Hinata não sabia por que havia prometido aquilo.

Apenas o fez e não se arrependia disso.

- Ei, nii-san! Acorde! – disse Hinata enquanto balançava delicadamente seu primo, para que este acordasse.

- Hum... – foi a única coisa que Neji pronunciou antes de se virar para o outro lado e continuar dormindo.

- Onegai nii-san! Você está parecendo o Shikamaru-kun!

- Hã? – Neji começava a despertar...

-Vai! Precisamos vigiar. E se alguém chegar? Não conseguirei deter sozinha...

A cada instante que passava, Hinata ficava ainda mais nervosa. Neji abria os olhos lentamente, como que para ter certeza de que aquilo não era um sonho.

- O que você dizia? – perguntou Neji, já completamente desperto.

Hinata não esperava que Neji acordasse tão rápido. Olhá-lo daquela forma fez com que ela se lembrasse que instantes antes ele havia dito que a amava.

- Na-nada... – Hinata, novamente, batia os indicadores, afinal, havia ficado sem ação.

- Hinata-sama, aconteceu alguma coisa? Já faz um tempo que você não bate os indicadores dessa forma...

- Não aconteceu nada! – Hinata sentia a face enrubescer a cada palavra dita.

- Tem certeza? Você está tão estranha...

- Tenho! Nii-san... Acho que vou dar uma volta para rondar o local...

- Então eu vou com você. – disse Neji, que já se colocava de pé.

- Não! Quer dizer, não precisa... Alguém deve ficar aqui...

- É... Você tem razão. Mas, então, tome muito cuidado.

- Hai.

- E não se esqueça de manter o Byakugan ativado.

- Hai.

- Se alguém aparecer, grite meu nome.

- Hai...

- E também se...

- Nii-san.. Eu só vou andar aqui ao redor... Acalme-se. Eu sei o que devo fazer.

- Eu sei Hinata-sama.. Mas é que, se algo te acontecer...

- Você jamais se perdoará. Eu sei disso nii-san. E é exatamente por isso que não deixarei que nada me aconteça.

Após dizer isso, Hinata sorriu fracamente para seu primo, que imediatamente lhe retribuiu o sorriso.

- Então...

- Eu vou indo. Não vou demorar nii-san. Eu prometo.

Aquilo havia confortado o coração de Neji, mas mesmo assim ele não achava uma boa idéia Hinata andar sozinha. Ainda mais à noite.

Hinata, desde que ficara a sós com Neji naquele lugar, sentia uma estranha e incontrolável vontade de abraçá-lo.

Era por isso que queria andar sozinha. Para poder colocar os pensamentos no lugar e “esfriar a cabeça”.

Hinata andava lentamente e, mesmo estando com o byakugan ativado, não seria capaz de perceber a presença de ninguém.

Ela estava perdida em seus pensamentos... Tentando decifrar seus sentimentos...

 “Será que gosto do nii-san? Mas isso não é possível... Não faz muito tempo que descobri que não gosto do Naruto-kun. O que eu sentia por ele era...admiração.

Diferente do que eu sinto pelo nii-san...

 Afinal, o que eu sinto pelo nii-san? Sei que não é admiração, muito menos um simples amor fraterno.

Lembro-me bem que gostava dele quando era pequena, antes de conhecer o Naruto-kun e achar que gostava dele...

...

...

Será isso?

Será que meu amor pelo nii-san foi se reprimindo com o tempo?

Mas, como pode estar tão grande agora?

De qualquer forma, eu não posso sequer cogitar a hipótese de namorar o nii-san. O tou-san jamais permitiria. Seria contra as regras do clã.

Ai nii-san...

Aishiteru!!”

Após algum tempo sentada ao pé de uma árvore, Hinata decidiu retornar ao acampamento. Neji provavelmente estava preocupado, e Hinata pretendia deixá-lo descansar um pouco, afinal, ele deveria estar com sono.

Quando retornou ao acampamento, a primeira coisa que Hinata viu foi Neji de costas para ela, mexendo nos gravetos que antes constituíam a fogueira, iluminado apenas pela luz do luar. Ele estava muito, muito bonito daquele jeito.

Como era possível não gostar de Neji? Ele era simplesmente maravilhoso...

Hinata aproximou-se e viu que Neji se esforçava para continuar acordado.

- Nii-san, está com sono?

- Um pouco. Viu alguma coisa em sua ronda?

- Na verdade...Não. Se você quiser dormir eu posso ficar acordada e cuidar de tudo...

- Não. Eu devo te proteger, e não o contrário.

- Hum, ok.

Um silêncio estranho havia se instalado naquele lugar. A única coisa que se ouvia, além do barulho das árvores, era da respiração dos ninjas.

Neji, que não estava conseguindo ficar calmo naquele lugar silencioso com sua prima, decidiu conversar, quem sabe com isso ele conseguia ficar acordado.

- Hinata-sama, você faz idéia do porque esses ninjas vieram te buscar?

- Não. Eu estive pensando nisso enquanto caminhava... “Se você soubesse nii-san, que meu único pensamento é você...”

- Se pai não comentou nada a respeito dessa missão?

- Também não.

- Isso é muito estranho... – constatou Neji, após alguns instantes.

- Nii-san, sabe o que lembrei? – disse Hinata com um sorriso infantil no rosto.

- Não. O que você lembrou? – respondeu Neji, entrando na brincadeira dela.

- Você deveria estar me treinando para o torneio Jounin!

- Nossa... Eu havia esquecido disso!

- Dã..!! Agora vai ter que me treinar! – disse Hinata, batendo de leve na testa de seu primo.

Neji, não vendo muitas opções, resolveu treinar sua prima ali mesmo, um pouco silenciosamente.

- Hinata-sama, não vejo muito o que treinar, já que você já aprendeu  o Hakke. Acho que agora só falta o Kaiten, mas esse faz muito barulho, então não posso te ensinar.

- Me ensine o Jyuuken! Eu nunca consegui acertar decentemente!

- Tudo bem. Primeiro, proteja seu coração.

Passo a passo Neji ensinava a Hinata a posição correta de defesa e ataque do Jyuuken.

- Não, Hinata-sama. A mão é aqui, para proteger o coração e não o estomago.

Neji havia parado atrás de sua prima para colocar ensiná-la a posição correta das mãos.

Ao “abraçá-la” daquela forma, Neji pôde sentir o perfume de rosas de sua prima. Um perfume inebriante e inconfundível de rosas.

- Então você deve...

....

- Eu devo o que nii-san?

Neji havia ficado meio que hipnotizado com aquele perfume.

Havia parado de falar.

- Nii-san, você está bem?

Hinata havia ficado preocupada. Neji estava falando e, sem mais nem menos se calado.

Ela se virou para ficar de frente para seu primo.

- Hinata-sama, eu tenho algo para lhe falar, mas não sei como. “É agora. Se eu não falar que a amo agora, não falo mais!”

- Eu também tenho...”Se não falar agora o que ouvi ele dizer e que o amo, não sei se serei capaz de fazer isso depois...”

- O que eu tenho pra te dizer Hinata-sama... É que...

- Eu te...

- Ahá!! Pensaram que nos derrotariam?

- Na-ná-ni-na-não! Agora nos daremos o troco!

Toya e Shin, que conseguiram se soltar, pegaram Hinata e a levaram para longe de Neji.

Neji, por estar cansado, não conseguia correr atrás dos ninjas. A única coisa que foi capaz de fazer, foi dizer:

- Hinata-sama, eu te amo e, em nome desse amor proibido, eu vou te salvar!

Bem ao longe, uma pequena voz, de uma kunoichi de olhos perolados sussurrou:

- Eu te amo também, meu nii-san.