Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 24
Entre Intrigas e Acusações


Notas iniciais do capítulo

Olá a tod@s!

FELIZ PÁSCOA!!

Mais um domingo, e o nosso encontro marcado continua.

Antes de mais nada, quero agradecer à Tati Hufflepuff por nossa primeira recomendação aqui na fic. Digo que ficamos emocionadas com ela e, de coração, obrigada pelo reconhecimento ♥

Agradeço também aos comentários, aos leitores sempre presentes, aos novos que também passaram por aqui. Deixo também nosso carinho àqueles que ainda estão escondidinhos... Sintam-se à vontade para comentarem também, independente do tamanho desse comentário. Ter o retorno de vocês nos deixa felizes.

Sobre esse capítulo, temos uma treta se iniciando e um pouquinho do sarcasmo de nosso Shin.

Esperamos que gostem.
Beijos. Boa leitura. Boa semana.

FIGHTING!



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Início da madrugada. A Mansão da Lua se tornava mais silenciosa do que habitual e o quarto de Gun, tão escuro quanto seu coração rancoroso. Ele reviveu a humilhação do jantar compreendendo perfeitamente que as tragédias familiares das dinastias que fundaram seu país haveriam de ter sido movidas com total fundamento. Sua vontade, no momento, por exemplo, era de ser um gigante que pudesse amassar entre os dedos aquela patética família a qual pertencia. Inclusive Wang Hansol. O pai mostrou naquele jantar qual bandeira erguia: a de Shin.

O celular carregando em cima da cômoda de roupas brilhou iluminando o quarto e anunciando que uma nova mensagem chegara. Bufando por ser incomodado em um horário tão impróprio, ele saiu das cobertas apenas de cueca samba-canção e encaminhou-se para o aparelho. Arrancou-o do fio com uma manobra nem um pouco suave e foi descobrir quem o chamava.

Era Na Na. Ela havia respondido a uma mensagem sua no dia anterior apenas agora. Certamente acreditava ser o melhor horário, porque, dormindo, ele não iria responder de volta. Touché! Gun abriu a janela de bate-papo e leu as palavras da jovem mulher.

Por que estamos juntos se eu te incomodo? Nem minhas ligações você responde mais”.

Ele suspirou demoradamente, um peso invisível oprimindo-lhe o tórax. Sentiu um arrepio nos braços, o frio galopando para a Coréia à medida que o outono se firmava e, iluminando o caminho pela lanterna do celular, ligou o aquecedor do quarto. Retornou para a cama mirando a tela e se preparou para responder:

“Estou apenas tendo alguns problemas. Você sabe quais.”

Digitou depois de muito pensar. Queria somente que Na Na o esquecesse por um tempo, até as coisas voltarem aos eixos, porque ele daria um jeito de fazer voltar. Não tinha cabeça para a compreensão e o reconforto daquela mulher e, muito menos, para seus olhos de piedade. Nada pior, principalmente a um herdeiro Wang, que um sentimento autolimitante como aquele. Era mais glorificante tê-la por perto quando ele estivesse no destaque, no poder. Queria arrancar admiração, nunca consolo. Ela poderia ver toda a falibilidade que quisesse apenas observando Taeyang, já que gostava tanto, aliás…

Outra resposta veio um tempo após suas sucintas explicações.

Me sinto mal nisso tudo e, honestamente, não sei se esses seus problemas, que nem são problemas, justificam”.

Achando um absurdo ela colocar as dificuldades dele de modo tão leviano, rebateu digitando furiosamente.

“Você não me entende… MESMO”.

Não demorou nem meio segundo e Na Na abandonou a conversa escrita tentando estabelecer uma ligação direta. Ele encarou o nome da futura noiva enquanto o celular vibrava na mão. Deixou que tocasse pelo tempo limite de vezes antes da chamada cair, decidido a ignorá-la. Era isso ou ela seria obrigada a escutá-lo dizer todo tipo de acusação enterrada em sua garganta e já que ele não podia se controlar, pelo menos poderia ignorar.

O telefone chamou mais algumas vezes e então ela desistiu. As mensagens de texto voltaram a pipocar incessantes. Gun desabilitou a vibração do aparelho e o enfiou embaixo do travesseiro, sem se dignar a ler, fechando os olhos em seguida meditando sobre como teria o respeito de todos definitivamente.

No dia seguinte, ele, que acordou com uma baita enxaqueca, tomou uma ducha rápida, vestiu-se, colocou um par de óculos escuros para que não precisasse olhar para ninguém diretamente nos olhos pelos corredores e saiu da residência cantando pneus. Era um pouco mais cedo do que seu horário habitual, contudo deveria passar no apartamento da mãe, porque ela queria falar-lhe. Ele também não sentia ânimo para isso, mas retinha esperança de que alguma boa ideia estivesse fomentando nela.

Min-joo o recebeu na varanda de sua cobertura. Estava sentada à mesa externa, uma infinidade de opções à sua escolha para o café da manhã. Diferente do desjejum típico da Coréia, Min-joo escolhera o cardápio europeu para sua primeira refeição. Na juventude morou alguns anos na França, e se acostumara ao paladar diferenciado dos ocidentais. Gun se sentou de frente para a mãe, deixando que uma serviçal viesse colocar o guardanapo em seu colo.

— Como vai, meu filho? — ela quis saber, sorvendo seu suco de frutas vermelhas.

— Indo — disse simplesmente, se servindo de chá. A brisa matutina no topo do edifício lambendo seus cabelos negros.

— Pelo jeito, nem deve ter tomado café. Quer que eu mande lhe preparar algo especial?

— Não — resmungou, monossilábico.

— Tire esses óculos — a mulher exigiu autoritária, olhando o rapaz obedecê-la, contrariado. Os raios de sol machucaram suas retinas, fazendo Gun tapar o rosto com a mão até se adaptar a luz — O que houve?

Ele demorou um tempo para começar a dizer, ruminando sobre sua atual condição. Alguém que aquela senhora depositou tanta expectativa, mas que fora reduzido a um homem que levava bronca feito uma criança pelo pai na hora do jantar. Quando resolveu falar não era para respondê-la.

— Quero sair da Mansão.

— Não! — Min-joo exclamou alto, assustando a empregada que se aproximava da mesa carregando uma bandeja de frutas frescas. A mulher equilibrou o objeto nas mãos no último segundo, suspirando aliviada, e continuou seu caminho de encontro a eles.

— Por que a senhora tem que decidir tudo na minha vida? — ele rebateu para mãe, o cenho franzido.

— Somente as mães sabem o que é melhor para seus filhos, não me conteste. O que está acontecendo?

— Estou farto de ser humilhado.

— Humilhado? Quem ousa humilhá-lo? — ela trincou os dentes, abandonando a colherada de mamão a meio caminho da boca e pousando-a novamente no prato.

— Todos. Seu ex-marido e seu filho mais velho, por exemplo.

— Ainda esse assunto? Você não deu um jeito em Shin? Ele é tão importante assim naquela empresa?

— Acha que sou o que? Mágico? — Gun exasperou-se crispando os lábios de tensão. A cabeça latejou, doendo mais.

— Hansol deve ter pago aquele moleque imundo para se manter lá dentro perturbando a todos… Não há outro motivo para ele não querer largar o osso — Min-joo comentou, pensativa — Mas isso não muda nada. Ele esteve fora por muito tempo, não entende nada de administração empresarial e você, por outro lado, tem todos os meios para reduzi-lo lá dentro. Se não agir, continuará se sentindo frustrado. Sou sua mãe, faço o melhor que posso, mas muito do império Wang saiu do meu controle…

— E estou pedindo sua ajuda?! — ele bateu a mão na mesa, agitando as xícaras e derramando um pouco do suco da jarra sobre a toalha fina de algodão — Foi a senhora que me chamou aqui. Não eu.

— Não me responda desse modo…

— Não diga besteiras...

— Se ficar se comportando como um garoto mimado, que perde o controle por qualquer coisa, não poderá derrotar Shin. Ele não é nada, já deveria ter sido neutralizado — ela o acusou, os olhos maléficos, para além de acusadores.

— Nada disso estaria acontecendo se a senhora não o tivesse parido, para começo de conversa! — ele ergueu-se, espalmando as duas mãos sobre o tampo, fazendo suco e chá respingarem para todo o lado.

— Cale a boca! — Min-joo irritou-se por completo se levantando também para aplicar um tapa forte contra o rosto do filho no calor da emoção.

Chocado, Gun virou o rosto lentamente, encarando-a. A marca dos dedos da mãe recheada de anéis carimbavam em sua pele. Não conseguia acreditar no que ela acabara de fazer assim como via em seu semblante que a mulher pensava igual. Os funcionários recuaram para a parte interna da casa, sorrateiramente, enquanto mãe e filho compartilhavam um silêncio tenso.

Ele agarrou as laterais da toalha, em cólera, ao se dar conta que ela o tratava com o mesmo sentimento que o pai lhe ofertou na noite  anterior: ambos o viam como um tolo imaturo, não se importando em como ele se sentia. Era ainda pior quando pensava que aquela senhora nunca havia lhe encostado a mão.

Irado, com um movimento violento, puxou o tecido que cobria a mesa para o lado e arremessou todo o conteúdo do café para o chão, reduzindo em pedaços a louçaria refinada da mãe. Não aguardando nenhuma outra reação dela, ele colocou os óculos escuros, outra vez, e saiu do apartamento.

***

A ligação que Yun Mi recebera naquele início de tarde era tudo o que ela mais poderia desejar para aquele momento. Mesmo que a situação fosse deprimente e que ela pudesse mandar qualquer um dos seus subalternos do RH para resolver aquilo, decidiu ela mesma tomar à frente da situação ocorrida na fábrica da família.

Em um sinal, que demorava em lhe permitir a passagem, olhou o seu reflexo no retrovisor. Sorriu para o que viu: a pele, alva e límpida, tinha frescor e jovialidade, nenhuma mancha ou marca. Seus olhos, esses sim marcados delicadamente com lápis, estavam acentuados em sua assimetria. Sorriu para si focando seus detalhes e, aproveitando que estava parada, retocou o batom, suave e delicado, como ela acredita ser.

O caminho para a fábrica de automóveis da família Wang era longo e demorado. Ela foi sozinha, dirigindo um dos carros disponíveis para os herdeiros. Em sua mente, o foco principal era encontrar o irmão mais velho. Precisava lhe falar e o tempo tempestuoso que se formara na mansão não lhe permitia aproximar-se dele.

Chegou naquele ambiente e já fora recebida pelos empregados com mesuras, garrafas de água e copos de café e chá. Em seu íntimo, detestava toda aquela bajulação vinda daquelas pessoas, odiava ter de estar na fábrica, em contato com aquele povo sem classe, mas agora precisava transparecer uma serenidade superior e isso lhe exigiria toda sua concentração.

— Obrigada — tentou aparentar gentileza enquanto agradecia — Onde posso encontrar Wang Shin?

— O patrão está no escritório com Doo Chul — um dos empregados falou rapidamente, evitando deixar a moça esperando.

— E como ele está? — ela perguntou se encaminhando para dentro da fábrica, os outros a seguindo em comboio.

— Ainda não sabemos, senhorita — outro homem respondeu — Ele foi levado e não tivemos mais notícia... Só sabemos que um dos médicos está com ele.

— Tudo bem. Agradeço a informação.

Yun Mi seguiu em passos largos, porém lentos devido aos saltos dos sapatos, até a sala de segurança, na entrada da fábrica. Lá, depois de ser novamente saudada pelos funcionários, tomou para si um capacete e abafadores, deixando, com evidente desagrado, a bolsa em um armário ao adentrar no local em definitivo.

Seguiu pela área de estruturação e colocou os abafadores. Aquele barulho seria capaz de deixá-la louca e, naquele instante, ela percebeu porque detestava aquela parte do império Wang. Não tinha nascido para estar ali, no meio de máquinas barulhentas ou com aquelas pessoas sem linhagem. Fora criada para desenvolver trabalhos lógicos em locais silenciosos, com pessoas que se aproximavam ou eram de seu nível.

— O que está fazendo aqui? — era Taeyang falando. Os abafadores não lhe permitiam ouvir, ou raciocinar. Foi puxada pelo irmão até uma das salas de planejamento.

— O que disse? Não ouvi direito — ela falou para ele enquanto retirava o objeto dos ouvidos.

— Perguntei o que está fazendo aqui? Estava entediada na empresa?

— Não seja rude, irmão — ela demonstrou se ofender — Mas poderia lhe fazer a mesma pergunta.

— Sempre acompanho a criação dos primeiros protótipos, você sabe disso — falou com seriedade.

— Hmm.. Pensei que, talvez… estivesse procurando nossa cunhada —  foi maldosa em suas especulações.

— O que você quer aqui? — ele objetou rudemente.

— Vim para resolver o caso do funcionário acidentado — falou de uma vez percebendo que o outro se irritara com o comentário anterior.

— Você? — Taeyang estranhou o envolvimento da irmã. Ela detestava ter contato com os operários — Você não gosta daqui. Poderia ter mandado qualquer pessoa da equipe.

— Eu sei, mas quis vir eu mesma. Além do mais, faz muito tempo que não visito nossa fábrica. Acho que, agora que papai decidiu que temos de controlar tudo o que diz respeito ao nosso patrimônio, nada mais lógico que eu precise participar e me inteirar do que também me pertence.

— Realmente espero que esse seja o seu único motivo para estar aqui — o rapaz desconfiou, descrente das palavras da irmã.

— Que outro motivo eu poderia ter, Taeyang? — ela o fitou em desafio.

— Esqueça — ele preferiu se calar.

— Se não tem mais nada para me dizer, vou resolver os problemas que me trouxeram aqui — com seu sorriso acentuado, despediu-se — Espero que tenha uma boa tarde de trabalho, Taeyang.

E, deixando o irmão, Yun Mi partiu para o local que a esperava. Colocando novamente os abafadores, desviou seus passos da linha de montagem e seguiu para a sala onde Shin a esperava.

— Boa tarde — ela saudou assim que adentrou na sala livrando-se do equipamento de segurança individual. Três dos quatro homens presentes na sala a olharam com admiração.

— Boa tarde — falaram desajeitados assim que notaram ser a herdeira. Um deles tinha o braço enfaixado e ela encontrou o olhar do irmão focando-a em seguida.

— O que está fazendo aqui? — Shin perguntou com o tom irritadiço, se aproximando ameaçadoramente.

— Recebi uma ligação sobre um acidente de trabalho e vim tomar as devidas providências — as palavras saindo através daquele sorriso conhecido.

— Por que não mandou outra pessoa? Aqui não é lugar para você — ele continuou grosseiro. Os três homens os observando.

— Essa fábrica também me pertence, e eu posso vir aqui quantas vezes achar necessário — ela rebateu e recebeu um olhar inquisidor junto a uma pasta com os dados dos funcionários, essa, entregue com demasiada brutalidade.

— Tudo bem... — ele voltou para perto das outras pessoas e apresentou os envolvidos — Estes são Doo Chul, Zhe Chao e Dong Hua. Eles se envolveram no acidente pouco depois do horário do almoço, porém Doo Chul se machucou com certa gravidade. O médico que o examinou identificou estiramento do tendão superior direito.

— O que aconteceu, de fato? — ela perguntou enquanto examinava a ficha do acidentado.

— Uma chapa soltou de um dos robôs e eles tentaram segurar, o problema é que Doo Chul estava em má posição e acabou ferido. Também já pedi que o robô fosse retirado e avaliado em suas funções.

— Agiu muito bem... — ela olhou para ele e focou os três operários de pé a sua frente — Agradeço por vestirem a camisa de nossa fábrica. Isso é positivo e certamente todos os Wang lhes são gratos por sua dedicação — ela continuou e Shin a olhava, uma sobrancelha erguida, com demasiado ceticismo — Para o senhor Doo Chul, a empresa fornecerá o tratamento necessário após avaliação completa feita por nossos médicos e o indenizará pelo dano sofrido. São doze anos trabalhando conosco, então farei eu mesma uma carta de recomendação para que o senhor…

— Você vai demiti-lo? — Shin a interrompeu assim que identificou o fim que aquele discurso teria. Os funcionários a olhavam com espanto.

— Sim. Se houve um estiramento do tendão superior, esse homem será inútil para a montagem e…

— Certamente você pode realocá-lo em outro setor — o rapaz a encarou ameaçador — Nos deem licença, por favor.

Os três homens saíram da sala surpresos com aquela informação. Muito ouviram falar da herdeira Wang, mas jamais imaginaram que tanta beleza carregasse tamanha frieza.

— Você não vai demitir nenhum dos meus funcionários — começou, ameaçando.

— Shin, eu sou a gerente de Recursos Humanos. Eu demito e contrato quem eu achar necessário.

— Não sei como você pode se manter nesse cargo. Você não tem perfil para lidar com pessoas.

— Está me ofendendo.

— Não me importa se a ofendi ou não. Estou deixando claro que você não irá demitir meus funcionários. Esse homem trabalha nessa empresa há doze anos e tem três filhos, como você deve ter visto aí — apontou o arquivo em suas mãos — Ele precisa desse trabalho para manter a família.

— Desse jeito, você trará despesas para a empresa — ela tentou rebater. Estava levemente abalada.

— É muito mais dispendioso demiti-lo. Se o homem permanecer, não será necessário pagar seguros ou indenizações. Ele pode até nos processar por acidente de trabalho e você sabe disso. Continuando como funcionário da empresa, ele receberá o tratamento, que pode ser feito pelos médicos daqui, e os sessenta por cento correspondentes ao salário pelo tempo que permanecer licenciado. Depois, você só precisa realocá-lo. Faça as contas, Yun Mi. Prefere provocar tantos gastos, ainda mais para a contratação e treinamento de um novo funcionário, do que fazer o certo?

A garota estava sem ação. Shin a intimidara. Perdera a pose que manteve até a porta ser fechada escondendo os dois dos demais. Mas o pior de tudo era ter de admitir que o irmão falava corretamente em cada afirmação.

— Tudo bem — ela falou simplesmente — Você pode ter razão — seria o máximo de reconhecimento que ela o daria.

— Fico feliz por ser tão sensata, Yun Mi. Agora, como gerente de RH, dê a notícia ao nosso funcionário e mostre o quão humana e bondosa você é — ele falou com um leve tom de sarcasmo já abrindo a porta para que o homem mais interessado naquela conversa entrasse.

— Senhor Doo Chul, resolvemos mantê-lo na empresa em gratidão pelos seus muitos anos de serviço — ela começou forçando o sorriso, Shin a intimidando com o olhar atravessado — Seu tratamento será feito aqui, na fábrica, com nossos médicos especializados. Os custos serão pagas pela empresa, como disse anteriormente, e o senhor receberá o valor equivalente ao afastamento durante o período de tratamento. Ao voltar, caso tenha problemas em efetuar suas atuais funções, será realocado sem perdas salariais.

— Muito obrigado, senhorita — o homem curvou-se euforicamente. Yun Mi deu um passo para trás evitando ser tocada pelas mãos estendidas.

— Vá para casa agora, Doo Chul. Enviarei o relatório para o setor — Shin o interrompeu em seu agradecimento.

— Obrigado, senhor. O senhor é muito bom — o homem curvou-se várias vezes, as mãos segurando as de Shin em um agradecimento intenso.

— Cuide-se e volte logo — Shin despediu-se e percebeu os olhos do mais velho marejados de alegria.

— Você é realmente muito bom... — ela pontuou assim que foram deixados novamente a sós — Percebo que é bem visto pelos funcionários.

— Impressão sua — ele respondeu sentindo-se impaciente com a presença dela.

— Eu quero te falar uma coisa…

— Pois fale de uma vez. Estou ocupado.

— Eu quero dizer que fico feliz que tenha dado esse grande passo para sua ascensão em nossa família — Shin não conseguiu evitar olhá-la. A curiosidade estampando seus olhos — Foi muito bom que tenha enfrentado Gun. Ele merecia cada uma das palavras que ouviu. Você é tão parte dessa família como nós. Tudo isso também é seu... Shin, obrigada por permanecer conosco.

— Yun Mi... — ele a fitou profundamente — Que tipo de mulher você se tornou?

— O que? — ela pareceu desconcertada.

— O que você deseja? Quais são os seus verdadeiros motivos?

— Eu só quis dizer que estou do seu lado…

— Devemos estar todos do mesmo lado, Yun Mi. Não tome partidos.

— Sim, você tem razão — tentou manter seu sorriso, mas ele estava novamente abalado — É... Poderia me levar na linha de montagem. Gostaria de ver como vai o andamento do protótipo.

— Seria um prazer, mas estou realmente ocupado. Vou designar alguém para que te ajude a fazer o seu tour. Se quiser, posso mandar chamar Taeyang... Ele está por aqui hoje.

— Não... Não precisa. Se há mesmo tanto trabalho, não precisa. Vou voltar para a empresa. Já fiz o que deveria aqui.

— Obrigado — ele fez uma mesura discreta antes de sair deixando a garota sozinha com seus pensamentos em meio aquela sala.

***  

Gun estacionou nas proximidades da ponte Gwangan, no distrito de Suyeong-gu, e permaneceu dentro do carro, observando as luzes esverdeadas das colunas de concreto que emergiam da água cintilarem na noite. O celular no banco do passageiro havia sido desligado duas horas antes, porque não aguentava mais receber ligações de Na Na e de Min-joo.

Outro carro emparelhou ao lado do dele, na escuridão, as rodas deslizando sobre o cascalho e, de dentro do automóvel, um chofer saiu para abrir a porta traseira do veículo. Um homem de elegância impecável, trajado em conjunto social preto de alta-costura, aproximou-se do Lamborghini de Gun e bateu no vidro. O herdeiro destravou a porta e permitiu que o desconhecido tomasse o lugar do assento do passageiro.

— Um Lamborghini, garoto? Essa era sua ideia de encontro reservado?

— Nenhum carro costuma trafegar por aqui a essa hora, fique à vontade — ele tranquilizou o estranho, que tinha, pelo menos, trinta anos a mais que o jovem Wang — Além do mais, estamos no breu.

— Qual a natureza dessa conversa, então? — o velho quis saber, sem cumprimentos — Acho que sabe melhor do que ninguém que seu pai e eu não nos damos bem… Para dizer o mínimo.

Seus irmãos, os acionistas, os funcionários de baixo escalão, ou seja, qualquer um envolvido com a empresa conhecia a rivalidade entre a Wang S.A e a Busan Yong Motors. Não acontecia uma competição saudável, daquelas que impulsionam o mercado a crescer e melhorar. Entre aquelas duas grandes, no seguimento automobilístico, as desavenças quase chegaram às vias de fato. Hansol acusando-os de tentativa de espionagem industrial por mais de uma ocasião.

Para Gun, o encontro as escondidas com Nam Seong, o presidente da Busan Yong Motors, estava mais do que satisfatório para alguém que vinha sendo paulatinamente exonerado do seu cargo na companhia do pai.

— E acho que o senhor também sabe que ele irá se aposentar em breve.

— Oh, sim… — o homem concordou sorrindo alegremente — Essa notícia correu como um rastilho de pólvora em nosso meio. O que acontece com o velho Hansol?

— É isso aí.

— Isso o quê?

Ao longe, no mar, um barco comercial flutuava nas águas escuras, calmamente, cruzando embaixo da ponte para o outro lado, em direção ao porto. Um pequeno farolete iluminando-lhe o percurso.

— Velho — Gun reforçou, fitando o veículo aquático pelo para-brisa, carregando uma dose a mais de maldade ao tom de voz — Meu pai está a ponto de ser interditado, não pode mais responder por si.

— É sério? — Nam Seong pasmou-se — Hansol?

— Muito sério — o outro meneou a cabeça, afirmativo — Mas vamos aos negócios… Eu creio que o adiantamento passado pelo telefone serviu para atiçar a curiosidade do senhor.

— Fiquei curioso, não nego, mas você é apenas uma criança. Não faça troça de mim, ou pode pagar muito caro — o homem ameaçou, fazendo Gun sentir comichões de irritabilidade por ser comparado a uma “criança”.

— Para essa reunião se tornar mais respeitosa, por favor, mostre um pouco mais de consideração por seu negociante.

— Negociante… Continua me deixando intrigado… — o velho repetiu, pensativo — Diga-me mais.

— O projeto da Wang S.A, nosso grande trunfo, que todos aguardam na próxima exposição…

— Sim, isso muito me interessa, mas não sou idiota — foi interrompido pela ameaça contundente do adversário — Sei que há algo por trás…

— Eu já disse que meu pai não responde mais nada! — o herdeiro exclamou, impaciente — Esse assunto é entre nós, Senhor Nam. Me escute, por favor.

O sujeito olhou com desconfiança para o jovem. Possuía um olhar cinzento e malfeitor. Apesar da boa aparência estética, carregava algo de sujo em seu aspecto geral, como um gangster do século passado. A comparação ainda mais significativa se unida aos boatos de que sua família prosperara do crime organizado.

— Qual sua proposta...?

— Já deve saber também…

— Gosto de ouvir antes de concluir que meu palpite é seguro — objetou para Gun, rodando um anel ouro no dedo indicador da mão direita.

— Quero as plantas e as etapas da construção do motor KV-80.

O presidente da Busan Yong Motors riu alto.

— E o que faz você pensar que eu darei meu maior legado para você? — perguntou quando terminou de se divertir por aquela sugestão.

— Vou transferir todo o segredo da construção no nosso carro mais promissor, o protótipo P02, diretamente para suas mãos.

— Estamos falando de espionagem industrial e traição?

— Não. Estamos falando de negócios — Gun sorriu-lhe com selvageria.

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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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