Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 25
A Quase Irredutível Governanta Nyeo


Notas iniciais do capítulo

Mais um domingo de atualização e quem tá feliz levanta a mão! o/

Como de costume, um agradecimento aos comentários do capítulo passado, todos lidos e respondidos com muito carinho ♥

O capítulo de hoje da início a uma sequência de acontecimentos que foi muito divertido para nós na hora criarmos. Acho que vocês vão gostar do primeiro ato dessa aventura... Aguardamos as primeiras impressões nos comentários.

Sem mais, uma ótima leitura para todos! :*



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Pelo retrovisor, Gun viu Na Na sair do prédio da empresa e seguir a pé pela calçada. O carro dela estava no mecânico há algumas semanas, portanto ela deveria estar indo para avenida pegar um táxi. Manobrando o carro agilmente, ele a seguiu aproximando-se, reduzindo a velocidade do veículo e dizendo:

— Entre no carro. Não é possível eu aceitar um “não” como resposta — esclareceu quando ela percebeu que ele a acompanhava de perto na companhia do Lamborghini.

— Achei que estava sendo ignorada… — Na Na rebateu, o queixo erguido pelo orgulho ferido, sem reduzir o ritmo dos passos.

 E estava. Ele ficou quase dois dias sem atender suas ligações, desviando pela empresa, se comportando de modo rude, porque não queria estourar com ela novamente. Mas os ares mudaram subitamente, após sua reunião secreta às margens de Suyeong. Gun conseguiria retomar as rédeas da sua vida.

— Ora… entre, por favor.

— Prefiro aguardar um táxi aqui fora — deu de ombros, olhando para o horizonte se algum automóvel surgia na avenida.

— Não seja cruel comigo…

— Crueldade? — boquiabriu-se, desacreditada — Vamos mesmo falar sobre isso?

Respirou profundamente, derrotado, uma mão no volante. Teria de se dedicar mais do que aquilo. Pensando melhor, talvez, ignorar a chamada dela durante a madrugada acabara sendo um pouco exagerado. Resolveu estacionar paralelo ao meio fio e abordar a moça na calçada.

— Sou um grande imbecil, eu sei — acusou-se elevando a voz para se fazer ouvir acima do som do trânsito intenso de fim de expediente. Na Na continuou a andar, tentando desviar dele — Você viu o que houve ali na Mansão, não viu? Da primeira vez que Shin me provocou… E então teve meu pai… Ele não me leva mais a sério — foi se justificando, andando de costas para poder acompanhá-la sem desgrudar os olhos dos dela.

— Se diz daquele dia que seu irmão sentou à mesa para jantar, ele não te provocou.

— Ele me provoca só de olhar! — rebateu, se irritando.

— Posso até entender porque ficou frustrado com seu pai, mas seu irmão mais velho, ele não me parece uma má pessoa. Não vejo motivo algum para você tratá-lo desse modo… E muito menos a mim — ela apertou o passo, contornando Gun.

Ele ergueu os braços levando as duas mãos a cabeça, coçando o couro cabeludo, impaciente por ter se embrenhado num assunto tão inoportuno com ela. Shin, Shin, sempre Shin. O miserável não iria estragar suas chances…

— Vamos combinar de não entrar nesses assuntos, então. Que tal? — perguntou para ela, correndo uma curta distância para alcançá-la.

— Ou você poderia mudar. Conversar abertamente sobre o que tanto te incomoda, comigo. Estou cansada das suas patadas… e da sua mãe! — concluiu, querendo se esquivar mais uma vez. Agora ele pegou-a pelos ombros, minando suas chances de se distanciar.

— O que tem minha mãe?

— E você ainda pergunta? — Na Na se conteve por alguns instantes, tomando coragem para reunir as palavras necessárias e soltar finalmente — Ela… ela me trata como seu fosse uma ninguém. Uma coisa inferior que não merece consideração por vir de uma família menos privilegiada.

— Tudo bem — tencionou abraçar a mulher que o repeliu empurrando seu peito.

— Tudo bem, nada. Estou cansada disso — os olhos marejando, a voz carregada de mágoa.

Claro que Gun testemunhava os desaforos da sua mãe, mas Min-joo estava longe de ser refreada. Na Na, em contrapartida, era muito mais maleável, ou eles não estariam juntos por longos quatro anos.

— Eu estou cortando intimidades com minha mãe… Estou de saco cheio, também — tranquilizou-a se lembrando do tapa dado pela senhora.

Uma garoa inoportuna começou a cair sobre eles. Os transeuntes precavidos abrindo suas bolsas e sacando seus guarda-chuvas para se protegerem dos pingos gelados. Na avenida, os pneus dos carros chispando sobre o asfalto molhado.

— O que houve?

— Se tiver que escolher ela ou você, escolho você, querida — tocou no rosto quente da moça que parecia muito abalada com aquela novidade. Dali se tornou muito mais fácil trazê-la para seus braços e jurar, junto ao seu ouvido, que nunca repetiria o descaso de deixar de atender suas ligações.

Entraram no carro dele, ela aceitando a carona devido à mudança no tempo, pensativa olhando pela janela enquanto ele pegava sua mão e acariciava, aliviado.

***

Passar a manhã e a metade da tarde de um domingo finalizando trabalho acadêmico não era o que Jung havia planejado para si, ainda mais agora que tudo em sua família parecia estar mais tenso.

A mãe ligou uma centena de vezes somente naquela manhã para obter informações sobre Gun: Se ficara o domingo na mansão; como havia sido o seu desempenho em mais uma semana como CEO; aonde ele estava naquele momento; porque não atendia os telefonemas dela; “Por favor, mande seu irmão me responder na porcaria do celular!”

Quando ele disse não ter a menor ideia do que acontecia com o irmão ou, sequer, se o outro se encontrava na mansão, Jung terminou sendo obrigado a encarar o teto de seu quarto, enfadonhamente, escutando Min-joo desfiava o quanto ele deveria se manter mais fiel e interessado à vida de Gun.

Com muito empenho de sua parte - as aulas de Argumentação Persuasiva ministradas no segundo semestre mostrando sua utilidade - conseguiu fazer a mãe não incomodá-lo pelo restante do dia. No momento, queria mesmo se distrair e já que havia concluído aquele trabalho tedioso, começou a pensar no que poderia fazer para compensar todas as horas perdidas, mesmo que seu pai insistisse que era o melhor para o seu futuro.

Guardou os livros e apontamentos, fechou o notebook e se esparramou em sua cama relaxadamente. Pensou se seria bom aproveitar o resto do dia jogando algum game na sala de jogos, lembrando que poderia compartilhar o momento agradável com o irmão quase gêmeo, Sun.

Já estava na metade do caminho que o levaria para fora de seu quarto a fim de concluir o convite que se formara em sua cabeça quando se lembrou de um convite muito mais empolgante feito há alguns meses para alguém que ele realmente gostaria de levar para sair.

Jung voltou apressado para a mesa de estudos e ligou o notebook novamente. Acessou o site da empresa e entrou na parte de Recursos Humanos com sua senha de acesso. No meio de todos aqueles funcionários, descobriu desgostoso que os que trabalhavam na mansão não eram cadastrados no sistema de Yun Mi.

Voltou a se levantar e andar em círculos pelo quarto, as mãos na nuca, pensando como poderia conseguir o número da garota. Por fim, lembrou da única pessoa naquela mansão que poderia ter aquele número, embora tivesse convicção de que seria praticamente impossível conseguir com ela.

Na cozinha, Jung percebeu que as coisas estavam mais tranquilas, afinal, o horário do almoço já havia passado há algum tempo e tudo fora recolhido. Olhou ao redor, mas a pessoa que buscava não estava à vista.

— Onde está a governanta Nyeo? — perguntou para a senhora que dispunha a louça no armário e foi saudado com uma breve vênia antecedendo a resposta.

— Na área externa, senhor.

— Obrigado.

E saiu em disparada cruzando a cozinha em busca da mulher. Avistou a funcionária chefe próximo à lavanderia. Ela tinha algumas toalhas nas mãos e ele imaginou que estaria indo repor a sauna. Encheu o peito de coragem e se apressou em seu encontro.

— Governanta Nyeo.

— Boa tarde — o rapaz fora saudado novamente — Em que posso ajudar?

— Preciso muito da ajuda da senhora — continuou e percebeu um olhar astuto se formando na mulher — Eu preciso muito falar com a governanta Go, mas não tenho como entrar em contato e… pensei se… a senhora não teria o número dela.

— Sim, eu tenho — ela falou com tranquilidade.

— Ah, sim — ele sorriu, ficando aliviado — Pode me passar, por favor?

— Infelizmente, não.

— Mas…

— Senhor Jung, realmente sinto muito, mas não posso passar o contato dos funcionários para ninguém que não seja seu pai ou a senhora Woo. Além do mais, em nenhum momento a governanta Go me permitiu que transmitisse o seu número para quem quer que fosse.

— Mas…

— Me desculpe. Se for apenas isso, com licença.

Jung observou a governanta se afastar, indo na direção da sauna, com tristeza e angústia. Não entendia o motivo da mulher não lhe transmitir o número, afinal, a única coisa que ele queria era convidar a garota para um inocente passeio. Então, teve mais uma ideia e, com a esperança renovada, correu em direção à mansão.

— Eujin — esmurrou a porta do irmão com ansiedade — Eujin.

— Onde é o incêndio? — o outro, que parecia emburrado, abriu a porta na segunda chamada.

— Preciso da sua ajuda, irmão.

— O que houve? — Jung estava tão ansioso que Eujin preocupou-se — Algum problema?

— Sim… Quero convidar uma garota pra sair, mas não tenho o número dela.

— Sério que veio me encher com isso? — Eujin o olhou com irritação — Tenho um monte de coisa pra resolver e, realmente, não estou a fim de me meter nos seus relacionamentos.

— Poxa, Eujin. Me ajuda — o mais novo suplicou. Vendo o outro tencionar fechar a porta, barrou a ação com o pé — Não sei o que fazer, como vou conseguir o número se você não me ajudar?

— Como você se envolve com uma garota e não tem o número dela? — Eujin se afastou da porta. Jung entrou e a fechou atrás de si.

— Não me envolvi… Não ainda. Mas se você me ajudar, vou conseguir…

— Quem é a garota? — Eujin perguntou após soltar o ar cansado que segurava. Jung o olhou pensativo enquanto decidia se contaria ou não.

— Go Ha Jin.

— Quê?

O mais velho não sabia se sorria ou se entristecia pelo irmão mais novo. Não conseguia acreditar que Jung pudesse ter se interessado pela governanta. Não que ela fosse uma mulher feia ou desinteressante, mas porque os dois nada tinham em comum.

— Você se apaixonou pela Ha Jin?

— Não enche — Jung rebateu irritado.

— É o seu primeiro amor, irmãozinho? — Eujin continuou provocando o outro. Fazia cara de apaixonado e coração com as mãos.

— Se não vai ajudar, então me esquece!

— Nossa... Quanta tensão… Certamente são os hormônios em ebulição. O taekwondo não tem sido o suficiente para aliviar…? Entendo…

— Você é um imbecil.

— Olhe, olhe... Vem pedir minha ajuda e me trata assim?

— Está me irritando — cruzou os braços, a cara fechada.

— Mas é tão estranho você querer chamar a Ha Jin para sair…

— Não posso? Ela também é minha amiga.

— Sim… Não disse o contrário. Só que… Vocês não têm muito em comum…

— E, por acaso, ela teria mais em comum com você?  — fez uma cara desafiadora.

— Ah, irmãozinho… Não tenha ciúmes de mim — Eujin ergueu as mãos, se isentando de possíveis más interpretações —  Ha Jin é minha noona. Não tenho qualquer interesse nela se isso te preocupa.

— N-não me preocupa nada — balbuciou, embora não aparentasse certeza em sua afirmação.

— Sim, sim... Estou vendo — sorriu divertindo-se — Mas caso eu te ajude e em uma realidade hipotética ela se interesse por você, sabe que não podemos nos envolver com empregados enquanto estivermos metidos nessa loucura de disputa — falou com seriedade, finalmente.

— Eu sei, mas não me importo — Jung respondeu convicto, os olhos fixos nos do irmão — Nem quero mesmo participar disso…

— Você sabe o que pode acontecer quando vamos de contra as regras do papai — o mais velho pontuou reflexivo encarando o outro intensamente — Ainda mais agora com a promessa de sermos deserdados.

— Eu realmente não me importo — Jung respondeu de prontidão.

— Você sabe o que papai é capaz de fazer, não é? Há muita coisa em jogo.

— Não me importo…  

Eujin observou o irmão e pensou se deveria realmente ajudar. Era completamente estranho que Jung tivesse uma posição tão rígida quanto ao assunto de serem deserdados, considerando que, dos irmãos, era o que geralmente permanecia calado ou em cima do muro sobre as várias decisões tomadas na casa.

Era ainda mais interessante que alimentasse um tipo de sentimento pela governanta que fosse capaz de fazê-lo arriscar o pescoço no que dizia respeito à herança Wang. Pensou se seria o fato de Go Ha Jin ser uma mulher mais velha, experiente e tão cheia de sabedoria, além de divertida e completamente peculiar, ou se o irmão estava realmente atravessando o seu primeiro amor. Cogitou também que, por mais estranho que parecesse, não era um absurdo que Jung se apaixonasse por ela. A governanta era uma mulher especial e ele mesmo poderia ter se apaixonado se não a visse como uma grande amiga.

— O que você quer que eu faça? — perguntou finalmente ao mais novo.

— Que me passe o número de Ha Jin.

— E por que eu o teria? — arregalou os olhos, atônito.

— Não é você quem vive dando carona para ela para todo o lado? — comentou claramente enciumado.

— Não ficamos para todo lado. Apenas levo ela para o ponto de ônibus da avenida… De vez em quando…Nunca chegamos a trocar telefones.

— Então quero que convença a governanta Nyeo a passar o número de Ha Jin — Jung explicou incerto, atalhando para seu plano B  — Ela disse que não me daria.

— E o que faz você acreditar que ela me dará? A governanta Nyeo é irredutível em tudo e sobre tudo, você sabe.

— Eu sei, mas você pode usar o seu charme… Deve ter sido por isso que não consegui nada com ela. Sou meio grosseirão, você sabe…

— Sei… — Eujin segurou um riso — Fico satisfeito que admita sobre minha beleza e charme. É importante que os irmãos mais novos saibam da importância dos mais velhos e os tenham como exemplo.

— Você é insuportável.

— Sei que sempre me admirou…— continuou ignorando o mais novo — Isso é gratificante, sabe…

— Dá pra parar…?

— Mas mesmo com todo o meu charme, preciso admitir que com a governanta Nyeo não vai funcionar…

— Cara, você vive contando vantagem que tem charme e as mulheres não resistem. Use isso com a governanta Nyeo.

— Você também sabe que isso não dará certo. Já tentei algo assim antes… — relembrou evasivamente —  A governanta Nyeo parece ser imune.

— Mas você tem que tentar. Não vamos saber se você não tentar…

E mais uma vez Jung saiu ao encontro da governanta, dessa vez acompanhado do irmão mais velho. Poucos minutos depois, mesmo que Eujin tenha lançado todo o charme, que os dois acreditavam que ele tinha, a mulher permaneceu firme em sua posição, ficando ainda mais atenta a toda aquela movimentação em busca do número de Go Ha Jin.

— Eu te disse — Eujin pontuou enquanto os dois voltavam cabisbaixos e vencidos, para a mansão.

— Que droga… Eu só queria sair um pouco. Queria aproveitar o resto do domingo e me divertir. É pecado ser jovem, agora? — resmungou emburrado pelo corredor, indo para o quarto cheio de rabugice. Eujin, compadecido do irmão, instigado pela situação e pensando que poderia tirar proveito daquela situação, teve uma última ideia e a colocou em prática em seguida. Tentaria sair vencedor daquele desafio.

***

— Me chamou? — a governanta fez um breve aceno com a cabeça para Shin.

— Sim, preciso de um favor — o rapaz falou levemente contrariado.

— Se puder ajudar… — ela se prontificou imaginando se Shin também estaria envolvido naquela busca sem sentido.

— Você pode e, por favor, faça. Me dê o número da governanta.

— O que está acontecendo? — ela perguntou realmente interessada. Achava a situação muito estranha.

— Não sei ao certo. Aparentemente eles se tornaram amigos e esqueceram de trocar os números. Querem sair, se distrair… Vamos, Hin Hee… Deixe as crianças se divertirem e me ajude a concentrar em meus estudos. Se não conseguir esse número, pode ser que os dois venham passar o resto da tarde e noite chorando em meu quarto… Você não quer isso, quer?

— Você sabe que não posso passar o número dos funcionários. As regras da…

— Eu sei sobre todas as regras idiotas dessa casa, mas me ajude, sim. Me responsabilizo. Ninguém jamais saberá que você me deu… Vamos… — apressou-se entregando papel e caneta para a mulher, indo até ela com um sorriso conquistador — Não custará muito. Além do mais, sou o hyungnim. Se não os ajudar, quem fará isso por eles?

— Shin…

— Você sempre me diz para fazer o máximo e me envolver com as coisas dessa família. Sempre me instiga a participar e tomar o meu lugar. Estou tomando o meu lugar de hyungnim… Sim? — ele parecia o Shin que ela conhecia fazendo aquele pedido.O garoto meigo, prestativo. O irmão mais velho que sempre faria de tudo para ajudar ou proteger os mais novos.

Ele sorria para Nyeo que, fechando os olhos, exaurida com toda aquela conversa, cedeu. Pegou o celular que levava no bolso de seu avental e, após alguns poucos toques, se inclinou apoiando-se na bancada de madeira enquanto anotava o número tão desejado.

— Obrigado — abraçou a governanta com carinho — Sei que foi difícil para você quebrar as regras, mas seria muito mais difícil para os meus ouvidos… Você é ótima, Hin Hee.

— Espero que isso não me traga problemas.

— Não trará. Tem minha palavra.

Pouco depois, os dois irmãos mais novos apareceram no quarto de Shin que estava novamente concentrado em seus estudos. Os dois foram recebidos sem muita emoção e logo depois que entraram, as expressões tensas de ansiedade se transformaram em sorrisos abertos, um ar jovial em ambos, fazendo com que o mais velho se perdesse em seus sentimentos momentâneos.

Satisfação era o que ele sentia naquele instante ao receber a alegria dos irmãos como pagamento por sua intervenção. Os olhou de relance, disfarçadamente, enquanto celebravam a conquista, Jung agradecendo a Eujin por ter pensado que a governanta não iria se recusar se fosse Shin a pedir o número.

— Obrigado, irmão — o mais velho fora surpreendido por um abraço desajeitado e sufocante do mais novo, que praticamente o escondeu sob seus muitos músculos — Você é demais, demais mesmo.

— Você salvou nossa noite, Shin. Te amo — Eujin comentou observando os dois e Jung, assustado, soltou o irmão rebelde com o impacto das palavras ouvidas, uma expressão de espanto permeando seu rosto.

— Como assim “nossa noite”? — Jung perguntou. O tom de desagrado evidenciado na voz.

— Você acha mesmo que fiz tudo isso em vão? Claro que vou com você. Além do mais, estou mesmo precisando respirar um pouco. Essa mansão me deixa sufocado.

— Mas... Você não foi…

— Convidado? Eu sei. Mas estou me convidando agora. Vamos lá — se aproximou dele, o abraçando pelo ombro — Você liga para Ha Jin. Vou tomar um banho.

— Mas…

— Acho que eu deveria ir para esse passeio também, afinal, todo trabalho duro foi feito por mim — Shin comentou descontraído, folheando uma apostila de centenas de páginas.

— Mas... — era Jung novamente. Parecia aflito com a possibilidade de dois dos irmãos estarem em seu encontro.

— Ainda estou tentando entender o porquê de tanta folia por um simples número de telefone — Shin interrompeu a fala do outro — O que essa garota tem? Gostaria de saber.

— Ah, irmão… Ha Jin é diferente — Eujin começou e o mais velho o olhou disfarçando o interesse.

— Diferente, como? Está, por acaso, interessado nela? — Shin perguntou. Jung fez uma careta não vista pelos outros.

— Não. Ha Jin é como minha noona. Ela é especial para mim — Eujin continuou e Shin percebeu o carinho que o irmão depositou nas palavras seguintes — Geralmente ela aparece quando não estou bem e me diz que preciso ser forte e tentar mais uma vez. Que não devo me importar em como sou visto só porque sou um Wang, mas que devo viver a minha vida e tentar realizar meus sonhos por mais difíceis que eles sejam. Que não adianta nada existir em prol dos outros porque, quando eu morrer, não terei aproveitado nada, mas que preciso apenas seguir o meu coração em cada uma das minhas escolhas e ser feliz.

Shin olhava para o irmão com demasiado interesse. Por um motivo desconhecido, conseguia imaginar Ha Jin falando cada uma daquelas palavras e, por um breve instante, se perdeu em seus devaneios com uma leve e estranha sensação de déjà vu, como se já tivesse ouvido aquele discurso antes.

Jung balançava a cabeça em positivismo às explicações do outro, concordando com todas as palavras que ele dizia. Muito mais que uma simples governanta, Ha Jin era uma amiga que se importava com o bem de cada um dos herdeiros daquela família, ao menos os que possuía afinidade, e que não media esforços para ajudá-los, orientá-los sempre que necessário. O mais velho não soube muito bem o que responder diante daquele monólogo, preocupando-se em encerrar o assunto o mais rápido possível.

— Vão de uma vez – continuou, indicando-lhes a porta e voltando à atenção para sua leitura. O tom era amigável — Tenho que terminar essa apostila. Me deixem em paz. Preciso estudar.

— Você é o cara, maninho — Eujin cantarolou fazendo uma pose engraçada, divertido. Shin não controlou uma risadinha discreta.

— Valeu, irmão — Jung agradeceu novamente se encaminhando para a porta sem muita animação, decepcionado por precisar dividir a governanta com o irmão mais velho, afinal tinha outros planos para aquele fim de tarde. Fez um breve sinal de positivo com os dedos para Shin e saiu.

Shin permaneceu sentado observando os dois caminharem para fora de seu quarto. Um deles, animado, o outro parecendo levar uma parte de Busan sobre os ombros. Ficou pensando na demonstração de afeto recebido tão de repente do irmão mais novo. Jung era um homem feito e não lhe demonstrou nenhum tipo de carinho desde que chegara na mansão, mas agora, aparentemente, mais uma barreira parecia estar se quebrando naquela família. Fora abraçado pelo irmão, não esperava, mas aceitou e não mentia para si mesmo: havia gostado do gesto fraterno.

— Sempre você, eim Go Ha Jin... — declarou olhando o pedaço de papel que continha o número da governanta como se ela mesma estivesse materializada ali — Que tipo de pessoa você é para ser capaz de provocar essas coisas? Me fazer sentar naquela mesa…?

Avançou com o papel para o cesto de lixo, jogando-o ali. Voltou para seus textos técnicos e não conseguiu se concentrar. Os olhos eram constantemente puxados para aquele pedaço de papel como se um ímã o impelisse para ele. Levantou de uma vez e seguiu novamente para o cesto, salvando o causador de sua desconcentração do triste fim que poderia receber em breve. Olhou para ele com atenção, pensativo. O dobrou e guardou na gaveta da escrivaninha, indo estudar finalmente.

***

— Alô?

Go Ha Jin?

— Sim. Quem é? — a garota acreditou ter reconhecido a voz, mas precisava confirmar.

Wang Jung.

— Oh... Sim — estava certa em seus pensamentos. A curiosidade de onde ele poderia ter pego o seu número aparecendo — Algum problema?

Não... Eu só gostaria de saber se você quer sair um pouco.

— Sair?

Sim... Da última vez que te convidei para algo, você me disse que não poderia porque estava em horário de trabalho…

— Mas…

Mas agora não está.  Por favor. Não diga não. Já foi tão difícil conseguir o seu número...

— Como você conse…? — ela tentou perguntar, mas ele interrompeu novamente, uma ansiedade palpável.

Eujin também vai... — pareceu desgostoso — Então convide uma amiga legal para ir conosco. Precisamos respirar um pouco.

— Jung, eu…

Passamos na sua casa dentro de 1h. Até mais.

— Jung… — ele havia desligado.

Ha Jin encarou seu telefone, intrigada pela súbita abordagem e o convite inusitado.

— Quem era? — Mi Ok perguntou ao perceber a expressão da amiga olhando para o celular.

— Um dos patrões. Wang Jung. Me convidou para sair…

— WOW — Mi Ok vibrou de excitação indo até a amiga fazendo uma dancinha ridícula e batendo palmas feito uma foca amestrada do Sea World — Ai que legal…

— Acha mesmo? — Ha Jin olhou com vergonha da amiga por aquela demonstração ridícula. Sua mente já maquinava algo.

— Claro! Você é quase uma Cinderela moderna. A pobretona do subúrbio que consegue emprego numa mansão e conquista o coração do patrão ricaço e bonitão. Isso se vê apenas nas novelas, Ha Jin.

— Como sabe se ele bonitão? Poderia ser uma espécie de Quasimodo — referendou à amiga desejando diminuir aquela empolgação irritante.

— Claro que não… — respondeu descrente com a comparação sem sentido — E mesmo que fosse, ele tem dinheiro suficiente para comprar um rosto novo. Além do mais, se for comparar com o Wang que me apareceu na loja… o que comprou todos aqueles produtos, lembra? Ele deve ser um verdadeiro príncipe... — Mi Ok comentou com ares apaixonados — Quando ele chega?

— Em uma hora.

— Ótimo! Vamos te arrumar logo. Quero que saia daqui como uma verdadeira princesa…

— Certo...— a garota se desenroscou do edredom quentinho e lamentou ter de abandonar a comédia romântica que assistia na companhia da amiga, no sossego de seu apartamento —  Ele virá com o irmão mais velho…  

— Dois Wang? De uma vez? — Mi Ok assumia aquela expressão de espanto, tão cômica para Ha Jin.

— Sim... — respondeu em meio ao sorriso, procurando suas pantufas  — agora vamos no meu guarda-roupa ver se tem um vestido legal para você.

— Para mim? — a outra não entendeu.

— Sim. Você vai comigo.

— Unnie... Como você quer que eu saia com esses granfinos? Eu sequer estou preparada psicologicamente para isso. É melhor você ir só e…

— Você vai comigo — puxou a amiga pelo braço em direção ao guarda-roupa — Vamos, se apresse. Eles chegam em cinquenta e cinco minutos.

 


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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