Mudanças Confusões da Mente escrita por Nathy Oliveira


Capítulo 21
Capítulo 21 - A Morte Não É O Fim


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão aos leitores, demorei séculos pra terminar esse capítulo >



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Frio. Escuro. Silêncio.

Frio.

Silêncio.

Isso era tudo que Hinata era capaz de perceber.

Não se lembrava onde estava, ou como havia chegado lá. Sequer enxergava que lugar era aquele.

Sentia-se só, não escutava Neji em lugar algum. Queria sentir ou ver algo, mas se encontrava incapaz.

Seu corpo doía, e não sentia mais seu bebê.

Instintivamente passou a mão na barriga, e não encontrou nada... Só sua barriga, lisa, normal, como era seis meses antes. O que teria acontecido?

Por mais que se esforçasse, sua mente não funcionava, e sempre que tentava sua cabeça doía.

Começou a caminhar, sem direção, com os braços esticados, procurando tatear uma parede, ou algum apoio.

Minutos, ou talvez horas depois, Hinata sentiu-se cansada de andar a esmo no escuro, e sentou-se. Mais algum tempo se passou quando alguém tocou em seu ombro.

Hinata se assustou, mas não se moveu.

E então aquela pessoa que a tocou sentou-se também, e tentou se aninhar em seus braços. Só então Hinata percebeu que era uma criança.

Era estranho ter alguém em seus braços, sem sequer poder enxergar quem, mas aquilo deixou Hinata mais tranquila, e quase sem perceber, ela começou a mexer nos cabelos daquela criança.

- Onde estou? - perguntou Hinata.

- Em lugar algum.

- Como assim? - insistiu ela, sem se importar com o tom impaciente da criança.

Naquele instante a criança se levantou, e o ambiente ao redor se iluminou, e só então Hinata pode ver: ela estava, literalmente, em lugar algum.

Não havia paredes, não havia final. Era só um lugar enorme, vazio, e claro.

A criança começou a caminhar, como se Hinata não existisse. A Hyuuga decidiu segui-la, e passou a caminhar ao seu lado.

Alguns minutos de caminhada depois, Hinata perguntou:

- Como você se chama?

A criança, que só então Hinata percebeu ser um menino, disse:

- Não tenho um nome.

- Como não tem nome? Todos nós temos. O meu é Hyuuga Hinata.

Hinata tentou sorrir de forma amigável, como se tentasse conquistar a confiança do menino.

- Não tenho um nome, porque nunca me deram um. Eu não existo.

Aquilo fazia menos sentido a cada segundo.

- Mas eu estou te vendo, e te tocando, então você existe sim!

- Não existo. Você está perto de não existir também, por isso me vê. Assim como ele. - disse o rapaz, apontando para um homem caído ali perto.

Hinata notou os longos cabelos castanhos daquele senhor, e saiu correndo até ele.

Aquele senhor era seu pai.

Hiashi estava desacordado no chão, e vez ou outra emitia um gemido.

Hinata sacudiu-o, tentando acordá-lo, mas foi em vão. Ele não esboçava reação alguma.

- Ele não vai acordar assim, está muito fraco.

A Hyuuga parecia não querer acreditar em nada daquilo. Quem era aquela criança, e porque seu pai estava ali?

Ele havia ficado em Konoha, com Hanabi e os outros!

E que lugar estranho era aquele, onde estava seu bebê?

Sem poder se controlar mais, Hinata começou a chorar. Não era possível que as coisas terminariam desse jeito.

E Neji, porque não estava tentando ajudá-la, onde ele estava?

Ela sabia que não era real. Ele havia prometido protegê-la de todos os perigos, para sempre. Eles ficariam juntos, não importava como. Ela seria dele, e ele dela, para sempre.

A história dos dois não poderia parar assim, com ela perdida, em um lugar vazio, vendo seu pai morrer.

- Não depende mais de nós. - disse o garoto, de forma triste.

Ao ouvir isso, Hinata percebeu. Aquele era o mesmo garoto que a perseguia em seus sonhos, há algum tempo.

- Você... Eu sei quem é você. Mas não faz sentido, porque estamos aqui?

- Porque estamos quase mortos. Minha existência depende da sua, e a dele está ligada à nós.

- Quer dizer que... Se eu morrer, você e meu pai morrem junto?

- Sim. Eu nunca existirei, se você se for agora. Por isso você está me vendo. Você não tem mais forças no outro mundo pra se manter, e me manter em você. Eu nunca vou existir.

Hinata não podia permitir que aquilo acontecesse. A existência daquela criança, fruto de seu amor, dependia dela. E a vida de seu pai também.

Mas como poderia ela, em um lugar desconhecido, fazer algo?

Ela não sabia onde estava, como sair, sequer como havia chegado lá, então, como poderia ela, Hyuuga Hinata, salvar aos três?

(...)

Neji olhava sem esperanças para o vidro. Menos de um minuto antes, os monitores que apresentavam os sinais vitais de Hinata haviam parado.

Ele demorou para perceber o que havia acontecido. Sua garota, sua pequena, havia partido.

E junto com ela, seu filho. Aquele pequeno fruto do amor proibido dos dois. Aquela criança pelo qual eles arriscaram suas vidas, e lutaram. Aquela criança que desde sua concepção eles já amavam e desejavam.

Ele não queria acreditar. Não podia ser. Ele não podia perdê-la.

Em sua mente, restava a memória de uma promessa. Uma promessa feita entre juras de amor. “Protegê-la até da morte”. Nem a morte levaria seu amor embora.

Ele não iria permitir. Não ele, Hyuuga Neji. O prodígio.

Ele tinha que fazer algo, e ele faria.

Neji abriu as portas da sala, e entrou, ignorando os avisos das enfermeiras de que a entrada ali era restrita.

Os médicos tentavam em vão ressuscitar Hinata, que permanecia estática na mesa.

Ele se aproximou de seu pequeno corpo, tão frágil e pálido. Um médico se colocou à sua frente, impedindo que ele chegasse ainda mais perto.

Ele devia ter dito algo, pois Neji percebeu que seus lábios se moviam, mas se disse realmente, o som não chegou aos ouvidos do Hyuuga. Não importava o que diriam. Ele iria salvar sua Hinata.

Com um dos braços Neji empurrou o médico para o lado. Os demais, por medo, se afastaram, deixando o caminho livre.

O Hyuuga encostou na mesa onde Hinata jazia, e pegou sua mão. Ainda estava quente, mas não como antes. Não tinha aquele calor, aquela sensação agradável que ele sentia quando a tocava.

Sem saber bem o que fazer, ele a abraçou, e sussurrou em seu ouvido:

- Não vá, por favor, não vá. Eu preciso de você, nossa família precisa de você, nosso bebê vai precisar de você. Nosso pequeno... Keitaro. Queria que o nome dele fosse esse. Por favor meu amor, não vá. Eu preciso de você ao meu lado. Eu lutei tanto por isso, nós sofremos tanto até ficarmos juntos, você não pode me deixar agora. Eu prometi cuidar de você, prometi te proteger, mas não consigo dessa forma, por favor. Eu te amo, Hinata, eu sempre vou te amar...

Vendo que Hinata não se movia, não acordava, não sorria, Neji não suportou. Não aguentaria a dor de perdê-la. Sem que ele percebesse, uma lágrima escorreu de seu rosto, para o de sua amada.

(...)

Eu te amo Hinata, eu sempre vou te amar...

(...)

Tsunade tentava reanimar Hiashi. O ataque tinha passado, mas ele não tinha despertado ainda.

Todos estavam muito preocupados, pois o corpo dele já não era tão forte, como havia sido anos antes.

Ele poderia nunca se recuperar.

Hanabi chorava num canto, com Kiba ao seu lado.

Mesmo contrariando as ordens de Isuzu, ele havia ido ao quarto, e amparado a jovem Hyuuga.

Apesar de aparentar sempre ser forte, Hanabi desabou ao ver seu pai naquele estado. Ela não suportaria perdê-lo.

Os empregados foram todos dispensados, a pedido de Tsunade. Ela não queria que nada interferisse.

- Hanabi, sinceramente, já não sei mais o que fazer. Os sinais vitais de seu pai estão estáveis, mas ele não acorda. É como se estivesse em coma. Agora depende dele, e só dele acordar.

- E... E ele vai acordar um dia? - disse a menina, entre soluços.

- Espero que sim, espero que sim. Hiashi é um homem forte, sempre foi. Seja lá o que estiver segurando ele do outro lado, ele será capaz de derrotar.

Após dizer isso, a Hokage se levantou, e seguiu para a porta, deixando Hanabi, Kiba, e Hiashi à sós.

Hanabi se soltou de Kiba, e seguiu para a cama onde seu se encontrava deitado.

Sentou-se ao lado dele, recostou sua cabeça no ombro de Hiashi, e disse:

- Volta pai. Por mim, pela nee-chan, até pelo Neji-baka. Nós te amamos.

(...)

Volta pai. Por mim, pela nee-chan, até pelo Neji-baka. Nós te amamos.

(...)

Aquelas vozes ecoavam no lugar.

Hinata conhecia-as. Eram as vozes de Neji, e Hanabi.

Porque as escutava, ela não sabia. Mas sabia que em algum lugar, eles esperavam por ela, e por seu pai.

Dentro de si ela sentia que precisava voltar. Por eles, por seu bebê. Para que ele crescesse e fosse amado. Para que ela tivesse a família que sempre sonhou, para passar o resto de seus dias ao lado do homem que amava.

Determinada, Hinata levantou, e abraçou o menino.

- Não se preocupe, tudo vai dar certo. Nós vamos sair daqui, confie em mim. Eu te amo, muito. E o Neji também. E eu sei que, de alguma forma, isso basta. Isso me dá forças, e eu vou achar a saída.

O menino começou a chorar, e ao mesmo tempo, Hinata sentiu seu rosto umedecer. Instintivamente, ela levou à mão ao rosto, e notou que estava molhado, mas ela não havia chorado.

Olhou pra baixo, e notou que o garoto desaparecera.

Seu pai, que estava caído, também não estava mais lá.

Ela sentiu seu corpo sendo puxado para longe.

Ela ouvia vozes, confusas, que falavam muitas coisas ao mesmo tempo.

Dentre elas, uma se destacava. A voz de Neji.

Era a mais alta, mais nítida.

Ele chamava por ela. Dizia que a amava.

E no fundo, ela sabia que era real. Ele a estava trazendo de volta.

Hinata fechou os olhos, e se deixou guiar por aquela voz. Aquela voz rouca que ela adorava ouvir todas as manhãs.

Sentiu aos poucos o calor de seu corpo voltar, e junto com o calor, a dor.

A dor que sentira no portão, quando desmaiou.

Junto com a dor, sentiu o abraço de Neji.

Quando abriu os olhos, era ele quem estava ali, segurando-a, como se nada mais existisse.

(...)

Um dos monitores começou a apitar.

Os médicos se assustaram, e correram para a mesa, mas pararam no meio do caminho. Aquele rapaz permanecia abraçado ao corpo.

Aos poucos, todos os sinais vitais da garota retornaram, e estabilizaram.

Aquilo deveria ser uma espécie de milagre, pois ela havia morrido. Seu coração tinha parado, ou pelo menos era o que o monitor tinha mostrado.

Uma enfermeira entrou correndo na sala, com um enorme sorriso no rosto.

A criança, que nasceu prematura, era saudável, e estava bem. Um milagre, diziam todos. Era um menino, tão pequenino que nem parecia de verdade. Mas era um menino forte, saudável, e lindo. Um lindo menino de cabelos castanhos, como o pai.

A garota abriu seus olhos, piscou algumas vezes, e então disse:

- Eu estou no céu?

O garoto, sorrindo, respondeu:

- Não, meu amor, porque estaria?

- Porque pensei que anjos só vivessem lá.

Sorrindo, e ao mesmo tempo chorando, o rapaz a abraçou ainda mais apertado, prometendo nunca mais perde-la de vista.

Os médicos, depois de saírem do transe repentino, causado pela felicidade do momento, perceberam o quão irregular era aquela situação, e afastaram o jovem casal. O rapaz voltou para a sala de espera, enquanto os procedimentos eram finalizados, de forma adequada.

Aquele, definitivamente, era um dia incomum para o hospital.

(...)

Algumas horas depois, Hinata estava no quarto, adormecida. Viva, porém dormindo. Segundo os médicos, o esforço que ela fizera, havia sido grande demais para seu corpo, já fragilizado pela gravidez. Ela dormia profunda, e calmamente. E Neji observava seu sono.

Ele recebera autorização das enfermeiras para visitar seu filho, que já estava no berçário. Com toda a confusão, ele sequer tinha lembrado da criança, o que o fez se sentir mal. Quando o viu, sentiu como se já o conhecesse de algum lugar. O garoto tinha os olhos da mãe, e seus cabelos. Castanhos. Como quase todos os homens Hyuuga.

Uma das enfermeiras disse que ele era a criança mais tranquila de todo o berçário.

O Hyuuga segurou o menino nos braços, por um breve momento, e quando perguntado se já haviam escolhido um nome, prontamente ele respondeu.

Quando retornou ao quarto de Hinata, sentiu que tudo aquilo não havia passado de um pesadelo. Um pesadelo muito ruim.

Sua pequena Hyuuga estava ali, bem, e se recuperando. E o filho dos dois estava igualmente bem, esperando para poder conhecer sua mãe.

A Hyuuga despertou, algum tempo depois, e no mesmo minuto uma das enfermeiras foi buscar o bebê, afinal, ele precisava se alimentar.

Hinata olhou aquele pequeno ser, tão frágil, e não soube o que fazer. Pegou-o no colo, e olhou para seu rostinho delicado.

- Keitaro. - disse ela.

- Como...?

- Não me pergunte, meu amor. Mas eu sei que esse é o nome dele.

Naquele momento, nada mais faltava. Eles estavam felizes, e finalmente, completos. Os três, uma família.

(...)

Hanabi jamais saberia dizer quanto tempo se passou, desde a saída de Tsunade do quarto.

Já havia chorado tudo o que podia, e não tinha mais forças. Kiba insistia para tirá-la dali, mas ela se recusava a sair do lado do pai.

Quando por fim, viu que nada mudaria, permitiu que Kiba a levasse.

Ao chegarem na porta, ela escutou um fraco murmúrio.

- Kei...ta...

Seu pai estava tentando dizer algo. Ela sabia que sim.

Sem saber de onde, Hanabi encontrou forças para ir até seu pai novamente.

- Tou-san, diga, fale comigo! Acorde tou-san!

- Ro... Hina..ta...

Ele continuava dizendo coisas desconexas, mas Hanabi sabia, que aquilo era um bom sinal.

Beijou seu pai na testa, com a certeza de que em pouco tempo ele estaria de pé, como se nada tivesse acontecido.

Ela sabia que no fim, o amor de todos eles havia fortalecido, e trazido seu pai de volta.


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