Damned escrita por IS Maria


Capítulo 2
Kate


Notas iniciais do capítulo

Acho que esqueci de mencionar que eu estou reescrevendo a história...mas de qualquer forma, não tinha muitos capítulos escritos antes.
Espero que não fique confuso, é madrugada e eu pareço não estar conseguindo assimilar direito, mas também pareço não conseguir parar.
Surto de adrenalina eu acho, podem pesquisar no google (espero que peguem a referência haha)
I.S Oliveira



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 — “Se você pudesse viver para sempre, pelo o que você viveria?”

                                        — Crepúsculo.

Parou para observar o cervo que corria por entre o musgo.

Deixou-se envolver pelas partículas de poeira ao ar que pareciam dançar ao seu redor. Viu as cores se moldarem contra seu corpo enquanto o mundo todo parecia reger em harmonia, uma sinfonia única.

Olhou para as próprias mãos e para o próprio corpo. A pele agora parecia ser feita de pedra, mas, ela era capaz de sentir tanta coisa. Tanta coisa que ela não foi capaz de sentir antes.

— Eu me apresento ao mundo. — Ela abriu os braços, um sorriso largo nos lábios. — Katerina!

Pulou do telhado, parando contra o chão, graciosamente equilibrada, sem sentir a gravidade se opor. Com os pés descalços, correu por entre as árvores.

Não pareciam haver correntes ou barreiras. O mundo todo pareceu correr em câmera lenta, enquanto ela estava em alta velocidade.

Os segundos se estendiam em cada um de seus milésimos de segundo, o tempo não competia mais contra ela.  

Ela pôde observar cada singular movimento, acontecer ao seu redor, em um espetáculo que parecia ter sido montado aos seus olhos.

Seus cabelos eram longos, mas elas não os sentia pesar. Seu corpo parecia flutuar e ela não sabia mais o quão rápido era capaz de se mover.

Saltou, projetando-se metros e metros acima. Alcançou o topo de uma das árvores com a facilidade de se subir um degrau.

Jogou-se do alto e apreciou a queda livre, pelo que lhe pareceu serem minutos. Parecia que podia voar. Seu corpo se chocou contra o solo, terra pura, mas, parecia ter sido acolhida em um colchão de plumas.

Até quando simplesmente andava, às vezes, sentia que dançava sobre seus pés a cada passo.

Eram as coisas menores e mais simples que, ainda eram capazes de lhe tirarem o fôlego. Estava em êxtase contínuo, presa em um estado de alegria que não parecia ter fim.

Jamais imaginou que, assistiria a vida daquele lugar.

Tinha encontrado alguém capaz de, não apenas estender a sua vida em seis meses,  mas lhe dar uma eternidade toda.

— Eu não vou me acostumar. — Sussurrou para si.

Ela nunca tinha vivido, até o momento em que morreu.

Seu tempo como humana, tinha chegado ao fim e ela estava convicta de que tinha sido a melhor coisa que já tinha a acontecido.

As lembranças antigas agora lhe pareciam um filme velho. Escuras e borradas demais, comparadas à maneira como ela enxergava agora.

Nunca tinha percebido ser tão cega.

Aparentemente, o arco-íris, tinha oito cores.

— “O mundo está cheio de coisas óbvias que ninguém jamais observa.” — Ela mantinha seus olhos presos na trilha à sua frente.

— Sherlock Holmes. — Ouviu a voz de Carlisle. Virou-se, vendo-o se aproximar.

Ele tinha sido o anjo que salvou sua vida, quando ela deveria ter tido o seu último momento em suas mãos.

— Eu não esperava que estivesse em casa.

— Tive um dia vazio no hospital.

Ele era um herói e metade dos rostos que passavam por ele, todos os dias, não faziam a menor ideia. Do que ele era. Kate não acreditava que, o mundo merecesse saber, de qualquer maneira.

Kate era uma leitora fenomenal e tinha uma memória muito boa. Acreditava que boa parte de seu poder de persuasão, vinha das centenas de leituras que colecionava. Ela era capaz de convencer qualquer um a fazer exatamente o que ela queria.

As irmãs do orfanato a chamavam de “manipuladora,” e “dissimulada” mas, ela só era uma criança teimosa. Não tinha dúvidas de que tinham ficado mais do que satisfeitas em a entregar nas mãos do estado, no hospital.

Pela maneira como as coisas tinham terminado, a piada não parecia mais estar nela.

— Tenho certeza que descobri uma novo tipo de flor. — Ela fechou os olhos por alguns segundos, procurando mais uma vez pelo cheiro diferente que identificou em meio a todos os outros.

— Ou...agora você finalmente pode sentir como, a tal flor, realmente cheira. — Carlisle a tocou na ponta do nariz. — Talvez seja até uma que já conhecesse.

Ele tinha razão.

As pessoas não tinha ideia de como os cheiros realmente eram ou de como as coisas soavam. Sendo tudo tão diferente, perguntou-se como o mundo reagiria se tivesse acesso à aquela visão de mundo.

Pagariam fortunas? Ou desistiriam quando soubessem da única consequência?

Aquilo tudo era incrível, mas, nem mesmo o melhor dos sonhos é livre de defeitos.

Tinha algo que ela passou a desejar.

Algo que às vezes parecia desejar mais do que, um dia desejou viver.

Sangue.

Ela tinha pedido para viver a qualquer custo e aquilo era um preço a se pagar, ainda que, às vezes, parecesse caro demais.

Acordar para a nova realidade foi ter seu mundo antigo destruído e desde então, ela vinha tendo seus altos e baixos.

Como por exemplo, a dificuldade em se acostumar com a nova dieta.

Os Cullen se consideravam vegetarianos e a única condição que a impuseram para fazer parte da família foi para que seguisse o mesmo estilo de vida. Ela não se opôs. De qual outra maneira poderia viver?

Enquanto ela se lembrasse que, independente da força de seus instintos, sua mente era capaz de dominar a matéria física de seu corpo, ela deveria ficar bem.

 

“A mente domina a matéria.”

                         — Crepúsculo.

 

Mas, não era apenas com a adaptação que teria de se acostumar. A única vida que ela conhecia, era a de hospital, o resto todo era novo.

Katerina não tinha ideia de quem tinham sido seus pais. Praticamente abandonada no hospital pelo orfanato, ela parecia ter uma doença sem cura e como não tinha quem se preocupasse ou dinheiro para se sustentar, era uma surpresa que tinha durado tanto.

Foi mandada para Forks para morrer. E antes de Forks, ela conheceu vários outros hospitais...e vários outros médicos.

“Na Península Olympic, no noroeste do estado de Washington, nos Estados Unidos, existe uma cidadezinha chamada Forks que está quase que constantemente coberta por nuvens. Nesta cidade desimportante, chove mais do que em qualquer outro lugar do país.”

                                               - Crepúsculo.

Se tornou alguém que, “ocupava o leito de outro alguém que tinha, realmente, chance de melhorar.”

Kate não tinha muito o que fazer, se não viver um dia de cada vez.

Os Cullen tinha a recebido bem.

Principalmente Rosalie. Ela já costumava a visitar no hospital ainda mesmo antes e costumavam passar tardes juntas. Rosalie lhe contava histórias antigas, que, mais tarde, ela descobriu serem lembranças.

Agora que Kate conhecia as circunstâncias, admirava-a ainda mais. Kate não conseguia se ver visitando um hospital tão cedo.

O cheiro de sangue deveria estar por toda parte.

O caminho de volta para casa, tinha sido muito mais rápido agora que ela não se concentrava nas centenas de outras coisas que aconteciam em um só instante. Cinco segundos e 16 avos.

— Kate, eu coloquei o material da escola para te ajudar no seu quarto, depois dê uma olhada. — Nessie parecia ter acabado de chegar em casa. Seus cabelos ainda estavam presos em um rabo de cavalo alto e ela ainda usava o uniforme da lanchonete.

— Ah, obrigada. — Kate tinha se esquecido da escola. A única coisa na qual ela e Carlisle pareciam discordar. — Jacob estava te procurando.

Kate observou as bochechas de Renesmee corarem enquanto ela sorria. Ela era aquela que mais tinha dificuldade de esconder seus sentimentos. Sua pele ainda corava, seu coração batia e ela podia dormir.

Não importava quantas vezes a contassem a história, sempre parecia soar esquisito. Os lobisomens tinham a pegado de surpresa também.

Não era tão difícil acreditar que vampiros existiam depois de ter se tornado uma, mas ver os lobos foi como visitar o país das maravilhas.

“Mais alguma coisa é real? Fadas? Sereias? Bruxas?” Ela perguntou para Carlisle assim que Jacob contou de si.

“Não que tenhamos conhecimento.” Ele respondeu. A alguns meses, ela também não tinha conhecimento da existência de vampiros ou lobisomens.

— Se quiser vir...Clearwater ficaria feliz. — Ouviu-a dizer enquanto subia as escadas.

Certo. Seth Clearwater.

Uma outra consequência.

— Eu não sei se é uma boa ideia, meus olhos estão mais escuros hoje. — Lobisomens tinha um cheiro...diferente, mas ainda tinham um coração que batinha e pulsação.

Mas, essa não era, inteiramente, a razão.

— Você parece bem em estar perto de mim. — Nessie voltou. Tinha trocado seu uniforme por calça jeans e camiseta.

— Você pode ter um coração que bate, mas ainda cheira como uma vampira.

— E Seth cheira como um lobisomem...o que é...diferente.

— É horrível. — Mas, Kate não completamente odiava.

— Então a sua desculpa para não ver Seth, é? — Kate saiu do lado de Carlisle e cruzou a sala para não ter que continuar sob o olhar incriminatório dos dois.

Ele era um lobo e ela era uma vampira.

Seth podia ter a melhor das intenções e um dos corações mais bondosos que ela já conheceu, mas ela tinha necessidades que ele nunca compreenderia e sempre era constrangedor quando ela tentava explicar o que sentia para ele. Era melhor evitar quando tinha que caçar.

Não só pelo perigo.

Mas para evitar o constrangimento.

Kate já era estranha socialmente o suficiente, não precisava de ajuda.

— É complicado. — O tom de sua voz mudou.

— Tente não complicar tanto. Ele quer te ver. — Nessie não se convenceu, mas, se deu por vencida. — E não se esqueça de dar uma olhada no material da escola. Começamos em pouco tempo.

— Seth? Seth Clearwater? — Carlisle pareceu curioso.

— Eu não faço a menor ideia do que ela estava fazendo. — Kate fingiu confusão.

E subiu as escadas. Precisava trocar seus pijamas.

Ela não precisava mais dormir, mas pijamas sempre seriam uma parte dela.

Renesmee e Katerina não tinham a mesma idade. Ela tinha dezenove e Renesmee tinha, o que? Doze anos? Mas para os outros, as duas teriam dezessete e teriam que enfrentar pelo menos o último ano do ensino médio.

Kate tentou falar que já tinha estudado o suficiente e que passar por toda a “experiência social,” não era necessário, mas Carlisle mal tinha a escutado.

Ele disse que era importante para convencer as pessoas.

Não acreditava que algo pudesse chamar mais atenção do que a garota que, “milagrosamente,” se curou da noite para o dia, de uma doença terminal que ninguém sabia o que era e que não tinha cura.

Mas, Carlisle parecia ser completamente imune ao seu “dom,” de “manipular.”

Kate não via o porquê de ter que sair daquele lugar. Ela tinha tudo o que precisava bem ali. Apenas com os lobos e o Cullen por perto, ela não tinha que ter medo de se esconder ou segurar seus instintos.

Gostava de nadar, escalar, correr.

E no melhor de seus dias, o piano também era uma saída para o seu tédio.

O resto, ela ainda teria que descobrir.

Viver sem saber o que vai acontecer no dia seguinte, significava não fazer planos, não se apegar e tentar fazer o máximo que podia. Aprendeu cedo que, cada segundo era valioso demais.

Não tinha planos para o futuro e de repente, tinha todo o futuro que quisesse pela frente.

Seu tempo costumava ser muito pouco e precioso demais para que o gastasse pensando em um futuro que poderia não vir.

Trocou seus pijamas por leggings e um casaco de lã.

Ela agora tinha seu próprio quarto. Esme tinha o preparado para ela. Alice tinha preparado o seu closet, Edward tinha lhe separado algumas canções e Carlisle era o responsável por grande parte de seus livros.

Ela passou de não se ter nada à ter mais do que precisava.

— Sabe o que vamos fazer de noite? — Emmett estava à sua porta.

— Caçar.


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