Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 36
Proteção e Gentileza


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal... Estamos aqui novamente, e prontidão, para mais uma atualização.
Queremos agradecer por todos os comentários no capítulo anterior e as novas leitoras NanaBy e Liquor que apareceram por aqui , assim como mais uma lindíssima recomendação que recebemos da Sascha Nevermind. Vocês fazem nossos corações se aquecerem com esse carinho. Por favor, não parem! ♥ :D

No demais, vamos ao capítulo!!

Fighting!



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Duas semanas depois do início de Eujin como CEO da empresa e tudo parecia tranquilo demais. Shin permanecia presente assim como havia prometido ao irmão em seu primeiro dia à frente do conglomerado. Todavia, aquela manhã de quarta-feira tinha uma tensão estranha no ar: era o dia em que Gun voltaria dos Estados Unidos e todos, sem uma exceção, estavam apreensivos em como o herdeiro se portaria dali para frente.

Dentre os ansiosos por aquela volta, Na Na estava entre as principais. Já havia ido ao banheiro cerca de cinco vezes desde que colocara os pés na empresa. Se sentia aflita por ter de reencontrar o rapaz que, durante quatro anos, fora seu namorado. O mesmo rapaz que detestava receber negativas e que ela, em seu pedido de noivado, disse não.

Não se arrependia pelo que fez naquela fatídica noite. Não se arrependia de nenhuma das palavras proferidas. Sabia também que um dos motivos para que Gun tivesse sido enviado às pressas para fora esse ‘não’ e, embora estivesse consciente de suas decisões, não conseguia ficar tranquila ao saber que, em qualquer momento, o encontraria ali.

Agora, trancafiada novamente no banheiro, resolveu conversar com a única pessoa que acreditou entender o que ela sentia, uma mistura angustiante de medo e ansiedade.

Eu já disse que você não precisa se preocupar com nada — era Ha Jin ao telefone — Não vai acontecer nada com você nem com ninguém, Na Na. Fique tranquila e faça o seu trabalho.

— O que eu faço quando encontrar com ele? — a garota deixava transparecer todo seu nervosismo durante o diálogo.

Simplesmente o trate normalmente, como qualquer outro colega de trabalho. Você não pode deixar de viver por causa dele. Não fique se prendendo ao que aconteceu no passado. O senhor Gun é esperto… Tem muitas coisas em jogo e ele não vai se dar ao trabalho de perder tudo o que conseguiu. Fique tranquila.

— Tudo bem… Eu vou tentar.

Se, por acaso, sentir que deve, procure o Taeyang. Sei que o senhor Shin e Eujin também estão aí. Você não está só.

— Sim… Farei isso, Ha Jin. Obrigada.

— Fique bem então…

— Ha Jin… — apressou-se em chamar à atenção da outra — Como sabe que Shin está aqui?

— Ahnn… — a governanta pensou rapidamente, não queria dedurar Ryung e sua capacidade em saber todos os detalhes sobre a família Wang — Ouvi algo durante o jantar…

— Tudo bem. Preciso desligar agora… Obrigada!   

E, aparentemente, a prima estava certa. Na Na encontrou o rapaz um tempo depois. Gun fora formal e completamente indiferente com a mulher e enquanto sentia que seu peito iria explodir pelo receio de encontrá-lo, viu o homem lhe virar as costas depois de um bom dia e de fazer pedidos referentes ao seu trabalho.

“Ele está me ignorando… Por que não me sinto segura sobre isso?”

Nos próximos dois dias tudo permaneceu de igual modo. Todo contato que ela recebia de Gun era cumprimentos básicos e pedidos referentes ao trabalho. Assim, Na Na sentiu o corpo começar a relaxar quando o encontrava. Talvez ele realmente não estivesse disposto a arriscar o pescoço e tudo o que conquistara até ali. Sentiu-se por fim, aliviada.

Naquela tarde de sexta-feira, Eujin, claramente nervoso, encontrou nos olhos de Shin e no sorriso de Taeyang, encorajamento para mais uma reunião. Não era segredo para ninguém, nem mesmo para os acionistas, o desgosto que o rapaz sentia por estar naquele posto, mas não pôde negar o orgulho que sentiu, novamente, ao encontrar os irmãos mais velhos o olhando, lhe incentivando e, aparentemente, satisfeitos com o que ele apresentou naquele lugar.

O pensamento do rapaz foi confirmado assim que os acionistas daquela tarde saíram e o deixaram a sós com os dois, como da outra vez. Um “Parabéns” rígido foi ouvido dos lábios de Gun, o que chamou à atenção dos três. Em seguida, após estarem completamente sozinhos, recebeu palmadas amigáveis nos ombros vindas de Taeyang. Ele parecia cada vez mais satisfeito com o irmão.

— Estou muito orgulhoso, Eujin — Taeyang completou com um amplo sorriso, a mão apertava o ombro do outro com gentileza — Você foi muito bem.

— Completamente, garoto — foi a voz de Shin que se fez ouvir. Ele não sorria, mas o seu semblante sim — Eu te disse que você seria capaz.

— Mas isso é apenas o começo — Taeyang continuou assim que o mais velho se calou — Posso afirmar que essa reunião foi muito melhor que as outras duas. Senti muito mais confiança da sua parte e, certamente, os acionistas também…

— Estão me deixando envergonhado — Eujin, até agora calado, falou ao sentir a face esquentando — Não é legal deixar o irmão mais novo envergonhado.

— Mas é legal parabenizar o irmão mais novo quando esse merece — Taeyang, surpreendendo os outros dois, o puxou para um abraço rápido, porém afetuoso — Estou muito orgulhoso.

— Obrigado, irmão — Eujin agradeceu. Não recordava a última vez que Taeyang havia sido tão carinhoso com ele… Ou melhor, se pensasse bem, fazia cerca de quatro anos que não o via assim, ou próximo a isso.

— Já vou indo — despediu-se dos dois, Shin recebendo um pequeno aceno de cabeça como despedida.

— Ele está estranho — Eujin comentou quando o irmão saiu — Parece que as coisas estão melhorando para ele…

— Do que está falando? — Shin perguntou fazendo-se de desentendido.

— Ora… Nossa cunhada.

— O que tem Sun Hee? — o mais velho perguntou indiferente.

— Ah… Não se faça de idiota.

— Isso é jeito de falar com seu irmão? — ralhou falso ofendido.

— Por favor, não me venha com essa conversa. Estou falando de Na Na…

— O que tem ela? Até onde sei, ela não é mais nossa cunhada.

— Aigo… Pare com isso. Você sabe do que estou falando…

— A única coisa que sei é que você tem andado demais com a nova governanta…

— Por que esse comentário agora? — Eujin perguntou curioso.

— Está ficando igualmente fofoqueiro.

— Não fale assim de Ha Jin…

— Então pare de falar sobre o que não lhe diz respeito.

— Ele é nosso irmão, Shin…

— Sim, e também é adulto. Não deve está sendo fácil para nenhum dos três, então o que eles menos precisam agora é desse tipo de comentário. Vamos deixar que se resolvam sozinhos, sem nos meter, tudo bem?

— Sim… — respondeu desgostoso.

— Vamos, então, senhor CEO. Temos muito o que fazer ainda hoje — Shin concluiu passando o braço pelos ombros do irmão que lhe sorriu de volta — Parabéns.

Ao saírem da sala de reuniões, os dois cruzaram pelo corredor que os levaria para as suas salas e encontraram, absortos em uma conversa, Taeyang e Na Na, à porta da sala da jovem.

— Viu o que te falei? — Eujin perguntou num sussurro para o outro. O tom era de brincadeira.

— Deixe de bisbilhotar a vida dos outros e entre — o mais velho ralhou com um cascudo que gerou um “Ai” como resposta do mais novo que agora massageava o topo da cabeça — Ainda tem muito trabalho a fazer — falou abrindo a porta e esperando que o mais novo também entrasse antes de fechá-la.

— Sim… Ele foi muito bem mesmo — Na Na falava com um tom carinhoso com Taeyang. Sentia a face esquentada quando se aproximava dele e, embora temesse a sombra de Gun, não conseguia desviar daquilo, como se fosse um ímã lhe atraindo.

— Estou muito orgulhoso… As coisas estão se saindo melhores do que imaginei.

— Sim… Acredito que sim — Na Na observou o olhar do rapaz. Há muito tempo não via aquele brilho tão limpo.

— Eu também quero te agradecer por hoje. Você preparou tudo da melhor forma e nem é a sua função se preocupar com documentos relacionados às reuniões. Obrigado.

— Não precisa agradecer. Foi seu irmão, Shin, que me pediu. Acredito que ele desconfiou que algo de errado pudesse acontecer na reunião e me pediu para preparar tudo.

— Hmmm… Muito observador da parte dele — Taeyang se perdeu um pouco em seus pensamentos — Foi a primeira reunião de Eujin depois que Gun voltou…

— Sim…

— Foi realmente muito inteligente…

— Sim… Seu irmão parece ser muito atento — o tom da garota parecia mais nublado agora.

— Ele é… sempre foi. Mas me diga, como você está? Como ele tem te tratado?

— Por incrível que pareça, está tudo bem… — ela respirou profundamente — Ele me pede documentos relativos à produção, me cumprimenta quando me encontra pelos corredores e só.

— Isso é estranho… — Taeyang a olhou intensamente. Ela sentiu um calafrio na espinha em resposta àquele olhar mais sombrio — Não é do feitio dele aceitar algo assim tão facilmente…

— O que você tem em mente? — o olhou preocupada.

— Acredito que ele deve estar aprontando algo… Provavelmente está querendo nos passar uma ideia de arrependimento ou vergonha…

— Mas o que seria?

— Ainda não sei… Mas vou descobrir… O que acha de tomarmos um chá depois do expediente? — perguntou mudando o assunto e a expressão para algo mais tranquilo.

— Acho que seria muito bom…

— Então eu  posso vir te buscar…

— Que lindo! — Gun interrompeu os dois parando no corredor. Batia palmas e sorria — Nem mesmo esperaram que o meu lugar esfriasse e já estão juntos.

— O que você quer, Gun? — Taeyang perguntou se posicionando em frente a Na Na, cobrindo-a por completo.

— Nada, irmão… — o sorriso sarcástico enfeitava o rosto cínico — Estou apenas encantado com a falta de vergonha de vocês dois.

— E o que estamos fazendo de errado? Acredito que a empresa ainda não proibiu as pessoas de conversarem entre si —  Taeyang rebateu agressivo e sentiu a mão de Na Na lhe apertando o braço.

— Pelo que vejo… Já estão bem íntimos — Gun comentou ao observar a mão dela no braço do rapaz — Mas não sei porque ainda me assusto com essas coisas. Provavelmente já mantinham esse caso enquanto ainda estávamos juntos, não é mesmo?

— Não desrespeite Na Na — Taeyang falou entredentes e o sorriso do outro se abriu ainda mais, assim como o aperto da mulher se intensificou em seu braço.

— Agora entendo porque não aceitou minha proposta para trabalharmos juntos… Ofertei algo que você já tinha…

— Cale a sua boca…

— Taeyang, por favor… — a voz de Na Na se ouviu fraca por trás dele.

— Escute o que vou dizer, Gun, e escute muito bem porque não irei repetir — Taeyang começou com firmeza, os olhos injetados de raiva, um tom baixo e ameaçador — A partir de hoje, ficarei de olhos ainda mais abertos no que diz respeito a você.

"Aceitei tudo o que fez até agora, mas isso não irá se repetir. Também não vou permitir que destrate Na Na novamente. Vou defendê-la mesmo que ela não queira. Você conseguiu tomá-la de mim quatro anos atrás, mas não vou permitir que isso aconteça por nem mais um minuto.

"Vou continuar esperando o tempo dela, o tempo que for preciso para ter minha oportunidade de fazê-la feliz, portanto, desista de me tirar do sério, não vou cair no seu joguinho outra vez. Não deixarei que se meta entre nós dois, entendeu? Não se aproxime dela."

Gun, atento a tudo o que o irmão falou, mantinha uma expressão de perplexidade diante de toda ousadia ouvida naquele discurso. Essa não era a personalidade que Taeyang sempre apresentou aos familiares. Essa, sem dúvidas, não era a atitude que o mais velho esperava dele.

Na Na, igualmente chocada, tinha os lábios levemente abertos e os olhos arregalados quando os de Taeyang focaram os dela. Ao contrário de Gun, não havia ficado estática pela atitude que presenciou o rapaz tomar, mas pelo teor de suas palavras, pela confissão tão plena que acabara de ouvir.

— Te encontro aqui na saída para nosso chá — falou para a moça, paralisada, o encarando — Agora entre em sua sala, ainda temos muito o que fazer hoje.

— Sim… Já vou — fazendo um gesto rápido com a cabeça, entrou na sala sem despedir-se do outro, fechando a porta em seguida.

— Vejo você no jantar — falou para Gun e, o deixando só, atônito com seus pensamentos, cruzou o corredor em direção ao seu escritório.

***

Naquela noite, quando Taeyang saiu de seu quarto em direção à mesa de jantar imaginou que os irmãos já estivessem à postos esperando pelo cardápio daquela noite, porém nem mesmo a mesa de jantar fora posta: chegara cedo demais. Ele sentia-se bem. Ter resistido às provocações de Gun lhe deixou satisfeito consigo mesmo, e saber que Na Na finalmente via a possibilidade de lhe dar uma oportunidade deixava sua vida ainda mais feliz.

— Obrigada por ter me defendido novamente, Taeyang — expressou gratidão enquanto tomavam um chá próximo à empresa — E desculpe por te envolver em toda essa situação…

— Não agradeça, muito menos se desculpe. Estou envolvido em tudo isso há muito tempo… Na verdade, nem deveria ter permitido que essa situação existisse. Deveria ter ficado do seu lado desde o início. Jamais deveria ter acreditado nas armações… O importante é que, agora, estou por completo com você, e quero que sempre se lembre de que não te deixarei só, independente da dificuldade. Não vou permitir que essas coisas voltem a acontecer.

— Obrigada…

A jovem sentia a face esquentar ouvindo todas aquelas declarações. Mesmo que o fim com Gun tivesse acontecido há pouco tempo, não conseguia refrear dentro de si o desejo crescente de sentir novamente o beijo de Taeyang. Um sentimento sem a sombra do desespero que viveu no passado não tão distante.

— Posso te levar em casa? — perguntou assim que terminaram a bebida. Não queria pressioná-la com sua presença.

— Claro… Agradeço — a jovem anuiu. Livraria-se da chuva e prolongaria o contato com o herdeiro.

Os dois seguiram pelas ruas de Busan até a casa da jovem comentando sobre amenidades. Falaram sobre seus trabalhos, sobre alguns planos profissionais futuros, comentaram ainda sobre família e algumas baboseiras televisivas. Porém, o mais importante fora o delicado momento quando sentiu os lábios dela repousarem, tímidos, em seu rosto.

— Obrigada pela carona… E por tudo o que tem feito por mim.

— Não agradeça, já falei…

— Obrigada por me incentivar e não me deixar desistir. Por me apoiar e ajudar quando achava que não iria conseguir — ela continuou sem importar-se com o que ele pedia — E, acima de tudo, obrigada por não desistir… Boa noite.

Ela sorriu para ele. Taeyang parecia balançado com aquela pequena revelação. O coração estava cheio de carinho e desejo por aquela mulher. As palavras ditas eram mais do que ele poderia esperar, eram a certeza de que, agora, as coisas poderiam, finalmente, melhorar.

E o rapaz, agora recostado em uma das cadeiras da sala de jantar, parecia absorto em seus sonhos de paixão. A mão direito pousava sobre a face, na bochecha, relembrando o momento em que recebera aquele beijo. Ha Jin, que empurrava um carrinho com vários utensílios para preparar a mesa, o olhava com curiosidade.

— Está tudo bem, senhor? — perguntou com demasiado receio. Tinha medo de assustar o patrão tão desligado.

— Ah… — acordou de seu transe — Sim, Go Ha Jin… Estou bem, e você?

— Está tudo indo… — começou a organizar a sala enquanto falava  — Não tenho muito sobre o que reclamar.

— Fico feliz por isso — ele se afastou dando espaço para a jovem — As coisas aqui, como então? Yun Mi parou de te importunar?

— Nossa, senhor… Não posso falar dessa forma sobre meus patrões — desconversou, por dentro, o desejo enorme de xingar a outra — Está tudo bem.

— Espero mesmo que esteja… Yun Mi consegue ser insuportável quando quer… Fico receoso quando ela passa muito tempo distante…

— Eu sei... Digo… Imagino — Taeyang sorriu e ela o acompanhou — O senhor Eujin tem se saído bem? Sei que hoje era um dia importante…

— Ele foi ótimo na reunião de hoje. Mesmo com a presença de Gun, ele brilhou. Muitos acionistas parabenizaram sua desenvoltura.

— Fico realmente feliz…

— Sei que ele não gostaria de estar ali… Você certamente também sabe, mas ele tem se esforçado muito para fazer algo bom. Estou realmente orgulhoso — Ha Jin percebeu  o brilho no olhar do herdeiro. Sentiu-se realmente contente pela alegria dele.

— E como vão as coisas com minha prima? Ainda não conversei com ela essa semana — perguntou dispondo taças sobre a mesa.

— Acho que as coisas estão melhores… — o patrão assumiu aquele ar sonhador novamente — Temos conversado bastante… Ela parece mais confiante agora.

— Isso eu também achei. Acredito que tomar aquela decisão, se impor sobre algo que lhe fazia tanto mal lhe deu um novo sentido de vida… Espero que ela perceba rapidamente o quanto perdia e que consiga reaver de uma vez.

— Ao que se refere…?

— Ao amor, senhor. Minha prima perdeu muito tempo de sua vida ofertando o amor que tem para alguém que não sabia recebê-lo. Espero, de todo o meu coração, que ela consiga encontrar de uma vez o sentido de sua vida porque sei o quanto ela é romântica e sonha com um futuro feliz.

— Ela realmente merece isso… — ele concordou pensativo.

— Também sei o quanto o senhor a ama… Por alguma razão, acredito nesse sentimento — ela tinha um olhar conspirador.

Taeyang não pôde deixar de sorrir para a governanta que o olhava fixamente nos olhos, alguns guardanapos nas mãos. Ela retribuiu aquele sentimento com o rapaz e não conteve-se em recordar o jovem príncipe por quem foi apaixonada. Era esse o Wook que ela conhecera naquele tempo feliz e ela esperava, com toda a sua esperança, que continuasse assim.

— Dê um tempo para ela — prosseguiu voltando-se para sua tarefa — Tenho certeza que ela vai entender o quanto o senhor sente…

— Eu a amo, Ha Jin, não duvide nunca. E me arrependo de todo tempo no qual permaneci calado. Não consigo suportar a ideia de ter permitido que ela se envolvesse com Gun e passasse por tudo aquilo…

— Era necessário — a governanta falou seguramente — Talvez aquele não fosse o tempo de vocês. Se tivessem ficado juntos ali, provavelmente não teriam maturidade suficiente para avançarem com a relação. Nada em nossa vida acontece por acaso, senhor. Tudo está previamente escrito…

“Há situações que desejamos e não somos capazes de alcançar simplesmente porque aquilo não nos pertence. Até podemos insistir, mas uma hora, ela se dissipa e escapa como água entre nossos dedos. As várias lanças que recebemos ao longo dessa escolha nos ferem e são essas feridas que nos ajudam a compreender o que deveríamos ter aceitado desde o início.

“Na Na passou por isso… Ela teve a oportunidade da escolha e os muitos empecilhos lhe levaram a algo que ela sabia que não era o correto, mas que, naquele momento, parecia ser o melhor. Foi dessa escolha que vieram os espinhos que lhe mostraram o que ela queria ou não de um relacionamento e, agora, depois de toda essa experiência, ela sabe muito bem como e porquê escolher… Escolher o senhor.

— Você é realmente muito sábia para a sua idade, Ha Jin… Não é à toa que os meus irmãos a defendem sempre.

— Não sou sábia… — respondeu sentindo a face esquentar — Apenas aprendo observando as pessoas ao meu redor e, muito mais, com os meus erros.

— É bom te ter aqui na mansão… As coisas parecem ter melhorado depois que você chegou — ele continuou diante da expressão duvidosa da moça — Essa casa parece mais feliz, ouço mais sorrisos do que de costume por aqui… Meus irmãos mais novos parecem mais unidos, mais confiantes… Estou me aproximando mais deles, e tenho recebido essa aproximação de volta… Até mesmo Shin mudou e não sei se sobre ele você tem alguma culpa, mas quero que as coisas continuem assim — nesse momento, Shin se aproximou da sala de jantar, parando por trás de uma parede ao ouvir a voz do irmão se dirigir à governanta — A verdade é que você tem sido fantástica para essa família, essencial. Uma peça fundamental para tudo o que tem acontecido entre nós…

— Nossa, senhor Taeyang… não é bem assim — a governanta respondeu e Shin irritou-se por aquele tom abobalhado — Apenas faço o meu trabalho de governanta, nada de mais…

— Sei que é uma garota modesta — o tom de Taeyang parecia vir de um sorriso — Mas também sei que sabe do que estou falando. Você é uma pessoa maravilhosa, já percebi isso há um bom tempo… Nunca mude, por favor, nem desista de nós.

— Por favor, senhor…

— Por favor digo eu… — o jovem a interrompeu — Não me chame de senhor, já pedi faz um tempo e você acatou, mas voltou a esse pronome chato… Essas nomenclaturas não combinam com nós dois. Acho que já somos próximos o suficiente para esquecermos esses formalismos.

— Tudo bem… Taeyang — ela falou e Shin irritou-se ainda mais. Que proximidade existe entre os dois para abolirem as formalidades? — Mas só quando não houver outros presentes. Ainda preciso manter meu emprego. O uso de formalismos é uma das minhas obrigações.

— Certo… E que tal, mais para a frente, sairmos para tomar alguma coisa, nós três juntos?

Agora estão até marcando encontros? A terceira pessoa seria Kim Na Na? Como podem flertar desse jeito e ainda envolverem a outra? Como o irmão poderia convidar a governanta depois do que presenciou ele fazer com a prima dela a tarde inteira? Estaria ele enganando as duas? Que pouca vergonha desses dois.

— Seria ótimo! — Ela aceitou?

— Boa noite — Shin resolveu interromper os dois em definitivo.

— Boa noite, senhor — Senhor? A mim ela chama de senhor? Falsa.

— Boa noite, Shin — o outro que respondeu. Os dois pareciam estar bem próximos aos olhos do mais velho.

— Com licença — a governanta continuou em sua encenação — Vou terminar de organizar o jantar.

Fazendo uma breve vênia aos dois, Ha Jin saiu para a cozinha. Shin, exasperado, focou o irmão que levava em si um semblante leve. Recebeu mais um aceno de cabeça, esse vindo do mais novo que se retirou em seguida e irritou-se pensando que, por sua causa, eles encerraram àquele assunto. Por que não continuaram a conversa? Por que diabos não me envolveram na conversa? Perturbado, encaminhou-se para o quarto afim de trocar-se. Ficaria de olhos atentos nos dois a partir de agora.

***

Finalmente ele poderia vê-la outra vez. Estava apaixonado, para dizer o mínimo, e ficar afastado de Hye era quase sufocante. Eujin havia se despedido dos irmãos no último dia de expediente da semana e combinara de se encontrar com a namorada para jantarem juntos em um restaurante tranquilo, nada badalado, porque não importava o ambiente ao redor, importava apenas a companhia um do outro.

Ela pediu um prato simples, depois de Eujin dizer que gostaria que ela se encarregasse da sua fome e do seu paladar,  somente porque adorava saber dos gostos e das escolhas daquela mulher. E eles se conheciam havia tão pouco tempo, existia tantas descobertas interessantes a cada reencontro.

Se conheceram há, mais ou menos, um mês, no passeio com Jung, Ha Jin e a amiga que ele esquecera o nome. E, apesar de estar bastante embriagado, a memória traiçoeira, conseguiu se lembrar da garota estonteante que paquerou no bar e que, inesperadamente, correspondeu sua cantada lhe entregando o telefone numa folha de guardanapo.

No primeiro encontro, Eujin ainda não acreditava na sua sorte. Ela poderia ter armado uma pegadinha contra o bêbado idiota do bar e ter passado o telefone de outra mulher, ou coisa pior, mas não, era ela mesma que se encontrava com ele no cinema.  

— Tive medo de não te reencontrar — falou para ela assim que sentaram-se à sala de cinema — Você poderia ter me dado um número qualquer naquela noite… Me preocupei de não te ver novamente.

— Não teria motivos para te passar um número errado… Acho que era eu que deveria ter ficado preocupada, afinal, era você que estava bêbado. Corria o risco que usar o guardanapo que te dei para limpar os restos de bebida — sorriu para o rapaz sob a luz dos trailers. Ele tinha uma expressão inconformada sob aquela acusação.

— Como pode pensar que faria algo assim? — perguntou ofendido. O tom brincalhão estampado seu rosto — Jamais faria isso. Aquele guardanapo era como ouro para mim. Guardei com todo cuidado na minha carteira…

— Muito bom saber sobre isso  — ela também brincava — Seria um desperdício perder aquele papel…

— Eu sei… E como sei — os dois se olharam intensamente por um breve momento. Os olhos em contato pareciam falar mais que as palavras expostas naquela sala de cinema.

— Eu também gostei de você. Também não quis perder a chance de te rever — disse Hye, sorridente antes do filme iniciar.

— Quero te encontrar novamente…  — o rapaz falou com grande ansiedade.

— Mas estou aqui, agora… — Hye respondeu sem entender muito bem o que ele queria dizer.

— Não quero esperar para te ver de novo. Por favor, não suma — ele parecia temeroso sob aquela frase.

Hye sentiu algo estranho em seu peito. Aquela sensação de que o conhecia, de que deveria encontrá-lo por algum momento. Parecia partilhar dos sentimentos dele e conseguia, por mais que fosse estranho, entender a ansiedade e o desejo dele pelo reencontro.

— Uma coisa de cada vez — ela falou contida, mantendo-se consiente daquele primeiro encontro — Vamos apenas deixar as coisas seguirem seu curso sem nos pressionar a nada, tudo bem?

— Tudo bem se você me disser que vamos nos ver novamente — ele suplicou. Seus olhos e expressões despertaram em Hye o desejo de abraçá-lo. Ele era gentil e amável. Sentiu-se querida.

— Conversamos sobre isso depois — ela ralhou com um tom leve — Vamos, concentre-se, o filme já vai começar.

E, falando isso, ela virou-se para a tela. Pelo canto de olho ainda viu Eujin dar-se por vencido depois de alguns instantes encarando seu perfil. Ela teve vontade de rir, de estar com ele que, agora, estava sóbrio, mais confiante e galanteador, agradável o suficiente para valer um segundo encontro, que ocorreu já no dia seguinte.

Riram, se divertiram em conversas banais, comeram bobeiras pelo centro da cidade na carona de um evento local que ocorria aquele dia e combinaram uma terceira vez.

Na terceira, dias depois, houve um abraço caloroso e, às escondidas, embaixo de uma árvore de copa larga, um beijo. Do beijo para o pedido de namoro Eujin não encontrou nenhuma dificuldade, assim como Hye não teve nenhuma hesitação em aceitar.

De lá para cá houve muitos encontros, muitos beijos e muitos toques ansiosos. Se conheceram mais, Hye principalmente, afinal o herdeiro da família Wang  passava por um mês difícil e a namorada era também sua melhor ouvinte, depois do irmão Shin e da amiga Ha Jin.

O contrário ainda era misterioso para ele. Sabia que ela vinha de uma família rica, que se formara quase no mesmo tempo que ele e que a família também lhe forçava a fazer escolhas que não eram suas. Entretanto, ela nunca gostava de se aprofundar nos próprios problemas.

O ramo de trabalho de seu pai, sua formação, ao que estava sendo obrigada a fazer, ela não queria contar nada sobre aquilo e, na verdade, não importava. Ele admirava a capacidade que ela tinha de se abster dos problemas e achava que isso dava a ela uma aura sensual de mistério.

— Está mais pensativo do que o normal hoje — observou Hye vendo o namorado fitar o prato de comida — Não gostou da minha escolha para o jantar?  

— É, eu não gosto muito de polvo…

— Sério?

— Não, sua bobinha. Estou apenas querendo ver sua carinha de assustada.

— Eu não me assustei — retrucou fazendo charme — E você está tentando mudar de assunto que eu sei.

— Eu só não quero bancar o chato que vem sempre falar dos problemas pessoais… Toda vez… — Eujin suspirou.

— Obrigada pela consideração, mas eu namoro você por inteiro. As partes boas e as ruins. O que houve? — perguntou de novo, espetando o braço dele com os hashis de metal.

— É meu irmão. Ele voltou.

— Aquele nada legal? O que ninguém gosta?

— Sim. E agora há algo muito estranho. Ele assistiu a minha primeira reunião e ainda me parabenizou. Depois, nos corredores, veio me dizer que qualquer dúvida ele está lá para ajudar. Para “o que der e vier” foram as palavras dele — comentou soturnamente.  

— Isso é muito suspeito, imagino.

— É  — ele concordou, subitamente cansado. Então sacudiu a cabeça de leve para afastar Gun dos pensamento e esticou o braço na direção dela, por cima da mesa, agarrando sua mão macia e delicada — Vamos fugir?

Hye tomou um pequeno gole de sua bebida, sem desviar os olhos dos olhos dele, e respondeu:

— Vamos.

— Estou falando sério, Hye — Eujin reafirmou gravemente.

— Eu também — ela anuiu sem sequer piscar.

— Aishh… Você só me deixa mais apaixonado, garota! — argumentou vencido, se endireitou na cadeira e voltou a comer. A namorada sorriu, mas ele ainda ficou com a curiosa sensação de que ela não estava blefando.

Um tempo depois, após terminarem suas refeições, os dois saíram pelas ruas movimentadas que circundavam o restaurante até um jardim próximo dali. De mãos dadas, caminharam em silêncio pelos arredores daquele local. As flores que ainda resistiam ao frio do fim do outono deixavam o ambiente agradável, tanto com o aroma como com o visual.

Eujin sentia Hye apertando sua mão com intensidade. Mesmo sob o frio daquela noite, ele conseguia sentir a quentura que emanava de sua namorada. E sentia-se feliz de estar assim. Aquela garota era incrivelmente linda, tanto por fora, como pela personalidade que ele, a cada novo encontro, tinha a satisfação de conhecer. E mesmo que parecesse absurdo, o que ele mais queria era estar todos os dias ao lado dela, como se seus sentimentos fossem capazes de reconhecê-la e exigirem por ela.

— Sabe... — ele começou — Fico imaginando como as coisas podem ser...

— Por que? — ela incentivou após o silêncio dele.

— Meu irmão teve a ideia de um encontro com nossa amiga. Ele gosta dela, mas ela não, eu acho...  — ele continuou — E eu nem mesmo queria dar bola para as tentativas dele em encontrá-la, mas... Se não fosse por Jung, eu não teria te visto naquele bar... Eu não teria te encontrado e não estaria vivendo nada do que tenho vivido. Parece destino... — ele concluiu olhando brevemente para ela.

— Não sei se acredito na ideia de destino — ela respondeu com docilidade — Mas acredito que tudo o que é para ser nosso, será de alguma forma. Somos capazes de atrair o que quisermos para nossas vidas se desejarmos muito. Você, naquele momento, se sentiu atraído por mim e desejou que eu sentisse o mesmo. Provavelmente foi o que aconteceu… Pode ser que, no meio de tantas outras pessoas, você tenha me visto porque temos algo a aprender um com o outro.

— Então, nesse caso, eu deveria ser seu? — ele perguntou galanteador, parando à sua frente, fazendo com que Hye o olhasse em seus olhos.

— Pode ser que sim — ela o encarou — Você queria me encontrar, você queria ser meu e o seu desejo me trouxe até você...

Inesperadamente, e sem consentimento, Eujin roubou um beijo da namorada que, por um breve instante, constrangeu-se de estarem trocando carinhos sob olhares estranhos. Por fim, e não menos repentino, Hye, apoiando-se nos braços do namorado, inclinou-se sobre as pontas dos pés e o retribuiu, um beijo delicado, bem mais demorado, propiciador de maiores vontades.

— Você está me deixando louco... — o rapaz comentou assim que a namorada descolou os lábios dos dele — Não sei se vou ser capaz de resistir aos seus encantos por muito tempo...

— E quem te disse que eu quero que resista? — ela respondeu e o pegou de surpresa. Ela, divertindo-se da expressão de Eujin, o puxou pela mão para que voltassem ao passeio.

— O que você quis dizer com isso? — ele perguntou ainda confuso. A observava com um ar abobalhado.

— O que você entendeu? — Hye rebateu a pergunta e o olhou intensamente.

— Aigo — ralhou com desespero — Você me deixa louco desse jeito.

— Não é o que pretendo, tenha certeza disso.

— O que eu faço com você, senhorita?

— Apenas não me deixe ir sem você...

— Nunca — ele a parou novamente, a envolvendo sob seus braços em um abraço cheio de significados — Não quero que você vá — roubou-lhe outro selinho.

— E o que eu faço com você, senhor Wang?

— Que tal me punir com outro beijo? Eu gostei bastante...  

— Você não tem jeito — ela o ignorou, mantendo a brincadeira — O melhor  a fazer é continuar essa caminhada...

Mais tarde, depois de alguns beijos roubados, de sorrisos e conversas banais, Eujin estacionou o carro em frente ao condomínio luxuoso onde Hye vivia com a família; o coração apertado por ter de se despedir de novo. Tinha vinte e um anos, mas se comportava como um adolescente eufórico perto daquela criatura magnífica de cabelos compridos e expressões marcantes.

— Então, boa noite…

— Queria não me despedir nunca — ele fez um muxoxo ao fim da afirmação. Carente, encostou a cabeça no encosto do banco e a observou de lado.

— Será que um beijo pode acalmar seus ânimos até amanhã, Senhor Wang?

— Eujin, Hye. Eujin… — pediu sabendo que ela falava assim somente para provocá-lo — E sim, ajuda muito.

— Vou facilitar para o seu lado então — ela concordou, aproximando-se dele até se que seus lábios se tocassem de leve.

O beijo foi delicado e demorado. Eujin ergueu o braço e acariciou a nuca dela com a ponta dos dedos, enquanto seus lábios se experimentavam com cada vez mais urgência. Ela aproximou-se mais dele, apoiando a mão no ombro direito do rapaz e aprofundando o desejo de ambos. E o que era para ser uma breve despedida demorou muito mais tempo do que o esperado…

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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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