Mudanças Confusões da Mente escrita por Nathy Oliveira


Capítulo 20
Capítulo 20 - O Fim?




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Uma hora se passou, e nada do médico dizer o que Hinata tinha. Neji estava ficando impaciente e preocupado. Se Hinata estava doente, ele precisava saber logo, afinal de contas, ela era sua noiva e ele precisaria voltar com ela para Konoha!

As enfermeiras iam e vinham, olhavam para ele e continuavam seu caminho, como se a presença dele ali não significasse nada.

Duas horas, e nada do médico ou Hinata voltarem e contar o que estava acontecendo. Céus, não podia ser assim tão grave, podia? Ela só havia enjoado, ele a levara lá e pronto! Não havia necessidade de o médico levá-la para fazer alguns exames e demorar tanto, havia?

Aquelas paredes brancas estavam irritando Neji. Crescia nele uma insana vontade de matar alguém e tingir aquelas paredes de vermelho. Era loucura... Ele bem sabia, mas aquela demora era simplesmente ridícula e provavelmente desnecessária! Hinata só deve ter se sentido mal por causa da mudança de rotina... Deve ter sido uma reação de seu corpo ante a mudança deles.

Três horas e nada. Neji já estava planejando assassinatos em massa se ninguém aparecesse. Quando estava prestes a levantar e bater em alguém, uma enfermeira fez sinal para que ele a seguisse.

Ele a seguiu até um quarto, onde entrou sozinho. Hinata estava deitada em uma cama, chorando, e um médico terminava de falar algo para ela, quando escutaram o barulho da porta sendo fechada.

Ao ver Hinata chorando, Neji preocupou-se ainda mais.

- Hinata, meu amor... – Neji caminhou até ela, sentou ao lado de sua cama e a abraçou. – É grave o que ela tem? – perguntou Neji, sem nem olhar para o médico.

- Grave? Meu rapaz, olhe bem para essa garota e me diga se essas lágrimas são de tristeza.

Só então Neji reparou que ela sorria. Sorria e chorava ao mesmo tempo, o que era estranho. O que a faria tão feliz ao ponto de chorar?

- Nii-san... Você não vai nem acreditar...

- Então alguém me diga logo o que está acontecendo, por favor, antes que eu tenha uma síncope!

- É melhor eu deixá-los à sós para que conversem. – E sem mais nenhuma palavra, o médico saiu da sala, deixando Neji ainda mais irritado.

- Hinata, o que você tem afinal de contas? Porque ninguém me diz nada?!

Hinata puxou Neji para perto de si, e, sorrindo, disse algo que Neji não conseguiu entender.

- O quê você disse, meu bem? Eu não consigo te entender se você chorar e falar ao mesmo tempo.

- Eu disse que estou esperando um filho seu, meu amor, um bebê!

- Co-como assim?

- Neji, deixe de ser tonto, você me entendeu. Nós vamos ter um filho! Não é maravilhoso? – disse Hinata, já recomposta e sorrindo como se tivesse ganho o mundo.

- De quanto tempo é a gravidez? – perguntou ele, ainda tentando absorver a informação. Kami-sama, ele iria ser pai!

- O médico disse que um mês, nem dá pra saber ainda qual é o sexo.

Só então Neji se deu conta do que estava acontecendo. Apesar se serem novos, ele e Hinata iriam ter um filho e, mais do que nunca agora, eles não se separariam. Aquilo provava que ela era dele, e ele dela, para sempre. Nem que ameaçassem sua vida ele se separaria daquela garota. Amava-a e agora que ela esperava um filho seu, amaria ainda mais.

Ele sorriu, demonstrando a mais genuína felicidade. Beijou Hinata de maneira delicada e apaixonada, e logo em seguida beijou sua barriga. Ela achou aquilo engraçado e riu.

- Eu te amo, minha pequena. E vou amar muito esse serzinho que você carrega aqui. – disse Neji, virando o rosto para Hinata, e fazendo-a perceber que ele chorava.

- Oh Neji... – Hinata recomeçara a chorar, e novamente, chorar de felicidade – Eu também te amo. Nem sei como isso é possível mais já amo também essa coisinha aqui dentro.

Neji afastou-se da barriga dela e a abraçou, exatamente no momento em que o médico retornou ao quarto.

- Pelo visto os dois já conversaram. Já decidiram o que vão fazer?

- Eu queria levá-la de volta à nossa vila, para ficarmos perto de nossa família, mas lá corremos riscos então, acho que teremos que ficar aqui até o bebê nascer.

- Não passou pela cabeça de vocês dois tirar o bebê? – perguntou o médico, assustando-se – Vocês são tão novos, ainda tem muito que viver antes de ter que formar uma família e, ainda tem o adendo de que são primos em primeiro grau, o que pode trazer riscos tanto à mãe quanto à criança.

- O senhor acha mesmo que eu seria capaz de abortar o meu bebê? Que eu teria capacidade para assassinar uma vida? – Hinata estava horrorizada. Como ele pudera sequer cogitar essa hipótese?

- Perdoem-me, mas a maioria dos jovens que vem aqui na mesma situação de vocês escolheu o aborto. É claro que apoio a decisão de vocês, é nítido que se amam. Eu não recomendo que façam a viagem de volta porque, como eu disse, é uma gravidez de risco e eu prefiro acompanhar a situação.

Neji assentiu com um movimento de cabeça e voltou a olhar Hinata com ternura. Ela se ajeitou e fechou os olhos como se quisesse dormir.

- Ela deve passar a noite aqui para descansar, mas amanhã já pode ir para a casa. Uma enfermeira virá aqui para agendar as consultas do pré-natal e fazer alguns exames, okay? Podem descansar a vontade.

O médico saiu novamente e só então Neji lembrou-se de Hiashi, e da confusão que essa situação causaria.

- Hinata, ainda está acordada?

Como não ouviu resposta, ele saiu do quarto e procurou a recepção do hospital, onde informou que voltaria para casa para arrumar algumas coisas, e que se alguma coisa acontecesse, deveriam ir chamá-lo. Seguiu para a casa onde ele e Hinata estavam, com a cabeça nas nuvens. Era surreal demais que ele e Hinata fossem ter um filho. Eram tão jovens e até alguns anos antes eles se odiavam!

Durante todo o caminho ficou tentando imaginar como seria a vida dos dois dali em diante. Eles deveriam se casar, é claro, mas para isso teriam que enfrentar o Conselho. Essa seria a pior e mais difícil parte.

Teriam também que contar para todos, o que seria confuso. Muito provavelmente seus amigos ficariam super felizes, desconfiados e atormentariam ambos para conseguir mais informações.

E Hiashi. Esse deveria saber antes de todos, mas Neji não fazia ideia de como contar. Não sabia se deveria contar agora, que a gravidez estava no começo, se deveria contar depois que a criança nascesse... Era uma situação complicada, deveras complicada.

Quando chegou em casa, começou a fazer as contas. Se Hinata estava grávida de um mês, quando exatamente teria sido concebida essa criança?

Pensou, pensou, pensou e por mais que tentasse, não chegava a uma data certa. Hinata talvez soubesse.

Lembrou-se que Hinata precisaria de roupas e então foi ao quarto para colocá-las em uma bolsa. Entre as coisas de Hinata, ele encontrou um pequeno caderno, de capa simples, mas que tinha a cara e o jeito de Hinata.

Por curiosidade, abriu o caderno, que parecia ser um pouco antigo. Ao ler a primeira página, que datava de muitos anos atrás, notou que se tratava do diário de Hinata. Por um instante desejou continuar lendo, pensou que assim poderia desvendar os mistérios de Hinata, saber o que se passava na cabeça dela. Lembrou, então, que assim estaria invadindo a privacidade da garota. Confiava plenamente nela, não queria ler por desconfiar de algo. Desejava ler porque, como nunca tivera um diário, não fazia ideia de como era escrever um, como era expressar todos os seus pensamentos e sentimentos em um caderno, que estaria fácil para outras pessoas. Imaginando que seria traição ler o diário sem pedir autorização da dona, Neji colocou-o no lugar e foi terminar de arrumar a bolsa. Colocou algumas roupas para que ela se trocasse no dia seguinte, e aproveitou para arrumar a casa, que estava uma completa bagunça.

Neji fez uma faxina completa na casa, assustando-se com a quantidade de coisas inúteis que ele e Hinata estavam acumulando, quando notou que estava exausto e que já era tarde. Seu corpo todo doía, e sua mente forçava-o a lembrar que nunca, nunca mesmo deveria desprezar o trabalho das mulheres. Elas davam duro e tinham algum tipo de força sobrenatural que as ajudava porque, pra fazer tudo aquilo sem se cansar e continuar lindas, elas deviam ser de outro planeta!

Já era noite, e Hinata ainda estava sozinha no hospital. Neji sabia que deveria ir para lá, mas seu corpo simplesmente não obedecia. Não era só seu corpo que necessitava de descanso. Sua mente e espírito precisavam de igual repouso, porque os últimos meses haviam esgotado suas reservas de energia.

Do jeito que estava, com avental e tudo, Neji se jogou na cama e, quando se deu conta, estava apagado. Lembranças, anseios e sonhos se misturavam e sumiam da mente de Neji com uma velocidade tão grande que ele não era capaz de absorver tantas informações de uma vez só.

Num instante ele era uma pequena criança, triste com a morte do pai. Depois, já era grande, e nutria um ódio profundo por Hinata. Em outro momento, observa-a pelos cantos e suspirava de amor. Agora, via Hinata, grávida, com uma enorme e linda barriga, e sorrindo para ele como nunca sorrira antes. De repente, sentiu-se sendo puxado para fora da cama. Abriu seus olhos e viu um garotinho, de olhar travesso e sorriso brilhante, fazendo sinal para que Neji o seguisse. Sem entender, Neji se levantou e seguiu o garoto, que segurava sua mão esquerda e saltitava. Ao chegarem na cozinha, Neji percebeu que aquela não era a casa onde eles estavam morando. Ele sequer sabia que lugar era aquele. O garotinho soltou a mão de Neji e deu a volta na mesa, sentando-se no chão e observando algo que Neji não conseguia ver.

Curioso como era, Neji deu a volta na mesa e, quando viu o que o garotinho observava com tanta dedicação, gritou. Ali estava Hinata, pálida, gélida, e banhada em sangue.

O garotinho olhou para Neji, sorriu e abraçou o corpo morto de Hinata, como se ela estivesse só dormindo. Neji fechou seus olhos e gritou novamente.

Sentiu-se sendo sacudido, e quando abriu os olhos estava novamente em sua casa, com Hinata ao seu lado, assustada. Aquilo tinha sido só um pesadelo.

O Hyuuga balançou a cabeça e só então se deu conta de que Hinata estava ali, de fato.

- Meu... amor... O que está fazendo aqui? Não deveria estar no hospital? Que horas são? – perguntou ele, desorientado.

Hinata sorriu, e só então percebeu que Neji usava um avental, e que ainda trajava a roupa do dia anterior.

- São quatro da tarde, e pelo visto você dormiu bastante, porque nem trocou de roupa pra cair na cama! O que você andou aprontando aqui?

- Eu... Eu... Eu ia separar umas roupas, e acabei decidindo limpar a casa... Como você chegou aqui, porque não me ligaram? – Na verdade, ligaram sim... Mas como ninguém atendia, uma enfermeira que tinha terminado o turno me deu uma carona. Isso depois de eu vomitar umas três vezes.

- Ah...

Só então Neji despertou e se deu conta do que estava acontecendo. Talvez ele estivesse precisando mesmo dormir um dia inteiro para cair a ficha. Hinata estava grávida! Ela iria enjoar todos os dias, sentiria vontades estranhas... E geraria dentro dela um ser que era a prova viva do amor dos dois. Neji não cabia em si de tanta felicidade e perplexidade.

- Pelo visto você se empolgou com a história de limpeza, nii-san, porque a quantidade de sacos de lixo lá fora é assustadora! – disse Hinata, rindo. Ela nunca imaginara Neji fazendo faxina, e saber que ele tinha feito, logo depois de descobrir que ela estava grávida, era uma ideia engraçada.

- Bem... – começou Neji, sentindo-se envergonhado – Eu achei que a casa deveria estar limpa para quando você voltasse, já que agora você tem que repousar bastante. Só não tinha imaginado que em um mês teríamos acumulado tanta besteira! Nunca mais farei piada de uma mulher limpando a casa, porque isso cansa.

- Fique feliz então, você fez um ótimo serviço. – Hinata sorriu, e deu um beijo em Neji. A noite sozinha no hospital tinha sido longa. Agora mais do que nunca ela não queria se separar de Neji.

- Obrigado. Mas não é isso que importa agora... Nós precisamos decidir o que faremos. Nós precisamos contar ao seu pai, e decidir quando voltaremos...

- Eu sei meu amor, eu só não queria me preocupar com isso agora... Será que não podemos só curtir minha gravidez um pouco, antes de nos preocupar com os problemas?

- Mas seu pai precisa saber o mais urgente possível, senão, como poderemos nos defender do Conselho?

- Por favoooooor? – disse Hinata, fazendo biquinho. Ela sabia que isso funcionaria.

- Okay, okay... Esperaremos até os seis meses, se a gravidez correr normal. Senão, avisaremos Hiashi-sama antes.

- Obrigada nii-san! Eu te amo!

Hinata abraçou Neji, derrubando-o de novo na cama. Quando caíram, Neji começou a rir. Nem mesmo uma gravidez de risco impediria sua prima de rir e se divertir como criança.

- Tá bom, tá bom... Mas será que você pode levantar, por favor, Hinata-sama? Meu corpo ainda está dolorido... – comentou Neji, gemendo de dor.

- Oh, desculpe nii-san, não tinha me lembrado disso... Acho melhor você ir tomar um banho, enquanto isso eu preparo a comida.

Neji se levantou, andando um pouco torto, e foi tomar banho, enquanto Hinata preparava o jantar. Os dois jantaram tranquilamente, conversando sobre banalidades e depois, como Hinata sentiu-se muito sonolenta, eles foram dormir.

No meio da noite, Hinata acordou assustada. Havia algo incomodando-a, mas ela não conseguia definir o quê. Ela se levantou, deixando Neji apagado na cama, e decidiu dar uma volta pela casa, para refrescar a cabeça, e quem sabe voltar a dormir.

Quando chegou ao quintal, encontrou sentado nas raízes de uma das cerejeiras que tinha lá um garotinho. Um garotinho com lindos cabelos castanhos. Ele chorava baixo, como se não quisesse que o escutassem.

Hinata se aproximou do garotinho, e sentiu que o conhecia de algum lugar, embora não fosse capaz de lembrar.

- Oi menininho lindo... Porque você está chorando? – perguntou ela, tentando acalmar o garoto.

- Eles... eles levaram minha mamãe... meu papai... eles... os homens maus... – disse o menino, entre soluços.

- Quem são os homens maus? Se você me contar, eu posso trazer de volta sua mamãe e seu papai.

- Pode mesmo? – perguntou o menino, parando de chorar e olhando para Hinata.

- Acho que sim, basta me dizer aonde foram os homens maus. – respondeu Hinata, sorrindo para o menino, que sorriu de volta.

Ele se levantou, e pegou a mão de Hinata, guiando-a para longe dali.

Eles caminharam bastante, até que chegaram em um penhasco, com umas árvores por perto. O garotinho parou na beira do penhasco, e fez sinal para Hinata se aproximar. Ela se aproximou e ele, sorrindo inocentemente, disse:

- Os homens maus jogaram minha mamãe e meu papai ali, você tem que ir busca-los! – E então ele a empurrou.

Enquanto caía, Hinata se deu conta de onde conhecia o menino. Era o mesmo que aparecia em seus sonhos, quase todas as noites.

- Hinata? Hinata, meu amor, acorde!

- Ahn?  Cadê... o garotinho...

- Que garotinho? – Neji olhava pra Hinata sem entender nada. Havia mais de meia hora que ela estava se sacudindo na cama, e não acordava de jeito nenhum.

Naquele momento Hinata percebeu onde estava. Não estava no campo, com o garotinho, aquilo havia sido só mais um sonho.

Ela estava na casa que ganhou de sua mãe, com Neji, que parecia bem preocupado.

- Oh, me desculpe nii-san, deve ter sido só um pesadelo...

- Você não quer me contar? – perguntou ele, enquanto ajeitava os travesseiros para que Hinata ficasse mais confortável.

- Acho que não... Foi só um pesadelo bobo. – disse ela, sorrindo. – Eu estou com fome... O que acha de irmos tomar café?

Neji sorriu, se levantou e alguns minutos depois retornou com uma bandeja de café da manhã para Hinata, que só conseguiu comer dez minutos depois, por causa dos enjoos.

E então seis meses se passaram, sem que nada acontecesse. Hinata comparecia à todas as consultas pré-natal, Neji cuidava da casa, e tudo corria muito bem. Nenhum dos dois tinha decidido ainda quando avisar Hiashi sobre a gravidez, e a cada dia que passava eles protelavam ainda mais. Vez ou outra chegavam cartas de Konoha, sempre escritas pela Hanabi, dizendo como estavam as coisas por lá, e que todos sentiam saudades.

- Ei, nii-san... Chegou outra carta da Hana-chan! – gritou Hinata, do portão.

Neji estava na cozinha preparando o almoço, já que toda vez que Hinata tentava fazer, o bebê se mexia, e ela tinha que parar.

- Venha aqui para ler, você sabe que não entendo a letra da sua irmã! – gritou Neji em resposta, rindo.

Hinata sorriu, porque sabia que na verdade Neji só queria que ela estivesse por perto. Ele tinha tanto medo que algo acontecesse, que não a perdia de vista.

Enquanto caminhava de volta para dentro da casa, Hinata sentiu que o bebê estava se mexendo mais que o normal, e sua barriga doía muito. Era como se ele estivesse forçando a barriga dela, como se algo o estivesse expulsando de lá.

Aos poucos ela sentiu sua força se esvair. Sua visão ficou branca, e ela já não era mais capaz de controlar seu próprio corpo.

De repente, tudo sumiu.

Neji percebeu que Hinata estava demorando demais para voltar. Algo estava errado. Ela parara de falar, e o portão não era tão longe assim para ela estar demorando tanto para entrar.

Ele largou a faca que estava usando para cortar os legumes, e foi em direção ao quintal, rezando para que nada tivesse acontecido. Estava indo tudo tão bem, e ele tinha tanto medo, por causa do pesadelo que teve meses antes, que não se permitia perder Hinata de vista um segundo sequer.

Quando chegou ao quintal, Neji chamou por Hinata, sem obter resposta. Seu coração disparou. Ele temia que o pior tivesse acontecido. Eles sabiam que era uma gravidez de risco, e que deveriam tomar muito cuidado. Mas ainda assim, ele desejava tão ardentemente que tudo desse certo!

Ao se aproximar do portão, Neji reparou que havia sangue no chão. Alguns metros adiante, Hinata estava caída, banhada em seu próprio sangue.

Neji precisou de pouco mais de um minuto até entender o que estava acontecendo. Hinata estava caída, em seu próprio sangue, exatamente como ele havia sonhado. Ele a pegou no colo, e correu para o hospital, torcendo para que não fosse tarde demais.

Enquanto isso, em Konoha, Hanabi corria com Kiba atrás de Hayato. O cachorro havia fugido da coleira, e conseguia ser mais rápido que os dois.

- HAYAAATOOOO! VOLTE AQUIIII! – gritava Hanabi, já quase sem fôlego.

Os moradores de Konoha olhavam aquilo e nem se espantavam mais, já que era comum o cão fazer isso. Pelo menos uma vez por dia ele fugia, e fazia Hanabi e Kiba de palhaços.

Mas naquele dia, as coisas seriam diferentes.

Enquanto corriam, Hanabi percebeu que alguém corria na direção contrária, e imobilizara o cachorro. Ao se aproximar mais, descobriu que era o Shino, e que ele aparentava mais seriedade que o normal.

Shino esperou que até que os dois chegassem, para esboçar alguma reação.

- Hanabi-chan, volte para sua casa, agora. Seu pai precisa de você.

- Aconteceu algo, Shino-kun? Meu tou-san está bem? – perguntou a garota, ficando preocupada.

- Eu não sei ao certo. Isuzu passou por lá, e me deu esse recado. Não se preocupe com o cachorro, eu levo ele. Acho melhor que Kiba vá com você.

O Inuzuka não esperou nem mais um segundo para arrastar Hanabi de volta ao clã. Não importava o que tivesse acontecido, se Isuzu tinha dito para a garota voltar rápido, ela voltaria rápido.

Ao chegar nos portões do clã, Kiba e Hanabi notaram uma estranha movimentação na casa principal. Uma correria incomum para aquela área, já que Hinata e Neji não estavam mais lá, e normalmente eles eram a causa das confusões.

Hanabi entrou receosa, acompanhada por Kiba, e quando entrou na sala, encontrou Isuzu séria, sentada no sofá, e muitos medinins andando pela casa.

Ela pensou em dizer algo, mas foi interrompida por um gesto de Isuzu.

- Não diga nada, só vá até o quarto do seu pai. Kiba, você fica aqui, ela deve ir sozinha. – disse a kunoichi, com a voz calma, e baixa.

A Hyuuga mais jovem assentiu com um gesto de cabeça, olhou para Kiba e deu um meio sorriso, para que ele soubesse que tudo ficaria bem. O jovem shinobi ficou parado, observando a garota subir as escadas, devagar, e se apoiando no corrimão.

Hanabi chegou ao quarto de seu pai, e notou que Tsunade estava com ele, e Kin estava sentada em uma poltrona, que havia sido colocada ao lado da cama. Kin estava pálida, e com o rosto vermelho, típico de quem havia chorado instantes antes. Hiashi estava deitado na cama, imóvel.

Ao notar a presença da Hyuuga mais jovem, Tsunade se levantou, e sem dizer nada, se retirou do quarto, sendo seguida por Kin, que olhava para trás a todo instante.

Quando as duas se retiraram, Hanabi encostou a porta e caminhou lentamente em direção à seu pai. Ele estava deitado, de maneira confortável, e com os olhos fechados.

A jovem Hyuuga não sabia se seu pai estava acordado ou não, não sabia o que fazer. Antes que ela pudesse tomar qualquer atitude, Hiashi abriu os olhos, com alguma dificuldade, e falou, quase num sussurro:

- Hana..bi... Eu não estou bem...

- Tou-san, não se preocupe, não importa o que seja, Tsunade-sama pode te curar! – disse a menina, já com lágrimas nos olhos.

- Não. Me escute... Não tenho muito tempo... Não é algo que... Qualquer um possa curar... É sua irmã...

- Mas, tou-san, a Hina-chan está longe, com o Neji-baka, eles estão bem!

- Eu sinto... Há algo errado...

- Você... também sente?

A voz de Hanabi baixou até quase não ser ouvida. Ela pensava que aquele aperto que sentia em seu coração era só saudade. Mas agora ela tinha certeza, havia algo de errado com sua irmã. Algo que afetara até seu pai. Os três tinham uma ligação especial, algo que ninguém era capaz de compreender. E agora esse laço estava ameaçado, Hanabi sentia isso.

- Eu quero que você... Vá... E fique com sua irmã... Ela precisava de você... Eu sei...

- Não, não vou te deixar sozinho, tou-san, não posso!

- Eu vou ficar bem... Kin estará aqui...

- Mas...

- Não discuta. Vá, e ajude sua irmã.

Logo em seguida Hiashi fechou novamente seus olhos, e respirou fundo. Hanabi sabia que aquele era o momento de ir embora, mas ela não podia deixar seu pai sozinho. Neji estava com Hinata, e nada aconteceria com a Hyuuga com ele do lado. Mas Hiashi estava menos protegido. Não só do que o afligia, mas também do Conselho. Ele precisava mais dela do que Hinata, não importava a situação.

Nesse instante, Hanabi tomou um decisão: Pela primeira vez na vida desobedeceria seu pai. Ela não viajaria. Não sairia de Konoha até ter certeza de que seu pai estava bem.

Neji chegara ao hospital, e no mesmo instante um grupo de enfermeiras levou Hinata para a sala de emergência, à qual Neji não tinha acesso.

Enfermeiras corriam de um lado para o outro, médicos iam e vinham, e Neji não sabia o que estava acontecendo.

E, mesmo que ele tentasse, ninguém parava e dava informações sobre o estado de Hinata.

Neji implorava para que não fosse nada. Ele não podia perdê-la desse jeito. Não agora que estavam juntos, não agora que teriam um filho! Ele a amava, e sempre iria amar, mas precisava dela ao seu lado. Hinata era seu mundo, sua razão de viver, respirar, ser quem ele era. Ela não podia deixá-lo assim.

Uma enfermeira se aproximou de Neji, meio sem jeito, e disse:

- Senhor, a garota que você trouxe está indo para a sala de cirurgia agora... Ela estava sofrendo um aborto e os médicos terão que fazer o parto. Não acho que vá ser agradável, mas se o senhor quiser ver, pode ir até o lado de fora da sala, e ver pelo vidro. Eu te acompanho até lá, se quiser.

De maneira quase mecânica, Neji se levantou e seguiu a enfermeira.

Tsunade estava na sala de estar, discutindo o estado de saúde de Hiashi com Isuzu quando ouviu um grito.

- É a voz de Kin! – disse Isuzu, que passava todas as tardes na mansão Hyuuga, para ajudar nos cuidados de Hiashi.

No mesmo instante as duas se levantaram e correram para o quarto.

Ao abrir a porta, Tsunade se deparou com Kin jogada no chão, chorando descontroladamente, e Hiashi na cama, convulsionando.

Isuzu levantou Kin e a retirou do quarto, e no quando voltou e fechou a porta, ouviu a voz de Tsunade, quase num sussurro, dizendo:

- Ele está tendo um ataque... Não vai sobreviver...

Neji olhava através do vidro, enquanto os médicos corriam contra o tempo para salvar Hinata. Um dos médicos, um rapaz bem jovem, havia dito que talvez ele tivesse que escolher entre a mãe e a criança, porque era uma intervenção de muito risco, e tanto Hinata quanto o bebê tinham poucas chances.

Ele via os médicos irem de um lado a outro, e Hinata, sua amada Hinata, deitada naquela cama de metal, naquela cama fria, desmaiada, sem cor... Aquela não era sua Hinata, não podia ser. Ela mais parecia um boneco...

De repente ele notou que a agitação aumentou. Os médicos se aproximaram mais de Hinata, e enfermeiras entraram na sala. Alguém olhou para os monitores e começou a gritar algo que Neji não entendia, mas parecia ser grave. Os monitores dispararam como loucos.

Uma enfermeira saiu da sala correndo com um pequeno embrulho, ao qual Neji sequer teve tempo de dar atenção. Os monitores haviam parado de fazer qualquer som


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