Mudanças Confusões da Mente escrita por Nathy Oliveira


Capítulo 18
Capítulo 18 - Nem tudo está perdido!




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Um ano se passou desde que Neji e Hinata foram nomeados mensageiros de Konoha. Durante esse ano, eles viajaram não apenas para Suna, mas também para outras vilas aliadas de Konoha. Tsunade temia que, se mantivesse os dois mais que uma semana em Konoha, eles poderiam arrumar outra guerra.

Sempre que voltavam de viagem, uma enorme comitiva, comandada por Kiba, os aguardava nos portões de Konoha. E junto com essa comitiva, uma torrente de novidades.

Kiba sempre contava todas as novidades fúteis para Hinata, como o início do estranho relacionamento de Ino e Chouji (novidade essa que fez Hinata rir por cerca de três minutos até perder o ar...), o pedido de casamento de Shino para Isuzu, entre outras coisas.

Para Neji, ele contava as novidades militares, além de mantê-lo informado sobre todos os visitantes estranhos que surgiam esporadicamente em Konoha. Eles haviam finalmente se entendido, e dali nascia uma enorme e diferente amizade.

Entre essas viagens, Hinata sempre deixava seu cãozinho aos cuidados do clã Inuzuka, os melhores no assunto. Havia dado a ele o nome de Hayato.

No dia em que deveriam voltar para Konoha para suas tão merecidas férias, não encontraram ninguém esperando por eles nos portões. Nem Shikamaru, que havia combinado de encontrá-los no caminho, havia aparecido.

Estava tudo muito estranho.

Neji e Hinata correram direto para o clã e Kin disse que não havia ninguém lá desde bem cedo.

Correram por Konoha atrás de informações mas tudo estava fechado. Parecia uma vila fantasma.

- Nii-san, o que será que aconteceu aqui?

- Não sei, Hinata-sama, estou começando a me preocupar.

- Eu também. E estou com medo...

Neji abraçou sua prima e sussurrou em seu ouvido: “Não precisa ficar com medo... Eu estou aqui”

- NEE-CHAAAN!

Hanabi vinha montada em Akamaru, com Kiba correndo feito louco atrás.

- Hanabi-chaaaaaan! Espere! Vai amassar minha roupaa! – Ofegava Kiba.

Neji e Hinata, graças aos privilégios do byakugan, notaram que Kiba estava de terno e Hanabi com um belo vestido rosa.

Akamaru parou ao lado de Hinata, permitindo que Hanabi descesse e abraçasse a irmã e o primo.

- Hana-chan, o que está acontecendo na vila? Não há ninguém no clã!

- Hoje é o casamento da Tsunade-sama e do Jiraya-san!

- Mas... Porque ninguém nos avisou? – Hinata nunca em sua vida estivera tão indignada. Como puderam esquecer que ela e Neji voltariam?

- Vocês não tinham...

- Hanabi-chan, estamos atrasados, vamos! E vocês dois, venham também!

Kiba, além de interromper Hanabi, não esperou sequer que eles concordassem ou discordassem; simplesmente seguiu apressadamente.

- Porque tanta pressa? – perguntou Neji, já começando a correr atrás de Kiba.

- O casamento já começou. O problema é que o Jiraya-san esqueceu as alianças e nós tivemos que correr para buscar.

Eles aceleraram ainda mais o passo e, só quando Kiba parou de correr que eles perceberam onde o casamento estava sendo realizado. A cerimônia acontecia em uma sala do estádio, e a festa aconteceria na parte aberta. Felizmente, as alianças chegaram na hora certa e ninguém percebeu a gafe de Jiraya.

Mesmo não tendo assistido a cerimônia desde o inicio, Hinata julgou que aquela era a cerimônia mais linda que já havia visto. Tsunade estava digna de uma rainha e Jiraya, que todos acreditavam que não sossegaria nem casado, olhava para ela como se a Hokage fosse a única mulher no mundo.

A festa havia sido divertida, todos beberam e riram como nunca. No final, Tsunade estava tão bêbada que nem o buquê conseguiu jogar!

Quando estava quase amanhecendo, as pessoas começaram a retornar às suas casas.

Neji e Hinata voltaram para o clã junto com os demais, e foram para seus respectivos quartos (que eram mantidos em perfeito estado, como se eles estivessem lá todos os dias).

Horas mais tarde, metade de Konoha acordou com ressaca, mas ninguém se arrependia. Valia a pena acordar daquele jeito depois de uma festa daquelas.

Hinata já tomava seu chá quando o resto de sua família acordou. Primeiro foi Neji, que a cumprimentou com um longe e apaixonado beijo. Logo em seguida Hanabi apareceu, com o cabelo bagunçado e a cara amassada. Por último, surgiu Hiashi. Este estava como sempre, nem parecia que tinha ido a uma festa.

Ele foi até Hinata e a abraçou demoradamente.

- Então, tou-san... Como ficaram as coisas por aqui desde que eu e o nii-san passamos a visitar outras vilas?

- Nada de extraordinário aconteceu, se é isso que quer saber...

- Que bom... Finalmente a paz voltou a reinar em Konoha.

- Que nada, nee-san. Paz é só militarmente falando. – bufou Hanabi.

- O que andou acontecendo por aqui?

- Quer mesmo saber, Neji-kun? O problema todo é esse cachorro que vocês largaram aqui desde que pararam de ir só para Suna. Hayato não pára de latir nunca, quer sempre brincar... Isso sem falar no tamanho dele! Já tem a metade do tamanho do Akamaru! E come feito um dinossauro!

- Kin tem medo dele, então Hanabi ficou responsável pelo cachorro... – comentou Hiashi, rindo da expressão de sua filha caçula.

- Fico feliz que todos os problemas resumam-se ao cachorro...

Neji encarou seu tio e, embora nenhuma das garotas tenha percebido, Hiashi percebeu exatamente o Neji queria ter dito.

- Papai, o que aconteceu com o conselho, enquanto eu estive fora? – perguntou Hinata inocentemente.

- Eles não têm feito muita coisa. É quase como se o clã estivesse dividido em três partes: Souke, bunke e conselho. Eles não falam comigo, eu não vou atrás deles... É uma guerra silenciosa.

- Há uns dias atrás o idiota do Kai tava me seguindo. Eu estava indo encontrar o Kiba-kun para ele treinar o Hayato, e ele estava me seguindo... Quando olhei pra ele, ele disfarçou.

- Huuuuh... Hanabi-sama anda se encontrando com o Inuzuka-baka...

Neji imitava o tom de voz que Hanabi usava com ele, quando percebia qualquer tipo de sentimentalismo.

- Se está querendo dizer que tenho um caso com ele, ou que gosto dele, é bom mudar de idéia. Ele ainda gosta da nee-san. – Apesar da raiva na voz, o coração de Hanabi estava acelerado e sentia suas bochechas e orelhas queimarem.

- Nyuu... As orelhas da nee-chan estão vermelhas! – apontou Hinata, divertindo-se com a situação.

Hiashi ria de Hanabi. Nunca havia visto sua filha mais nova tão corada e tão irritada com uma brincadeira infantil como aquela.

- Vocês são tão... tão... Idiotas!

Hanabi largou sua torrada pela metade e saiu derrubando tudo pelo caminho. Mesmo a cozinha sendo longe dos quartos, os três conseguiram ouvir a porta do quarto de Hanabi sendo fechada com ignorância.

- Eu não sabia que ela era tão amiga do Kiba-kun... Ultimamente ele tem estado muito amigo dos Hyuuga. – comentou Hinata, enquanto terminava de comer seu pedaço de bolo.

- Acho que sua irmã tem se sentido bem com esse Inuzuka. Como você não está mais o tempo todo aqui com ela, o rapaz tem mantido-a distraída. E, aparentemente ele é bem divertido, porque eu a ouço comentando com Kin as aventuras dos dois.

- Hum... Fico feliz por ela.

- E eu por mim.

- Como assim, Neji?

- É que... Bem... Não é novidade para ninguém que Kiba sentia um amor platônico por Hinata-sama. Nem mesmo para o senhor, Hiashi-sama. Fico feliz porque, se ele e Hanabi estiverem muito amigos, ele desiste de querer a minha namorada.

- Ai nii-san, quanto egoísmo!

- O quê, queria que eu te dividisse com ele é? – brincou Neji, cutucando a cintura de Hinata.

- Sabe, até que não é uma má idéia...

Para uma garota que dois anos antes tinha vergonha de ficar muito perto até de seus colegas de equipe, até que Hinata sabia ser provocante quando queria.

- Ah, nem em sonho. Você é minha. Só minha.

- Isso tudo é ciúme é? Você não é meu dono.

- Eu não sou ciumento. Só cuido do que é meu.

Neji sorria genuinamente, como se aquilo fosse uma declaração de amor natural. Hinata tentou fingir raiva, mas não conseguiu. Sorriu de volta e deu um beijo leve nele.

- Okay crianças, sem esse tipo de coisa aqui. – disse Hiashi, constrangido pela situação – Hinata, você já sabe quando você e Neji pretendem ir para a casa que sua mãe lhe deu?

- Ainda não pensei nisso, tou-san. Eu passei meu aniversário de 16 anos viajando, e queria aproveitar para comemorar. Queria pelo menos passar a semana aqui, com meus amigos.

- Certo. Então, vou avisar Tsunade e vocês têm uma semana em Konoha. Depois irão para lá. Não quero que Raido tenha tempo de aprontar algo.

- Hai.

- Hiashi-sama, seria melhor então se não contássemos a ninguém sobre essa viagem?

- Sim Neji. Quando menos pessoas souberem, menor a possibilidade de Raido e Kai aprontarem.

Hiashi acenou um adeus e seguiu para seu escritório.

- Nii-san, o que acha de darmos uma volta por aí?

- Com todo o prazer, meu amor. Onde quer ir?

- Bem... Ontem nós vimos nossos amigos... Hoje eu queria visitar minha cachoeira, faz muito tempo que não vou lá. Mas antes, é bom que eu vá ver Hayato. Ele deve estar com saudades.

- Okay. Faremos como você quer.

Neji sorriu e ajudou Hinata a se levantar. Seguiram abraçados até o quintal, onde Hayato repousava sua cabeça sob uma das raízes externas da cerejeira favorita de Hinata. Hinata chamou-o pelo nome e o cachorro, que estava na altura de sua cintura, veio correndo e abanando o rabo. Hinata e Neji brincaram com o cachorro por pouco mais de uma hora, quando ouviram Hanabi chamando-o. Seguraram o riso para que ela não percebesse que estavam ali.

Foram calmamente até a cachoeira, onde ficaram sentados observando o céu.

Como estavam próximos da água, a umidade do lugar era alta, então, quando começava a escurecer, o lugar ficava mais frio. Hinata abrigou-se nos braços de Neji para manter o corpo aquecido. Aquele contato era bom e agradável.

Neji beijava-lhe o pescoço suavemente, causando-lhe estranhos arrepios. Em geral eles não passavam de abraços e beijos suaves. Aquilo era, definitivamente, um avanço no relacionamento. Pouco a pouco os beijos de Neji tornavam-se ainda mais sensuais e exigentes, o que fez com que Hinata passasse a corresponder ainda mais.

Delicadamente, Neji deitou Hinata em um montinho de folhas que estava ao seu lado, e sentado passou a observá-la.

- Alguma vez eu te disse o quanto você é linda?

- Creio eu que não, nii-san.

- Você é mais que linda. É perfeita. A mulher mais linda que já vi. Um pequeno anjo.

Hinata olhava seu primo e percebia o olhar confiante dele. Ele realmente acreditava no que dizia.

- Eu te amo, Hinata. Amo como nunca amei nenhum outro ser em minha vida.

- Eu também te amo, onii-san. Aliás, eu te amo muito mais do que merece, Neji.

- Mais do que mereço, é?

- Sim. Você é um garoto muito, muito mal.

- E porque eu sou?

A voz de Neji e seu olhar transpareciam malicia, mas não superavam Hinata. A garota sentou-se, até estar com o rosto colado ao dele.

- Porque perde seu tempo falando, quando poderia fazer coisa muito melhor.

- O que, por exemplo?

- Me beijar. – Hinata sorria como uma criança inocente.

Neji aproximou-se para beijá-la, quando reparou que ela se afastava para trás.

- Quer um beijo, Neji?

- É claro que quero... – ele não entendia aonde ela queria chegar, mas seguiria os planos dela.

- Então venha buscar.

Neji, engatinhando, tentou novamente beijar sua prima. Ela, mais uma vez, esquivou-se. Pela terceira vez ela tentou, e Hinata levantou-se, obrigando Neji a fazer o mesmo.

Ele andou até ela, e ela correu para o lado.

Ficaram assim por uns cinco minutos, brincando de pega-pega. Hinata tropeçou em um galho seco e Neji, aproveitando a situação, agarrou-a. Ele não previra que perderia o equilíbrio também, derrubando os dois na água fria do lago.

Já havia anoitecido, e a única luz até então era a das estrelas. Quando eles voltaram à superfície Neji beijou Hinata, demorada e apaixonadamente.

- Viu só, eu consegui.

- Só porque eu deixei.

- Haha... Depois eu sou o malvado.

Hinata achava engraçado isso. Ela provocava e ele caía na provocação. Diversas vezes ela se perguntou até onde ele a seguiria em seus joguinhos, mas nunca havia testado.

- Está frio, e nossas roupas estão molhadas. Melhor irmos para o gramado de novo.

Hinata soltou-se de seu primo e seguiu até a árvore onde estavam antes. Tirou sua blusa e sua calça, pendurou-as em um galho e deitou-se entre as folhas.

Neji seguiu-a, mas só tirou a camisa, porque estava muito, muito molhada.

- Quer dizer que você sente frio dentro da água, mas não se incomoda de ficar seminua no chão?

- Não sei do que está falando. As folhas ajudam a me manter aquecida e, de qualquer forma, ainda tenho você.

- Você ainda tem coragem de dizer que eu sou mal. Parabéns...

Mesmo reclamando, Neji deitou-se ao lado de sua prima, abraçando-a.

Naquele instante a lua cheia apareceu no céu, deixando ainda mais branca a pele de ambos. Hinata curvou-se para observar o corpo de Neji. Ele não aparentava mas, seu corpo era bem definido e perfeito. Ela inclinou-se um pouco mais e o beijou.

Neji emitiu um grunhido de satisfação e, recolocando Hinata em seu lugar, passou a beijá-la mantendo seus corpos unidos, como se estivessem colados.

Hinata acariciava as costas dele, sentindo cada um de seus músculos. Seu corpo já não estava mais frio. De alguma forma, ela e Neji estavam bem aquecidos.

Com alguns minutos, os beijos tornaram-se mais ardentes, o que assustou Hinata. Ela sentia vontades estranhas, que nunca havia sentido antes. Seu corpo queimava e ela puxava Neji para ainda mais perto. Sua respiração estava rápida e entrecortada, seu coração pulsava ensandecidamente.

Neji beijava-lhe não apenas a boca, mas também seu pescoço. Às vezes mordia delicadamente sua pele, o que lhe causava arrepios.

- Eu te amo, Hinata. Eu te amo e te quero, para sempre. – sussurrou Neji no ouvido dela.

- Eu também te amo. Para todo o sempre. – completou Hinata, apossando-se com voracidade da boca de Neji.

Por algum motivo, que nenhum dos dois soube explicar, uma forte corrente elétrica atravessou os dois, obrigando-os a se separarem. Hinata sentiu-se constrangida diante da situação e, o mais depressa que pode, vestiu sua roupa, não se importando com o fato de não estarem secas ainda.

Neji, mantendo-se levemente afastado de Hinata recolocou sua camiseta e disse:

- Melhor voltarmos. Está tarde e Hiashi-sama deve estar preocupado... Além do fato de que você pode pegar um resfriado.

- Hai...

Os dois voltaram silenciosamente para o clã, mas sem se tocarem. Sentiam como se houvessem dado um novo passo no relacionamento, como se tivessem adentrado uma terra desconhecida. Nenhum dos dois sabia as conseqüências, ou até mesmo o que aconteceria depois daquilo, mas preferiram, pelo menos naquele instante, ficar levemente distantes.

Entraram no clã e não encontraram ninguém, o que certamente os ajudou e muito. Seguiram direto para seus quartos, onde tomaram um banho quente e foram para suas camas.

Mesmo tendo tido um dia deveras movimentado, Hinata não conseguia dormir. Sempre que fechava seus olhos, pairava em sua mente a lembrança do momento na cachoeira e voltava a fluir em seu corpo aquela estranha sensação que a havia feito puxar Neji para mais perto de si. Ela sentia como se os dois devessem ser um só, e não dois corpos separados. Era uma sensação desconhecida, nova, e até mesmo agradável.

Uma sensação que não a deixava dormir. Hinata levantou-se e foi até a janela, onde ficou observando a lua. Ela estava linda, cheia, branca, brilhante... Era quase surreal, tamanha a sua beleza. Ventava pouco, uma leve brisa. O céu estava iluminado pelas pequeninas estrelas, que completavam o cenário de forma majestosa. Era uma daquelas noites em que dá vontade de não dormir, e sim deitar-se ao luar e deixar-se perder na imensidão do céu azul, até não lembrar mais nada. Hinata afastou-se da janela e, procurando não fazer barulho, saiu de seu quarto. Desceu as escadas resistindo à tentação de passar no quarto de Neji antes. Atravessou a sala sem esbarrar em nada; a luz da lua iluminava sua casa de forma que ela podia distinguir o contorno dos móveis. Quando chegou ao quintal, agradeceu a si mesma o fato de ter se lembrado de ter pego um casaco. Embora o tecido fosse fino, protegia-a um pouco da leve brisa que, mesmo sendo pouca, ainda assim fazia seu corpo gelar. Ela caminhou, distraidamente, até a sua cerejeira, seu lugar especial. Estranhou pois, chegando lá encontrou Neji, o que a fez ter um breve deja vù.

- Nii-san, o que faz aqui?

- Não consegui dormir, então resolvi vir até aqui observar a lua. E você, o que veio fazer aqui nesse frio?

- Assim como você, eu não conseguia dormir. A lua está tão linda que resolvi vir apreciar sua beleza daqui.

- Ela realmente está linda. Mas não supera você.

- Nii-san...

- Shh... – murmurou Neji, colocando seu dedo indicador sobre os lábios da garota – não diga mais nada.

Pousando levemente os lábios sob os de sua prima, Neji pegou a mão dela e logo em seguida a puxou para a mansão. Percebendo que ela relutava, Neji parou e sussurrou em seu ouvido:

- Me siga.

Ainda um pouco relutante, ela seguiu. Deixou-se ser guiada por seu primo, namorado, irmão... Deixou que aquele rapaz que era tudo em sua vida levasse-a para onde quer que fosse.

Eles seguiram até o quarto de Neji, e só então Hinata reparou que algo havia mudado. A cama dele, que antes ficava encostada na parede mais distante da janela, agora estava encostada na janela.

Neji continuou guiando Hinata, até que eles estivessem ao lado da cama. Ele engatinhou até a ponta da cama, onde deitou sua cabeça, de forma que pudesse olhar pela janela. Fez sinal para que Hinata deitasse ao seu lado, mas ela sequer se moveu.

- Nii-san, não acho que seja uma boa idéia...

- Fique tranqüila... Só acho que é melhor olhar a lua daqui, porque lá fora está frio e não quero que fique doente.

Ele sorria de forma descontraída, como se aquela fosse a situação mais normal de sua vida. Mesmo sentindo que não seria certo, Hinata desejava estar ali com Neji. Talvez fosse apenas sua timidez que estivesse deixando-a receosa.

Se eu pretendo passar o resto de minha vida com o nii-san, eu preciso perder minha timidez... Senão, como conseguirei viver com ele? Está na hora deixarmos a amizade colorida, afinal, não somos mais crianças...”, pensou Hinata.

Ela moveu-se lentamente, até estar ao lado de Neji. Ele passou o braço por seu ombro, trazendo-a para mais perto e abraçando-a. Ela encostou a cabeça no ombro dele, e olhou para a lua. Ele estava certo, era realmente muito melhor olhar a lua dali. Era mais confortável, mais quente e muito, muito mais romântico.

Nem Neji, nem Hinata sabiam precisar quanto tempo ficaram daquele jeito. Ambos adormeceram e só acordaram quando os primeiros raios de sol invadiram o quarto e os iluminou.

Hinata levantou-se primeiro e correu para seu quarto, para seu ritual de higiene matinal. Ela e Neji encontraram-se na cozinha, tendo no rosto uma expressão marota digna da Hanabi.

Enquanto tomavam seu desjejum, Hiashi entrou na cozinha com o olhar cansado e estava visivelmente estressado, como se tivesse tido uma noite difícil.

- Ohayoo tou-san. Não dormiu bem? – Hinata, apesar do tom despreocupado, desejava saber por que seu pai estava com olheiras tão fundas e aquela cara de derrotado. Haviam sido raras às vezes em que vira seu pai assim e, em todas elas, o motivo era o Conselho.

- Ohayoo crianças... Não, minha filha, não tive uma boa noite. Pelo contrário... Minha noite foi muito longa e sugou todas as minhas forças...

- Problemas com o Conselho?

- Sim, muitos. Você já deveria saber, Neji, que aquele velho decrépito do Raido iria complicar nossas vidas cada vez mais.

Hiashi estava surpreso com a perspicácia e o interesse de seu sobrinho com os problemas do clã. Ele era, sem sombra de dúvidas, o melhor marido para sua filha, e o melhor líder que o clã viria a ter.

- O que o tiozinho Raido tá querendo dessa vez, tou-san? – falou Hanabi, entrando na cozinha com o cabelo bagunçado – Nyaaa... Pelo visto a nee-san teve uma noite bem diferente da sua, hein tou-san... Ela tá comendo torrada com tanta felicidade... – completou a jovem Hyuuga, com voz de criança inocente que sabe de alguma coisa.

Hinata, apesar do comentário muito malicioso de sua irmã, não ficou constrangida. Pelo contrário, respondeu-lhe com tanta naturalidade que seria capaz de convencer até mesmo o shinobi mais teimoso do planeta.

- Não é necessário ter uma noite perfeita para se acordar de bom-humor, nee-chan. O que há de errado em comer uma torrada sorrindo?

- Ayeee... Seja mais delicada... Okay, não está mais aqui quem comentou. – Hanabi, ainda mantendo o ar infantil, pegou um pedaço de bolo e saiu da cozinha.

- Até que ela está certa, Hinata. Você está com cara de quem teve uma ótima noite... Espero que não tenha aprontado nada. E acho que nem preciso repetir o mesmo para você, Neji.

Neji abaixou a cabeça, um pouco constrangido com a situação. Era assustadora a capacidade dos Hyuugas de saber das coisas ou ao menos acertar todas as suas deduções!

- Não, Hiashi-sama... Não é necessário. Mas, como havia perguntado a Hanabi-sama, o que Raido-san está querendo dessa vez?

- O mesmo que sempre quis: o controle do clã. Ontem, quando eu estava indo me deitar, Kin subiu as escadas correndo e me parou para dizer que o Conselho estava se reunindo. Eu, obviamente, não estava sabendo e queria estrangular o Raido. Disse à Kin que ela já podia ir dormir e corri para a sala de reuniões. Cheguei bem na hora que o assunto principal entraria em pauta... Raido está procurando nos pergaminhos antigos alguma lei que permita a ele me tirar da liderança do clã. As coisas estão ficando feias para o nosso lado, crianças... Muito feias. Por favor, tomem cuidado com qualquer um ligado ao conselho.

Neji e Hinata assentiram e retiraram-se da mesa, sob o pretexto de procurar Hanabi.

Encontraram-na tentando prender a coleira em Hayato, que corria dela cada vez que percebia suas intenções.

- AAAAAAAAAH! Cachorro imbecil! Pare quieto! Desse jeito não vou conseguir te levar para o Kiba-kun! – Hanabi estava nervosa e decepcionada ao mesmo tempo.

- Reparou, nii-san, na vontade que ela está de ver o Kiba-kun? – cochichou Hinata, escondendo um sorriso.

- Uhun... E é exatamente por isso que vou ajudá-la. – Neji afastou-se de Hinata e correu na direção de Hanabi, gritando – Ei! Hanabi-sama! Quer ajuda?

- Ahh, eu quero sim! O Hayato não deixa eu prender a coleira!

Hinata acelerou o passo e parou ao lado dos dois.

- Nee-chan, ele não deixa porque não gosta de coleira. Basta você ir chamando ele. Não é, garotão? – Hinata acariciou de leve a enorme cabeça do cão, que abanava o rabo sem parar, de tanta felicidade.

- Bah. Não gosto dessas frescuras de cão. Aliás, bem que você poderia cuidar dele enquanto está aqui e levá-lo pra casa que a hahaue te deu quanto vocês dois forem para lá...

- Levar o Hayato pra onde?

Os três olharam para trás e deram de cara com Kiba e Akamaru, que haviam aparecido silenciosamente.

- Kiba-kun! – E nesse instante Hinata e Neji reparam que o “espírito de porco” de Hanabi havia desaparecido e seus olhos brilhavam como estrelas.

- Olá, Hana-chan – E também não passou despercebido ao casal Hyuuga que Kiba sorria constrangido, mas possuía o mesmo brilho no olhar – Neji, Hinata... Como estão? Espero que não fiquem com raiva por eu ter invadido assim do nada a conversa e talz... É que eu tava chamando a Hana-chan no portão e aí a Kin disse que vocês tavam aqui e que eu podia entrar, aí eu fui entrando e peguei um trecho da conversa e...

- Respire fundo, Kiba-kun! Não quero ninguém morrendo aqui.

- Hinata-sama está certa, Kiba. E não precisa explicar como entrou. Você é nosso amigo, então não há problemas em entrar sem nos avisar antes.

Hinata espantou-se ao ouvir Neji chamar Kiba de nosso amigo. “Pelo visto o nii-san está mesmo disposto a ser amigo do Kiba-kun... Finalmente os dois estão se entendo”, pensava ela.

- Hehe... Okay... Mas, então, que história é essa de levar meu pequenino pra sei lá onde?

- Huhuhu... Acho que eu falei demais... – falou Hanabi, tentando sair de fininho.

- Volte aqui Hanabi-chan! Se acha que vai se livrar dessa, não vai não. – E Hanabi voltou, mesmo contra a vontade. – Bem, Kiba-kun... Eu ganhei um presente meio inusitado e... Bom, minha mãe me deixou uma casa beeeem longe daqui, e o tou-san disse para eu e o nii-san viajarmos para lá. Só ficaremos mais essa semana em Konoha e a nee-chan queria que levássemos o Hayato conosco. O problema é que ninguém deveria saber dessa viagem, por causa do Conselho. Eles podem querer aprontar algo enquanto estivermos fora, ou até mesmo para nos impedir de sair. Por favor, não conte para ninguém. Promete que não conta?

- E se eu contar? – perguntou o Inuzuka, já prevendo uma resposta ignorante de Neji.

- Se contar, eu terei que bater em você até que perca a memória. – disse Neji, rindo.

- E eu terei que te matar, esquartejar e vender os pedacinhos de carne para o Ichiraku Rámen!

Você tem que concordar comigo: Mesmo que eu tivesse que suportar tortura, Naruto cantando ou até mesmo uma sessão de exercícios físicos com o Gai, eu não contaria nada pra ninguém. Okay, a parte do Naruto cantado nós pulamos porque isso seria realmente insuportável e com certeza não valeria o risco de ser cruelmente assassinado pela Hinata.

- Você faria mesmo isso, nee-san? – Hanabi estava horrorizada com o que Hinata havia dito. Não era ela que sempre defendia Kiba quando Neji falava algo dele? Então porque ela o ameaçava dessa maneira?

- Nyuuu, é claro que não! Mas é bom que o Kiba-kun entenda a gravidade da situação.

- Eu prometo, Hina-chan. Eu prometo. Só fique longe de mim quando estiver com raiva, por favor... – Disse Kiba, fazendo pose de escoteiro e aliviado por ter sido só brincadeira o comentário de Hinata.

- Ameaças feitas, promessas decoradas... Mas, no fim das contas o Kiba não disse o que veio fazer aqui. – falou Neji, tentando voltar ao foco e impedir que outro assunto proibido viesse à tona.

- Bem, é que eu não esperava encontrar tanta gente aqui...

- Você quer dizer, então, que eu e a Hinata somos “gente demais”?

- É que... erh...

- Neee, Neji-san, desse jeito é que o Kiba-kun nunca vai falar! Deixe-o em paz!

- Hanabi, não fale assim com o nii-san, por favor. E tente esconder suas orelhas antes que alguém repare que estão vermelhas.

Hinata riu de seu próprio comentário e fez com que todos rissem junto, com exceção de Hanabi. A jovem não gostou nem um pouco daquilo e seguiu em direção ao clã com uma expressão indecifrável.

- Kami-sama... Acho que exagerei na brincadeira... Nii-san, será que ela ficou com muita raiva de mim? Eu não suportaria ficar sem falar com minha nee-chan...

- Não meu anjinho, ela não deve estar com raiva de você. Ela só deve estar constrangida demais e saiu para se recompor. Não fique assim. – disse Neji, limpando as lágrimas que vagarosamente tomavam conta do belo rosto da garota. – Kiba, seja lá o que for que veio fazer aqui, era com a Hanabi. Vá lá dentro e fale com ela, talvez ela melhore.

- Hai... Mas antes eu queria pedir a autorização da Hina-chan...

- Mi-minha... autorização? Para o quê?

- É que eu queria levar a Hana-chan pra dar uma volta sabe... Eu sempre venho aqui cuidar do Hayato e é legal conversar com a Hana-chan... Eu só tenho medo de você não gostar disso...

- Não se preocupe, Kiba-kun. Eu não ficarei chateada nem nada, prometo. Só quero que cuide de minha irmã.

- Haaaaaai! – gritou Kiba, já indo atrás de Hanabi e com um enorme sorriso na cara.

- Nii-san, agora que estamos sozinhos, eu gostaria de te pedir algo.

- Peça. Sabes muito bem que atenderei qualquer desejo seu.

- Qualquer um mesmo?

- Uhun.

- Até o mais impossível dos desejos?

- Nada que você queira será impossível para eu realizar.

- Cuidado que desse jeito eu apaixono, hein! – disse ela, rindo da situação.

- A ideia é exatamente essa.

- Ahh, nii-san bobo! Desse jeito não vamos a lugar algum.

- Você está certa. O que deseja Hinata-sama?

- Nós só temos mais cinco dias em Konoha, eu gostaria de treinar um pouco. Me manter em forma e preparada para qualquer situação.

- Hum... Sábia decisão. Fico orgulhoso em saber que pensou nisso, porque em momento nenhum passou pela minha cabeça gastar nosso tempo aqui com treinos.

- E quais eram suas ideias?

- Quer mesmo saber? – disse ele, com malicia.

- Claro que quero nii-san!

É difícil acreditar mas, mesmo com a mudança no tom de voz de Neji, Hinata não entendera as intenções dele.

- Hinata-sama, Hinata-sama... Eu gastaria meu tempo assim...

E terminou a frase beijando longa e apaixonadamente a garota, deixando-a extasiada e tonta. Seguiram entre selinhos, abraços, cutucões e coisinhas assim até o dojo.

E essa foi a rotina dos Hyuuga nos dias seguintes...

Acordar, tomar café, Hinata e Neji treinarem com alguém ou às vezes sozinhos, Hanabi sair com Kiba e os cães (e algumas vezes sem eles), Hiashi correr para reuniões secretas e brigar com Raido com freqüência...

No penúltimo dia de Hinata e Neji em Konoha, os jovens resolveram fazer uma sessão pipoca na mansão Hyuuga, que depois dos filmes dividiria os meninos e as meninas. Os rapazes iriam fazer sabe-se lá o quê pela vila (e pelo que Hanabi conseguiu arrancar de Kiba, seria algo parecido com uma despedida de solteiro), e as meninas se juntariam no quarto de Hinata para uma festa do pijama.

Na hora combinada, todos apareceram na mansão, cada um trazendo uma coisa diferente: os meninos comida, as garotas os filmes e as coisas para a festa do pijama.

Hiashi havia prometido participar da festa, já que todos o julgavam alegre e de espírito jovem, mas uma reunião pré-marcada do conselho o impediu.

Todos se juntaram na sala, acomodaram-se e deram início à longa e divertida sessão.

Seis horas e dois filmes e meio depois, quando a lua já dominava o céu mostrando ser madrugada já, os garotos despediram-se e saíram, após algumas muitas recomendações e ordens das meninas.

Elas, nem um pouco bobas, correram para o quarto de Hinata, abafando risadinhas, gritinhos, fofocas...

Conversavam sobre tudo. Sakura contava de seu namoro, as manias de Naruto, as coisas que a faziam ter vontade de estrangulá-lo...

Todas riam e algumas, como Hanabi, ficavam meio constrangidas.

E justamente por causa disso, Hanabi repentinamente virou o assunto.

- Hanabi-chan, nós andamos percebendo que você e o Kiba têm saído juntos... – falou Sakura, de forma desinteressada, mas corroendo-se de curiosidade por dentro.

- É verdade. Eu bem que vejo lá da floricultura, vocês dois passeando e rindo... Até cheguei a achar que era a Hinata uma vez, porque a voz de vocês me confunde às vezes, mas quando ouvi a risada percebi que era você. Sabe como é, sua irmã ri parecendo uma criancinha.

As garotas riram, mas nem com a piada Hanabi conseguiu ver-se livre do interrogatório previsível.

 - Conte para nós Hanabi-chan. Nós sabemos muito bem que tem coisa aí... Já passamos por essa fase e conhecemos aquele olhar de cão abandonado do Kiba. – brincou Tenten, que ainda enrolava o pobre do Rock Lee.

- Mas não acontece nada, nada mesmo.

- Hana-chan, pode até não acontecer nada, eu acredito em você. Mas eu bem que reparei que desde que eu e Neji voltamos, você e o Kiba-kun andam num clima muito fofo... Você gosta dele? – perguntou Hinata, de forma doce. Ela bem sabia que sua irmã era seu oposto. Enquanto Hinata era emotiva e deixava transparecer tudo com facilidade, Hanabi tendia a ser mais fria e não demonstrar nenhum sentimento.

- Bem, mentir não adianta. Já cheguei à conclusão que minhas orelhas são traidoras. – era constrangedor para a jovem Hyuuga falar de sentimentos, logo ela que estava tão acostumada a ser a racional das irmãs. O que aliviava um pouco era o fato de estar entre amigas, e com sua irmã, sua primeira e única melhor amiga. – Eu não sei se gosto, porque não sei o que é gostar. Não sei se vocês me entendem, é complicado isso.

- Eu te entendo, Hana-chan. Demorei muito pra me dar conta que gostava mesmo do nii-san.

- Pois é, até agora não sei o que sinto... É confuso. Às vezes acho o jeito do Kiba-kun tão insuportável, em outras vezes acho tão, tão...

- Meigo.

- Isso mesmo, Isuzu-san. Meigo. Ele me trata com tanto carinho e é sempre tão atencioso! Ontem mesmo, eu me arranhei numa árvore e ele entrou em desespero!

- Eu não sabia que o Kiba era assim tão clichê... – murmurou Sakura.

- Agora só temos que descobrir se isso é amor, garotas! Vamos ao trabalho! – disse Tenten, animada com a ideia.

- Tenten-chan, essa não é uma boa ideia.

- E porque não, Isuzu-san?

- Porque assim só irá constranger a Hanabi-chan e certamente não chegará a conclusão nenhuma. O amor é sempre o mesmo, mas para cada pessoa se apresenta em situações diferentes.

- Wow... Filosófico isso. – murmurou Hanabi, mas para si do que para que as outras garotas ouvissem.

- Pelo visto Isuzu-chan é a que mais entende de amor aqui... O que acha de nos ensinar um pouquinho? – Sakura achou engraçado o que disse, mas realmente desejava ouvir um pouco das histórias de Isuzu, a garota diferente que, apesar de ter a mesma idade delas, mostrava-se muito mais experiente em tudo.

- Posso falar um pouco... Mas, lembrem-se sempre de que não entendo só de amor, e com toda a certeza é o sentimento que menos entendo. Diferente do ódio, meu sempre fiel companheiro, o amor é muito mais complexo porque muda constantemente. Ele é como uma variável.

- Isuzu-san fala de forma tão... Hipnotizante. E é incrível como o que ela diz faz sentido.

- Falo só o que vivi, Hinata-chan, só o que vivi. Eu só mudo um pouco as palavras, para não envolver memórias. Se quiserem uma boa lição, decorem isso: Sentimentos, por mais puros que sejam, vem acompanhado de memórias. E, acreditem, nem sempre desejarão reviver essas memórias. Elas poderão ser a ruína de sua sanidade.

- Agora eu fiquei com medo. Muito, muito medo.

- Não se assuste, jovem Hanabi. Sentimentos são assim. Há sempre dois lados, o bom e o ruim. Esses dois lados acompanham as memórias. Muitas vezes desejarão lembrar de coisas que um dia fizeram bem, só pelo prazer de sentir novamente aqueles doces e agradáveis sentimentos, mas nem sempre terminará bem. Poderá haver um dia, e eu sinceramente desejo que não passem por isso, em que a nostalgia as levará das boas lembranças para as tristes, e a felicidade acabará em depressão. Agora, mudando do lado ruim da história antes que Hanabi-chan desista de pensar em descobrir se gosta ou não do garoto dos cães... – as meninas riram disso. Isuzu tinha um senso de humor diferente. Ela não fazia piadas nem nada, ela sempre falava coisas sérias mas, o tom de voz e as palavras que usava tornavam algumas coisas engraçadas. Podia até parecer loucura mas, a impressão que Hinata tinha era que de alguma forma, Isuzu capturava a atenção delas com as palavras. – Para que a Hanabi-chan descubra o que sente, ela deve se concentrar. Porque o amor não tem nada com o coração. O coração nada mais é do que um órgão que bombeia sangue. O amor está aqui, na nossa cabeça – completou Isuzu, tocando levemente a testa de Hanabi com seu indicador.

- Mas, Isuzu-san... Porque quando vejo o nii-san meu coração dispara?

- E porque quando falo com o Kiba-kun sinto minhas orelhas queimarem?

- E eu, quando estou com o Naruto, fico com as mãos geladas...

- Isso, minhas pequenas, são reações nervosas, comandadas pelo cérebro. E, por favor, dispensem o san. Sinto-me meio velha... Mas, voltando ao assunto, quando gostamos de alguém, nosso cérebro nos manda esses comandos para percebermos a diferença. Através dessas reações somos capazes de dizer se gostamos ou não de alguém, mas para cada pessoa há uma reação diferente. As mais comuns são rubor, batimento cardíaco acelerado, preocupação exagerada, alegria exagerada ao ver a pessoa... Coisas assim.

- Eu, sinceramente, nunca imaginei que teria uma aula dessas em minha vida. – comentou Tenten, pasma – Onde você aprendeu tanto?

- Eu...

- HINATA-SAMA! HANABI-SAMA! Alguém, por favor!!!

O som dos gritos vindos do lado de fora do quarto era ensurdecedor, mesmo com a porta fechada. Hinata foi a primeira a levantar-se e correr para a porta, derrubando tudo em seu caminho. Logo atrás dela estavam Hanabi e Sakura, que foram mais rápidas.

As três seguiram na direção dos gritos, com as demais garotas em seu encalço, até chegarem em frente ao escritório de Hiashi. Kin estava em frente à porta, sentada ao lado de um corpo, chorando desesperadamente. O corpo era de Hiashi.

Ao ver seu pai, ali, caído no chão como se estivesse morto, algo se rompeu em Hinata. A jovem levou meio segundo para começar a ditar ordens, como se fosse um general.

- Tenten e Hanabi, corram por Konoha e encontrem os garotos, o mais rápido possível. Isuzu, tente encontrar Tsunade e diga a ela que precisamos de sua ajuda com urgência. Kin, sei que está preocupada mas aqui não será de grande ajuda. Vá com Ino buscar cobertores para deixarmos meu pai mais confortável.

- Hinata-sama, ele está morto. – choramingou Kin.

- NÃO ESTÁ! Meu pai, Hyuuga Hiashi, JAMAIS, está me ouvindo? JAMAIS me abandonaria numa hora dessas! Faça o que mando, agora! – essa foi a deixa para que todos saíssem para cumprir as ordens de Hinata.

Sakura, que permanecera ali por não ter recebido nenhuma função, olhava para Hinata de forma carinhosa. Admirava a atitude da garota, mas sabia que não havia nada mais a se fazer. Hiashi estava morto, e nada que fizessem reverteria a situação.

- Você também não acredita que ele está vivo, não é?

Sakura foi arrancada de seus pensamentos pela pergunta. Sabia que não precisaria responder, porque Hinata já sabia a resposta. O que a surpreendeu mesmo foi o tom de voz frio dela. O mesmo tom arrogante usado por Neji em tantas outras ocasiões. O tom de voz que fazia o sangue de todos que ouvissem gelar, o tom de voz que transparecia confiança, certeza. O tom de voz que fez Sakura acreditar que sim, era possível Hiashi estar vivo, embora ela não soubesse como.

- Ele está vivo, Sakura. Eu sei que está, eu sinto. Assim como sinto minha própria existência, a de minha irmã, a de meu noivo.

Aquela era a primeira vez que Hinata chamava Neji de noivo. Era estranho, mas ela se sentiu ainda mais confiante assim. Algo, dentro dela, dizia que seu pai não estava morto. Ele não a deixaria sozinha num período tão difícil. E era esse sentimento que a mantinha confiante e forte para fazer o que tinha em mente.

- Me ajude, por favor. Nós somos aprendizes de medinin, você até já trabalha no hospital! Me ajude a descobrir o que ele tem. – Hinata já chorava desesperada. Ela não podia perder seu pai, não agora, não hoje, não antes de fazer o Conselho desaparecer do clã e pagar por suas crueldades.

- Hai. – Sakura abaixou-se e começou a verificar todos os sinais vitais de Hiashi, junto com Hinata. Ele ainda tinha chakra rodando por seu corpo, mas a quantidade era tão pequena que não era possível reparar que ele respirava, a menos que se aproximassem muito.

Sakura estava transferindo um pouco de chakra para ele quando Ino e Kin voltaram com cobertas, seguidas por três homens que ela não reconheceu. Diferente de Hinata, que os encarou com tanto ódio, que um deles chegou a dar dois passos para trás. Esse era Kai, o jovem Hyuuga que junto de seu pai, Raido, tentava tirar Hiashi do controle do clã.

- O que vieram fazer aqui? – rosnou a Hyuuga.

- Viemos ver o que estava acontecendo, Hinata. Ouvimos gritos e logo em seguida encontramos essas duas pegando cobertores e Kin chorava muito.

- Não há nada aqui para verem. Saiam, imediatamente.

- Hinata, anjinho... Não sei o que aconteceu com seu pai, mas devemos ajudá-la, somos do Conselho.

- Perdoe-me, Teruiya-san, mas o fato de serem do Conselho não lhes dá o direito de invadir assim a minha parte da mansão.

Teruiya assustou-se com o tom de voz da Hyuuga. Ele sempre fora muito amigo de Hiashi, talvez o único que ele tinha no conselho. Não entendia porque tanta frieza vinda de Hinata, seu pequeno anjinho, como costumava chamá-la quando criança. Algo estava errado, ele sabia, mas não conseguia entender o quê. Hinata nunca fora agressiva daquela maneira. Dentre as Hyuugas herdeiras a indisciplinada sempre fora Hanabi. Ela era a impetuosa, a questionadora. Hinata sempre fora a passional, a quieta, a garota que acatava a tudo e todos.

- Hinata-sama, seja lá o que aconteceu, podemos ajudar.

- Podem ajudar? Hahahahaha! Tenho certeza de que, se algo aconteceu a meu pai esta noite, você está envolvido, Kai. Você e seu pai.

- Hyuuga Hinata, o fato de ser herdeira não lha dá o direito de dirigir-se a mim desta maneira! Porte-se como uma Hyuuga, tenha modos!

- E o que você sabe sobre modos, Raido-san? Mandou seu filho me drogar na tentativa de casar-me com ele e assumir o clã. Tentou me separar de meu Neji. Se há algum aqui sem modos, esse alguém é você!

Raido estava pronto para revidar, quando ouviu Sakura murmurar algo e muitas vozes surgirem no corredor. Sabia que aquela era a hora de ir, senão estaria encrencado.

Fez sinal para seu filho que o seguiu, enquanto Teruiya ainda olhava Hinata, preocupado.

- Não se preocupe, Teruiya-san. Assim que soubermos o que aconteceu, pedirei para que o avisem.

- Arigato. – e com isso ele se retirou, dando espaço para Neji e os demais, que acabavam de chegar.

- Hinata-sama, o que... – a pergunta morreu em seus lábios assim que viu seu tio caído no chão.

- Antes que ela fale algo, eu já vou dizendo que ele foi envenenado e a situação está critica. Preciso de espaço e da atenção de Hinata para tentar fazer algo. Não posso curá-lo completamente, mas posso aliviar ao máximo até que Tsunade-sama chegue.

- Ela só virá durante a manhã.

- Como assim, Isuzu? – gritou Sakura.

- Ela está de plantão no hospital e, assim que Shizune chegar, ela virá. Vocês estão sozinhas nessa.

Hanabi já chorava desconsolada, abraçada à Kiba. Eles acreditavam não haver mais esperanças, até que uma frase despertou a todos e lhes deu animo para continuar.

- Nem tudo está perdido! Se Sakura pode conseguir aliviar o envenenamento com minha ajuda, assim será. Eu não deixarei meu pai morrer, nem que tenha que dar minha vida para ele. Vamos, Sakura, vamos salvar meu pai!

Sakura assentiu e então elas começaram o tratamento, esgotando quase todo seu chakra.

Isuzu, percebendo que elas não aguentariam muito tempo, sentou-se ao lado delas e passou a transferir seu próprio chakra para Sakura, já que tinha alguns conhecimentos medinin. Seguindo seu exemplo, Neji transferiu sua energia para Hinata, concentrando-se ao máximo. E assim, um a um, todos os ninjas presentes juntaram seus chakras para tentar salvar Hiashi.


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