Aquele domingo foi mais silencioso do que o normal na casa de Jasper, já que ele e Alice deixaram Angel quieta, pois ele estava tentando absorver todas as emoções que ela havia experimentado naquele dia.

— Ela vai ficar bem, pode levar alguns dias, mas vai ficar bem. — Alice falou com um suspiro, enquanto os dois viam a menina dormir em sua cama.

— Sim, ela vai ficar bem e nós vamos estar aqui com ela. — Ele concordou a abraçando.

Alice concordou com a cabeça e logo os dois foram para a sala.

— Hoje foi um logo dia. — Jasper falou com um suspiro, quando os dois se sentaram juntos no sofá.

— Sim, foi um logo dia. E um dia muito difícil, principalmente para Angel. — Ela concordou com um suspiro.

— Você vai ficar essa noite aqui, né? — Jasper perguntou, pois não queria passar aquela noite sem o apoio de Alice e porquê também sabia o quão importante seria para Angel tê-la ali quando acordasse no dia seguinte.

— Sim. Eu estou muito cansada. — Ela falou encostando a cabeça no ombro dele.

— Então vamos dormir. — Ele falou lhe beijando os cabelos. — Vem vamos dormir. — E se levantou, a levando junto com ele.

Os dois foram para a quarto e depois de se arrumarem para dormir, caíram no sono rapidamente. Mas no meio da noite eles acordaram assustados com gritos vindo do quarto de Angel.

— Angel! — Os dois falaram ao mesmo tempo e saíram rapidamente da cama e correram para o quarto da menina.

Eles entram no quarto da menina e a encontraram encolhida na cama, chorando copiosamente.

— Ei, princesa, o que aconteceu? — Alice perguntou se aproximando e puxando a menina para o seu colo quando se sentou na cama.

Angel se enroscou no colo de Alice e balançou negativamente a cabeça.

— Está tudo bem, querida, você pode nos contar qualquer coisa. — Jasper falou se sentando ao lado delas e fazendo carinho na costa da menina. — Você sonhou com os seus pais? — Ele perguntou depois de um tempo de silencio.

Angel hesitou um pouco mais por fim confirmou com um movimento de cabeça, logo depois voltando a esconder-se no pescoço de Alice.

 — Está tudo bem, querida. — Alice disse a balançando, tentando acalmá-la. — Nós estamos aqui com você. — Sussurrou nos cabelos dela.

E assim eles ficaram por mais algum tempo, até que Angel finalmente se acalmou.

— Você quer ir dormir com a gente? — Jasper perguntou a menina que assentiu com a cabeça. — Então vem cá. — A chamou e a pegou no colo. E juntos, os três voltaram para o quarto de Jasper, onde tiveram uma noite agitada, já que nenhum deles conseguiu dormir direto, depois daquilo.

No dia seguinte, mesmo querendo ficar em casa com Angel, eles sabiam que não podiam, sabiam que a vida deveria ser tão normal quanto possível. Mas não podiam deixar de se preocupar com a menina.

— Não é melhor ela ficar em casa hoje? Eu posso ficar com ela se quiser. — Alice falou com Jasper, enquanto os dois preparavam o café da manhã.

— Por mais que eu queira ficar em casa com ela, até a dor dela passar, nós não podemos. — Ele falou com um suspiro. — Ela precisa dessa rotina que já estabelecemos, foi o que a psicóloga disse.

— Eu sei. — Alice concordou com um suspiro resignado. — Você tem razão, mas eu não gosto de ver o quão triste ela está, ela é tão nova para estar passando por tudo isso.

— Eu sei como você se sente, Ali. — Ele falou a puxando para um abraço. — Eu me sinto do mesmo jeito. Só queria poder protegê-la de toda essa dor e sofrimento, mas não podemos, só o que podemos fazer e apoiá-la e ajudá-la a passar por isso.

— Você tem razão, eu sei que você tem razão, mas eu não consigo parar de pensar que deveria protegê-la. — Ela falou com a voz embargada.

 — Eu sei, eu sei. — Ele falou a abraçando ainda mais forte e assim ficaram, até ouviram Angel se aproximando.

— Está tudo bem, princesa? Já está com fome? — Jasper perguntou a menina, enquanto Alice tentava se recompor.

Angel se sentou à mesa e deu de ombros.

— Que tal umas panquecas feitas pela Alice, eu sei que você adora. — Ele ofereceu e mais uma vez a menina deu de ombros. — Ótimo, então vai ser panquecas com suco. — Ele acabou decidindo por ela.

E no final os três comeram em silencio, mesmo que os adultos o quebrassem de vez em quando.

Logo eles estavam no carro a caminho da escola, para deixar Angel, antes de seguirem para os respectivos trabalhos.

— Tenha um bom dia, princesa. — Jasper se despediu de Angel com um beijo.

— Brinque muito anjinho. E tenha um belo dia. — Alice disse lhe dando um beijo na testa.

E os dois ficaram parados vendo a menina entra na escola.

— Ela vai ficar bem. — Jasper falou enquanto abraçava Alice, não só tentando convencê-la, mas também a si mesmo.

— Sim, você tem razão. Afinal, não é o primeiro dia dela na escola. — Alice concordou respirando fundo.

— Sim. Vamos eu vou te levar para o trabalho. — Ele disse a levando para o carro.

Depois de deixá-la em frente ao trabalho ele foi direto para a empresa do seu pai, mas não conseguia se concentrar em suas tarefas, pois só conseguia pensar em Angel e o quão triste ela parecia. Ele tinha medo de que em vez de ajudá-la a superar a morte dos pais, aquela visita ao cemitério a tenha feito regredir.

— Jasper, você me mandou o memorando errado. — Seu pai entrou em sua sala o despertando de seus devaneios.

— Desculpe pai. Vou mandar o certo agora mesmo. — Falou começando a procurar no computador.

— Você está bem, filho? — Ele perguntou olhando atentamente para ele.

— Sim pai, só estou preocupado com a Angel. — Ele respondeu com um suspiro.

— O que aconteceu com ela? Ela está bem? — Robert preguntou muito preocupado.

— Sim, ela está bem, pelo menos fisicamente. — Ele respondeu com um suspiro, se recostando na cadeira.

— Como assim “pelo menos fisicamente”, o que está acontecendo Jasper? — Ele perguntou percebendo o quão tenso seu filho estava e ficando imediatamente do mesmo jeito.

Jasper soltou mais um suspiro e contou para o pai tudo o que estava acontecendo com Angel.

— E você está preocupado de que essa visita tenha sido demais pra ela, não é? — Ele deduziu, conhecendo como conhecia o filho, sabia que era exatamente isso que se passava pela cabeça dele.

— Sim, acho que ela ainda é muito nova para passar por tudo isso, eu não deveria tê-la levado ao cemitério agora.

— Filho, eu entendo que você está preocupado, mas a Angel é uma menina forte e vai conseguir superar tudo isso. Eu tenho certeza.

— Eu espero que você tenha razão pai, pois eu não aguento vê-la sofrer desse jeito.

Eles conversaram por mais alguns minutos e Jasper finalmente conseguiu se acalmar o suficiente para conseguir terminar o dia de trabalho.

E no decorrer da semana as coisas não melhoraram, já que Angel tinha pesadelos todas as noites e muitas vezes acordava gritando, por isso ela estava dormindo todas as noites no quarto de Jasper. E por causa disso Alice também estava passando mais tempo do que o normal na casa dos dois.

— Acho melhor marcar uma consulta de emergência com a Emily. — Alice sugeriu em uma manhã.

— Você tem razão eu vou ligar hoje e tentar marcar uma consulta. — Jasper concordou com um movimento de cabeça.

E assim que chegou ao trabalho, Jasper ligou para o consultório da psicóloga de Angel e conseguiu um horário no sábado seguinte.

Sábado chegou rapidamente e logo eles estavam indo para a consulta com a psicóloga.

E como tinha sido uma consulta de emergência, Emily quis falar primeiro com Jasper e Alice.

— Então, o que aconteceu? — Ela perguntou, quando eles se acomodaram nas cadeiras.

— Angel quis ir ao cemitério e nós à levamos no domingo, mas desde então ela tem tido pesadelos todas as noites. — Jasper explicou. — Isso não pode ser normal. — Acrescentou.

— Ela só consegue dormir quando está com alguém. Ela tem dormido todas as noites com a gente. — Alice continuou explicando.

— Bom, isso já era esperado, porque ela finalmente está enfrentando o seu trauma e pode ser que leve mais um tempo para se recuperar, mas acho que quando isso passar ela poderá voltar a falar. Se for isso que ela quiser. — Emily explicou.

— Isso quer disser que ela vai continuar sofrendo desse jeito? Por mais quanto tempo? — Alice perguntou preocupada.

— Eu não posso te dar um prazo, pois cada pessoa tem o seu próprio tempo de sofrimento e recuperação, mas eu espero que com o tratamento e o apoio que vocês dão a ela, ela se recupere tão rápido quanto possível.

— Eu só acho que foi cedo demais, não deveríamos ter levando-a ao cemitério tão cedo. Ela ainda é muito nova. — Jasper falou com um suspiro e esfregando o rosto, frustrado.

— Sim, ela é muito nova, mas ela também é muito forte e vai superar tudo isso. Vocês terão que ter paciência e ficar do lado dela. Ela precisa sentir que vocês se importam com a dor dela, que vocês sentem muito por ela ter perdido os pais. — Emily explicou.

Jasper suspirou, e procurou a mão de Alice, com apoio, e finalmente assentiu com a cabeça.

— Tudo bem, você tem razão. Eu só estou preocupado com ela, não gosto de vê-la sofrendo desse jeito. Se eu pudesse sofrer no lugar dela eu sofreria. — Ele finalmente desabafou.

— Eu entendo como você se sente e ficaria muito preocupada se não se sentisse assim, pois é isso que os pais sentem por seus filhos, preocupação, medo e proteção. — Emily disse com um sorriso bondoso e foi só então que ele percebeu que Alice chorava silenciosamente.

— Alice, querida o que foi? — Ele perguntou preocupado.

— Eu só quero que ela seja uma criança normal, feliz. — Ela falou tentando controlar o choro.

— E ela vai ser. — Emily tentou confortá-la.

— Mas você não tem certeza disso. — Ela falou secando os olhos.

— Não, eu não tenho certeza disso, mas ela vai ficar melhor porque tem vocês dois ao lado dela e sei que vocês a amam de verdade e por isso posso dizer que ela vai ficar bem.

— Você tem razão, ela tem a nós dois e nunca vamos deixar ela sozinha. — Ela falou apertando a mão de Jasper, que sorriu para ela confirmando o que ela tinha acabado de dizer.

Emily sorriu para os, pois ela sabia que eles eram um ótimo casal e melhores ainda como pais.

Eles conversaram mais um pouco sobre mais algumas preocupações do casal, andes de Angel entrar e ter a sua sessão com a psicóloga.

Quando voltaram para casa todos pareciam mais calmos e de noite, quando Angel começou a ter pesadelo Jasper e Alice souberam lidar melhor com toda aquela situação, mesmo que ainda estivessem preocupados, sabiam que no final tudo daria certo e se não desse eles ainda estariam ali com ela.