Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 14
De Portas Fechadas


Notas iniciais do capítulo

Oi galera...

Antes de tudo, muitíssimo obrigada por passarem por aqui no capítulo anterior e deixarem o comentário de vocês. Como já disse antes, e repito, é maravilhoso ter um pouco das ideias e opiniões de vocês sobre nossa escrita. Por favor, continuem e nos façam felizes.

Sobre o capítulo, é o finalzinho da nossa festa. Esse encerra os bate-bocas, mas o próximo é o desfecho, então, aguardem por algumas outras informações interessantes e montem suas teorias...

Ao final do capítulo, uma imagem com a representação dessa árvore genealógica super louca e as personagens já apresentadas na trama. Espero que gostem, é assim que imaginamos nossos queridos e construímos tudo com muito carinho para que não fiquem perdidos, como nós ficamos, por mais tempo (e nos digam o que acharam ♥ ).

Então... Vamos lá! Vocês são maravilhos@s!
Fighting!!!



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Esse era o tipo de animação que Shin sentiu falta durante sua ausência. Seus adoráveis familiares se engalfinhando por poder, dinheiro e status. Calmamente, o rapaz aderiu ao grupo e procurou um lugar no escritório do pai debaixo de tantos olhares mordazes.

O cômodo permanecia como ele se lembrava: uma majestosa estante de livros cobrindo a parede esquerda de fora a fora; a janela panorâmica para os jardins sem cortinas, oposta à porta de entrada; a escrivaninha de madeira exaustivamente polida e duas poltronas diante dela.

Uma peça de mobília nova fora adicionada, encostada à parede direita, um sofá anguloso e moderno, de estofado branquíssimo. Shin observou todos os irmãos e esposas de pé, rodeando a mesa principal, impacientes feito chacais famintos, e resolveu se esparramar naquele sofá, apesar de não parecer ser muito confortável.

Segundos após sua entrada, o Sr. Wang chegou esbaforido, fechando atrás de si a porta com um ecoante estrépito e encerrou toda aquela gente dentro do recinto.

O homem se postou atrás da escrivaninha, afrouxando a gravata borboleta, irritado, e esboçando uma expressão de poucos amigos, abriu a boca para falar. Ele, contudo, nem sequer teve tempo de dizer algo e foi interrompido pela dramaticidade de Min-joo.

— Eu quero que você acabe com essa palhaçada agora, Hansol! Já não basta ter me trocado por essas usurpadoras, agora vai descartar nosso filho mais dedicado em detrimento desse bando de incompetentes?

— Meus filhos não são incompetentes, não, sua cobra sanguessuga — Ah Ra retorquiu batendo a mão no tampo da mesa, ensandecida, fazendo o marido pular de susto.

Toda a elegância daquela dama se evaporou rapidamente quando o assunto colocou riscos ao domínio da herança, avaliou Shin, segurando o riso.

— Mamãe, se acalme — Taeyang agarrou a mãe pelo braço, preocupado com a senhora de rosto muito afogueado.

— A minha mãe está certa — Gun se fez ouvir, batendo no tórax impetuosamente — Eu dediquei toda a minha juventude dentro das paredes daquele escritório. Passo muito mais horas lá do que qualquer um dos outros, que estão empenhados em gastar o dinheiro da família com suas diversões fúteis. Tenho objetivos claros e reais. Não passo meus dias brincando de garotinho incompreendido.

Eujin, que assistia a cena toda ao lado da senhora Eun Tak tomou a frente no grupo e se dirigiu abertamente contra Gun, abandonando seu costumeiro tom compreensivo de voz.

— Quer dizer o que com isso, Gun? Seja mais sincero, ou tem medo de falar o que pensa na nossa cara?

— Sem problemas, afinal a carapuça se ajustou: você é um vagabundo que só quer saber de desenhar e tocar flauta, Eujin — o outro respondeu maldosamente.

Shin achou a colocação nenhum pouco honesta. Em compensação, cabeças como as de Yun Mi, Ah Ra e Min-joo balançaram em aprovação às acusações do rapaz. Eun Tak despiu-se do seu olhar sereno e franziu o cenho, enraivecida. Seu filho mais velho, ainda mais possesso, rebateu:

— Eu realmente não gosto de estar na empresa e, muitas vezes, já deixei isso explícito para você, papai. — fitou o Sr. Wang brevemente —  Me foi imposto permanecer naquele lugar e me fizeram desistir da minha carreira de músico para tomar o posto da equipe de designer... E assim fiquei, cansado de contrariar o senhor... Mas agora vou dizer o que não farei: não participarei dessa sua ideia de querer um de nós como CEO. Eu não quero ser CEO daquilo e, de uma vez por todas... EU NÃO TOCO FLAUTA. AQUILO É UM FAGOTE!!!

— Concordo que Eujin deve fazer o que bem quiser, a vida é dele — Li Chang Ru se pronunciou, ganhando o gesto aprovador de Sook — E não há nenhum problema com o menino tocar...     

— Cala a boca, sua gralha de cemitério! — Min-joo rosnou, fuzilando a primeira esposa.

— Olha como fala com a senhora minha mãe, dona — Sook se pronunciou, bastante zangado.

— Fiquem quietos... Todos... — Hansol murmurou cerrando os punhos em cima da mesa.

Os demais sequer lhe deram atenção, prosseguindo na chuva de ácidas acusações e apontamentos pejorativos. Do sofá, Shin, que não ria mais, dedicava alguns segundos para cada um daqueles rostos, começando a se arrepender internamente por retornar. Ele havia se enganado: Não sentia falta daquele clima de guerrilha, sentia desprezo.

— Eujin está certíssimo. Ele deve fazer o que gosta — Yun Mi disse na sua pose esnobe, carregando o famoso sorriso de gesso — É um a menos atrapalhando os adultos a trabalharem de verdade. Meu irmão e eu queremos assumir a liderança da empresa e, naturalmente, deveríamos ter muito mais diretos, meu pai, afinal o senhor está casado com nossa mãe.

— E o que uma mimada obtusa que causa o terror no Recursos Humanos quase levando os funcionários em greve no mês passado vai poder fazer para elevar o nome da Wang S.A.? — Gun riu, embora não existisse alegria nos seus olhos.

Yun Mi atravessou o irmão como se o seu fitar fosse como duas navalhas assassinas, e este apenas riu mais, deliciado por vê-la desconcertada.

— Está vendo, Hansol? Meu filho, nosso menino, é o único que pode tomar conta do seu império — Min-joo reiterou, dramática com as mãos no peito.

Ah Ra agarrou o porta retrato dela com Taeyang e Yun Mi - uma feliz família emoldurada nos jardins ensolarados - que ficava em cima da mesa do marido e arremessou o objeto contra a outra mulher. Este fez uma curva descendente no ar e por pouco não aterrissou na testa da vítima, terminando seu trajeto no chão, se espatifando.  

— Tá louca? — a segunda esposa perguntou colérica, retornando do seu drible descabelada e exibindo as maçãs em brasas.

A pilha de livros, recheada de temáticas empresariais, fazia enfeite na extremidade da escrivaninha. Min-joo raptou o exemplar do topo, o mais pesado que encontrou e,  num movimento de supino, traçou linha reta contra a cabeça da rival. Taeyang e Sook,  instintivamente, usaram os braços como escudo para Ah Ra, enquanto Jung, e até Gun, tentavam parar o livro antes do seu fatídico destino.

Em meio as dezenas de exclamações perplexas e sustos, culminando na queda brusca do encadernado contra o tapete, o riso da primeira esposa era indisfarçável.

— Agora vão se matar, as velhas malucas.

— Interne a velhota da sua mãe, Taeyang — Gun sugeriu maldoso.

— INTERNAR? E a sua? Ela queria abrir um buraco na cabeça da minha, ou você não percebeu? — Yun Mi disse histérica, levando as duas mãos na cintura.

— Ela só se defendeu — Jung rebateu, a incerteza na voz.

— Defendeu? — Sook, pálido e de olhos arregalados, contestou — A intenção dessa mulher foi muito clara, vindo com um peso de mais de cinco quilos para cima da esposa do meu pai.

— Ah, não defenda ninguém, meu filho. Qualquer um dos resultados seria uma dádiva… Seria praticamente o Natal antes da hora — Chang Ru ergueu a mão direita, emulando o aceno de "tanto faz".

— Mas, mãe…

— Vocês estão descendo todos os níveis — Hansol suspirou do seu assento, de repente esgotado.

As mãos do seu filho mais velho barraram Ah Ra pelo braço; ela buscava o pescoço fino de Min-joo com os dedos rígidos, parecendo visivelmente transtornada. E bêbada.

— Senhora, por favor, se acalme…

— Mamãe, tenha calma. Ignore essa senhora ou vamos nos machucar por motivo nenhum. Papai está tentando ser justo conosco — Taeyang finalmente se transformou numa voz presente em meio ao caos aproximando-se, o herdeiro suava sutilmente pelas têmporas — Ele não entregou as chaves da presidência para Gun, porque conhece o mau-caratismo dele mais do que ninguém...

— Como se atreve a falar assim do meu filho, seu garoto invejoso? — era Min-joo que avançava em direção ao rapaz.

— Por favor, não se  faça de desentendida, senhora — o rapaz contestou enquanto controlava a Ah Ra atrás de si — Ano passado seu filho roubou dois projetos meus para propagandas na América do Sul…

— EU NÃO ROUBEI NADA! — o acusado gritou atuando perplexidade.

Shin conhecia Gun melhor do que ninguém; o fato deveria ser verídico. Trapacear debaixo da fuça dos outros era a cara dele.

— Roubou sim... E ainda tentou usar Kim Na Na para tomar outras informações — Taeyang começou a ficar vermelho, semelhante à senhora Ah Ra quando nervosa.

Passado a parte boa das ameaças de morte, Shin se entediava cada vez mais com o bate-boca. Terminou de se esparramar no sofá apoiando as botinas no estofado, encostando a cabeça no encosto. Ele até fechou os olhos na ânsia de conseguir se conectar com alguma paz interior.

— Agora é a vez daquela pobretona sem atrativos entrar no assunto? — Min-joo especulou, ajeitando o penteado outra vez — Gun não precisa te roubar nada, já que ele tem capacidade suficiente para ter muitas ideias geniais. Entretanto, qual o problema de usar aquela coisinha em benefício dele?

— Aquela coisinha tem nome — Taeyang respondeu entredentes.

— Meu irmão, pare de se importar com isso — Yun Mi respirou pesadamente, indo sentar-se numa das poltronas livres, cruzando as pernas — Esse assunto não vem ao caso agora.

A outra poltrona já fora ocupada pelo eterno entediado Sun, que sacou seu celular do bolso assim que entrou na sala, se distraindo com algum joguinho virtual enquanto as farpas eram lançadas.

Eun Tak se aproximou do filho enquanto também trazia Eujin, transtornado, pela mão para perto de si como se os protegesse. Abraçou o filho mais velho pela cintura, o outro às suas costas, sentado. Permaneceu assim, observando tudo aquilo em silêncio.

— Eu realmente não me importo com a opinião de todos vocês — Hansol finalmente encontrou uma brecha para falar, embora uma camada de burburinho não cessasse por completo — Depois de muito refletir, essa foi a saída mais justa que me deparei.

— Justa, Hansol? —  Ah Ra arregalou os olhos —  E desde quando colocar aquele moleque como um dos candidatos é justiça? —  apontou para Shin, mirando-o atentamente pela primeira vez dentro do escritório. Enraivecida, a senhora se aproximou do rapaz e estapeou sua botina, exigindo grosseiramente em seguida —  Tire esse sapato imundo do meu sofá!

Shin abriu os olhos e a encarou desinteressado sem mover um músculo sequer.

—  Está vendo? Ele é um selvagem! Só poderia ser filho da Min-joo…

— Esse animal não é meu irmão, não  — Gun elevou a voz acima de todos —  Eu me recuso a pisar no mesmo lugar que ele se o vir na empresa. E duvido muito que ele vá aceitar entrar no nosso mundo civilizado...

O segundo herdeiro depois de Sook reservou um olhar de desprezo para o outro e mudou de posição no sofá, se sentando lentamente enquanto era observado em silêncio por todos.

Quebrando o contato visual com aqueles rostos ao abaixar a cabeça e brincar com um detalhe da costura da sua luva de couro, se pronunciou finalmente:

— O Sr. Wang teve a imensa bondade de me contatar em outro continente somente para me lembrar de que eu tenho uma família na Coréia. Vários irmãos — fitou Gun e Jung especialmente, o mais novo um tanto confuso em meio ao bate-boca todo — um pai milionário e uma mãe carinhosa — dedicou seu semblante mais sarcástico para a senhora vestindo cetim vermelho — Por que eu não deveria me sentir honrado com esse convite? Estou sendo tão bem recepcionado…

— Claro que está, você é meu irmão querido — Sook disse tão logo Shin se calou — Eu faço muito gosto em te ver se aproximando de nós novamente.

— Era só o que me faltava... — Gun revirou os olhos — Você abandonou papai ao escolher satisfazer os caprichos da sua mulher, maninho. Sua opinião não importa. Nem aqui você deveria estar.

— Sook fica onde ele bem quiser! E tenha mais respeito, garoto linguarudo, ele é o mais velho de vocês —  Chang Ru defendeu o filho.

— Eu mandei se calar, velha cretina — Min-joo adiantou-se sobre o corpo do rapaz num gesto protetor — Estou farta de te ver nesses eventos. Essa sua carcaça deveria estar rezando pela própria alma tão perto do fim.

A observação arrancou risos de Yun Mi ainda na poltrona. Jung arregalou os olhos e sussurrou quase inaudivelmente na orelha da mãe:

— Mãe, para de falar desse jeito.

— Não se preocupe, querido. Eu sou vacinada contra ela — Chang Ru piscou — E meu amado Sook fala apenas verdades... Hansol, quando eu deixei essa casa, você era um homem de mais pulso. Como pode deixar seus filhos falarem coisas tão horríveis uns para os outros?

Mais uma vez o patriarca se mostrou impotente, apenas observando a senhora, fruto do seu matrimônio estreante.

— Sook nem de longe é o único que apoia e fica feliz com o retorno de Shin — Eujin saiu das profundezas do seu silêncio irado e resgatou a palavra — Eu disse mais cedo e repito alegre: foi muito bom te ver novamente. Você demorou para voltar, senti muitas saudades e quero que fique entre nós por quanto tempo quiser. Espero que seja bastante tempo.

— Eu também não vejo problema nenhum — Jung comentou afobadamente, tudo indicando seu desejo em tirar a má impressão que Gun e Min-joo estabeleceram há pouco.

— É... tanto faz — Sun deu de ombros como resposta à um sutil cutucão na nuca que Eujin aplicou nele para desarraigá-lo do jogo.

— Era só o que me faltava — Ah Ra resmungou cambaleando para trás, indo apoiar-se novamente nos braços de Taeyang, o único que controlava suas expressões ao máximo, não revelando nenhuma posição sobre o segundo herdeiro Wang.

Yun Mi, assim como o irmão, permaneceu em silêncio, balançando a perna cruzada, a tez ligeiramente tomada de curiosidade. Gun, por outro lado, era puro ódio flamejante no momento em que Min-joo finalmente falava:

— Seu mundo não é aqui, Shin. Nunca foi. Você sabe disso. Achei que havia sido bem clara da última vez. Apesar de ser meu filho, você sempre soube que eu te desprezo com a mesma intensidade que amo Gun e Jung. Nada mudou, se seu retorno foi com alguma esperança do contrário…  

— Min-joo! — Hansou exclamou, rispidamente.

— Que coisa mais horrorosa para se dizer a um filho... — Chang Ru objetou com desprezo.

Os demais presentes encararam o rosto de rapaz com diversos sentimentos passando em cada um. Nos que haviam apoiado sua volta ainda há pouco se via, sobretudo, pena. Nos de Yun Mi e Ah Ra, desconforto. No de Taeyang, cautela. Em Gun, apenas a mais demente felicidade. No da mãe, o gelo implacável que o congelava até a alma.  

E ele pensou o quão ingênuo consistiu-se sua atitude de voltar para a Mansão da Lua. Estar ali significava retornar para os velhos dilemas, também para os velhos sofrimentos.

Então Eun Tak aproveitou o grande silêncio constrangedor, liberou brevemente o abraço de Eujin e, virando-se para Shin, abriu seu monólogo monocórdico cheio de coragem, atraindo os olhares com espanto por sua atitude de falar quando, geralmente, preferia apenas observar.

— Este rapaz, eu o conheci há vários anos, quando me casei e vim morar nesse lugar assustador — ela sorriu carinhosamente para ele antes de continuar — Ele me recebeu, logo após meu retorno da lua de mel com seu pai, e me entregou uma florzinha qualquer apanhada na propriedade.  

"Ele estava um pouco frustrado... Disse que, na verdade, queria encontrar um trevo para minha sorte aqui, mas sua busca pelos jardins resultou apenas naquela flor. O pequeno Shin foi galante, dizendo que eu era tão bela e tinha a pele tão macia quanto aquelas pétalas e eu achei muito engraçado ele dizer isso. Era apenas uma criança… Mas uma criança encantadora e gentil.

"Na mesma noite, conversando com Hansol antes de dormir, contei do ocorrido e ele riu sem demonstrar sequer perplexidade. O pai disse que aquele gesto só poderia ter vindo de Shin que era o mais carinhoso e amável dos seus filhos nascidos…

"E aquele garotinho é esse rapaz que está diante dos meus olhos hoje. Eu enxergo a mesma doçura de vinte e três anos atrás. Debaixo da rebeldia e da mágoa, tirando a influência da mãe horrível e o desprezo de alguns dos irmãos, é ele, sim.

"Shin, não importa o que aconteça, você deve ficar se quiser. Não ouça essas pessoas amargas... De acordo com a minha experiência, dar ouvidos a elas é o pior dos caminhos a se escolher."

— O-obrigado — Shin respondeu perplexo e muito confuso.

Eujin, entretanto, abraçou a mãe pelos ombros, vastamente orgulhoso, enquanto o até então desligado Sun a olhava com carinho, admiração e respeito.

Min-joo, porém, virava as costas para seu filho mais velho, ignorando por completo o discurso da quarta ex-esposa, retornando o antigo dilema para o ex-marido.

— Já colocou a cabeça nos eixos? Vai dar a liderança total para Gun ou não?

— Não — Wang Hansol fechou o semblante implacável — Ou todos trabalhando juntos ou nenhum.

— Eu não quero ser CEO coisa nenhuma — enfim Sun, que abandonou o game assim que a mãe começou a falar,  choramingou — Nem mesmo me formei ainda… Já disse para você, papai, o que serei… Um gamer profissional. Essa carreira está deixando o pessoal milionário e...

— Carreira? — Yun Mi gargalhou vigorosamente.

— Calada, oh! bruxa — Sun fez uma careta de poucos amigos para a irmã, se calando ao sentir a mão da mãe repousar em seu ombro.

— Se é assim, eu vou logo informando que quero entrar para a luta profissional. Quero ser um atleta — Jung bateu no peito ao melhor estilo Tarzan, estufando-o  e tudo mais.

— O QUE? — sua mãe berrou  — DE ONDE VOCÊ TIROU ISSO?

O garoto não deu importância para o desespero da mãe e armou uma demonstração utilizando-se de Sun como exemplo, enlaçando uma chave de braço contra o caçula, ainda sentado na poltrona, explicando por que deveria receber apoio da família.  

— Me solta, seu retardado! — Sun xingou-o tentando estapear seu agressor — Me solta.

— QUIETOS!!! — Hansol conseguiu, após muito tempo, arrancar a atenção de todos, congelando as ações de cada um — Está decidido. Mais do que decidido, aliás. Está concretizado. Segunda-feira quero todos os meus filhos, exceto Sook que já tem seu caminho trilhado, às três horas da tarde na empresa para definirmos os pormenores do programa.

— E se eu não quiser ir? — Eujin quis saber, desafiando o pai.

— Quem não comparecer poderá se considerar um cidadão qualquer, pois eu o deserdarei — sentenciou.

— Seu cretino ingrato — Min-joo cuspiu na escrivaninha, muito próximo do ex-marido, que se retraiu ao presenciar o gesto, e saiu do escritório escancarando a porta com violência.

Gun permaneceu alguns segundos a mais mirando os olhos do pai, inflado de ressentimento e seguiu os passos da mãe.

— Ótimo. Estaremos por lá — Yun Mi concordou secamente, se levantando da poltrona e amparando a mãe com a ajuda de Taeyang, a senhora vivendo o seu último estágio da embriaguez antes de cair adormecida nos braços do filho.

— Adoro fazer as coisas forçado. Estou mais que acostumado com isso — Eujin retorquiu ao deixar o cômodo. Eun Tak o seguiu, curvando-se ligeiramente para os que permaneciam chamando Sun, o Wang caçula, em seguida, formando uma carranca abissal ao segui-la.

Faltando Li Chang Ru e Sook para abandonarem o recinto da infrutífera reunião, a senhora aproximou-se do patriarca e repetiu o mantra de minutos atrás.

— O que houve com sua família, Hansol? Quem são esses?

— Me pergunto isso todos os dias — o velho rebateu, cansado — Obrigado por aceitar o convite e também por sua paciência, minha querida.

Chang Ru deu um tapinha camarada nas mãos do homem, cruzadas sobre o tampo da mesa, e sorriu:

— Se cuida — então partiu dali, escoltada por Sook.

O escritório começou a ser preenchido por um silêncio nada reconfortante. Shin avistava o tapete felpudo, cor de creme debaixo dos pés, procurando alguma reentrância no mar de linhas para confirmar se a base da tapeçaria era da mesma cor do felpo; um passatempo qualquer para esvaziar a mente. Ele vinha lutando para não remoer as palavras da mãe, mas essas queriam se incidir dentro dele.

O rapaz tinha outra consciência incômoda: O pai não fora embora. Muito pelo contrário, deveria estar repousando o olhar diretamente sobre a cabeça dele, procurando o melhor jeito de buscar atenção e iniciar uma conversa solitária com ele, o que aconteceu em seguida.

— Soube que faz mais de um mês que você desembarcou na Coréia... Por que não veio logo para cá?

— Como o senhor pode ver, esse ambiente não costuma me animar muito — o herdeiro observou, cabisbaixo.

— Fez boa viagem?

— Sim.

— Estava tudo correndo bem na América? Conseguiu encontrar os sonhos que procurava por lá?

Shin ergueu o rosto e cruzou seu olhar com o do velho. Hansol não era burro. Ninguém mantém um império automobilístico em franco crescimento sendo um idiota. Os dois conheciam o real motivo do rapaz abandonar a Coréia. Ele estava ficando farto de tantos joguinhos.

Se levantando com brusquidão, o filho aproximou-se do pai, apoiou as duas mãos na escrivaninha e inclinou o corpo para frente.

— Esse negócio de deserdar não funciona comigo, o senhor sabe muito bem. Eu ganhei esse rebaixamento há muitos anos e ele continua aqui — apontou para a lateral da cabeça — impresso no meu couro cabeludo. Eu não me decidi se estarei lá segunda-feira alimentando seus delírios macabros, entretanto, o senhor deve estar ciente: Qualquer que seja a minha decisão, ela não terá nada a ver com você, com esse sobrenome, com a fortuna, ou com o que quer que seja relacionado a essa família.  

 ***


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