A Long Fall escrita por Kiara


Capítulo 6
V — Sorrow


Notas iniciais do capítulo

~aparecendo sorrateiramente para não apanhar~

Hey, gente, como ceis tão? Espero que bem.
Eu só posso me desculpar pela demora, sério, quem me conhece sabe que eu to sempre perdendo a inspiração e demoro por causa disso. E ai, quando ela voltou e eu finalizei o capitulo na semana do carnaval, fiquei sem internet e só voltou hoje pela manha. Por isso, peço que me perdoem, sei que disse que iria diminuir a data de postagem, mas parece que essa pressão de postar constantemente me bloqueia ainda mais aksjjskskks

Enfim, espero mesmo que o capitulo compense pela demora ❤

Agradecimentos pelos comentários maravilhoso:
America Jackson Potter
Mrs Claflin
Bela Winchester
Beatriz
Ju grace



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Meus dedos tamborilavam na mesa escolar a medida que os ponteiros avançavam no relógio da sala. Faltava pouco menos de dez minutos para as onze e meia, o horário que as aulas acabavam e eu poderia ir embora, mas até que o pequeno ponteiro atingisse o topo, eu ainda estaria presa na sala, forçada a escutar a explicação cansativa do professor. Era ciências, e embora fosse uma das minhas matérias prediletas, minha cabeça não conseguia prestar atenção no que estava no quadro-negro, tampouco o que saia da boca do homem a frente da sala. Aquela era a única aula que fiquei sozinha, pois nas duas primeiras o horário de Lydia colidiu com o meu, e na terceira e quarta aula foi a vez de Stiles estar na mesma sala que eu.

Ficar sozinha permitiu-me pensar sobre minha vida e os caminhos que eu estava seguindo. Agora, eu tinha amigos, pessoas adoráveis que estariam do meu lado acontecesse o que fosse, e não poderia estar mais feliz. Era bom poder debater sobre moda, assuntos femininos e até mesmo garotos com Lydia, sentir-me útil com Stiles ao lhe ajudar com alguma matéria difícil e ainda melhor poder debater sobre qualquer coisa, independente do que seja, com Scott. Era simplesmente revigorante saber que eu não estava mais sozinha, e nunca mais precisaria estar. Mas também, havia o lado ruim de tudo aquilo; eu havia, definitivamente, perdido minha mãe.

Nos dois primeiros dias, eu estava esperançosa quanto a uma ligação de sua parte ou até mesmo uma mera mensagem de texto, mas nenhuma das opções se realizou. Tentava não pensar no assunto, ignorar até que fosse menos doloroso de ser conversado, mas quanto mais os dias se passavam, mais a ausência de uma figura materna me fazia falta. Podia ser verdade que a maioria de nossos momentos juntas era em um carro ou avião, mas ainda sim, eu adorava; as poucas horas que passávamos usávamos para colocar a conversa em dia, conversávamos e ríamos. Sempre que fazíamos isso, esquecia de qualquer problema, até mesmo que estava indo para uma nova cidade, porque se minha mãe estava feliz, eu também tinha que estar. Mas, pelo visto, ela não compartilhava da mesma linha de pensamento, caso contrário, teria ligado para perguntar como eu estava indo e saber se eu precisava de ajuda.

Aquele assunto já estava começando a fazer uma pequena dor crescer em meu peito, por isso, deixei que um suspiro saísse de meus lábios e deitei minha cabeça sobre a mesa, fingindo dormir. A maioria dos alunos estava fazendo isso, então o professor não iria se importar que eu os imitasse. Assim fiquei por vários minutos, e quando já estava realmente adormecendo, o sino bateu, anunciando o fim das aulas.

Recolhi meus livros e os coloquei em minha mochila, passando as mãos sobre o rosto antes de atravessar a soleira da porta, ousando me aventurar pelos corredores empesteados de alunos. Por ser sexta-feira, todos estavam ansiosos para saírem da escola e irem curtir o final de semana livre, o que resultava em corredores cheios e cotoveladas a quem passasse perto. Felizmente, eu também tinha planos para o final de semana; iria decorar minha casa com a ajuda de Lydia, e depois sairíamos para jogar boliche, que ela insistiu em dizer que era fundamental que eu aprendesse. Além disso, eu iria trabalhar meio período no sábado. De alguma forma, estar trabalhando era incrível para mim, não por causa da profissão – embora essa fosse igualmente incrível –, mas por causa de Scott. Era bom estar no mesmo ambiente que ele, pois sempre nos divertíamos, e agora que ele havia se desculpado, não havia mais motivos para ficar brava.

— Charlotte! — justamente quando eu havia acabado de sair da escola, com dificuldade pelo grande número de pessoas, escutei seu nome ser gritado, ironicamente, por alguém de lá de dentro.

Nem precisei esperar a pessoa aparecer a minha frente para descobrir quem era; Stiles. Havia reconhecido sua voz, e confirmado que era ele quando atravessou o batente da porta com pressa, quase caindo ao chão. Ele, assim como eu, parecia ter enfrentado o problema das cotoveladas, pois tinha as mãos sobre as costelas, com uma expressão dolorida no rosto.

— Quer uma carona? — indagou, a voz falha por causa de sua respiração ofegante, chacoalhando as chaves de seu carro nos dedos.

Ineditamente, um sorriso se alastrou por meu rosto, quase se tornando um riso. A característica que eu mais gostava em Stiles era sua generosidade, e em como ele gostava de usá-la com os outros, até mesmo comigo, uma garota que ele sequer conhece a mais de uma semana.

— Claro que sim, Stiles, obrigada. — concordei, entrelaçando meu braço no seu, observando, com certo divertimento, seu rosto assumir a coloração avermelhada.

Rapidamente, o garoto começou a caminhar em direção ao estacionamento, para onde o segui. Eu podia ver o grande sorriso que ele exibia no rosto, o peito estufado e a postura altiva, como se fosse dono do mundo. Achava engraçado e até fofo ele estar assim por estar andando ao meu lado, com o braço entrelaçado ao meu. Mas, eventualmente, ele começou a ficar desastrado, várias vezes quase caiu enquanto andava, e fora eu quem teve que segurá-lo para que não fosse de encontro ao chão e me levasse junto.

— É o seu carro? — indaguei quando paramos em frente a um grande jipe, de cor azul, onde as portas e detalhes do para-choque eram pretos. Era um carro bonito, simples e confortável, que era a cara de Stiles.

O garoto anuiu com a cabeça, soltando meu braço para poder caminhar para o lado do carona, onde abriu a porta e gesticulou para eu entrasse. Meu sorriso ficou ainda maior com seu gesto enorme de cavalheirismo, e não pude conter uma risada quando ele estendeu a mão para mim, ajudando-me a entrar no jipe.

— Obrigada, Stiles, você é um verdadeiro cavaleiro. E tem uma carruagem incrível. — sibilei, colocando o cinto de segurança e ajeitando-me sobre o banco, enquanto ele ocupava o banco do motorista.

Stiles prendeu uma risada, ligando o carro e dirigindo para fora do estacionamento.

— E então — comecei, ligando o rádio com sua permissão, e tentando achar uma estação que tocasse alguma música que agradasse mutuamente nós dois. —, quais seus planos para o final de semana?

Por sorte, estava tocando Let Her Go, do Passager, em uma estação de música pop. Era uma das minhas músicas favoritas, de uma melodia e letra envolventes demais para que eu conseguisse ficar quieta, então comecei a cantarolar baixinho, sem querer chamar a atenção.

— Não sei, estou me decidindo sobre o que é melhor; maratona de séries ou jogos? — respondeu, dando levemente de ombros, logo desviando o olhar para mim. — E você, o que vai fazer?

— Vou ao boliche com Lydia, ela quer me ensinar a jogar. — murmurei, passando as mãos sobre o rosto, tirando as mechas de cabelo que o vento que passa pela janela trouxe ao meu rosto. — Seria legal se você aparecesse, assim não passo vergonha sozinha.

Soltei uma risada quando Stiles colocou, teatralmente, a mão sobre o peito, fingindo estar ofendido.

— O que quer disser com isso? Eu sou um jogador de boliche exepcional para sua informação! — replicou, com os olhos estreitados na minha direção, e uma mágoa falsa em seu tom de voz.

— Ah é? Então vença de mim sábado. Eu aposto trinta dólares que ganho de você. — desafiei, exibindo um sorriso extremamente divertido nos lábios.

Stiles pensou em minha proposta por alguns instantes, logo estendendo a mão, com as sobrancelhas arqueadas.

— Prepare-se para voltar com os bolsos vazios para casa, Char. — proclamou, irônico, balançando nossas mãos para selar a aposta.

A única coisa que fiz foi ampliar meu sorriso. Eu sabia que iria perder, não tinha dúvidas disso, mas nem me importava. Eu estava feliz por ele ter aceito o desafio, que eu nem sequer iria me esforçar para ganhar, pois o objetivo era que ele fosse ao boliche comigo e Lydia. Não podia permitir que ele passasse o final de semana entediado, e se o preço para que ele se divertisse fosse trinta dólares, que seja.

[•••]

Eram em torno de uma e meia quando fui almoçar. Acontece o gás havia acabado, e como eu não sabia o número de nenhuma loja de gás, tive que ficar procurando na lista telefônica por horas. A maioria eram antigos, por isso davam como inexistentes quando tentava ligar, e apenas um atendeu, mas ficava quase no limite da cidade, o que resultou em mais horas de espera.

Agora, eu estava sentada na mesa, comendo. Estava ciente de que em menos de meia hora começava meu turno na clínica veterinária, e que não podia me atrasar, mas eu não havia comido nada no café da manhã e chegaria tarde em casa, não podia ficar com fome durante o trabalho. Eu só esperava que a complacência de Alan fosse grande o suficiente para perdoar qualquer atraso.

O relógio da cozinha indicava que faltava oito minutos para as duas quando terminei de almoçar, e uma palavra de baixo calão quase escapou de meus lábios. Para piorar, no mesmo instante que coloquei meu prato vazio na pia, escutei uma buzina em frente a minha casa, atiçando os cachorros da vizinha e fazendo-me sobressaltar. Scott tinha que ser pontual justo hoje.

Ao abrir a porta de casa, encontrei McCall encostado sobre sua moto, com as mãos enfiadas nos bolsos frontais de sua calça. Trajava uma blusa cinza de botões, que marcava os músculos de seus braços e abdómen; uma calça escura e larga, que concedia-lhe um ar despojado; e os cabelos estavam perpetuamente despenteados, caindo sobre parte das sobrancelhas e testa. Mas foi o sorriso que cativou minha atenção; estava espontâneo demais, mostrando suas covinhas, e com uma felicidade tão estampada que sorri junto sem sequer dar-me conta.

— Você vai assim, Lottie? — inquiriu, arqueando as sobrancelhas ao olhar para meu short, e para minhas coxas, a área descoberta.

Minhas bochechas esquentarão por não estar propriamente vestida com uma calça, como de costume, mas em casa fazia calor de mais para se usar uma. 

— Não, era justamente sobre isso que eu queria falar. Eu tive um problema, e só terminei de almoçar agora, então, se não se incomodar, poderia esperar alguns minutos para eu me trocar? — perguntei, entrelaçando minhas mãos rente ao corpo, esperando sua resposta.

Parte de mim estava temerosa, achando que seria ouvida uma negação, mas Scott teve uma reação contrária ao que eu esperava; seu sorriso se expandiu por seu rosto até se tornar uma risada baixa, e ele passou as mãos sobre os cabelos, os tirando do rosto antes de olhar-me.

— Não me importo, Char, pode ir se arrumar. — ditou, com um tom de voz calmo e sereno o suficiente para dissipar meu nervosismo e hesitação.

— Obrigada, juro que não vou demorar. Pode entrar. — proclamei, abrindo a porta para que este passasse. Mas, ao invés disso, Scott negou com a cabeça, abrindo a boca para responder, porém, fui mais rápida. — Ande logo, Scott, não vou deixar você queimar nesse sol. Entre.

No final, o garoto cedeu, desligando a moto. Assim que adentrou minha casa, fechei a porta, indo logo para as escadas que levavam ao meu quarto.

— Fique a vontade, volto em um minuto.

Não esperei uma concordância, subindo apressadamente as escadas e entrando no meu quarto. Apanhei a primeira roupa que encontrei no guarda-roupa, vestindo tudo com urgência, só olhando o resultado no espelho quando fui arrumar o cabelo. Trajava uma calça escura e justa, que marcava minhas curvas e destacava minha cintura; uma blusa grande, que ia até minhas coxas, de um tecido fino que definia a área do busto; com meus inseparáveis mocassim nos pés. Como meus cabelos estavam comportados e baixos, os deixei solto, apenas enrolando as pontas com os dedos.

Encarei-me no reflexo do espelho, percebendo, com uma pontada de orgulho, que estava bonita. Fazia tempo que eu gostava do que via no espelho, e tentei usufruir do sentimento o máximo que pude. Mas, ainda sim, precisei sair do quarto e descer para o andar inferior, onde encontrei Scott em pé no meio da sala, observando cada detalhe.

— Não está lá grande coisa, vou decorar a casa amanhã com Lydia. — comentei, aproximando-me com cautela, sem querer assustá-lo.

McCall continuou observando minha casa por mais alguns segundos, então desviou o olhar para mim, sorrindo.

— Vai ter rosa para todos os lados. — avisou, em um tom amplamente divertido, do qual me fez rir.

Fui em direção a mesa de centro da sala, apanhando minha bolsa de lá, junto com o celular, que estava bem ao lado. Depois, caminhei para porta de casa, gesticulando para Scott me seguir. Enquanto ela passava, indo direto para sua moto, aproveitei para tirar minhas chaves da bolsa e trancar a casa.

Quando acabei, pude virar-me na direção de Scott, e aceitar o capacete oferecido. Subi na moto como de costume, o abraçando pelas costas com firmeza, da forma que instruiu-me a fazer na primeira vez. Mas, acidentalmente, minha mão acabou ficando sobre a área de seu coração, e ao invés de encontrar batimentos cardíacos normais e lentos, senti um ritmo descompassado e extremamente rápido vibrando contra minha pele, o que resultou, quase imediatamente, que meu coração também se acelerasse.

Porém, quando ele ligou a moto, o barulho do motor assustou-me a ponto de remover a mão da área e desliza-la mais para baixo. E enquanto ele dirigia para a clínica, minha mente estava martelando-me com uma sequência de perguntas, das quais eu não estava nem perto de descobrir a resposta. Scott ficava nervoso na minha presença, cabia a mim descobrir porque.

[•••]

Poucos minutos depois, havíamos chegado. O sol, que antes estava dominando a maior parte do céu, agora era coberto por nuvens densas e carregadas de chuvas. Consequentemente, fazia-se um frio tremendo, do qual me obrigava a esfregar rudemente minhas mãos em meus braços, tentando trazer calor para minha pele. A única coisa que me confortava era que a clínica tinha aquecedor, também jalecos grossos, que me protegeriam do frio.

Ansiando pelo calor do estabelecimento, saltei da moto e devolvi o capacete a McCall, que terminava de estacionar a moto. O esperei, paciente, para então seguirmos para a entrada da clínica, que ele abriu com um molho de chaves tirado do bolso da calça.

— A clínica não deveria estar aberta? — indaguei, lembrando que todas as vezes que vínhamos trabalhar, o lugar já estava aberto.

— Não, Alan não está na cidade. Um velho amigo teve seu animal de estimação doente, ele foi cuidar dele e aproveitar para comprar remessas de remédios, os nossos estão acabando. — explicou, girando a chave na maçaneta e empurrando a porta dupla, já adentrando o lugar. — Só volta na terça-feira. Até lá, vamos ter que cuidar da clínica sozinhos.

Inevitavelmente, engoli em seco, sentindo a responsabilidade cair como uma bigorna sobre minhas costas. Se algo acontecesse, tanto meu emprego quanto o de Scott estariam em jogos, e eu não podia ser demitida. Eu gosto do ambiente, da profissão, até companhia de Scott e do salário, ter tudo isso tirado de mim me apavora. Então, enquanto seguia o moreno para dentro, jurei a mim mesma para controlar meu lado desajeitado, e não tocar em nada que pode ser frágil e facilmente quebrável.

— Vou organizar as coisas por aqui e cuidar da recepção, pode ir alimentar os animais? — inquiriu, olhando-me brevemente antes de ligar o aquecedor e as luzes. — É a décima sétima chave. — terminando de dizer tais palavras, jogou-me o molho de chaves que usou para abrir a clínica, logo indo para o balcão de atendimento.

Anui com a cabeça, e sem dizer mais nada, segui em direção a ala dos animais. A medida que caminhava, procurei pela chave que fora falada, e a encontrei depois de breves instantes, com um pedaço de papel colado no topo, onde estava escrito o numero 17. Assim que abri a sala, acendi as luzes, guardando as chaves no bolso traseiro da calça. Fui para o armazém das rações, puxei um grande saco para fora e depois comecei a encher as tigelas dos animais com ela. Havia muito menos animais de estimação do que ontem, mas eu sabia que era porque os donos haviam vindo busca-los, e os que ficaram teriam sua hospedaria mais longa.

Certifiquei-me de que todos tinham comido, mesmo que fosse um pouco, e depois troquei as tigelas de água por uma mais limpa. Somente então guardei o saco de ração novamente, fechei a sala – sem trancar, no entanto –, e caminhei para a recepção, onde estava Scott. Este mexia no computador, uma das mãos sustentando o queixo enquanto a outra ocupava-se em digitar algo no teclado, e comecei a preocupar-me com o que era visto no monitor quando ele crispou os lábios, assumindo uma postura tensa.

— O que tanto pesquisa? — quis saber, aproximando-me sorrateiramente dele, e antes que tivesse a chance de fechar a guia, eu já estava com o queixo sobre seu ombro, lendo.

Inserido no campo de busca do Google, estava a palavra Werejaguar. A pesquisa renderá vários sites, com os mais variados títulos e abordando diferentes ângulos sobre o assunto, mas todos tinham um fato em comum; afirmavam ser apenas uma historia fictícia ou folclórica. Mas, o que prendeu minha atenção foram as fotos exibidas em um campo pequeno da direita; eram desenhos de um homem de grande porte, com o ambiente de uma floresta e animais selvagens ao fundo. Entendi, pelas pequenas descrições abaixo das fotos, que eram homens que vivam entre jaguares, tão ligados a natureza e a selvageria dos animais que, com o tempo, acreditavam ser um. Nesse caso, empenhavam-se tanto em serem um jaguar que tentavam assumir traços dos animais, como a rapidez, força e crueldade.

— Por que está pesquisando sobre cultura olmeca? — a curiosidade era refletida em minha indagação, consequentemente, também em minha expressão facial.

Sentei-me no balcão enquanto o moreno fechava a guia e deixava o computador na tela inicial. Feito isso, girou a cadeira até estar virado na minha direção, com um sorriso pequeno.

— É meu trabalho de recuperação em história. Preciso fazer uma pesquisa de duas páginas. — sibilou, os ombros encolhidos a medida que falava.

Minhas sobrancelhas uniram-se, refletindo minha confusão. Eu não fazia idéia de que Scott estava de recuperação em uma matéria, na minha opinião, tão fácil. Minhas notas, nesse bimestre, estavam garantidas em A+; eu conhecia todas as matérias que o professor estava passando, cada detalhe e cada resposta correta. Era boa o suficiente para reconhecer a cultura de uma lenda apenas por uma breve explicação, traços e detalhes do desenho.

— Pensei que para ser jogador, ainda mais líder, não pudesse ficar com notas abaixo da média. — comentei, as palavras simplesmente saindo de minha boca sem consentimento algum.

Observei, sentindo uma uma pontada de dor no peito, os olhos de Scott perderem o brilho habitual.

— E precisa. Porém, o treinador determinou que sou valioso demais para o time, então me concedeu uma segunda chance. — murmurou, em um tom sério inédito para mim. — Preciso tirar pelo menos B- para permanecer no time.

A medida que falava, eu começava a perceber sua fisionomia cansada. Olheiras abaixo dos olhos claros, postura tensa, um bocejo saindo dos lábios a cada minuto. Eu não via mais o garoto extrovertido que sempre fazia-me rir, apenas um aluno com dificuldades em uma matérias que eu entendia perfeitamente. Não podia permitir que ele fosse expulso do time, vi a felicidade estampada em seu rosto quando assisti um treino, muito menos que ele continue com dificuldades escolares. Eu podia e iria ajudar.

— Se quiser, posso lhe dar aulas reforçadas. — ofereci, mordendo os lábios, hesitante com sua reação.

Alguns homens, a maioria dos que conheci, não aceitam ajuda, ainda mais de uma mulher. Mas, quando os pequenos olhos de McCall encontraram-se com os meus, um brilho esperançoso nascendo neles, sabia que ele não era nem de longe assim.

— Faria isso por mim? — quis saber, estreitando o olhar, como se a qualquer segundo eu fosse voltar atrás em minha oferta.

Nem hesitei em anuir com a cabeça, sorrindo. Vê-lo tão alegre com uma simples atitude minha deixava-me, de alguma forma, alegre também. Era incrível como eu me tornava facilmente influenciada perto dele.

Eu já estava abrindo a boca para sugerir uma data para as aulas quando meu celular, no bolso frontal da calça, vibrou. O peguei, destravei a tela e li a mensagem de Lydia, onde ela havia escrito simplesmente o nome do boliche que iriamos e o horário; Brunswick Lanes, às 19:00. Naquele momento, uma idéia surgiu em minha mente, e um sorriso presunçoso dominou meus lábios quando olhei para Scott.

— Eu posso lhe ensinar a matéria do bimestre no domingo, na sua casa ou na minha. — comecei, em um tom amplamente divertido, do qual fez o moreno assumir uma postura desconfiada. — Mas, terá que ir no boliche comigo no sábado.

Uma gargalhada escapou de meus lábios quando o garoto começou arregalar ligeiramente os olhos. Pelo jeito, eu não era a única que não sabia jogar.


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Notas finais do capítulo

FELIZ DIA DAS MULHERES! Muita grana e felicidade a todas ❤

Agora, tenho uma pergunta: Vocês gostariam que eu diminuísse o tamanho dos capítulos? Devem ter percebido que os capítulos sempre são grandinhos, e queria saber se isso incomoda alguém. Posso dividir os capítulos.

De qualquer forma, espero que todos tenham gostado do capitulo ❤



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