Damned escrita por IS Maria


Capítulo 5
Ajustes


Notas iniciais do capítulo

Eu tive que mudar algumas coisas, tipo a idade de Kate. (Ela teria dezessete, mas terá quase dezenove, já que Seth e Caius são bem mais velhos do que ela e ficaria estranho se ela nem sequer fosse maior de idade)
E eu percebi que os nomes não são "Nesse," e "Emmet," mas "Nessie," e "Emmett." Vou fazer certo daqui para frente e depois eu mudo os capítulos anteriores.



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Volterra

Durante o dia.

O correio tinha chegado mais cedo naquele dia e quando Aurora - a secretária nova - notou o selo familiar em um dos envelopes, ajeitou seu vestido de veludo e segurando a carta como se sua vida dependesse disso, andou sobre seus salto agulha no corredor de pedra à sua frente.

A correspondência tinha vindo da Península Olympic, no noroeste do estado de Washington, nos Estados Unidos, de uma cidadezinha chamada Forks.

O endereço estava na lista de favoritos.

Segurou a respiração enquanto corria suas mãos pela porta. Ela sempre se perguntou quando teria a oportunidade de as abrir.

Os Volturi eram o maior - e mais importante - Clã de vampiros e eram responsáveis por reforçarem as leis do mundo dos vampiros. Quase ao equivalente da realeza, seus líderes eram cinco: Aro, Caius, Marcus e as duas esposas - Sulpícia e Athenodora - que, nunca saíam.

— Pois não? — Aro, recebeu a garota que, de repente, pareceu completamente fora de lugar.

Os três líderes estavam na sala e o resto em lugar algum para serem vistos. Se misturavam perfeitamente nas sombras e estavam prontos para serem chamados a qualquer instante.

Aurora estendeu o bilhete com suas duas mãos. A sala era mais escura - e fria - do que ela esperava.

Aro apanhou o envelope com olhos curiosos e, assim que notou o selo, trocou olhares com seus outros dois irmãos.

Fez uma leitura rápida. Gesticulou com as mãos para que a garota os deixasse.

— Ah… parece que nossos amigos do clã de Olympic, possuem uma nova...aquisição.

— O que tem de interessante nisso? — Caius - O loiro à sua direita - pareceu completamente desinteressado. Ele era conhecido por ter rivalidade com o Clã de Olympic.

— É uma garota e ela parece ser bastante “talentosa”.

Aro era conhecido como “colecionador,” e já tinha mostrado interesse em algumas “peças,” do Clã de Olympic, sem ter tido sucesso em as obter.

— Você não conseguiu trazer os outros. — Caius ainda tinha dificuldade em aceitar a maneira como tinham sido desrespeitados.

— Veja bem…Carlisle parece ter sido descuidado desta vez.

— E…? — Caius procurava entender o seu ponto.

— Eu penso… Ainda que me magoe, expor o segredo é um crime gravíssimo. — Aro parecia, genuinamente, ofendido. Como se aquilo não o agradasse. — E eles já deveriam ter deixado Forks.

Os vampiros não tinham muitas leis. Eram específicos quanto a importância de guardar o segredo, serem discretos e mudar de território com frequência.

— Me pergunto se não deveríamos mandar um aviso, amigável é claro.

— Ou os pegar de surpresa.

— Precipitado demais.

— É o ideal. — Caius discordava frequentemente de Aro, mas, ele tinha suas maneiras de o manter no lugar.

Chelsea - que possuía o dom de manipular laços de relacionamento,- usava seu poder para fazer Caius permanecer leal e não tentar destronar Aro. Era ela também, a responsável por manter a guarda inteira, unida.

Caius estava constantemente bravo e tinha uma maneira mais radical de fazer as coisas. Para ele, não deveria haver qualquer comunismo ou democracia. Ele era um ditador, controlado por correntes frágeis.

— Se fizessemos as coisas da sua maneira, já teríamos perdido o nosso lugar. — Aro se mostrou indiferente.

— Porque da sua maneira, estamos tendo muita sorte. — O sarcasmo era evidente. — Podemos sentar e virar pedra nessas cadeiras enquanto fazem piadas sobre nós...ou, podemos esperar alguém nos destronar como fizemos com o antigo governo.

Aquela discussão não era nova e a frequência com que aparecia por entre os dois, aumentava a cada dia.

Caius tinha um ponto. A última “derrota,” contra os Cullen, gerou rumores e Aro tinha de admitir. Autoridade era uma linha tênue sustentada pelo respeito e pelo medo. Se parassem de os temer, ou de os respeitar, não demoraria muito até que perdessem seu lugar.

Vinte e cinco séculos de história era muito, porém, Roma não foi construída em apenas um dia, mas levou apenas um para queimar.

— Talvez...possamos encontrar um meio. — Os olhos de Aro procuraram por Raziel em meio às sombras.

Raziel era a última aquisição da guarda Volturi. Ele ainda estava em treinamento, mas já havia conquistado um lugar de alto patamar para um “novato”.

Era um “Camuflador,” com o dom de encobrir os rastros de qualquer criatura que fosse. Era um poder visivelmente limitado e poderia ser quebrado por quem tivesse um bom foco, mas, servia para que a presença fosse escondida e seus pensamentos não fossem lidos.

O vampiro se tornou presente.

— Que seria? — Caius se mostrou impaciente.

— Por quê...você, meu irmão...não os vigia?

A decisão de Aro era confusa, mas vantajosa em vários aspectos que, talvez, apenas ele pudesse enxergar.

Na melhor das hipóteses, Caius tinha razão e Aro conseguia as “aquisições,” que desejava. Na pior - se é que poderia ser colocada desta maneira, - ele o perderia.

Tinha sido a raiva de Caius que tinha chamado a atenção de Aro a séculos atrás, o seu potencial maléfico e o que estava determinado a fazer para alcançar o que queria. A muito tempo, ele não vinha sendo usado no que era bom de verdade.

Destruir.

— Eu? — Não havia nada além de incredulidade em seu olhar. — Agora eu sou um dos seus soldados de brinquedo?

— Pelo o contrário. —Aro trocou olhares com as sombras mais uma vez. Ele procurava por Corin.

Corin tinha o poder de provocar felicidade e fazer com que outros se sentissem satisfeitos com a sua situação.

Caius pôde sentir a conformação repentina.

Não havia mais nada que pudesse fazer. Ele faria o trabalho.

Forks era a sua obsessão de qualquer maneira e nada o deixaria mais feliz do que poder colocar um fim nos Cullen e em sua corja de “transfiguradores,” de estimação. Caius só precisava de um pequeno empurrãozinho para concordar.

— Raziel vai o ajudar a camuflar seus rastros e você pode escolher mais alguns para o acompanhar.

Era um jogo excitante e tanto para um sádico como ele. E ele odiava perder.

Desta vez, ele estaria um passo à frente dos outros. Mal podia se lembrar da última vez em que tinha saído para “caçar,” daquela maneira.




                                                        ***

 

Forks…

Durante a noite

 

A noite parecia possuir a sua própria canção. Eram tantos os sons que antes lhe passavam despercebidos, sons que agora ela estava convicta de jamais poder esquecer.

Observando com cuidado, era possível notar a maneira como tais sons - não unicamente interligados ou dependentes uns dos outros - aos poucos coexistiam...funcionavam… cada um tendo o seu papel diante a uma imensa sinfonia.

E então, a floresta deixava-se ver trabalhar como um grande organismo vivo, sendo a sua melodia, o seu espírito. Tirar a sua atenção daquilo, seria uma verdadeira atrocidade.

Fechou os olhos uma última vez e tocou o piano. A música vinha sendo sua companheira a muito tempo, tanto que mal se lembrava da primeira vez em que tinha tocado. Aquilo trazia para Kate, uma euforia necessária.

Sentiu seu estômago revirar e, antes que ela pudesse tocar a próxima nota, ele subiu e desceu em peso. Ela correu para o banheiro.

Kate sentiu ser virada de dentro para fora, remexida por uma escavadeira. Seu corpo se reduziu a espasmos e ela foi reduzida a uma sensação desconfortável, como se algo estivesse dentro dela e precisasse sair...mas não saia sozinho.

Levou os dedos à garganta e pressionou sua barriga com força.

O sangue que tinha caçado a pouco, voltou como jato contra a porcelana branca do banheiro.

— Car…- Tentou chamar, mas pôde sentir mais sangue subir pela garganta.

Carlisle e Rosalie apareceram em menos da fração de um segundo. Kate estava caída no chão, o âmbar em seus olhos aos poucos escurecia.

— Kate. - Rosalie trouxe a garota para os braços. Ela tremia, como se seu organismo ainda quisesse se livrar de mais.

— O que tá acontecendo? — Kate olhava para as próprias mãos.

Rosalie e Charlie trocaram olhares em silêncio.

Nenhum dos dois sabia o que estava acontecendo.

 

***

 

Carlisle deixou Rosalie cuidando de Kate e foi até o hospital na companhia de Esme. Estava transtornado e qualquer um poderia ver isso com facilidade. Ele não estava preocupado com o que aquilo poderia significar, estava preocupado com o que aquilo poderia fazer a Kate.

— Por favor, diminua a velocidade Carlisle. - Esme disse, aflita por ver seu marido daquela maneira. Ele não pareceu escutar. — Ela vai ficar bem.

— Não temos certeza disso.

— Vai ficar tudo bem.

Passaram por algumas enfermeiras e pacientes que pareciam não desejar dormir. Cumprimentaram e Esme teve que se dedicar ainda mais em seu sorrisos para disfarçar o comportamento apressado e desordenado de Carlisle.

— Vou pegar uma de cada tipo sanguíneo. - Ele disse ao entrar na sala e preparar a bolsa térmica.

— Tem certeza disso? Não acha melhor tentar mais uma vez com o sangue de animal?

— Ela reagiu como se um de nós tivesse ingerido grande quantidade de comida humana.

— E ela vai ser a única de nós que vai se alimentar de sangue humano? Os olhos dela Carlisle...a dificuldade que ela vai ter de se comportar perto dos…

— Vamos ter de lidar com um problema de cada vez! — Ele a interrompeu.

— Eu nunca te vi agir dessa maneira.  

Desde que Kate havia chegado, Carlisle havia se mostrado incrivelmente mais paternal.

Ele era apagado a cada um de seus filhos, em uma ligação tão forte que sempre foi capaz de impressionar até outros vampiros que possuíam suas próprias famílias mas, com Kate era diferente.

Kate era especial para ele.

— Ela…- ele hesitou, parando por alguns segundos o que fazia, como se pensar naquilo fosse forte demais. — Ela nunca teve ninguém na vida.

— E agora ela tem a gente.

Voltaram o mais rápido que puderam.

Kate havia mudado suas roupas para um pequeno vestido branco de alcinhas e botões. Seus cabelos eram compridos e emolduravam seu rosto delicado com precisão.

Esme se sentiu imediatamente compelida a protegê-la. Era esse o efeito que ela tendia a provocar nos outros.

— Onde está Jasper e Emmett? - Carlisle perguntou enquanto ia para a cozinha.

— Eu pedi para que saíssem assim como pediu. — Rosalie disse, sem sair de perto da garota.

— Muito bem. — Eram aqueles que ainda se sentiam vulneráveis próximos a sangue humano.

Carlisle se apressou e logo trouxe o líquido em um copo metálico e comprido. Era espesso e avermelhado. Ele tinha feito o melhor que pôde para esquentar e parecer mais apelativo.

Kate sentiu o cheiro de longe e seu corpo se tornou mais agitado, mas Rosalie a segurou.

— Precisa aprender a controlar o desespero.- Rose sussurrou para a vampira. - Respire fundo e prenda a respiração. - Kate tremia enquanto tentava se manter no lugar.

Kate provaria sangue humano pela primeira vez e seu corpo todo parecia sentir isso.

Carlisle colocou o copo em frente a Kate. Para ela, não havia nada que ela quisesse mais. Se manter no lugar, fazia a sentir que poderia se partir em pedaços.

— Pode tomar Kate. - Não precisou ouvir duas vezes.

Uma verdadeira explosão dentro de si e o líquido mal precisou tocar seus lábios.

Mas a cada gole, quando ela percebia que tinha de esperar mais um pouco para tomar mais um pouco, era como se agulhas fossem enfiadas contra o seu estômago e a vontade era de gritar.

Nunca quis tanto ter um poder como o de Bella.

Secou o copo mais rápido do que desejava, mas não tinha o feito de uma vez só. Tinha controlado melhor, não tão bem quanto esperava.

— Muito bem. - Rosalie sorriu e a abraçou.

— O controle está melhor. — Carlisle parecia satisfeito.

Kate adoraria não ter de lidar com a queimação constante em sua garganta que parecia estar ali o tempo todo.

Mas ainda havia o desafio de conseguir estar perto de pessoas de verdade. Se controlar diante a um copo de metal, em uma sala cheia de vampiros para a segura, era uma coisa.

— O que aconteceu? - Kate perguntou assim que tirou o copo de sua frente e pôde se concentrar.

— Nós realmente não sabemos Kate. - Esme sorriu em uma tentativa de a controlar.

Mas Carlisle tinha uma teoria. Ainda que não quisesse a dizer em voz alta.

 

***

 

A claridade era um enorme conforto. Depois do que havia passado durante a noite, Kate estava contente de ver o dia, mesmo que fosse mais uma manhã sem sol.

Não se lembrava da última vez em que teve o sol contra a pele.

Sentia precisar isso, suas emoções lhe pareciam fora de controle.

Isso a deixava tão confusa. Ela havia mudado muito do lado de fora, mas por dentro, ainda se sentia bem como era.

Sua confusão parecia bem mais intensa agora. E a sede por se encontrar, às vezes, a machucava tanto quanto a sede por sangue.

Emmett e Rosalie ficavam em casa nos últimos dias para manter um olho nela e os outros seguiam fazendo coisas, incrivelmente normais para vampiros.

Alice adorava fazer compras e fazia dinheiro prevendo o mercado de ações, otimista e entusiasmada, ela era a responsável por controlar o guarda-roupa de todos da família.

Rosalie era muito boa aprimorando carros, ela também sabia tocar, apesar de não ser tão boa quanto Edward mas, era muito boa em lidar com a parte mecânica.

Esme, sendo mais criativa e artística do que muitos esperavam, era uma arquiteta incrível, sendo sua especialidade, restaurar casas antigas.

Bella passou a tomar conta de negócios que cabiam a Jasper e era isso o que haviam dito para Kate.

Ela não fazia ideia de que “negócios,” esses poderiam ser, mas sabia que praticamente toda a regulamentação da família e sua habilidade de permanecer “dentro da lei,” dependia disso.

Jasper sempre acompanhava Alice.

Emmett gostava de estudar...ainda que não chegasse a se formar de verdade, pulando de um interesse a outro e se dedicando a vários jogos em seu tempo livre...inclusive xadrez, ainda que ele não goste de jogar com Alice e Edward.

Kate não fazia a menor ideia da ocupação de Edward, mas sabia que o que quer fosse, ele provavelmente o fazia bem.

Mal podia esperar sua vez de fazer algo “completamente chato e mundano,” que não fosse a escola, é claro.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem, ou se não gostarem, eu gostaria que comentassem para que eu soubesse aonde eu estou indo bem e aonde preciso melhorar.



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