Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 41
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Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores!

Mais um domingo chegando e estamos nos aproximando de mais um fechamento de arco também. Em breve, fortes emoções nos aguardam, mas, enquanto isso, no capítulo de hoje, romance, amizade, confidências e muito mais ♥ ♥ ♥

Não podemos esquecer de agradecer todos os ótimos comentários que entraram na semana passada e a recomendação lindíssima da NanaBy. Obrigada!!!

Uma ótima leitura para todos, ótima semana e beijos! o/



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Eujin guardava algumas expectativas para aquela noite, mas elas eram completamente superadas quando sua namorada era Nahm Hye. Caprichando na produção do visual, perfume marcante e roupas novas, o rapaz estacionou diante do condomínio da namorada e aguardou, um frio traiçoeiro na barriga, ser anunciado na portaria. O portão dourado estalou baixinho e o funcionário do edifício informou as coordenadas para alcançar Hye “Pegue o elevador principal do saguão e aperte para o vigésimo quinto andar, a cobertura”.

Havia um sorriso agradável nos lábios daquele funcionário, contudo Eujin acabou ficando ainda mais ansioso. Será que aquele sorriso significava ‘Você está enrascado assim que conhecer seu sogro’ ou então ‘Espere até ter de pedir permissão para todos os doze irmãos mais velhos da moça’. Ele não tinha nenhum problema em oficializar suas intenções com Hye, vinha ensaiando pesado na frente do espelho para o momento, mas o espírito precisava ser preparado para este tipo de coisa.

Quando o elevador soou uma sineta delicada ao chegar na cobertura do prédio, ainda seria a primeira vez que Eujin teria, digamos que ‘permissão’, para conhecer o lar de Hye. A primeira aura misteriosa entre eles estava prestes a tombar e ele poderia passar a noite vendo fotos de uma garotinha acanhada chupando o dedo e com lacinhos vermelhos na cabeça ao lado da sua futura segunda mãe. De repente ele viu alguma vantagem naquilo e sorriu acanhado enquanto saía do elevador para o corredor.

— Que risadinha boba é essa? — Hye estava parada na sua frente, o corpo apoiado contra uma parede de vidro que expunha uma visão incrível da cidade, os braços cruzados na altura dos seios deixando os quadris estreitos e graciosos à mostra, delineados apenas pela calça jeans fina, adquirida na Europa em uma viagem seis meses antes.

— Caramba! — Eujin perdeu totalmente a linha de raciocínio e, embora a namorada estivesse muito bonita, era a vista do último andar que acabou o estarrecendo.

O corredor envidraçado apresentava duas possibilidades, à direita que levava para uma porta imponente que estava fechada, e à esquerda que terminava numa área externa com piscina e jardim. Eujin acabou ficando no meio, colando o rosto contra o vidro para poder apreciar a altura e o jogo de luzes e estrelas da cidade contra o céu enluarado.

— Até parece que você nunca viu um lugar assim… — Hye comentou aproximando-se do namorado e encarando os prédios e casas abaixo deles.

— Já vi sim — ele confirmou. O escritório na Wang S.A tinha uma paisagem proporcional — mas, de alguma forma, a vista daqui é muito mais bonita. E a companhia também — olhou para o lado e pegou carinhosamente no pulso dela.

— Você está estranho hoje.

— Onde está sua família? — ele perguntou quase aos sussurros.

— Ah, entendi — Hye balançou a cabeça, depois de rir com gosto — Esquece minha família. Meus pais estão viajando e, de toda forma, não vamos lá para dentro — apontou para a porta maior, a direita, com o queixo.

— Ei, estou ficando assustado. O que você tem em mente?

— Pare de besteira e me siga — pegou-o pela mão e puxou Eujin na direção da área externa.

Atrás da piscina, Hye arrastou-os para dentro de outra construção que não se comunicava com a casa principal. As luzes do ambiente estavam acesas e o ar cheirava a limpeza. A Mansão da Lua também tinha sua sala de cinema especial mas, como tudo relacionado a sua namorada, aquele local era muito mais aconchegante e bonito.

O ambiente era amplo, em um tom gelo. Um lado das paredes era recoberto com cortinas pretas e a parede onde a grande TV estava fixada era igualmente escura, o que contrastava bem com as poltronas claras dispostas diante dela. Havia ainda um sofá muito confortável, também em tons claros, por trás das poltronas. Ele estava sobre uma elevação do piso que dava uma melhor visibilidade da tela. O tapete era tão macio que poderiam ver o que fosse deitados sobre ele.

Do lado oposto, onde não havia cortinas, a parede era baixa e havia um bar diante dela. Do outro lado, muito bem ajambrado, uma pequena e luxuosa cozinha com vários utensílios que poderiam ser utilizados para preparar diversos lanches. Havia uma grande estante na parede de frente com a TV repleta de filmes divididos por categorias coloridas. Ao lado da estante, uma porta que Hye explicou depois ser o banheiro.

— Quando nos mudamos para cá alguns anos atrás, minha família permitiu que eu escolhesse o que esse ambiente seria… Escolhi uma sala de cinema, porque, desde que me conheço por gente, amo filmes — ela revelou para ele parecendo encabulada.

Havia tanto a descobrir sobre aquela garota, Eujin pensou. Até ontem ele não sabia que Hye detestava sorvete de limão. Até semana passada não conhecia sua predileção por azul no lugar do vermelho. Até mês passado nem desconfiava que ela pudesse ser ainda mais linda quando ria tanto que acabava até chorando. E o mais assustador não era ele se dar conta do quanto se apaixonava mais e mais por ela, mas ter a nítida sensação de que ao se conhecerem e namorarem, eles estavam apenas dando continuidade a história dos dois.

— Por que fica me olhando desse jeito? — Hye perguntou, o rosto bem perto do rosto dele — O que passa pela sua cabeça quando fica com esse olhar?

— Que olhar? — Eujin passou as mãos em volta dela, abraçando-a pela cintura.

— Esse olhar… perdido…

— Estou apenas te admirando, é uma coisa boa, não é? Que filme vamos ver?

— Humm… Temos vários. Quer escolher?

— Já que você é a perita aqui, vou me deixar levar pelo seu gosto — sugeriu ansioso pelo que viria.

— Você é bem esperto… — sorriu lhe dando um selinho leve — Então vamos ver o que podemos reservar para essa noite — falou se afastando dele, o tomando pela mão enquanto se encaminhavam para uma enorme estante com uma miscelânea impressionante de DVDs e Blu-Rays.

— Você é bem organizada… — ele comentou passando os olhos pela estante com títulos divididos por gênero e, cada gênero, divididos em ordem alfabética — Me pergunto no que você não é boa.

— Em várias coisas — comentou divertida — Não sei cozinhar, por exemplo. Minha mãe vive me matriculando em cursos de culinária, mas realmente não consigo. Prefiro dançar, embora meu pai ache que é perda de tempo e continue me forçando a assumir compromissos que não quero…  

— Como assim? — Eujin perguntou sentindo uma nota de decepção na voz da namorada.

— Não vamos falar sobre isso por enquanto. Não quero me distrair. Vamos nos divertir com coisas realmente proveitosas.

— Hmmm… Isso me diz muita coisa — Eujin sorriu travesso olhando para ela.

— O que está pensando? — ela o encarou.

— Nada demais… Juro — ele brincou, lhe roubando um novo selinho — Vamos… Escolha o filme que quer ver.

— Hmmm… Para você… Acho que podemos optar por uma comédia…

— Está me chamando de palhaço? — perguntou falsamente ofendido.

— Nunca… Apenas percebo certas coisas… — sorriu e sofreu, em seguida, um mini ataque de cócegas.

— Então, comédia romântica — ela sugeriu depois, explicando enquanto procurava o filme — Tem um nacional que comprei faz uns dias… É meio antigo, mas ainda não vi. Gostei da sinopse. Esse!

— Whatcha Wearin¹? — ele leu em voz alta enquanto lia a capa do filme…

— Vou fazer um pouco de pipoca… — ela continuou contornando o sofá, indo rápido para a extensão onde pegou, de dentro de um armário baixo, pacotes de pipoca de microondas — Bacon, doce, manteiga, caramelada, tradicional…?

— Tradicional — ele escolheu se aproximando.

— Ótimo! Minha preferida — comentou colocando os pacotes no microondas, voltando agora para a geladeira, de onde tirou algumas bebidas — Nada de álcool para você. Está dirigindo.

— Sim, senhora…

Os dois se acomodaram no sofá maior e, assim como Eujin pensou, era extremamente confortável, completamente diferente dos estofados que a senhora Ah Ra fazia questão de manter. Sentaram-se lado a lado, uma bacia com pipocas entre eles, as latinhas com bebidas sobre a mesa de centro.

Nahm Hye apagou as luzes, se acomodou ao lado do namorado e deu play. Eujin vidrado nas cenas iniciais comendo as pipocas feito um doido. Hye, encantada com aquela situação, o observou rapidamente, ele tão conectado ao filme que mal percebeu a namorada sorrindo para ele (ou dele).

— Hye… — Eujin começou sentindo as bochechas esquentarem — Tem certeza que esse é um filme legal para a gente ver juntos?

— E por que não? — ela respondeu tentando aparentar tranquilidade.

— É que eles… Estão…

Os dois ficaram em silêncio, aparentemente envergonhados demais com o que viam para terem coragem de falar alguma coisa. Em seguida, depois de respirar levemente mais tranquilo, Eujin continuou.

— Ah… Mas ela é muito sem vergonha. Olha só, ela tá enganando ele. Como ela pode fazer isso com o cara… E ele tava tendo sonhos pesados antes disso…

— Preocupado com o rapaz, Eujin? — Hye perguntou sorrindo, o namorado revoltado com a cena seguinte — E isso porque estamos em oito minutos de filme…  

— É que… Isso… realmente não é legal — ele tentou explicar, enchendo a boca de pipoca em seguida, a namorada achando graça com a situação — Cara… Sério isso? — Eujin gargalhou em seguida, cuspindo metade das pipocas em sua boca.

— Acho que ver esse filme com você vai ser mais divertido do que pensei — a namorada falou rindo junto.

Os dois continuaram assim, em sua cumplicidade até que, um tempo depois, mal perceberam que já estavam deitados, abraçados, rindo e comentando sobre o filme que viam, Hye com a cabeça sobre o braço de Eujin, ele com a mão livre acariciando o braço dela. Não entendiam como se davam tão bem. Não compreendiam como o relacionamento dos dois parecia tão antigo e cúmplice, mesmo sendo tão recente.

— E então… gostou do filme? — Hye perguntou vendo os créditos subirem ao som da música final.

— Posso dizer que sim… Você tem um bom gosto para filmes.

— Mas eu ainda não tinha visto esse… posso dizer que embarcamos nessa sem saber o que seria juntos.

— Mesmo assim, confio no seu bom gosto, afinal, o que eu poderia dizer quando escolheu também o seu namorado.

— É claro! Para Nahm Hye, apenas o melhor — ela sorriu, tocando de leve a ponta do nariz do rapaz com o dedo, os rostos bem próximos — E eu gosto muito de estar com você. Me sinto bem quando estamos juntos e posso dizer que… sou eu mesma ao seu lado.

— Ah… Eu tenho esse dom… Consigo fazer as pessoas estarem sempre à vontade comigo.

— Hmmm… Espero que não seja assim com as garotas também.

— Que nada… Você já sabe das mulheres que cercam minha vida e, de todas, você é a única que tenho interesse de beijar.

Galanteou beijando a namorada com delicadeza, a mão livre que acariciava-lhe o braço deslizando até seu rosto, sua nuca. Hye, que era uma garota decidida, retribuiu os beijos e toques na mesma proporção, não se importando quando eles se tornaram mais intensos, mais profundos.

As mãos de Eujin percorreram o corpo dela com carinho para então deslizarem por dentro do tecido e acariciarem, num toque quente e firme, sua pele. A garota se arrepiou sentindo os dedos dele dançarem acima de sua cintura. Ele sentiu um calafrio poderoso abaixo do ventre e prometeu, para si, ser o melhor namorado do mundo para nunca perder uma pessoa tão incrível quanto a que estava em seus braços.

Foi naquela sala de filmes que os dois aprofundaram ainda mais a relação. A sensação crescente dentro deles de serem apenas um, como se aquela não fosse a primeira vez em que estavam juntos intimimamente, como se soubessem o que o outro sentia, desejava. Foi ali onde Eujin superou suas expectativas, mesmo que elas não estivessem terminando da forma como ele imaginou que seria. Foi ali também, onde Nahm Hye decidiu se entregar totalmente, aproveitar cada momento em que pudesse ser e fazer alguém feliz, sem ressalvas, sem preocupar-se com o que o futuro lhe reservava.

***

 

Foi no exato momento que se viu descendo a ladeira da ruela de sua casa em companhia de Na Na e Mi Ok que Ha Jin percebeu onde aquela noite iria terminar. Nos últimos meses havia se aproximado de Mi Ok mais do que qualquer outra amiga que tivera em sua vida, assim como começou a nutrir sentimentos de uma verdadeira amizade com a prima mais nova.

Na Na, que estava completamente estranha naquela noite, foi a que convidou as outras duas para a bebedeira. Desde que chegara na casa de Ha Jin que não falava coisa com coisa, como se a mente estivesse em ponto de dar um curto circuito. A mais velha sabia que a prima estava escondendo algo, e era algo muito sério e importante para fazer a jovem optar por passar a noite de sábado bebendo soju com frango frito na esquina daquele bairro.

Mi Ok também parecia estranha. Os olhos eram claros em demonstrar que precisava falar sobre algo com a amiga. Ha Jin estava certa de que alguma coisa estava sendo escondida e que o convite de Na Na havia minado a possível tentativa da mais nova contar o que estava aprontando naqueles últimos dias. E, agora que parava para pensar, se deu conta que a amiga estava meio sumida de sua casa.

Mas quem era ela para pensar ou falar sobre segredos? Sua vida, desde que retornara daquele coma, era uma constante de desculpas e histórias sem sentido. Ela mesmo tinha dificuldades, às vezes, de acreditar que tudo o que vivenciou não passara de um sonho. Será que, em algum momento, avistou toda família Wang em uma foto ou evento e, do nada, depois de sua quase morte, fora tomada por seu subconsciente e levada para um mundo imaginário?

— Ha Jin, prefere uma mesa aqui fora ou lá dentro?

A jovem, desperta de seus devaneios pela voz, estranhamente animada, da prima, olhou ao redor se dando conta de que haviam chegado ao destino final. O bar da esquina, com sua enorme tenda erguida.

— Acho que aqui fora está bom — respondeu com tranquilidade, se acomodando em uma das mesas logo após Mi Ok.

— O que vão querer? — o atendente, um senhor de meia idade as recepcionou.

— Acho que três garrafas de soju e uma porção de frango frito para começar — Na Na pediu animada, Ha Jin cada vez mais desconfiada.

— O que estamos comemorando, afinal? — Mi Ok perguntou assim que o atendente se afastou — Alguma data em especial?

— Na verdade… Eu estava querendo sair um pouco. Estava cansada de ficar trancafiada naquela casa… — Na Na respondeu com gentileza. O atendente lhes entregando os pedidos.

— E como está se sentindo esses dias? — Mi Ok continuou enquanto Ha Jin servia bebida às três.

— Para ser sincera, eu não faço ideia — Na Na respondeu tão logo tomou sua primeira dose — Eu não faço ideia do que tem acontecido na minha vida nos últimos anos…

— Ah… Parece que estamos no mesmo barco, então — Ha Jin comentou sorrindo e bebendo a sua dose.

— Acho que, das três, você é realmente a que está em pior estado, unnie — Mi Ok comentou também, Ha Jin servindo novamente, as três sorrindo — Não deve ser fácil continuar depois de tudo o que passou…

— Não é mesmo… — a mais velha comentou virando novamente o copo — Mas a gente vai tentando conforme os dias vão se passando. Como está na empresa, Na Na?

— Complicado… — a moça respondeu e tomou mais um copo, o rosto tornando-se levemente avermelhado, se servindo mais uma vez — Essa semana não foi normal… Gun está estranho… Ele me olha de uma forma que me assusta…

— Ele sempre assusta — Ha Jin pontuou e Mi Ok sorriu.

— Nem conheço esse cara e já o detesto o suficiente por mais umas três vidas — a mais nova pontuou e, dessa vez, as outras duas riram.

— Ele não é uma pessoa fácil, de fato — Na Na bebeu mais um copo antes de continuar — Mas eu acredito que tem algo de bom nele, lá no fundo, meio escondido…

— Não me diga que está pensando em…

— Não. Não — Na Na interrompeu a fala da prima balançando as mãos e a cabeça freneticamente — Essa possibilidade sequer passou por minha cabeça.

— Ainda bem, ou seria obrigada a te dar uma surra eu mesma — Mi Ok completou as palavras interrompidas de Ha Jin.

— E o que está estranho, afinal? — Ha Jin perguntou, tentando voltar ao assunto anterior, sentindo a voz começar a embolar.

— Além da forma como Gun tem agido? Ele mal dirige a palavra. Pensei que ele faria um inferno da minha vida, mas aparentemente resolveu me ignorar.

— Continue atenta. Não dá para confiar nele…

— Eu sei… Eu sei… — concordou com a prima — Mas o mais estranho aconteceu na reunião passada… — bebeu novamente, a voz pastosa.

— Na Na, coma alguma coisa ou vai passar mal — Ha Jin observou a prima que sorriu e começou a mastigar alguns pedaços de frango.

— O que aconteceu, então... ? — Mi Ok insistiu diante do silêncio da amiga que tinha a boca cheia de frango.

— Vocês nem imaginam o que aconteceu… — falou enquanto mastigava — Eu nem sei se posso falar sobre isso, mas preciso falar para alguém… Parece que vou explodir!

— Fala logo — Mi Ok, animada com a nova fofoca, sequer lembrava de beber seu soju — Estou curiosa…

— Tudo bem, lá vai. Houve uma reunião essa semana para decidirem algumas viagens de negócios e eu fui escalada para uma viagem até Seul. Irei na próxima semana, ficarei da quarta até o sábado na cidade, a trabalho…

— E o que isso tem de tão estranho? — Ha Ji, tomando mais um copo, perguntou.

— Não interrompa — Mi Ok, animada, ralhou com a amiga que lhe fez uma careta irritada em resposta — Continue, Na Na…

— O estranho é que eu não vou só — Na Na olhou para as duas, engoliu em seco e se serviu novamente antes de continuar — Eu vou passar quatro dias da minha vida em um hotel em Seul com Wang Taeyang.

— Que?

Mi Ok perguntou de olhos arregalados. A expressão assustada da garota explicitando os pensamentos de Ha Jin que, com o susto, cuspiu boa parte do soju que estava em sua boca no chão.

— Como assim? — foi Ha Jin que perguntou limpando a boca com um guardanapo — Como assim você vai com Taeyang?

— Eu não sei… Eu realmente não sei o que está acontecendo... Eu não participei da reunião porque era interna, apenas com os herdeiros. Fui informada pela secretária da presidência que viajaria para Seul. Eu não sei o que fazer, eu estou muito ansiosa… Eu não sei o que vai ser da minha vida depois disso. Gun tem sido mais estranho que o normal depois disso e Taeyang, ele tem sido ainda mais gentil. Eu sei que faz muito pouco tempo desde que terminei meu relacionamento com Gun…

— Desde que tudo aconteceu até agora faz quase dois meses, não é pouco tempo — Mi Ok interrompeu a outra, animada com a história.

— Eu sei… Eu sei… Mas que rompemos faz poucas semanas e foram muitos anos ao lado de Gun… — virou mais um copo, os olhos vermelhos.

— Anos terríveis, se pararmos para pensar…

— Não interrompa, Mi Ok — Ha Jin ralhou dessa vez, bebendo também e servindo as três em seguida. O copo de Mi Ok intacto.

— Ela tem razão, Ha Jin… Mas eu estou tão confusa… — Na Na concluiu temporariamente, apoiando a cabeça nas mãos.

— Isso realmente é algo incrível — Mi Ok falou novamente.

— Como tudo isso aconteceu? — Ha Jin ainda parecia espantada — Com o que está confusa?

— Com tudo… — Na Na respondeu ainda com as mãos tapando o rosto — É tanta coisa acontecendo na minha vida que não sei mais o que pensar ou fazer… Preciso ir para esse evento porque faz parte do meu trabalho e Eujin me designou porque fui eu que negociei com os patrocinadores, mas não queria ter de ir com Taeyang…

— Preferia o outro, então? — Mi Ok ralhou e as duas olharam para ela — O que? É você que está achando ruim, não eu… Só quero entender o problema de ir com o irmão legal.

— É que… — Na Na começou se lembrando que não havia comentado sobre o beijo com as duas — Na verdade… Eu… acho que ele tem sentimentos por mim…

— Isso está na cara… mais que na cara, aliás — Mi Ok rebateu — Qual o problema dele gostar de você? Eu sei que é estranho pelo fato dele também ser um Wang, ainda mais irmão do outro, mas as pessoas não são iguais.

— Eu sei…

— Então qual é o problema? Se não há interesse da sua parte e se prefere que as coisas parem antes mesmo de começarem, apenas fale para ele. Não deixe que ele se engane porque você estará sendo igual ao falecido…

— Não tenho interesse em iludir Taeyang… Ele é muito especial para isso. Eu só…

— Ainda não entendi o problema de irem juntos… Você… Por acaso… Corresponde o sentimento? — as duas mais velhas olharam para Mi Ok. Ha Jin assustada com aquela maturidade e Na Na, nervosa, ocupando-se de mais um copo de soju.

— Eu não sei…

— Tem certeza que não sabe? — Mi Ok continuou — Sejamos francas entre nós: você está nervosa com o fato de passar quatro dias ao lado de um homem que, até um tempo atrás, era seu cunhado. Pelo que sei, esse homem entrou numa briga feia com o falecido para te defender, logo, ele gosta bastante de você, mas você não quer passar quatro dias com ele, “trabalhando”, porque tem medo de não resistir e se jogar nos braços dele, correto?

— Khan Mi Ok! — Ha Jin exclamou, mas Na Na a impediu com um aceno das mãos.

— Tudo bem, Ha Jin… Ela está certa — assumiu definitivamente. A face, também vermelha do excesso de bebida, mantinha olhos brilhantes e umedecidos — Eu estou apaixonada por ele sim… Na verdade, acho que estou apaixonada por ele desde que o conheci, pouco mais de quatro anos atrás… Eu não sei o que farei durante essa reunião, não sei como me portar…

— De verdade, sabe o que eu acho? — Mi Ok falou e as duas olharam de volta — Acho que você precisa viver. Precisa amar alguém que te ame de volta por quem você é… Você nunca amou o falecido de fato, houveram muitas interrupções entre você e o Wang que você sempre amou. Se dê a oportunidade, Na Na… Apenas aproveite o que a vida te proporciona. Faça como eu e agarre as oportunidades…

— Mi Ok — Ha Jin novamente se interpôs e as três sorriram em seguida, uma nova dose de soju e um brinde em seguida.

— Senhor… Mais três garrafas de soju, por favor — Na Na pediu novamente.

— Aproveite a vida, Na Na…  — Mi Ok concluiu seu conselho bebendo mais um pouco.

— Eu… — Ha Jin começou depois que a prima, embriagada, lhe focou — Eu preciso ir contra meus princípios em discordar de Mi Ok e dizer que ela tem razão — as duas mais velhas sorriram do empurrão que Ha Jin recebeu da mais jovem — Você já perdeu muito e acho que está se angustiando precipitadamente… Não quero que saia por aí agarrando nada — sorriram — Mas acredito que precisa se permitir ser amada de verdade…

— Acho que, talvez, tenham razão…

— Sempre tenho — Mi Ok piscou — Não se preocupa com o que não aconteceu. Só viva o agora, garota… Não se prenda no que já se passou…

— Quem é você? — Ha Jin perguntou em um tom brincalhão olhando para Mi Ok — Onde está a minha amiga louca e infantil?

— Hoje ela ficou em casa, dormindo — Mi Ok respondeu — A adulta sensata veio no lugar.

— Tudo bem, senhora adulta… Me diga que oportunidades a senhora tem agarrado? — Ha Jin perguntou e Mi Ok sorriu. Aquele familiar ar travesso estampando seu rosto.

— Digamos que estou matriculada nas aulas de defesa pessoal do bairro vizinho…

— Eim? — Na Na achou a revelação estranha, não conseguiu conectar a nada. Ha Jin, por outro lado, olhava perplexa para a amiga mais nova.

— Como assim, sua desmiolada?

— Para de me ofender, Ha Jin… Só estou indo atrás do que quero…

— Me explica… Não estou entendendo — Na Na tinha os olhos caídos e avermelhados agora.

— Ela está falando do Jung — Ha Jin respondeu e Mi Ok sorriu falsamente envergonhada — Ele está dando aulas de defesa pessoal…

— Espera um pouco… — Na Na interrompeu — Você está interessada no Jung? O Jung que eu conheço? Wang Jung?

— Sim…

— Desde quando o conhece?

— Ih… Essa história é longa e antiga… — Mi Ok continuou — Mas o que realmente interessa é o fato de que me matriculei nas aulas dele e já começo na terça-feira…

— Você é louca… Uma sem juízo completo.

Ha Jin sorria enquanto virava mais um copo, ouvindo Mi Ok começar a contar sobre quando conheceu o Wang no trabalho, o quanto ele se parecia um príncipe e dos momentos no karaoke, sentindo que a noite seria cheia de revelações.

Mi Ok fora a encarregada de abrir a porta da casa de Ha Jin quando voltaram, embriagadas, para onde pudessem dormir. Na Na, praticamente inconsciente, sequer teve tempo para retirar os sapatos antes de deitar no colchonete de Ha Jin. As outras duas, olhando a cena, sorriram e se prepararam para seguir o exemplo da amiga.

— Minha cabeça está rodando mais que pneu de bicicleta — Ha Jin comentou se livrando dos sapatos da prima, aparentemente desmaiada sobre o colchonete.

— Quando acordar amanhã estará pior — Mi Ok comentou jogando uma coberta sobre o corpo imóvel de Na Na — Ela está viva? — perguntou se abaixando ao lado da outra, os dedos diante do nariz da inconsciente — Está respirando. Menos mal.

Sorriu para Ha Jin que, mantendo-se firme, desenrolava os outros dois colchonetes. Percebeu que, entre as três, parecia ser a mais sóbria. Ajudou a amiga em seguida, os cobertores sendo espalhados pelo chão.

— Está bem, Ha Jin? — perguntou notando que a amiga parecia em transe, distante de onde estavam naquele momento.

— Estou… Mas fiquei pensando em algo que você disse…

— O que? — Mi Ok a olhou. Ha Jin, além de bêbada, estava com aquele ar ao qual a amiga já era acostumada. Aquele ar de quem falaria coisas sem nexo a qualquer momento.

— Que não devemos nos prender ao que já passou…

— Sim… É o que eu acho. Se foi bom ou ruim, não devemos nos prender. O que passou por nossas vidas deve ser marcado em nós como experiências, sentimentos que devemos repetir, caso sejam positivos, ou evitar, caso contrário.

— Mi Ok… — Ha Jin a olhou intensamente com seus olhos absurdamente vermelhos. A voz estava pastosa e a cabeça tombava de leve para o lado — O que devemos fazer quando o passado volta e nos confunde?

— Como assim? O que está tentando dizer?

— O que fazemos quando vivemos um passado que ninguém mais viveu? O que você faria se, do nada, acordasse e percebesse que viveu em um mundo que não existe mais?

— Ha Jin, do que está falando? É aquele mesmo assunto sinistro de quando fui te visitar no hospital...

— Às vezes, a sensação que tenho é que estou ficando louca — Ha Jin sentia os olhos queimarem com as lágrimas que começavam a se formar — Eu tenho certeza que vivi tudo aquilo, Mi Ok, mesmo que eu tente me convencer que foi um sonho… Eu estava lá. Eu vi todas aquelas pessoas morrerem enquanto estava em coma. Eu vivi tudo aquilo com So…

“Eu o abandonei, Mi Ok. Eu tive medo de continuar naquele lugar, no que seria de mim se eu permanecesse ali… Eu o amei com todas as minhas forças, eu juro… E eu odiei aquele trono com todas as minhas forças também. Eu entendia tudo o que ele fazia, eu entendia que não tinha como ser diferente, mas eu odiei aquele lugar. E eu me odiei ainda mais por ter deixado ele sozinho…”

Mi Ok se aproximou da amiga sem falar nada. Ha Jin chorava copiosamente e ela sentiu-se mal em ver aquela situação depois de uma noite tão divertida. Então, ela a abraçou.

— Eu juro, Mi Ok. Não queria que as coisas fossem do jeito que foram. Eu não queria ter de deixá-lo… Por que eu tive que ir embora? Por que? Por que? Eu prometi para ele que iria ficar… Mi Ok… Agora ele apareceu, ele voltou e não lembra de absolutamente nada do que vivemos e eu… eu acho que estou enlouquecendo. Eu não sei mais o que fazer. Eu não aguento mais… Eu não estou ficando louca, Mi Ok, não estou. Por favor, diga que não estou louca. Eu não aguento mais levar tudo isso sozinha… Por que ele não lembra de mim? Por que, Mi Ok? Por que?

— Você não é louca, Ha Jin… E nem está ficando louca, também. As coisas estão voltando para que você tenha a oportunidade de fazer tudo diferente agora… — Mi Ok consolou a amiga sem saber ao certo o que dizer, acertando em suas palavras seguintes — Não se sinta assim… Você não está só. Você tem a mim.

— Oh… Mi Ok… Eu queria abraçá-lo… Consolá-lo… Ele tem sofrido demais por tanto tempo…

— Então faça isso… Não perca a oportunidade novamente, Ha Jin…

— Mas ele sequer lembra de mim…

— Faça com que ele lembre, então…

— Como?

— Não sei. Apenas não desista. Não o abandone dessa vez.

— Não posso abandoná-lo… Não novamente.

— Você não vai. E eu vou te ajudar. Estamos juntas, tudo bem?

— Sim… Obrigada por não achar que sou louca…

— Você não é louca — Mi Ok sorriu e afrouxou o abraço, olhando nos olhos da amiga, os enxugando com os dedos — Você provavelmente não vai lembrar de nada amanhã, mas, se por acaso lembrar de algo que seja, me pergunte, não vou te acusar nem te chamar de louca. Quero te ajudar… Quero que desabafe comigo. Eu não entendi ao certo o que disse, mas acredito no que está sentindo… Apenas confie em mim, tudo bem? — Ha Jin anuiu com um movimento de cabeça — Agora se deite… Vamos dormir, sim… Uma deliciosa dor de cabeça nos espera amanhã.

E, dizendo essas palavras, Mi Ok ajudou a amiga a deitar-se, indo para o seu próprio colchonete em seguida. De onde estava, antes de apagar o abajur, focou a face avermelhada e umedecida de Ha Jin, imaginando o que a amiga teria vivenciado durante todo o tempo que esteve em coma.



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Notas finais do capítulo

¹https://www.google.com/url?q=https://filmow.com/whatcha-wearin-t71377/&sa=D&ust=1503263433938000&usg=AFQjCNFCf7EYNOjZQqjZRW4j6JvDlmsz8g

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo
Nahm Hye - Woo Hee



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