? Ah, pare de tentar me acalmar com seus acessos de vitimismo. Quando contará para eles? Quando vai abrir o jogo para todos? Hein?! — o acionista exigiu.

— Em breve… Em breve. O momento vai chegar logo, eu já não posso mais evitar — constatou mudando o semblante para um mais entristecido.

— Quando?

— Logo depois da Feira de Automóveis… Não quero estragar a conquista dos meninos com essa bomba. Deixe eles pelo menos cantarem essa pequena vitória. Tenho um bom pressentimento sobre tudo isso… Agora acalme-se e pare de berrar ou não conseguirei manter esse segredo por mais um minuto com todo andar escutando seus gritos.

 

***

Aquela já deveria ser a quarta ou quinta vez que Na Na olhava com a maior discrição para o seu lado esquerdo. Estava sobrevoando Busan em caminho a Seul. Na sua mente, mil e um pensamentos sobre o que esses três dias lhe reservavam.

Voltou a olhar pela janela do avião e, contemplando as nuvens, lembrou-se da expressão irritada que Gun lhe dedicou durante toda a semana e dias que antecederam aquele embarque. Ele, que fora enganado pelo irmão mais novo, não havia gostado em nada da situação na qual fora colocado e, em um ataque constante de mau humor, passou a descontar suas frustrações em todo e qualquer funcionário que cruzasse o seu caminho.

Agora, sentada ao lado de Taeyang que, ao contrário do outro, lhe dedicava total atenção e respeito, se sentia estranha por todos os assuntos não resolvidos. Havia concluído tudo com Gun, mas seu relacionamento com Taeyang tendia a ser levado pelos desencontros.

Ele já se retratara por tê-la acusado anos atrás. Ele tinha consciência de que ela jamais o prejudicaria de propósito, mas, além disso, agora aquele clima tenso aumentava e o que mais a angustiava era notar que ele parecia tranquilo, como se nada demais tivesse acontecido, como se não tivessem passado por tantas coisas, como se ele não tivesse lhe dito nada, como se não tivessem se beijado.

— Está tudo bem com você? — ele perguntou para ela, quebrando o silêncio de aproximados dez minutos desde que decolaram — Está tão distante…

—  Estou bem… — respondeu sentindo-se ansiosa — Só quero chegar logo.

—  Queria que você confiasse mais em mim, Na Na — ele continuou enquanto a encarava de seu assento — Queria que você compartilhasse suas frustrações. Gostaria de tentar compreender, ajudar…

— Eu confio em você, Taeyang. Claro que sim. Não é isso — tentou, a face levemente avermelhada — Mas estou um pouco nervosa…

— Sobre o que?

— Não sei, realmente… — desviou o olhar contemplando as nuvens mais uma vez.

— Acho que está desconfortável por estar aqui, comigo — ele concluiu e a moça o olhou com ares de desespero — Acho que acertei.

— Claro que não… — continuou, angustiada. Os grandes vasos de seu pescoço martelando-lhe na pele a cada pulsação  — Não tem nada a ver com você.

— Preferia que eu tivesse ido para Daeugu? — perguntou distraído fitando o encosto do assento à sua frente.

— Claro que não — falou com firmeza chamando a atenção do rapaz de volta para ela — Mas é estranho tudo isso… Minha vida deu um giro e eu não estou sabendo muito bem como levar… Tenho medo do que ela ainda me reserva, sinto que perdi as rédeas de tudo o que construí durante todos esses anos.

— Eu tenho aprendido que a vida é curta demais para nos preocuparmos em controlá-la. Atualmente tenho me focado em apenas viver e aproveitar o que ela tem me reservado. Se você tem medo por ter perdido as rédeas da sua, apenas enfrente o medo. Tome as rédeas novamente e a guie por onde quer ser guiada. Só não alimente o medo, ele é terrível e pode destruir seu futuro.

— Talvez… você tenha razão.

— Talvez… — ele concordou lhe ofertando um sorriso — Apenas viva. Não se arrependa do que passou, aprenda com seus erros e continue o seu caminho.

— Você parece uma amiga minha falando — comentou, o tom um pouco divertido, recordando o conselho dado por Mi Ok dias atrás.

— Ela parece uma boa amiga…

— É sim…

— Assim como é com ela, não tenha medo de falar comigo, Na Na. Não vou te recriminar ou te silenciar. Quero muito fazer parte da sua vida, te apoiar como puder. Não esqueça, estou ao seu lado, independente do relacionamento que tivermos — ela retribuiu o olhar ofertado em silêncio — Tudo bem?

— Sim — concordou reprimindo o desejo de lhe falar sobre seus próprios pensamentos.

Na Na preferiu recostar a cabeça na poltrona e fechar os olhos para esperar que aquele tempo de viagem passasse o mais rapidamente possível. Em seu consciente, sentia que era observada de perto por Taeyang, como se tivesse o poder de ver através de suas pálpebras. Preferiu ignorar.

Novamente ponderou todas as coisas que vinham acontecendo em sua vida, os problemas, as frustrações, os erros e acertos que enfrentava desde que colocou os pés pela primeira vez no conglomerado Wang. Pensou no sentimento repentino que aflorou assim que conheceu Taeyang, como se o conhecesse de outro tempo, como se o reconhecesse e, com esse sentimento, todo o desejo de estar com ele, ao seu lado.

Em seguida, todo aquele problema. A armação de Gun contra ele fazendo uso da nova estagiária. Ela respirou fundo com seus pensamentos. Assim como o rapaz sentado ao seu lado, fora uma vítima. Talvez se Gun não tivesse provocado aquela situação, hoje os dois estariam juntos de fato.

Mas é realmente isso o que eu quero? Por que Taeyang sempre me deixa em dúvida sobre o que eu quero ou não? Por que sempre que eu o vejo sinto esse desejo incontrolado de estar perto, de abraçar… de sentir? Por que eu não consigo, simplesmente, esquecer de tudo e ser apenas uma funcionária padrão? Por que eu tive que me afastar dele? Por que eu não resolvi meus problemas? Por que resolvi duvidar?

Então aquele aperto no peito novamente intensificou. Aquele desejo quase incontrolável de beijá-lo, de estar com ele. Não conseguia deixar de lado a ideia de que sempre foi interessada nele, que sempre quis estar com ele, mesmo agora.

Sabia dos seus sentimentos bem antes de assumí-los diante das amigas, naquele bar e o pior era que o término com Gun havia sido tão terrível que ela se sentia mal que, ao invés de estar triste sobre o que viveu, estivesse desejando os braços do homem ao seu lado. Se sentia errada por isso. Não conseguia imaginar o que passaria na cabeça de Taeyang caso ela revelasse o que sentia agora.

— Eu não consigo acreditar nisso — Na Na, o rosto escondido sob as mãos, de pé, ao lado de Taeyang, repetia pela terceira vez aquela frase — Isso não pode ser verdade.

— Senhora…

— Senhorita — Na Na a corrigiu novamente.

— Infelizmente, todos os quartos estão ocupados. Quando a Wang S.A fez a reserva, fomos claros em informar que não possuíamos quartos individuais disponíveis devido ao evento, mesmo assim a secretária disse ter recebido ordens da presidência para efetivar a reserva para o casal.

— Não somos um casal!

— Podemos procurar em outro hotel, Na Na, não tem problema — Taeyang, consolando a jovem, tentou uma solução.

— Senhor, todos os hotéis próximos estão com o mesmo problema. Estamos com três grandes eventos durante essa semana e não será fácil encontrar um quarto disponível para quatro dias… O que dirá dois.

Os dois se afastaram da recepção e Na Na, exausta de tudo aquilo, sentou-se no sofá do amplo saguão. Taeyang, ao seu lado, tentou mais uma vez encontrar uma solução para aquele misterioso impasse, cogitando que aquilo seria uma armação de seu irmão mais novo desde o início.

— Ainda acredito que podemos procurar um hotel em outro lugar, não se preocupe, eu…

— Não, Taeyang. Não está certo. Esse lugar está muito bem localizado, é próximo do local onde serão realizadas as reuniões e exposições. Não seria justo com você…

— Não consigo entender isso… — pensou em compartilhar suas suspeitas, mas foi interrompido.

— É como a moça já falou: A reserva foi feita em cima da hora, não havia mais quartos distintos e a empresa contratou o serviço para um quarto de casal. O que podemos fazer além de aceitar?

— Na Na, não quero que se sinta mal com isso… É tudo muito estranho. A reunião foi há quase duas semanas…

— Tudo bem, Taeyang. Vamos apenas nos acomodar. Amanhã temos uma reunião importante durante o evento com os fornecedores alemães. Precisamos estar descansados e dispostos.

Quando Na Na atravessou a porta que dava para o quarto onde ela e Taeyang passariam os próximos quatro dias não conseguiu controlar o choque ao observar o local. Sempre se surpreendia com o que a Wang S.A era capaz de pagar e, aquela estadia, certamente, seria mais cara que a casa de seus pais.

O quarto era absurdamente grande. Certamente a casa de seus pais também caberia ali dentro com tranquilidade. As paredes, pintadas em um tom pastel discreto, tinham colunas estreitas em um tom mais claro, adornadas com detalhes brancos que lembravam uma pintura sofisticada. O teto, igual e delicadamente desenhado, tinha um ar imperial, impressionante aos olhos.

Uma escrivaninha de madeira, em cerejeira, de frente a uma das três janelas cobertas por pesadas cortinas luxuosas, tinha um espelho delicado em uma moldura de madeira fina. Estava estrategicamente colocada diante das janelas centrais que davam para a moderníssima cidade  de Seul.

Na janela à esquerda, uma mesa de centro com um belíssimo vaso de flores sobre ela, cadeiras claras e luxuosas, arquitetura vitoriana, dispostas ao redor e pelo quarto que pareciam terem sido feitas à mão, esculpidas uma a uma. Do outro lado, diante da terceira janela, um sofá de canto, em cores brandas, parecia totalmente confortável aos olhos.

Por fim, e não menos colossal, uma cama gigantesca que parecia mais uma obra de arte feita especialmente para aquele lugar, colocada de frente para a janela frontal, tinha cobertas finas e caras com seus travesseiros de penas de ganso. Tudo de acordo com os Wang e o que eles podiam e faziam questão de pagar.

— Caso necessitem de mais alguma coisa, basta retirar o telefone do gancho e sua ligação será direcionada para a recepção — o funcionário que se encarregava de suas bagagens despediu-se.

— Obrigado.

— Obrigada — Na Na respondeu também e aguardou que o homem se retirasse para tentar relaxar os ombros.

— O quarto é bem amplo… — Taeyang comentou com tranquilidade caminhando até o sofá, acostumado a viver naquele luxo — Acredito que conseguiremos ficar bem até o sábado. Esse sofá é bem confortável, como imaginei — ele sorriu, sentando-se — Assim que jantarmos, vou pedir mais lençóis e durmo aqui, tudo bem?

— Claro que não está tudo bem — Na Na falou exasperada — Quem dormirá no sofá sou eu. Isso é errado, você é…

— Na Na, por favor… Não quero que se sinta incomodada durante esses dias — ele falou caminhando até ela, os olhos se encontrando com os dela, desestruturando a sanidade que a jovem tentava controlar — Quero que se sinta bem e sei que as coisas já não começaram assim. Não quero que fique constrangida por eu estar aqui…

— Mas…

— Sem “mas”… Fique confortável. Ninguém precisa saber sobre isso, certo?

— Certo — concordou com feições de vencida.

— Quer tomar banho antes de jantar?

— Ah… Acho que sim…

— Te espero no restaurante, então. Demore o tempo que precisar.

— Obrigada, Taeyang. Por tudo…

— Não agradeça. Vou cuidar de você o quanto puder.

— Obrigada!

— Te espero no restaurante…

Na Na também não conseguiu segurar a boca quando adentrou no banheiro daquele quarto. Grande, como já imaginava que seria, o banheiro, todo revestido em mármore lilás, era mais uma beleza aos olhos. Dividido em três áreas, possuía um chuveiro com box fosco em uma parte, uma banheira enorme do outro lado e um closet com um espelho imponente na frente. Sentiu-se intimidada ao redor de tanto dinheiro e apressou-se em seu banho, afinal Taeyang a esperava.

***

— Aishhh — Shin ralhou saindo da janela e sentado-se irritado na poltrona da sala de estudos — Eu só posso estar ficando louco.

Havia chegado da fábrica a pouco mais de trinta minutos, tempo esse utilizado para tomar um banho, comer um kiwi e caminhar para aquele ambiente com o intuito de não ser atrapalhado enquanto avaliava os balancetes da semana, inclusive, alguns documentos coletados por Taeyang e que não poderiam ficar às vistas dos outros.

O problema, como sempre, era aquela governanta pentelha que o perseguia em todos os ambiente da casa como um pedaço de chiclete grudado na sola do sapato - e que também estava mais grudada do que o necessário em seus pensamentos. A garota, que não era mais adjetivada como louca, parecia em transe, regando desnecessariamente um canteiro congelado.

Shin, movido por uma força que ele mesmo não seria capaz de explicar, abandonou a pasta sobre uma das mesas quando percebeu a presença da jovem nos jardins e, furtivamente, se aproximou da janela que dava uma melhor visão daquela cena.

Go Ha Jin era um ser estranho, aquém das pessoas as quais ele conhecera na vida. Ela era jovem e, ao mesmo tempo, parecia tão sábia. Era cheia de frases de efeito além de não ter nascido para ser dominada. Tinha uma personalidade terrível, mas que, de alguma forma, ele gostava. Além de tudo isso, era bonita. Mais bonita do que ele gostaria que fosse.

Fechou a cortina com ferocidade e voltou a sentar na poltrona pela terceira ou quarta vez. Como seria possível que aquela criatura pudesse lhe interromper quando ele mais precisava de paz e tranquilidade? Sabia que Gun estava aprontando. A parceria com Taeyang lhe mostrou que não era o único a desconfiar. Tinha novos relatórios em mãos e a única coisa que conseguia fazer era ser movido, mais uma vez, para a janela.

Por trás da cortina, tentando parecer o mais discreto possível para não ser visto, observou a governanta se dar conta do estrago de água que estava provocando. Imaginou se ela não teria nada mais importante para fazer do que ficar ali, observando o nada até que ela, sentando sobre uma pedra, pareceu triste.

Um comichão se apoderou dele. O desejo de sair de onde estava e ir consolá-la maior do que ele poderia controlar. Se preparou para sair da sala de estudos e ir encontrá-la, mas parou de repente ao ver que outra pessoa se aproximava. Era a outra empregada da casa, aquela mais jovem que sempre estava por perto da governanta. Ela sentou ao seu lado e a outra sorriu, um sorriso que não parecia feliz.

— Do que será que estão falando? — se perguntou observando as duas conversarem.

...

— Mas por que está aqui sozinha? — Ryung perguntou sentando-se ao lado da amiga — Você não parece bem... Já tomou seus remédios?

— Já sim — Ha Jin respondeu com um sorriso fraco — Só queria tomar um ar. As coisas estão tranquilas hoje...

— Não sei como essa família consegue dar tanto trabalho para a gente. Eles não têm um pingo de amor ao próximo no coração. Praticamente toda semana é uma novidade... Vivem fazendo confusão. São piores que uma família que tem no bairro onde moro.

— Que nenhum deles te escute falando assim! — Ha Jin falou brincalhona, mas aconselhando — Seria bom você tentar manter seus pensamentos para você mesma.

— Eu sei... — a mais nova concordou — Já decidiu o que vai fazer?

— Ainda não... Está sendo complicado para mim, entende? Eu gosto de trabalhar aqui, de toda forma. Recebo bem e fiz amigos — olhou para a mais jovem — Mas o que aconteceu... Aquilo realmente me abalou. Além de outras coisas...

— Que outras coisas? — Ryung perguntou com curiosidade.

— Nada demais. Só umas coisas...

— Ha Jin... Eu preciso te falar algo — a mais nova começou com aquele ar que fazia quando tinha descoberto segredos que não deveriam ser descobertos.

— Ryung, sem fofocas... Já chega! Não quero saber da vida dos patrões.

— Mas é sobre você!

— Que?

— Os funcionários mais antigos têm comentado umas coisas...

— Por que continuam falando mal de mim depois de tanto tempo? Pensei que já tínhamos superado isso e...

— Não falaram mal...

— Diga de uma vez!

— Eles... Eles falaram que... nunca viram o senhor Shin daquela forma... como ficou quando te defendeu da senhorita Yun Mi — Ha Jin, de olhos arregalados e mais atenta do que imaginava ficar para uma fofoca, esperou a outra continuar — Os mais antigos dizem que, talvez, você tenha conquistado o senhor Shin.

— QUE?? Mas que loucura é essa, garota? Que conquistar o que? — ralhou, o peito palpitando mais rápido do que necessário.

...

— O que aquela empregada disse para ela ficar tão agitada?

Shin comentou enquanto espionava Ha Jin falar com irritação e se levantar de uma vez, aparentemente chamando a atenção da mais nova, rumando para a mansão, a outra no seu rastro falando coisas que ele não conseguia entender.

— Provavelmente, uma fofoca que Ha Jin não gostou — Eujin falou e Shin, sobressaltado, afastou-se da janela largando a cortina com mais força que o necessário.

— Ah... Eujin. Quando você chegou?

— Faz pouco tempo. Procurei por você e a governanta Nyeo disse que estaria aqui.

— Eu não estava observando a…   

— Não precisa me explicar nada. Fique tranquilo — o mais novo, com aquele ar juvenil de sempre, se aproximou da mesa onde os documentos estavam esquecidos — Esses são os relatórios de hoje?

— Sim. Vou dar uma lida nisso.

— Quer ajuda?

— Ah… Não precisa. Melhor eu ir para o quarto de uma vez — Shin começou a recolher os documentos, acanhado, e a sair depois de um maneio com a cabeça. Eujin, achando graça, não o incomodou, totalmente ciente de algo que o irmão ainda não tinha percebido.

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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo
Nahm Hye - Woo Hee



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