Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 31
Confiança, seu Nome é Arrogância


Notas iniciais do capítulo

Oi gente...
Hoje a postagem saiu mais cedo porque estamos muito atarefas, mas o capítulo tem que sair né?! De qualquer forma, muito obrigada pelos comentários e esperamos mais no próximo capítulo kkkk

Ótima leitura à todos! :*



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   Ha Jin sondou Taeyang durante duas semanas inteiras. Precisava encontrar a melhor brecha para se aproximar, sendo cautelosa para que nenhum outro membro da mansão escutasse o que tinha para lhe dizer. Pensou em usar um dos garotos, Eujin ou Jung, como ponte para aquele momento, mas não poderia trair a confiança de Na Na, que pedira para ela não contar sobre seu paradeiro a mais ninguém daquela família.

  Finalmente, após muitas tentativas frustradas, a ocasião parecia ter chegado. Era a manhã de um dia de semana e, por algum motivo, Taeyang resolveu ficar na mansão em vez de estar na empresa. A funcionária entrou no escritório, a porta estando aberta, e deparou-se com ele na poltrona, diante da escrivaninha, apoiado sobre dezenas de papéis relacionados ao seu cargo. A caneta na mão, rodando entre os dedos, o olhar perdido em direção à janela, nos jardins, ele estava pouco interessado na leitura.

  — Caham! Caham! — a governanta fingiu pigarrear pateticamente enquanto invadia a privacidade do herdeiro no cômodo — Bom dia, senhor.

   Taeyang virou-se para ela, ligeiramente aéreo, e em seguida endireitou-se no assento, dizendo:

  — Oh, bom dia, governanta Go — sorriu-lhe educadamente — Você precisa limpar o escritório? Eu saio num segundo — concluiu, se pondo em pé e juntando os papéis sobre a mesa num montante só.

   Ha Jin encaminhou-se para o centro do escritório, se posicionou de frente para ele, e resolveu ir direto ao ponto antes que alguém surgisse para minar mais essa oportunidade.

    — Eu esperei um momento a sós com o senhor por vários dias — iniciou, fazendo o herdeiro parar o que estava fazendo para encará-la com curiosidade. Seu rosto, confuso e bem-apessoado, apesar dos hematomas quase curados, trazia a sombra ligeira do príncipe Wook para a moça. Ha Jin controlou aquele estranho sentimento que a invadiu, um leve arrepio em nome dos conturbados desfechos na outra vida, ao fitá-lo tão diretamente nos olhos — Tenho um recado importante para transmitir ao senhor.

    Ele continuou calado e paralisado, esperando pelo que viria em seguida da boca da funcionária. Como trilha sonora daquele tenso momento, apenas a cantoria dos pássaros nos jardins ao redor deles.

    — Na Na pediu para dizer que está bem. Não precisa se preocupar.

   — Hã...? Na Na...? — ele ficou desnorteado quando o nome dela veio à tona, mas logo sorriu, revelando através de um semblante mais irreverente, compreender — Claro, vocês são primas! Havia me esquecido… Onde ela está? Ligo na casa dos pais dela e eles dizem que ela foi para casa de parentes distantes cumprir férias acumuladas…

    — Está na minha casa.

    — Na sua casa? Aqui? Em Busan? — arregalou os olhos, empolgado.

   — Sim… E pede para que, encarecidamente, não tente vê-la. Não sei o que houve detalhadamente, mas ela chegou até mim despedaçada… Ela precisa de um tempo sozinha de vocês, os Wang, e eu apoio totalmente essa decisão — confessou atrevidamente, correndo o risco de ser arrogante ou, até mesmo, insubordinada.

    Taeyang abandonou os papéis e deslizou para a poltrona novamente, o rosto desorientado. Após alguns instantes de silêncio comentou à funcionária, nenhum aborrecimento transparecendo em seu tom de voz.

    — Ela confia em você, não?

   — Acho que sim… Nos tornamos mais do que parentes, somos amigas — confirmou recordando-se do quanto a companhia da prima lhe fazia bem e como se entendiam bem.

    — Ela contou o que houve?

   — Apenas por cima… Não sei detalhes nem quis aprofundar no assunto — respondeu evasivamente, abstendo-se de parecer intrometida.

   — Espero que ela se recupere bem. Que supere tudo que houve com ela naquela segunda-feira… Que supere tudo e volte de cabeça erguida. Ela é uma grande mulher, ela nem tem ideia do quanto — ele objetou falando mais para si do que para a governanta.

   — Sim. Concordo — aprovou, acenando com a cabeça.

   Taeyang desfocou os olhos do vazio e penetrou-os sobre os de Ha Jin outra vez.

   — Muito obrigado, Go Ha Jin. Obrigado por me deixar mais tranquilo. E por ser uma boa amiga para todos…

  — Para todos? — Ha Jin perguntou, não compreendendo bem a colocação dele.

 — Meus irmãos falam de você e se sentem felizes quando estão próximos. Vejo  nos seus gestos e palavras a mesma sinceridade que vejo em Na Na. Não há como negar o parentesco — sorriu-lhe bondoso — Quanto aos outros, não se importe com eles…

  — Não me importo.

  — Eu sei que minha irmã gosta de lhe perseguir por aí, mas já dei uma boa chamada nela quanto a esse comportamento irracional… Gun eu não posso controlar, portanto evitá-lo é o melhor para todos…

  — Sim, não costumo conversar nada com o senhor Gun — interrompeu-o, sendo pouco eficiente em disfarçar seu desagrado quanto àquele Wang.

  — E Shin… Ele é um mistério para mim. O mais cauteloso seria…

  — O senhor Shin é um homem muito digno — a governanta o cortou pela segunda vez, as palavras deixando seus lábios rapidamente, antes que pudesse se frear, despertando o olhar desconfiado do rapaz — Digo, ele me trata bem como os outros. É um pouco recluso sim, pelo que vejo do comportamento dele dentro da mansão, mas sempre é gentil com os criados. Nos cumprimenta quando nos vê e não parece… não parece ser um dos principais donos de uma empresa milionária.

 — Você ia dizer que ele não parece um Wang — Taeyang ampliou o antigo sorriso, descortinando os pensamentos dela — Tudo bem, acho justa a sua opinião e interessante sua observação. Vou refletir mais sobre isso, aliás.

 Executando uma singela mesura, Ha Jin despediu-se do herdeiro na preparação para se retirar. O recado estava entregue e a consciência mais leve, não se sentiria mais angustiada por ver aquele homem conferindo o celular e fitando o vazio aflitivamente pelos cômodos da propriedade, como acontecera nas últimas semanas. Prestes a deixar o imponente escritório da mansão, ele chamou sua atenção.

  — Pode dar um recado meu para ela, governanta Go? — Taeyang quis saber, uma expressão ansiosa, semelhante à de um menino prestes a pedir algo proibido.

  Intrigada, Ha Jin anuiu, prometendo fazer as palavras dele chegarem aos ouvidos da sua hóspede.

  — Diga para ela então… Que eu a amo.

***

  Pela quinta vez, pelo menos, naquela semana, Gun se deparara com uma cena muito peculiar. A governanta secundária conversando aos cochichos na companhia do seu irmão, Taeyang, pelos corredores. Daquela vez, ele os havia flagrado na cozinha e nenhuma das manobras que adotaram, ela responder a uma pergunta idiota de que a refeição sairia no horário normal, e ele investigar o que tinha de bom na fruteira, convenceu Gun de que era um simples diálogo patrão e funcionária. Alguma coisa acontecia, ele sentia no ar… Tinha os olhos fincados em Taeyang, esperando seu deslize, para derrotá-lo logo na largada ao cargo de CEO e, se realmente suas suspeitas estivessem corretas, o irmão estava quebrando uma das regras da sucessão, a de não se envolver com a criadagem.

 Gun entrou na cozinha, após a saída de Taeyang, e inspecionou a pequena mulher virar-se para a pia, certamente fingindo não notar sua presença. Ela não tinha muitos atrativos, pensando bem. Seu rosto era comum e seus modos mecânicos, nenhum gesto gracioso… Nenhum charme… Por que ele contratara aquela garota, mesmo?

 Ruminou, aproximando-se lentamente na direção dela e percebendo as maçãs da garota ruborizarem a cada instante. Na Na pedira aquela contratação. Na Na, que se recusava a atender o celular, não se encontrava na casa dos seus sogros e nem em lugar nenhum. Na Na, que vinha dando um gelo nele… Achando que ainda tinha razão, toda sorrisos e intimidades com aquele que não era somente seu irmão, mas um dos seus inimigos.

 De repente, Gun trouxe à tona na memória os motivos da futura noiva querer a efetivação da segunda governanta. Elas eram primas. Houve até aquele momento constrangedor, em que teve de se sentar diante da tal e fazer uma espécie de “boas vindas” para ela. Então era isso! Taeyang a sondava por um motivo muito óbvio… Ela deveria conhecer o paradeiro de Na Na, deixando-o na frente dele… De novo.

 — Você é a governanta Go Ha Jin, acertei? — Gun perguntou às costas dela, forçando a mente para recordar o nome da criatura.

 A garota respondeu com um aceno seco, sem sequer dar ao trabalho de lhe olhar nos olhos. Encostada à pia, ela parecia muito mais engajada em lavar algumas verduras estúpidas do que se portar como convinha a etiqueta.

— Eu sou seu patrão, portanto olhe para mim quando pergunto algo a você — exigiu.

— Sim? — a governanta largou seus afazeres, secou as mãos no avental e curvou-se para ele. Quando se postou ereta, direcionou um fitar rancoroso para Gun, nada mais adequado para confirmar as suspeitas dele.

— Onde Na Na se enfiou?

— Não estou entendendo, senhor — ela o respondeu de imediato, sem nem titubear na sua mentira.

Gun encostou-se a bancada de pedra disposta no centro da cozinha e cruzou os braços, quase se divertindo pelo cinismo da jovem. Ela achava mesmo que poderia enganá-lo? Então era esse comportamento petulante que tirava Yun Mi do sério... Ele refletiu, começando a compreender.

— Você sabe que a sua experiência ainda não foi concluída, não é? Eu que lhe contratei, eu que posso tirar seu cargo num segundo. Estou com os papéis à mão, caso não passe do período da experiência.

— Confio no seu julgamento, senhor. Seja ele qual for. A escolha por me efetivar ou não, não depende de mim, faço apenas o meu melhor aqui dentro e nada mais tenho em meu controle.

Gun encarou-a demoradamente, buscando seu ponto fraco no semblante endurecido. Por fim, sorriu, mudando de tática:

— Não quero fazer mal à sua prima, mas ela é minha namorada. Nós precisamos resolver nossos problemas de uma vez por todas…e juntos. De nada adianta ela se esconder de mim. Entende o que quero dizer?

  A funcionária Go Ha Jin sequer piscou e, embora seus olhos contassem toda a verdade, toda antipatia que sentia por ele, sua voz cantava outra história.

— Sinto muito, senhor Gun. Não vejo Na Na há dias…

— Mentira! — Gun exclamou depois bufar alto, impaciente — Eu não sou idiota, garota! Conte onde ela se enfiou? Em algum hotel barato da cidade? Na casa de alguma colega antiga? Na sua casa…? — exaltou-se, cansado dos joguinhos de “esconde-esconde” da namorada, apontando-lhe o dedo acusadoramente ao mesmo tempo que se aproximava da pequena funcionária.

— Afasta-se dela, agora — alguém o alertou, um momento antes de agarrar aquela mulher ousada pelos braços e sacudi-la para obter sua informação a todo custo.

Gun virou-se para trás, conhecendo muito bem o dono daquela voz, e desprezando-o, ao rebater incisivo:

— Por que não vai cuidar da sua vida para variar, seu bastardo vira-lata?!

Shin entrou por completo no recinto, as mãos nos bolsos da calça, a atitude corporal aparentemente relaxada, porém alerta.

— Não sabia que era do time da Yun Min, do que fica aterrorizando os funcionários com acusações infundadas para inflar seu ego e manter a autoestima. Curioso…

— Some daqui — Gun irritou-se, aplicando um empurrão contra o peito do irmão motoqueiro, apenas um gesto definitivo para mostrar qual era seu lugar naquela situação: longe dos assuntos dele.

— Agora você está puxando briga com todos nós, é isso? — Shin tirou as mãos do bolso, erguendo-as como se rendesse a investida enquanto sorria debochado — Suas cicatrizes estão melhorando bem… Será que está querendo renová-las para parecer mais ameaçador? Por que está importunando a garota, afinal de contas?

— Senhor Shin, eu… — ela ousou falar sem ser solicitada.

— Fique na sua, criada atrevida…

— Seus modos se superam ano após ano, Gun. Mamãe entrou numa impressora de proporções humanas e entregou a cópia cuspida e escarrada para o restante dessa família... — Shin contornou o irmão, pouco a pouco se postando na frente para a governanta e se transformando em seu escudo.

— Por que está defendendo ela?

— Por que a está importunando? — repetiu outra vez, irritando-o mais.

Gun respirou fundo passando a mão nos cabelos. Alguns criados haviam entrado na cozinha e ele não estava disposto a causar outro conflito com um novo irmão, formando outra onda de fofocas desnecessárias. A paciência de Hansol tinha limites e ele precisava ser mais inteligente, também menos cabeça quente, para resolver seus problemas pessoais. Além disso, para que se exaltar quando o plano principal seguia como o planejado? Se expor muito significava ficar vulnerável aos irmãos.

No fim das contas, aquela menina tola não deveria saber de nada… Quem sabe era uma aproveitadora, o mais factível. Gun já a havia visto de risos na presença de Eujin, por exemplo. Há pouco conversava com Taeyang e agora estava sendo defendida ativamente justo por Shin. Sim… A governanta queria conquistar uma posição ali, de certo sentia ciúmes da prima por ter conseguido tal proeza anos antes. Ela não sabia de nada, ele concluiu, observando aqueles dois diante de si. E, num futuro, ainda poderia ser bem útil se suas suspeitas se concretizassem… Algum dos irmãos, com sorte até aquele imbecil à sua frente, poderia se deixar levar por um romance fácil nos braços da insossa e colocar seu título na empresa a perder.

— Não deveria nem perder meu tempo falando com você, quanto mais dar alguma satisfação — terminou por dizer a Shin — E quanto a senhorita… — apontou para Go Ha Jin — prestarei mais atenção nos seus passos.

Quando ele saiu da cozinha, esbarrando num empregado que recuou assustado pelo caminho, Ha Jin finalmente pôde respirar aliviada. Se Shin não tivesse interrompido toda a cena, ela certamente agiria de modo acalorado, abrindo sua boca mais do que deveria. Percebendo que o herdeiro a estudava curiosamente, ela descobriu que teria de agradecê-lo pela enésima vez, já sendo impossível se contabilizar quantos favores devia para aquele Wang presunçoso.

— Obrigada… mais uma vez…

— Só pare de se meter em encrencas, que tal? — Shin piscou-lhe carinhosamente, o que a deixou desconcertada, o coração subitamente acelerado — Ficar no caminho dos meus irmãos, principalmente esse, será o jeito mais fácil para algum aborrecimento maior neste emprego.

— Acredite, senhor, eu me empenho para ficar fora disso tudo.

— E por que não consegue? — ele inclinou na direção dela, o famoso olhar intenso que despia sua alma e acabava com sua noite de sono.

Por você… Estou enfrentando tudo isso porque ainda tenho esperança… Por nós…Para nós, So...”

— Vou conseguir — ela objetou, desgrudando o olhar do olhar dele quando mais empregados adentraram à cozinha para iniciar os costumeiros preparativos do jantar, e o clima entre os dois se partiu em meio àquele movimento ao redor — Preciso continuar lavando as verduras…

— Vou indo também — Shin concordou, atipicamente deslocado, partindo.

   ***

Sentada de frente para a TV da sala, ao lado de Ha Jin e Mi Ok, Na Na pensava profundamente no que faria de agora em diante. Faltavam poucos dias para suas férias acabarem e, em breve, ela teria de enfrentar todos os Wang novamente, em especial, Gun e Taeyang.

Se viu imaginando em como prosseguiria sua vida e rotina ao lado dos dois na empresa. Tentava descobrir quando seria esse terrível momento do encontro entre eles. Como aquele primeiro contato se desenrolaria. Tinha muito o que resolver com Gun e entender, em definitivo, o que fora aquele beijo que trocou com Taeyang. Precisava compreender o que acontecia entre os dois, porque ficara ansiosa quando soube pela mãe que ele havia ligado e, ainda mais, precisava entender as sensações que vivenciou ao ouvir pela prima, o recado de que ele a amava.

Despertou de seus devaneios quando Mi Ok dera um gritinho em resposta ao programa que assistiam. Era sexta, Ha Jin já havia chegado e a tempestade daquela noite impedia a mais nova de sair, dessa forma, a dona da casa a convidara para dormir junto com elas.

— Você viu isso? É um louco — Mi Ok comentou admirada com o programa que viam juntas.

— Que louco que nada. Quer é ganhar o dinheiro todo — Ha Jin pontuou com esperteza.

— Não é para menos. Não é todo dia que se tem a chance de ganhar um prêmio de um milhão de wons.

— Por isso que digo que…

A conversa foi interrompida pelo toque do celular de Na Na. As três olharam tensas para a tela do aparelho sobre o centro e, como imaginavam, viram o nome de Gun aparecendo no visor mais uma vez. Elas se olharam. Era a terceira vez desde que Ha Jin chegara, o que fazia cerca de vinte minutos.

— Ignore… — Mi Ok falou simplesmente, se virando para a TV.

Ha Jin, ao contrário, olhou para a prima com uma expressão que lhe dizia compactuar o mesmo pensamento que ela. Precisava tomar coragem e atender àquela ligação em algum momento, embora ainda não se sentisse preparada para tal. Sabia que, em breve, teria de voltar a encontrá-lo e se, quando o fizesse, tudo estivesse resolvido, talvez fosse mais fácil. O aparelho desligou. Ha Jin a olhou novamente antes de voltar a atenção para a TV. Os comentários sobre o programa cessando repentinamente.

Novamente o celular tocou. Novamente as três se olharam e fitaram o aparelho. Novamente era Gun e  Na Na, mais uma vez, inspirou profundamente em resposta ao  toque insistente.

— Quer que eu atenda? — Mi Ok falou prestativa — Ele não me conhece. Mando ele pastar em dois tempos…

— Não… Obrigada — Na Na tentou sorrir — Eu vou atender.

— O que? — Mi Ok se assustou, porém Ha Jin ficou em silêncio, os olhos concordando com aquela atitude.

— Alô — respondeu após se afastar um pouco. Estava quase na cozinha.

Finalmente, Na Na! — a voz de Gun parecia tensa, agitada — Por que faz isso comigo?

— Não estou fazendo nada com você, Gun — ela respondeu irritada. Era sempre ele acima de todos os outros.

Onde está? Precisamos nos resolver. Não posso continuar assim, Na Na. Por favor, preciso pedir desculpas e…

— Não quero suas desculpas — interpelou com firmeza — Mas acho que precisamos, sim, conversar.

Você, como sempre, muito sensata. Por favor, vamos conversar então. Que tal amanhã à noite. É seu aniversário e acho que é o momento ideal para resolvermos os nossos problemas.

— Tudo bem — ela anuiu após soltar o ar que estava preso pela ansiedade daquela ideia.

Então eu te pego…

— Não. Eu vou de táxi. Me diga o local.

Vou fazer uma reserva e ligo para você avisando, tudo bem? — a voz mais gentil que o usual.

— Tudo bem.

Obrigado por me atender… Estava muito preocupado e…

— Agradeço a preocupação, mas preciso desligar agora. Espero sua ligação.

Sim… Descanse. Nos encontramos amanhã. Estou ansioso e… com saudades.

Retornando para as outras duas na sala, ela justificou-se após um breve momento de silêncio:

— Nos encontramos amanhã

— Vai encontrar com ele? — Mi Ok foi a primeira a perguntar após Na Na desligar o aparelho. Ela respondeu com um aceno de cabeça.

— Onde? — Ha Jin perguntou em seguida, preocupada.

— Ainda não sei. Ele ficou de me ligar dizendo o local.

— Vou com você. Não vou te deixar sozinha com aquele louco… — a governanta continuou e as outras duas olharam para ela com uma expressão curiosa — O que? Uma pessoa que faz tudo isso não é louca?

— Gostaria mesmo que fosse comigo — Na Na prosseguiu, concordando com a prima — Tenho medo de não resistir a esse encontro, de chorar, de me magoar ainda mais…

— Ficarei por perto.

— Se quiser também vou — Mi Ok se adiantou.

— Não — Ha Jin falou com rapidez — Você fica nos esperando aqui.

— Mas eu queria…

— Não. Na Na precisa conversar com aquele patife a sós e eu vou apenas para ela não fraquejar diante dele. Você fica aqui e faz o chá para quando voltarmos.

— Tudo bem… — Mi Ok concordou de cara amarrada.

— Obrigada, meninas… Vocês são maravilhosas…

— Sim, nós somos — Ha Jin respondeu incluindo a prima — Somos demais.

***

Quando Na Na desligou o celular, Gun não conseguiu conter um sorriso. Tinha conseguido avançar metade do caminho com aquela ligação e, se bem conhecia a namorada, o perdão viria em breve, embora ele soubesse que, dessa vez, deveria tentar bem mais que um simples pedido de desculpa.

Convencido da vitória, sentou sobre a cama e ligou para um dos restaurantes mais elegantes da cidade fazendo a reserva para a próxima noite, àquele onde a família costumava jantar em dias de comemoração, uma ideia amadurecendo em sua cabeça. Ligou também para os pais de Na Na avisando que conseguira conversar com ela, que se encontrariam e perguntando se poderia visitá-los. Recebeu uma resposta positiva. Os pais de Na Na eram pobres, mas até que bem educados.

Tudo está saindo conforme planejei”.

Não sentindo-se feliz por completo com todas as suas ideias, se olhou no espelho e contemplou a face demoradamente enquanto recordava os hematomas. Não havia mais quase nenhuma marca da briga que travara com irmão semanas antes. Em seu rosto destacava-se apenas o semblante da vitória que viria logo. Ele, em sua prepotência, precisava compartilhá-la.

Taeyang estava lendo quando ouviu a batida em sua porta. Marcou a página e levantou em direção a ela, o espanto estampado em seu rosto como resposta para aquela visita inesperada.

— Boa noite, irmão — Gun saudou com cinismo, adentrando no quarto, mesmo sem ser convidado. Era a primeira vez que ele o abordava sem ser na empresa, depois da briga entre os dois.

— O que quer aqui? — Taeyang respondeu mantendo a porta aberta. Não queria dar motivos para desentendimentos novamente, nem queria que seu pai se decepcionasse ainda mais com ele.

— Vim ver como está — falou enquanto observava o quarto do irmão — Engraçado que esse lugar representa bem você: sem graça ou esperanças.

— Saia do meu quarto, por favor. Já é o suficiente para mim ter que te suportar nas refeições e na empresa — se aproximou da porta, esperando que o irmão saísse.

— Tudo bem, irmão. Acredito que minha presença deve te deixar frustrado, de toda forma — falou com deboche e prepotência — Tenho tudo o que você quer e… em breve, terei de volta o que você achou que finalmente teria…

— Do que está falando, seu imbecil? — Taeyang se exaltou, o tom da voz se elevando.

— Acredito que você já deve saber… — continuou embalado em seu sorriso cínico — Se quiser saber mesmo, e presenciar nosso momento de alegria, sinta-se convidado para amanhã a noite… Umas oito horas. O restaurante, você já conhece. Onde sempre comemoramos boas novas.

— Você está louco — comentou ao fim do discurso — Não perca seu tempo tentando me descontrolar. Não vou dar esse gostinho a você.

— Não é a minha intenção — o sorriso ainda presente — Para mim já foi suficiente saber que as suas tentativas de protetor, de super-homem, não deram em nada. Ela continua comigo, e assim continuará.

— Saia do meu quarto — Taeyang falou com grosseria.

— Será um prazer ter você lá. Não deixe de ir.

Taeyang bateu a porta às costas de Gun. As mãos percorreram pelos cabelos em um gesto de puro desespero. Respirou pesadamente pensando no que ele poderia estar planejando agora, em por que estava tão confiante. Não poderia ser possível. Na Na não poderia lhe perdoar depois de tudo o que ouviu, depois do que aconteceu. Aquele beijo fora nada para ela?

Em completo desespero, o rapaz sentou-se em sua cama, de pés e mãos atadas. A única coisa que poderia fazer, mesmo que a contragosto, era comparecer naquele restaurante. Talvez precisasse salvar Na Na mais uma vez...


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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