A Long Fall escrita por Kiara


Capítulo 2
I — Fearless


Notas iniciais do capítulo

Hey, amores, como vão?

Eu estou verdadeiramente feliz pela boa recepção que a fanfic teve, por todas que comentaram no prologo, pelos favoritos e por quem esta acompanhando. Muito obrigada!

Eu tenho um bom estoques de capítulos escritos, a maioria deles são grandes - sorry, não sei escrever coisas pequenas - e, como bem sabemos, por ser movida a comentários, vocês mesmas estabelecem a data de postagem, so basta comentarem ❤

Ah, uma coisinha: Geralmente, os nomes dos capítulos representam o que Charlotte, ou quem estiver narrando, sente. Nesse capitulo, por exemplo, ela sente determinação em arranjar um emprego e se tornar independente.

[Capitulo ligeiramente revisado]



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Acordei na manha seguinte bem cedo, determinada a começar a trilhar um novo rumo para minha vida, que antes tinha planos prósperos. E durante o tempo que me arrumava, utilizando a mala de roupas que havia trazido de Odense, tentei não pensar que agora estava sozinha. Literalmente. Porém, tudo parecia colaborar para me lembrar disso, principalmente o silêncio da casa.

Minha mãe sempre viajou muito, nunca permanecendo em um lugar por mais de um mês. Consequentemente, eu me mudava muito também, tendo feito matrícula em cerca de três escolas somente nesse ano, que ainda tem quatro meses para ter fim. Entretanto, de uns tempos para cá, Jocelyn pareceu perceber o quanto ficar indo de uma cidade para outra estava me fazendo mal; eu estava me tornando cada vez mais fechada, menos alegre, e mais receptiva a mudanças, o que não era nenhum pouco bom. Tentava, durante o tempo que permanecia em uma cidade, não fazer amizade com ninguém, nem me apegar, pois sabia que iria embora em um determinado momento. Era como um meio de não me machucar com a dor da perda e de dizer adeus.

E então veio a proposta de emancipação. Claro que eu havia imaginado minha vida em uma cidade fixa, me tornando independe e sem medo de me aproximar de alguém por saber que iria embora. Havia sonhado com isso, almejado, desejado. Por conta disso, quando a proposta veio, fiquei bastante empolgada em não precisar mais ter que suportar aquele ciclo doloroso. Todavia, foi ao ler cada frase, palavra e monossílaba impostos naqueles documentos do governo que algo que eu estava tentando não acreditar adentrou minha mente; eu deixaria de depender da minha mãe legalmente, seria dona de minhas próprias atitudes e dinheiro, assim como as dívidas. Não teria mais uma figura materna para me ajudar a decidir tal coisa ou para me dar conselhos em momentos de desespero. Não teria mais uma mãe.

Tentei incontáveis vezes sugerir que mantivéssemos contato, que caso eu aceitasse, ela não levasse para o lado pessoal. Insisti, supliquei, implorei. Ela havia concordado, e somente por isso assinei, sabendo que não iria machuca-la caso escolhesse uma vida diferente da dela. Mas fora tudo mentira. Uma mentira feita de farpas e colocada na minha garganta, e quanto mais eu tentava tocar, mais doía. Ela havia se mostrado indiferente e displicente em relação a mim assim que teve os documentos assinados em mãos, vindo ontem, depois de muito tempo, apenas para terminar de passar algumas coisas para meu nome. A casa, por exemplo, passou a me pertencer depois da emancipação, pois eu não tinha dinheiro e nem emprego para pagar uma por conta própria, e sabia que minha mãe, trabalhando no ramo publicitário, conseguiria uma melhor em pouco tempo.

Pensar em emprego me fez suspirar, cansada. Se eu quisesse mesmo seguir com o plano de me tornar independente, teria que começar a trabalhar, pois mesmo que a casa já esteja paga, ainda há contas de água, luz e comida para pagar, além de dinheiro extra para comprar coisas para mim. E, encarecidamente, eu não irei fazer isso com o dinheiro que Jocelyn é forçada pela lei a me dar mensalmente. Guardaria toda a quantia de dinheiro até que realmente fosse necessário usa-la, não antes disso.

Forcei-me a parar de pensar nesse assunto, pois sabia que minha mente poderia começar a formular perguntas das quais eu não queria, e não precisava, das respostas.

— É o melhor que posso fazer. — murmurei para mim mesma ao ficar de frente para um espelho de corpo inteiro de meu quarto, suspirando.

As roupas parecem simples demais, embora um pouco rústicas; uma calça justa e escura, acentuando as poucas curvas que meu corpo magro e esguio possui, uma blusa branca sem magas e com as bordas em dourado, sem qualquer estampa, com uma jaqueta jeans clara por cima. Nos pés, botas de cano curto marrom claro, beirando o nude. Por meu rosto estar bonito naturalmente, e também por não ter maquiagem nenhuma aqui, fiquei sem maquiagem alguma, somente prendendo o cabelo em um rabo de cavalo alto para finalizar. Feito isso, peguei meus documentos e coloquei no bolso traseiro da calça, assim como uma pequena quantia de dinheiro, que deveria ser suficiente para o táxi.

[•••]

Com o sol pondo-se aos poucos pelo norte, e deixando lua surgir e trazer tons mais escuros para o céu, o dia finalmente parecia estar chegando ao fim. Durante as cinco horas que permaneci fora de casa, cuidei da minha matrícula na escola local de Beacon Hills, e de buscar informações sobre um possível emprego. No final, uma senhora simpática e de certa idade havia me dito que uma clinica veterinária precisava de uma estagiária, ou até mesmo de um funcionário fixo. Aquilo era uma notícia mais que boa para mim, tanto que pedi imediatamente ao motorista do táxi me levar ao endereço que a senhora havia dito.

Ao chegar, deparei-me com um estabelecimento bem cuidado, grande, com as paredes pintadas em tons claros. Por dentro era ainda mais bonito, estreito, com um sino que tilintava cada vez que alguém passava pela porta de vidro. Nem precisei chamar, pois quando o som metálico ecoou pelo ambiente, um homem de pele morena saiu da parte dos fundos, vestindo um jaleco branco e exibindo um sorriso simpático.

— Posso ajudar? — quis saber, educadamente. Um pouco tímida, aproximei-me do balcão, pousando as mãos ali encima e entrelaçando os dedos uns nos outros, nervosa.

— Vim pela emprego. Soube que esta precisando de uma estagiária, ou de uma funcionária fixa. — expliquei, gesticulando abertamente. — A vaga já foi ocupada? — inquiri. Eu não havia feito aquela pergunta a mim mesma deis de que soube da oportunidade, pois não queria ter as esperanças jogadas no lixo, mas agora começo a pensar se fora uma boa ideia ter vindo aqui.

— Ah, não, ainda está disponível. Bem, faremos assim; você trabalhará aqui por uma semana, como experiência, se for boa e conseguir cumprir todas as obrigações e tarefas, estará oficialmente contratada. — respondeu, abrindo a pequena portinha que nos separava. Ele acenou brevemente com a cabeça, em um pedido mudo para que eu o seguisse, o que fiz prontamente. — Tem outro funcionário trabalhando aqui também. O Scott. Mas ele não cumpre muitos os horários, preciso de alguém que os siga a risca. — sibilou.

Passamos por vários corredores, e em todos era possível escutar cães latindo e gatos ronronando, até chegarmos a ultima porta do corredor, que ele abriu. Uma sala grande ficou a vista, composta por uma mesa de metal enorme e plana, tendo armários cheios de remédios encostados nas paredes e equipamentos médicos em prateleiras.

— Em alguns minutos, pelo menos eu espero, Scott estará chegando. Ele ira mostrar tudo a você, designar suas tarefas e obrigações, mostrar o lugar. — dizendo tais palavras, o homem, com o nome ainda desconhecido para mim, virou-se na minha direção. — Tem alguma experiência com animais ou com medicina? — questionou, causalmente, as mãos colocadas sobre os bolsos do jaleco.

Mordi os lábios, incerta. Deveria ter pensando que um emprego como aquele iria pedir referências, ou pelo menos experiências, mas no desespero, não me permiti pensar em nada além da oportunidade. Nem mesmo em como iria vir todos os dias para cá, pois não é perto da minha casa, e não posso gastar o pouco dinheiro que tenho pagando táxis.

— Morar em uma fazenda, com muitos animais, conta? — repliquei, fortemente encabulada, sem ter nada para usar como portfólio além disso. Havia morado em uma pequena fazenda a anos atrás, quando minha mãe pegou férias temporárias de sua empresa. — Cuidei dos animais quando se machucavam. — completei, rezando para que aquilo acrescentasse chances a mais de ser contratada oficialmente.

— Isso é um começo. Aprendera mais coisas aqui com o tempo. — a respiração, que eu sequer sabia que estava prendendo, saiu por meus lábios, com meus ombros caindo, aliviada. — Geralmente, você ou Scott cuidaram dos animais que chegarem. Só fico com os casos mais difíceis, como cirurgias. Darão comida para os animais também, alem de limpar tudo. — enquanto falava, andava em direção a porta, apressado. — Estava esquecendo de me apresentar. Sou Alan Deaton, e você? — estendeu a mão, simpático.

— Charlotte Jones. — respondi, apertando sua mão e a balançando por poucos instantes.

Alan abriu um sorriso gentil e depois, acenando sutilmente com a cabeça, se encaminhou a porta e saiu. Quando escutei a porta batendo contra a soleira, um sorriso estendeu-se por meus lábios, a felicidade que eu estava sentindo finalmente sendo expressada.

Já havia suprindo minha imensa felicidade e tentado parecer mais profissional quando a porta foi aberta. Um garoto, aparentando ter minha idade, adentrou a sala ofegante, quase caindo no chão pela pressa. Os cabelos castanhos escuros estão molhados, provavelmente de suor, assim como o rosto. O par de olhos castanhos possuía um brilho juvenil, quase travesso, assim como a postura, um pouco desajeitada. Sua mandíbula, pelo que pude perceber, é um pouco torta para o lado, ficando evidente quando ele abre ou movimenta a boca. Está com uma mochila nas costas, e uma jaqueta de motoqueiro sobre os braços, com roupas escuras.

Mas fora seu sorriso que chamou-me a atenção. De alguma forma estranha, e um tanto intrigante, quando o garoto sorria, seus olhos escolhiam sobre o rosto, alargando o sorriso e exibindo covinhas.

— Você é a funcionária nova? — quis saber, deixando a mochila sobre a mesa de metal e fechando a porta que havia deixado aberta ao entrar ali.

— Estagiária, na verdade. Não fui contratada ainda. — respondi, abrindo um sorriso pequeno e estendo a mão esquerda. — Sou Charlotte, você deve ser o Scott.

Ele apertou minha mão e retribuiu o sorriso, balançando-a por breves segundos.

— Você por acaso não estuda na Beacon Hills High School, estuda? Eu tenho a memoria bastante boa e tenho certeza que nunca te vi por lá, ou nessa cidade. — perguntou, franzindo o cenho.

O garoto foi em direção aos armários, pegando várias caixas de remédios e um par de luvas de plástico. E enquanto andava em direção a porta, colocava as luvas nas mãos.

— Fiz minha matrícula hoje, amanha será meu primeiro dia. E, bom, você acertou. Eu nunca estive aqui antes, me mudei a pouco tempo. — dei de ombros ligeiramente, não deixando que aquele assunto gerasse devaneios de minha parte, e o seguindo para fora da sala.

Scott parou, olhou na minha direção de soslaio, e suspirou, colocando as caixinhas de remédio por debaixo dos braços, usando as mãos para gesticular na direção contrária que ele está.  

— Vá para casa, durma. Está começando a anoitecer e o movimento não ira ser forte. Amanha eu lhe mostro tudo e lhe designo suas tarefas, mas ate lá, pode ir. — sem me dar chances de protestar, o moreno virou-se e começou a andar na para longe de mim.

Tal atitude me fez comprimir os lábios, agradecida, mas que também me fez suspirar, aliviada. Não tinha como negar que eu estou exausta; havia andando de um lado para outro, indo a vários lugares e ficado em pé boa parte do dia. Tudo em mim, até mesmo minha razão, parecia implorar pelo conforto da minha cama.


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