Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 26
Quem Grita Mais Alto?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente...

Como prometido, estou aqui para trazer o capítulo dessa semana, e esse é a continuação das aventuras de Jung e Eujin. Espero realmente que vocês gostem porque foi bem divertido escrever tudo o que acontecerá aqui, foi diferente do convencional e gostamos muito do resultado. Nas notas estão os links das músicas citadas no capítulo. Ouçam, vejam e imaginem o que narramos... É divertido!!! :D
Não deixem de deixar suas impressões sobre ele. Será muito bom saber se gostaram ou não do estilo dele ;)

No demais, muitíssimo obrigada pelos comentários no capítulo passado, por estarem conosco e por participarem sempre tão ativamente do nosso grupo no facebook (se ainda não faz parte, o link está nas notas).

Sem mais delongas, vamos ao capítulo...

FIGHTING!



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Ha Jin jamais imaginou que uma cena daquelas poderia acontecer diante de seus olhos: os Wang, Eujin e Jung, juntos com ela e Mi Ok em um barzinho na esquina de sua casa tomando soju e comendo pés de galinha fritos enquanto contavam idiotices de suas vidas e sorriam das decepções que enfrentaram ao longo dos anos.

Nesse momento, ela observava, e ria às gargalhadas embaladas pelo excesso de álcool, Jung e Mi Ok cantarem da pior forma possível uma versão embriagada de "Horang Nabi"¹.

Depois de uma excelente performance de "Uh-ee"², com direito a coreografia e segunda voz - que arrancou aplausos de todos os frequentadores, os dois praticamente pulavam no palco com a música atual e Mi Ok havia acabado de escapar mais uma vez de bater o microfone do karaokê no queixo.

Jung, que já havia retirado o blazer com o calor da dança travada com a parceira e das muitas garrafas de bebida entornadas, tinha a camisa clara colada ao peito pelo suor evidenciando os músculos criados ao longo dos anos de treino.

Ela observou algumas garotas suspirando pelas mesas vizinhas e agradeceu aos céus que o senhor Hansol não permitisse que os filhos fossem expostos e fotografados. Saber que ele não seria reconhecido naquela condição, e em sua companhia, a deixava mais tranquila.

A governanta em folga também percebeu que a amiga estava descabelada, o rosto brilhava de suor, assim como seu companheiro de cantoria, e se perguntou se ela imaginava o quão degradante era a sua aparência naquele momento.

Gargalhou novamente ao idealizar a cara que Mi Ok faria ao se ver refletida em um espelho e bebeu mais um pouco de soju. Àquela altura da noite, e da intimidade do passeio, já haviam desistido dos copos e se serviam diretamente nas garrafas.

Os dois cantores levavam em suas mãos, cada um, uma garrafa também e trocavam goles entre si nos intervalos da letra.

Foi apenas quando os pés de galinha acabaram que Ha Jin sentiu falta de Eujin. Se espichou na cadeira à procura do rapaz e o avistou um pouco mais a frente, conversando com uma garota no bar. Olhou outra vez e a achou familiar, porém a pouca luz do local, misturada com a grande quantidade de bebida, não permitia que ela se concentrasse em pequenos detalhes, mesmo se esforçando para enxergar bem.

Desistiu, então, de descobrir a identidade da garota e se ocupou em atrair a atenção de uns dos garçons para pedir que lhe reabastecesse a mesa.

***

— Não imaginei que conseguiria encontrar uma mulher tão bonita aqui — Eujin, que havia ido ao bar pedir mais bebida, falou para a moça ao seu lado assim que a viu. Ela sorriu discretamente e tomou um pouco de sua própria bebida — Será que posso sentar ao seu lado?

— Sim... Acredito que as cadeiras do bar não são reservadas para particulares —  respondeu, mas sem muita empolgação.

— Me chamo Eujin e você é linda — ela sorriu novamente. Parecia descrente sobre as palavras ditas pelo herdeiro — Como se chama?

A jovem, que não respondeu, tinha olhos grandes, profundos e misteriosos. Os cabelos, negros, soltos sobre os ombros desnudos pelo modelo de roupa que usava, contrastavam de forma sublime à brancura de sua pele. Sobre suas pernas longilíneas, seu casaco e bolsa repousavam imóveis e, agora, seus braços estavam cruzados enquanto ela mantinha uma expressão rígida, os olhos perscrutavam minuciosamente o rapaz à sua frente, certamente tentando entender por que ele a incomoda quando havia tantas outras moças disponíveis pelo salão, empenhadas em secá-lo, inclusive.

— Faz um tempo que não saio para me divertir... Estou aqui com meu irmão e umas amigas. Quer sentar com a gente?

— Não. Obrigada.

— Entendo... Quer ficar só — ela o olhou confirmando, olhos ébrios a mirando de volta — Não escolheu um bom lugar para estar só. Aqui é bem movimentado.

— O meu “estar só” é bem específico.

— Problemas? — perguntou interessado.

— Todos temos, não é?

— Sim, sim... — sorriu — Quem não afoga seus problemas em bebida, não é?

Ela o olhou pela terceira vez. Balançou a cabeça descrente daquela situação. O seu interesse era se afastar de algumas pessoas, mesmo que por um breve momento, e acreditou que pelo local ser distante e desconhecido de seu ciclo familiar poderia relaxar um pouco. A última coisa que queria naquela noite era ser notada por alguém.

— Você vem sempre por aqui?

— Não com frequência — na verdade, aquela era a sua primeira vez.

— Gostaria de te ver mais vezes…

— Por que?

— Porque você é linda e porque tenho a sensação de que não posso te deixar partir.

— Bem interessante essa sua cantada — falou demonstrando pouca animação, contudo, por dentro, o achando razoavelmente charmoso.

— Não é cantada. É o que estou sentindo agora. Não quero que vá e suma da minha vida. Não faça isso, por favor.

— Você está bêbado…

— Mas estou consciente do que estou falando.

— Eu preciso ir — a garota falou assim que terminou seu drink, tirando a caneta da bolsa e escrevendo em uma folha de guardanapo para ele — Nahm Hye. Se realmente tem tanto medo que eu suma, me ligue quando estiver sóbrio — entregou o pedaço de papel para o rapaz, sorriu com um leve aceno da cabeça e saiu.

***

— Ha Jin, eu estou te dizendo... É ele sim — Mi Ok, que observara aquele fato assim que os dois irmãos chegaram na casa da amiga para buscá-la, repetia aos ouvidos de Ha Jin pela terceira ou quarta vez, desde que voltara da cantoria com o seu príncipe, em um tom de voz que ela imaginava ser sussurro, mas que não passava de semi-gritos ao considerar o barulho do local.

A outra, obrigada a ouvir aquela ladainha, mesmo que tivesse dito que acreditava ainda quando estavam em casa, revirava os olhos irritada com a situação — É ele sim. Eu vendi todos aqueles produtos da ISOI para ele... Será que ele já me amava desde aquela época e por isso me deu aquela comissão?

— Mi Ok... — Ha Jin ralhou sonolenta — Ele nem te conhecia há umas cinco horas. Só porque cantaram uma meia dúzia de músicas juntos e estão dividindo a mesma garrafa de soju não quer dizer que ele te ama e que vão viver uma história de amor com direito a um final feliz.

— Não seja cruel — Mi Ok gritou enraivecida— Não tenho culpa se ninguém te ama — continuou choramingando — Ele é o amor da minha vida, eu sei disso, meu coração sente o amor em mim — Ha Jin revirou os olhos ao ouvir aquela declaração — Eu sei que ele me ama, está na cara dele…

— A única coisa que vejo na cara de Jung é suor e cansaço — comentou olhando o relógio de pulso — Veja, já é quase uma hora... Vamos todos nos ferrar amanhã. Precisamos trabalhar e sei que teremos enxaqueca. Seu príncipe não terá tantos problemas em se atrasar, afinal, a fábrica também é dele, e mesmo que seu futuro cunhado seja o dono da ISOI, você terá um desconto no seu salário se chegar atrasada, assim como eu… Vamos…

— Você não tem coração, Ha Jin — Mi Ok a olhava com rancor  — Está tentando me impedir de ser feliz, é isso?

— Aish... — a mais velha estava irritada também — A única coisa que quero impedir é que sejamos demitidas. Vamos, procure o amor da sua vida que vou procurar Eujin. Preciso encontrar esses garotos para irmos embora...

— Jung foi ao banheiro, já deve estar voltando — comentou desgostosa — E eu te odeio por estar fazendo isso.

— Ótimo! Se quer ser demitida, então fique aqui, mas eu não vou. Esperarei os dois voltarem e vou voltar para casa. Só não vá chorar suas escolhas erradas na minha casa.

— Bruxa.

— Mas onde estão? — ela se esticou novamente, ignorando a outra, e viu Jung se aproximando — E onde está Eujin…?

— No banheiro, mas já está vindo — o rapaz respondeu cansado. Mi Ok o olhava com admiração, quase o venerava.

— Precisamos ir embora, Jung. É quase uma da manhã... — Ha Jin pontuou. A voz oscilava entre a preocupação e o desgaste.

— Não podemos dirigir... — ele foi categórico — Mesmo Eujin bebeu demais.

— Aigoo... — ralhou, vendo a amiga sorrir abobalhada para o perfil do herdeiro, a ignorando prontamente — Como faremos?

— Vamos embora? — Eujin interrompeu a conversa ao se aproximar.

— Como vamos? Bebemos mais do que deveríamos — Jung interrogou o irmão.

— Eu sei, mas depois de passar uma água no rosto, as ideias clarearam. Vou chamar Shin.

Os olhos de Ha Jin poderiam ter caído de suas cavidades oculares e sair rolando pelo salão quando ouviu a solução encontrada por Eujin. Chamar Shin era a última coisa com a qual ela contava. Não poderia acreditar que teria de passar por aquela situação.

O herdeiro, seu antigo e constante amor, a veria naquele estado degradante, encharcada de álcool, levando seus jovens e indefesos irmãos mais novos para um mundo de perdição sem volta.

— Não pode chamar seu irmão — falou com a ansiedade latente na voz — Chame outro.

— Por que não? Ele é o único que virá.

— Não pode chamá-lo!

— E por que não? — Jung perguntou e os três a olharam curiosos, aguardando a resposta.

— Porque... Porque ele já deve estar dormindo e... certamente vai se incomodar. Ainda mais que ele não gosta muito de contato e…

— Ha Jin, foi você mesma que disse para darmos uma chance a Shin — o homem dos sonhos de Mi Ok continuou — Isso me parece contraditório.

— Já está tarde... Só não quero incomodá-lo — finalizou sabendo que fora vencida.

— Não será incomodado. Ele ainda deve estar acordado. Está decidido. Ligarei para Shin — Eujin concluiu e ligou para o irmão. Todos observaram em silêncio por uns poucos dois ou três minutos. Apenas o tempo para que o endereço da casa da governanta fosse repassado.

— Ainda bem que não saímos para longe. Ter deixado o carro na sua casa foi esperto — Jung argumentou — Ótima idéia, Mi Ok.

— Obrigada — a garota agradeceu cheia de carinhos.

— Sim... Ótima idéia, Mi Ok — Ha Jin concordou desanimada, pensando o oposto.

Em seguida, os quatro saíram daquele ambiente e foram recebidos por uma rajada cortante de ventos gélidos. O inverno estava às portas e aquela hora da noite castigava os amigos embebedados que seguiam caminhando os aproximados dez minutos que os levariam de volta ao seu local de partida.

— Vou morrer congelada — Mi Ok observou enquanto subiam a pequena ladeira que os levava para a casa de Ha Jin.

— Realmente, está bem frio essa noite — Jung concordou e ela quase derreteu sobre suas pernas — Tome meu casaco.

— Eu... Sério? — mas ele já havia colocado a peça de roupa sobre os ombros dela.

— Estou com o blazer também — apontou para a roupa — Não tem problema.

— Obrigada — o olhou agradecida, em sua tentativa frustrada de parecer sensual.

Enquanto a conversa seguia, Eujin e Ha Jin sorriam complacentes sobre o que acontecia ali, entre eles, naquele momento. O rapaz poderia mesmo agradecer aos céus pela ideia sem sentido do irmão mais novo em chamar a amiga para saírem.

Havia se divertido como há muito não fazia e seus ombros não sentiam aquele peso incômodo que recebera desde que fora impedido de estudar música.

Ha Jin se concentrava em concluir como a amiga parecia ainda mais louca do que o habitual naquela noite.

— Você canta muito bem, aliás — Mi Ok gralheou novamente, cortando o silêncio da subida.

— Obrigado. Você também.

— Obrigada. Você lembra daquela música que cantamos? Aquela que você dançou assim? — a jovem começou a se mexer estranhamente quase de frente com o prédio da amiga, movimentando braços, cabeça e quadris simultaneamente — Foi muito legal. Eu…

— O que achou do passeio, Ha Jin? — Jung se dirigiu à mais velha e Mi Ok, que fora brutalmente interrompida em sua dança e comentário, olhou para a amiga com desprezo.

— Foi muito bom, Jung. Obrigada pelo convite. Nos divertimos bastante — ela respondeu procurando a chave da porta dentro da bolsa, próxima à escada.

— Será que seu irmão vai demorar? — Mi Ok continuou, perguntando para Jung — Seria bom tomarmos um chá enquanto esperamos.

— Mi Ok, não é legal que eles entrem... Você sabe que… Os vizinhos gostam de comentar...

— Ha Jin, não tem ninguém olhando. Estão todos dormindo. Vamos acordar com dor de cabeça se…

— Não precisa se incomodar — Eujin interrompeu, concordando com a amiga — Está tarde e não é muito legal que as pessoas vejam a gente entrando na casa dela — Mi Ok quase o fuzilou com os olhos.

— Então vou preparar alguma coisa enquanto esperamos…

— Ah, não... Não precisa — Eujin a interrompeu novamente olhando atentamente para o início da ladeira — Shin já vem chegando.

Ha Jin teve dificuldade para respirar naquele momento. Agora que o amigo havia comentado foi que ela lembrou quem os buscaria e levaria para casa.

O coração ribombou em seu peito com força, fazendo a jovem sentir uma leve dormência no corpo, as mãos endurecidas, uma delas apertando o chaveiro com força, as pernas bambas.

O som da moto se aproximava gritante naquele silêncio adormecido. Imaginou se os vizinhos ligariam as luzes de suas casas e colariam os rostos nos vidros da janela, por trás de suas cortinas, querendo saber quem ousava interromper o sono dos justos em sua tão sempre tranquila rua.

E o rapaz da moto não parou ao fim da ladeira. Fez a pequena curva e, forçando ainda mais o motor, estrondando noite adentro, subindo em uma velocidade desnecessária a pequena distância em direção aos quatro beberrões.

Parou a moto aos pés de Mi Ok, claramente assusta – no mínimo imaginando que seria atropelada – ao lado de Jung, levemente impactado. Eujin era o único que sorria com a cena.

— Obrigado por vir nos buscar, irmão — fora Eujin também que agradecera. Os outros três estavam ocupados demais em manter suas mandíbulas fixas ao testemunharem aquela chegada.

Shin parou a moto e usou o descanso para apoiá-la, descendo dela, estudando o rosto dos quatro.

De pé, retirou o capacete balançando a cabeça enquanto remexia nos cabelos com uma das mãos. O ar despojado acentuado por seu jeans, casaco e luvas de couro. Nos pés, a botina pesada fechava a composição.

— Se soubesse que precisaria vir buscar as criancinhas não teria pego o número da governanta para vocês — ralhou irritadiço, olhando cada um deles com desagrado. Ha Jin franzindo o cenho, estranhando a frase dita.

— Só bebemos demais, irmão... acontece — Eujin começou se explicando. Estava levemente constrangido por perceber que sua voz queria embolar. A mão coçou a nuca.

— Por que permitiu que eles bebessem assim? — foi incisivo ao olhar para Ha Jin.

— Ahhh... Eu…

— Somos todos maiores de idade, Shin. E Ha Jin estava se divertindo com a gente. Não era responsabilidade dela nos impedir. Não somos crianças — fora Jung a tomar as dores.

— Então... Como bons adultos, deveriam resolver seus problemas e não chamar seu irmão mais velho como os menininhos fazem.

— Não seja chato, vamos... — Jung objetou. A bebida, e a presença de Ha Jin, lhe dando confiança para desafiar o irmão — Se não pudermos contar com você, com quem iremos? Taeyang, que dorme antes das dez? Yun Mi, que iria pedir nossos olhos fritos no café da manhã? Ou Gun, que nem se daria ao trabalho de nos atender?

— Boa observação, Jung — Eujin concordou — Vamos embora, estou com frio.

— Não perceberam que a moto tem espaço apenas para duas pessoas? — Shin continuou irredutível. No fundo ele se divertia com a situação — Querem que eu fique de mototáxi indo e voltando por vocês?

— Você pode nos levar em meu carro — Eujin falou com simplicidade, apertando o alarme do seu Audi que apitou logo atrás deles.

— Ainda não percebeu que estou de moto, garoto? Vou levá-la na mala?

— Você pode, simplesmente, deixar a moto aqui na frente do prédio de Ha Jin.

— O que? — Shin e Ha Jin perguntaram em uníssono. Aquilo já era mais do que os dois poderiam suportar para aquela noite.

— Não vou deixar minha moto na casa "dela" — Shin começou parecendo realmente assustado.

— E por que não? — Ha Jin perguntou, as mãos na cintura, sentindo-se ofendida pelo tom utilizado — Por acaso acha que vou vender sua moto ou sair por aí pilotando como uma louca?

— Não duvido — Shin concluiu cruzando os braços. O olhar desafiador — Tenho algumas lembranças de suas loucuras…

— Mas olhe mesmo... Quem você acha que eu sou para pensar algo desse tipo sobre mim? Não preciso vender nada de ninguém, muito menos utilizar aquilo que não é meu para ser feliz. E eu já disse que não sou louca!

Jung, Eujin e Mi Ok permaneceram atentos, e em silêncio, ouvindo a pequena discussão. Suas cabeças, movendo-se como as de observadores em partidas de pingue-pongue, acompanhavam os dois conforme as respostas, e acusações, surgiam.

— O que você quer que eu pense de uma garota que sai para se embebedar e pede para ficar com a minha moto?

— Não estou pedindo para ficar com sua moto. Seu irmão — apontando para Eujin — sugeriu que a deixasse diante da minha casa. Mas, por mim, pode pendurar ela no seu pescoço. Não quero que ela fique aqui.

— Mas que insolente... — ele se aproximou, a face injetada — Como pode falar uma coisa dessas para mim? Sou seu patrão, esqueceu?

— Hoje é a minha folga, não estou trabalhando, e você — apontou para ele desdenhosa — está na minha casa. Acho que o respeito deve partir de você para mim aqui, e não o contrário.

— Mas que boca grande você tem — continuou, indignado — Não vou respeitar uma criatura que não me respeita.

— Ótimo! Então pode ir embora agora mesmo — balançou os braços como se espantasse algum inseto — E faça o favor de levar esse trambolho com você.

— O QUÊ? — os olhos de Shin se esbugalharam enquanto ele se aproximava ainda mais. A voz saindo numa rajada mais forte que os ventos daquela noite — O que você disse?

— Tram-bo-lho — ela repetiu altiva, o olhando nos olhos — Parece que tem problemas auditivos... Faz um tempo que percebi isso. Também tem problemas quanto a tratar as pessoas com respeito. Você pensa que sua condição financeira faz de você uma pessoa melhor que as demais? Não, não faz. Então aprenda a tratar seus semelhantes melhor se quiser respeito de volta.

As luzes vizinhas começaram a se acender, como ela havia previsto minutos atrás, porém não parecia perceber o movimento. Eujin, preocupado com a situação e o passar das horas, se sentiu frustrado por presenciar aquela discussão. Pensou em se meter entre os dois, mas a sua atenção, e a dos demais, foi tomada por Mi Ok que entrara em um acesso de choro.

— Por que...? Por que estão discutindo assim? — a voz, embargada por grossas lágrimas, era difícil de compreender misturada à bebedeira — Eu só queria terminar a noite como ela começou. Divertida, sabe... e... VOCÊS DOIS — gritou apontando para Shin e Ha Jin — estão estragando tudo. TUDO!

— Mi Ok... — a amiga tentou se aproximar.

— NÃO — ela se afastou sem parar de apontar para os dois — Vocês são pessoas sem coração. Vocês não tem amor em suas vidas. Vivem brigando por qualquer razão sem se importar com os outros. Eu conheci pessoas maravilhosas essa noite. Eu até me apaixonei... MAS QUEM SE IMPORTA? VOCÊS? Claro que não.

"Por que estão fazendo isso comigo? Por que estão agindo como crianças mimadas? Por que simplesmente não dão as mãos e fazem as pazes de uma vez? Eu estou cansada dessa discussão inútil enquanto as horas avançam. A minha cabeça já está doendo e amanhã eu tenho que ir trabalhar, porque não tive a sorte de nascer em berço de ouro... Será que é pedir muito que deem uma trégua só por agora e resolvam suas diferenças depois?"

Ha Jin olhava para a amiga com ansiedade. Temia que ela revelasse, em sua bebedeira, qualquer coisa, a menor que fosse, sobre seus patrões.

Mi Ok tinha os olhos inchados, cansados, e já não falava coisa com coisa, porém a amiga mais velha entendia muito das coisas sem sentido que estava ouvindo. Além do mais, Shin não estava bêbado e se lembraria de tudo no dia seguinte.

— Mi Ok…

— NÃO SE APROXIME, UNNI. Você me tratou muito mal hoje... Não esqueci. Não quero falar com você.

Ha Jin permaneceu onde estava, um pouco mais a frente de Shin, ambos virados para Mi Ok, olhando com atenção e aflição a garota que, agora, estava de cócoras chorando compulsivamente.

— EU SÓ QUERIA VIVER O AMOR, MAS ELE SEQUER ME VIU — gritou em desespero em meio ao choro, batendo a mão fechada no peito — E VOCÊ... — apontou para Shin — Trate de deixar sua moto nesta calçada. Não quero mais ouvir uma discussão que seja sobre isso, okay? — silêncio — Eu perguntei se está OKAY!

— Okay — todos responderam juntos, como um coral desafinado, assustados.

— Ótimo — ela se levantou novamente, enxugando as lágrimas que continuavam a descer de contra seu esforço de conter-se, apontando para Shin novamente — Cuide bem dele. Eu o amo. Não deixe que nada de mal aconteça com ele, entendeu? — Shin confirmou ansioso com a cabeça sem entender o que ela falava — Você é o hyungnim deles. Se porte como tal. Agora coloque já essa moto na frente do prédio da Ha Jin e leve os dois embora. Pode vir buscá-la amanhã — todos continuavam estarrecidos olhando para ela — E espero não ouvir mais nada sobre isso, nem mesmo o motor dessa moto. Preciso dormir e estou com dor de cabeça. Boa noite.

Despediu-se tomando as chaves da mão de Ha Jin em seguida, dirigindo-se para a escada que dava acesso ao primeiro andar do prédio a à porta de Ha Jin.

Os quatro se olharam entre si, em total silêncio, e começaram a fazer o que a outra havia dito. A governanta, que tinha a expressão claramente envergonhada, se afastou para que o herdeiro mais velho empurrasse a moto até a calçada próxima ao seu prédio.

Eujin entregou as chaves do carro para o irmão após destravar novamente as portas. Ofertou um sorriso encabulado para a amiga antes de entrar e sentar no banco do passageiro, o automóvel tomando quase todo o espaço da estreita ruela. Jung, que fizera o mesmo que o outro, partiu para as portas traseiras, mergulhando atravessado no banco, sumindo por trás do vidro fumê.

— Passo aqui amanhã, antes de ir para a fábrica — Shin falou a contragosto — Por favor, cuide bem dela.

— Tudo bem.

— Boa noite — resmungou para a garota.

— Boa noite — ela o respondeu de cara fechada.

***


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Notas finais do capítulo

¹ https://www.youtube.com/watch?v=PAx1yAMsxIQ
² https://www.youtube.com/watch?v=yyDG3BQRdDY

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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